My Dream escrita por Susan Salvatore


Capítulo 12
Alvo




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Era tarde da noite quando ele veio procurá-la. Todos já estavam dormindo e ela também devia estar fazendo isso. Porém, o buraco em seu peito não deixava. De novo essa mulher interferia na vida dos dois. Primeiro como um fantasma e depois como uma ameaça real. Magoava-a que Elijah não esperara um dia sequer para partir seu coração.

Como sempre, ele entrou sem bater.

– Oi – sussurrou e um silêncio opressivo se estabeleceu ali – Eu... Não sei o que dizer, Hayley.

– Ela ainda é apaixonada por você, não é?

– Aparentemente. Mas é tudo tão confuso... Faz tanto tempo...

– E mesmo assim ela mexe com seus sentimentos – disse Hayley, perguntando-se até quando teria que completar as frases para ele.

– Não sei o que a volta dela significa.

– Se eu te pedisse pra escolher...

– Não posso escolher entre vocês duas! – disse Elijah, involuntariamente e depois percebeu que foi um erro. Droga, o que havia de errado com ele? Amava Hayley, mas era Celeste ali... De repente, a voz de Hayley soou em sua cabeça. Nada que uma pessoa diga antes do “mas” realmente importa.

– Fique com ela.

– Hayley, por favor, eu te amo.

Nem mesmo a doçura daquelas palavras pode aliviar a dor que ela sentia. Apaixonara-se bruscamente, sem planos ou avisos prévios. Do mesmo modo, perdia aquele que amava.

– Não, não ama. Se amasse, não haveria uma segunda opção. Vá, vá atrás dela. Deixe-me dormir em paz – disse, pensando que ele iria visitar seus sonhos de todo jeito.

Ele não partiu. Acariciou os cabelos dela, alheio ao fato de que ela chorava silenciosamente. Não, pensou, ninguém vai nos separar de novo. A questão é que não sabia de quem estava falando.

...

Batidas fortes ecoaram por toda casa, assustando a todos. Parecia que alguém tentava derrubar a porta. Assim que uma criada abriu, um homem furioso entrou na sala, berrando por Klaus. Era alto, moreno e musculoso. Era Marcel.

– Você quer ser preso?! – gritou Klaus de volta, secretamente receoso da presença do rival. Marcel era um homem imponente.

– Não consegue ter ideias próprias, não é? Tem que me difamar sempre! Puta que pariu, Klaus, jogue limpo uma vez na vida!

– Ficou ofendido por minha família ser mais atraente que a sua? Não seja criança. Não sabe com que está se metendo.

– Família? Chama a aquela vagabunda de barriga inchada de família? – disse Marcel, cuspindo na direção de Hayley. Vá se foder, fez ela com os lábios.

Porém, o que realmente fez efeito foi o soco que Elijah deu no queixo do homem. Sangue escorreu do lábio partido. Eles se encararam, parecendo que iam se matar a qualquer momento.

– Elijah! – gritou Celeste, de um canto – Não se meta!

– Cale a boca – resmungou Hayley.

– E quem é você? A nova garota do Klaus? – perguntou, olhando a mulher mais nova com desdém. Não sabia quem ela era, mas não parecia ser muita coisa.

– Errou de irmão, querida.

Celeste sibilou. Perguntou-se se seria conveniente arranjar sua própria briga. Por fim, decidiu ignorar a mulher, nada do que ela dizia era verdade mesmo. Por hora. Os homens no meio da sala ainda se encaravam.

– Ataca pelas costas agora?

– Ataco de todos os jeitos.

– Saia de minha casa, Marcel – disse Klaus, que até agora admirava prazerosamente à briga que o irmão comprara. Que completo idiota, pensou – Ou vou ter que realmente chamar a polícia?

– Ah, a polícia será chamada sim. Mas para você! Guarde minhas palavras. Não vou descansar até vê-lo destruído.

– Estão anotadas – respondeu ele, com um sorriso cínico.

Marcel, ainda de cabeça quente, foi embora. A única coisa que desejava no momento era encontrá-la para que ela o acalmasse; era a única que conseguia. Quanto à Klaus, ah, este teria o que merecia. Já tinha tudo planejado.

Na casa, aos poucos, as pessoas foram voltando para suas camas. Klaus encheu um copo com whisky e ofereceu a Elijah, como agradecimento. Ambos sabiam que era tudo fachada.

– Elijah! – chamou Celeste, logo agarrando seu braço – Por que se meteu? Não tinha a ver com você!

– Ah, fique quieta, Celeste.

– Elijah! – gritou ela, fazendo tudo parecer como uma briga de casal.

– Me desculpe. Não queria ter dito assim – respondeu ele, desviando os olhos da mulher que observava tudo da escada.

