My Dream escrita por Susan Salvatore


Capítulo 1
A garota da Virgínia


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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PRÓLOGO

Como sempre, as duas crianças brincavam na praia, rindo quando a água gelada salpicava seus rostos. Mas o riso acabou cedo.

- Por que você tem que ir? – perguntou o garoto, tentando conter sua mágoa. Ele era o mais velho, mas a criança ainda falava mais alto nele.

- Vieram algumas pessoas na minha casa. Disseram que meus pais fora viajar e que eu iria ficar num abrigo pra crianças. É temporário – falou a doce menina, tentando confortar o amigo.

- Posso ir com você?

- Seus pais nunca deixariam!

- Mas você é minha melhor amiga.

A menina sorriu. Desfazendo as tiras de couro de seu cinto, ela rapidamente fez uma pulseira cujo pingente era uma concha desfigurada e entregou a ele.

- Toma – disse, tentando parecer mais feliz do que se sentia – Assim a gente vai lembrar um do outro enquanto estivermos longe.

- Isso é coisa de namorados – reclamou o menino, fazendo fingida cara de nojo.

- Não seja bobo. É uma pulseira da amizade.

O laço que as duas crianças criaram comovia a todos que isso presenciavam. Era tão puro e inocente. Qualquer um sentiria pena de separá-los. Qualquer um menos os Mikaelson, que, vendo a condição precária da menina, rapidamente convenceram os pais adotivos dela que era melhor devolvê-la para a adoção; e dinheiro convence muito bem. Nada, nem ninguém, de baixo nível chegaria perto de um Mikaelson.

Eles nunca ligaram para isso; nem sabiam o sobrenome um do outro. Tudo o que queriam era brincarem juntos. A fé das crianças era mais forte do que o mundo sujo dos adultos. De algum jeito, eles acreditavam que se veriam novamente. Sorriram e se abraçaram.

- Bem, até mais, Elijah.

- Até mais Hayley!

CAPÍTULO UM

Doze anos depois

Hayley olhava impacientemente para o objeto em suas mãos – seu teste de gravidez – enquanto esperava a secretária decidir se ela era importante o suficiente para prestar atenção em suas palavras. Contrariando sua personalidade natural, ela não insistiu, apenas esperou.

Mas tudo tinha um limite. Deus, como alguém podia ser tão incompetente?

- Senhorita Marshall? – disse a voz anasalada – O senhor Mikaelson irá atendê-la.

- Oh, obrigada – disse a morena, tentando não soar irônica. Tentando.

- Pois não? – disse a voz masculina, rouca e cheia de sotaque, com a qual Hayley vinha sonhando há alguns dias.

- Klaus? É Hayley. A garota do Everdeen, o restaurante na Virgínia – disse, se exasperando quando não obteve resposta - Ah, fala sério, você transou comigo não faz nem dois meses.

- Um momento – disse ele, desinteressado e cada segundo que ele levou para reconhecê-la só a ofendeu ainda mais. – Ah, sim. Olá, querida. O que deseja?

- Saber por que diabos você não usou camisinha.

- Eu... O quê?

- Ai, não seja burro – falou, esquecendo-se do poder e influência do homem do outro lado da linha – Advinha? Certamente não te liguei pra falar que podíamos ter pegado herpes ou sei lá. Eu estou grávida, Klaus.

Silêncio do outro lado e um risinho irritado.

- Olha só moça, não se ache esperta por isso. Tem noção de quantas mulheres já tentaram esse truque? Se você quer dinheiro, tudo bem, eu te dou. Mas não me faça perder tempo com essas besteiras de garota abandonada.

- Ah, você vai precisar de dinheiro, mas é pra conseguir tirar de todos, ouça bem, todos os jornais e revistas em que estará estampado: bondoso governador abandona jovem pobre e grávida – respondeu ela, sua voz aumentando gradativamente – Eu não tenho medo, Mikaelson. Estou dizendo a verdade e não hesitarei em espalhá-la. Não fiz esse bebê sozinha e, se preza por sua carreira, me ajudará a sustentá-lo. Droga, pode ficar com ele se quiser.

Klaus pensou por um momento. Ninguém nunca falara com ele assim, ninguém que tivesse amor à vida, portanto era uma surpresa. A ousadia dela foi o que mais o atraiu naquela noite, mas ele jamais imaginara que fora chegar nesse ponto. Essa menina não sabia que ele podia mandar matá-la com um estalar de dedos?

- Sinceramente...

- E se estiver pensando em sumir comigo – continuou ela, dando um sorriso de satisfação -, lamento informá-lo, mas meus contatos, caso eu suma por mais que um dia, irão cumprir com o que eu disse, acrescentando uma acusação de assassinato.

Raiva inflamou-se nela. É claro, naquela noite ela sabia muito bem com o que estava se metendo. Quando sua amiga apresentou o ilustre governador de Louisiana, senhor Klaus Mikaelson, a garota viu nele nada além de um desafio. Conquistá-lo não era pra qualquer uma e, certamente, ele tinha charme. Após muitos drinques, Hayley foi para a suíte particular dele e desfrutou de alguns momentos de luxo. As coisas aconteceram, foi divertido, mas tudo o que ela queria era dizer adeus e seguir sua vida. Não era mulher de se prender a nada, como desde cedo descobrira.

Não queria dinheiro dele, e com certeza não estava apaixonada, só queria que cuidasse de sua condição enquanto esta perdurasse e que ficasse coma criança quando nascesse. Na sua vida não tinha espaço para um filho. Jesus, mal tinha espaço para ela mesma.

- E então? – perguntou

- Tenho coisas a resolver agora. Retornarei sua ligação assim que pensar melhor sobre o assunto.

O assunto é seu maldito filho, idiota”, quis dizer, mas calou-se. Sua tenacidade e rebeldia já tinham se provado muito maléficas.

- Como queira, senhor. Só não se esqueça: se não entrar em contato comigo em até 15 horas, já sabe o que lerá nos jornais na próxima manhã.

Prazerosamente, ela desligou na cara dele.

Jogando-se no sofá, pensou raivosamente porque não dava um fim nisso. Pensar nisso foi como receber um tapa na cara. Jamais abortaria, jamais! E também não daria a pobre criança para um orfanato, como fizeram com ela. A pequena criatura não tinha culpa da irresponsabilidade dos pais. Mas Hayley não servia para ser mãe e nem tinha dinheiro para isso. Era só uma garçonete, aspirante à chef de cozinha, com poucas esperanças e muitas amarguras.

Não era de sentir pena de si mesma, mas como isso fora acontecer? Era sempre tão cuidadosa... Já não tivera decepções o suficiente na vida? Ser abandonada por seus pais adotivos, traída pelos poucos namorados, largada pelos menos ainda amigos... A vida era dura, sabia disso, mas por que ela precisava ser tão castigada? Podia não ser a melhor das pessoas, porém seu senso de justiça era imbatível. Era só uma mulher normal no meio de bilhões de mulheres normais. Ok, talvez um pouquinho mais ácida que as mulheres normais.

Estava tão cansada de ser constantemente derrubada pelo rancoroso destino...

...

Acordou sobressaltada, com o apitar constante de seu celular. Cambaleando até a mesa da cozinha, o único cômodo de que se orgulhava em sua casa, ignorou a completa escuridão em que se encontrava e esperou seus olhos se adaptarem a luz ofuscante da tela do celular. Quando leu, mal acreditou.

Senhorita Marshall, é um prazer contatá-la.

Sou o irmão de Klaus Mikaelson e venho congratulá-la pela excelente notícia. Contudo, ele me contou sobre suas intenções, e, embora concorde cegamente, talvez fosse melhor chegarmos num acordo. Ambos vamos nos beneficiar com isso. Não se ofenda, por favor, esse não é um acordo monetário – embora iremos suprir todas as suas futuras necessidades -, só quero o bem para todos aqui.

Se me permitir visitá-la, dê-me seu endereço e lhe explicarei tudo o que meu irmão e eu decidimos. Estarei ansioso por seus termos. Por favor, não faça nada precipitado. Todos nós podemos nos sair o melhor possível dessa situação.

Com os melhores votos.

Empresas Mikaelson.

A primeira coisa que a surpreendeu foi à cálida polidez com que foi tratada. Leu releu aquilo milhares de vezes, tentando achar algo que fosse uma ofensa contida. Não encontrou. Verificou que o email não tinha nenhum nome pessoal, assim como o seu. Nenhum ponto negativo, enfim.

Era um tiro no escuro, mas essa era sua última chance. Respirando fundo e rezando, ela digitou seu endereço, nada mais que seu endereço, e enviou. Depois, irresponsavelmente, preparou um drinque e se entregou a um sono cansado.

...

O bater constante em sua porta rapidamente a irritou. Argh, ninguém ali poderia ter um pouco de tranqüilidade? Ainda com as roupas da noite passada – com todas elas, esperava - e com hálito de álcool, ela andou raivosamente para a porta e a abriu bruscamente.

- A pizza é no andar de cima – disse, mal abrindo os olhos. Mas, quando o fez, quase caiu para trás – Porra!

- Hayley? É você? – disse o bonito homem parado na sua porta, elegantemente arrumado e absurdamente surpreso.

Ficaram se encarando por muitos minutos.

Seu melhor amigo – seu único real amigo – de mais de uma década atrás estava parado bem na sua porta. E, de acordo com o papel enrolado em sua mão, ela pode ver que este era, provavelmente, o tio de seu filho.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Mais alguém aqui shippa fielmente Haylijah? o/