Celeste se surpreendeu. Ele nunca a tratara desse jeito antes. Eram sempre palavras doces e submissão, sempre concordando com os caprichos dela. Foi só quando viu o olhar preocupado que ele dirigia à Hayley que percebeu o que se passava. Ah, então a vadia está traindo Klaus, pensou. Ninguém confiava nela o bastante para explicar as coisas. Imaginou como seria a reação do irmão mais velho ao descobrir isso. Sorriu com o pensamento.

Quando todos foram finalmente dormir, Celeste resolveu que Klaus seria o melhor aliado ali. Ah, iria ser tudo tão divertido!

– Klaus? – chamou ela, a voz se tornando sedutora.

– Pois não?

– Já te disse o quanto sou agradecida por ter me tirado das ruas?

O homem apenas sorriu. Sabia exatamente o que ela ia dizer. Bingo, pensou consigo mesmo.

...

Hayley acordou mal humorada. Não se lembrava do seu sonho, mas sabia que tinha sido agradável demais para significar algo bom. Maldito Elijah. Foi até a porta e trancou-a, mantendo-o do lado de fora, caso tivesse a intenção de visitá-la. Ele era a última pessoa que ela queria ver.

Despiu-se e foi tomar banho. Ah, como a água era relaxante, massageando seu corpo tenso. O barulho do chuveiro abafava qualquer outro ruído, criando um mundo particular. Estava tão alheia a tudo que só percebeu a pedra quando esta caiu a seus pés. Assustada, desligou o chuveiro e mais duas vieram. Uma delas acertou seu ombro, arrancando-lhe sangue. O vidro da janela do banheiro estava espalhado pelo chão, criando uma armadilha. As pedras continuavam a cair e algumas realmente a acertavam.

Desesperada, saiu correndo e agarrou uma toalha, sentindo os cacos de vidro perfurarem seus pés. Gritou pela dor. Ia sair correndo quando uma nova pedra acertou a janela do seu quarto. Abaixou-se instintivamente e sentiu cortes em suas coxas e mãos. Agradeceu aos céus por ter se enrolado na toalha. As pedras cessaram.

Levantou-se. Sangue manchava o fofo tapete e sentiu náusea ao ver os múltiplos cortes. Tentou estancar o sangramento, mas parou quando ouviu algo se arrastando por ali. Quando olhou pela janela, a garota terminou de passar o corpo pelo buraco, entrando em seu quarto. Ela não devia ter mais de 15 anos e era muito bonita. Seria ainda mais, não fossem os olhos azuis extremamente arregalados e a expressão psicopata que tinha no rosto.

– Este foi só um aviso. Dá próxima vez, será muito pior.

– Quem diabos é você? – gritou Hayley e a garota a empurrou. As duas rolaram pelos cacos de vidro, mas a outra não parecia sentir dor. Quando Hayley puxou os cabelos dela, esta pegou uma das pedras e bateu com força na cabeça da moça. Seu corpo amoleceu.

– Marcel manda suas lembranças – disse ela, mas Hayley não tinha certeza. A inconsciência a engoliu.

...

Vagas lembranças a atormentavam. Gritos estridentes, dor, alguém chamando por ela e a carregando, mas era tudo inconstante demais para que entendesse. Quando finalmente acordou, alguém apertava sua mão com força. Olhos cor de chocolate saudaram-na.

– Hayley! – exclamou Elijah, suspirando de alívio. Ela reparou que o quarto estava cheio. Klaus, Rebekah e até Celeste estavam ali. Raiva inflamou-se nela. Um médico aguardava para avaliá-la.

– Senhorita Marshall? Como se sente?

– Tem gente demais no meu quarto – disse com a voz esganiçada – Tire o lixo daqui.

Todo mundo olhou para Celeste. A inimizade das duas ficou óbvia a partir dali. Ela saiu, corada de vergonha e secretamente satisfeita pelo acidente. Mais uma chance para apoiar Elijah, como Klaus dissera.

– Estão todos preocupados com você. Seu amigo não desgrudou de você hora nenhuma. Amizades assim são realmente muito raras – disse o médico.

Muito raras mesmo, pensou Hayley com amargura.

– Do que se lembra, meu amor? – perguntou Klaus, indo afagar seus cabelos. O médico sorriu afetuosamente. Ela não sabia se era efeito dos remédios ou não, mas teve uma súbita vontade de rir.

– Hm, havia uma garota. Bem nova. Tinha olhos azuis.

– Ela disse algo?

– Não, não disse nada. Eu acho.

– Ah. Doutor, como está meu filho?

– Está bem, mas essa gravidez pode ser considerada de risco a partir de agora. Certifique-se de sempre fazer os exames, senhorita. Cuidem bem dela, essa moça pode ter algum trauma. E não queremos que isso afete o bebê, não é?

– Pode deixar que eu cuido disso – falou Rebekah e, para a morena, foi a única que não soou falsa.

– Vocês têm uma bela família – disse o médico.

Todos se entreolharam. É, pode apostar nisso, doutor.


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Notas finais do capítulo

Bem, se alguém achou que tava faltando ação na história, espero que o capítulo satisfaça vocês :3