Acordei com a campainha tocando como se o prédio estivesse em chamas. Resultado: eu caí da cama e fiquei mais mal humorada do que o normal. Enquanto ela tocava eu sorria lembrando que meu chefe me deu a manhã de folga porque ele achou que depois que passamos a noite toda nos descobrindo da melhor forma possível eu merecia. Eu merecia, sorri, mas fechei a cara agora com minha porta sendo esmurrada por alguém que não tem amor a vida.

– Já vai infeliz!

Tentei enxergar que horas eram, mas tudo pareceu apenas um borrão e a campainha de novo. Nota mental: desligar essa merda antes que acabe presa por homicídio com requintes de crueldade. Quando cheguei até a porta eu vi um armário, pareceu um armário até perceber que era Emmett segurando uma caixa. Caixa? E tinha outras no chão.

– O que está fazendo aqui?

– Edward me deu a chave do apartamento dele.

Cruzei os braços impedindo que algo mais acontecesse. Eu ia matar ele.

– E o que eu tenho haver com isso?

– Ele pediu para vir só depois das duas.

– O QUE EU TENHO HAVER COM ISSO?

– Ela já abriu? – a voz de Jasper soou atrás do armário, quer dizer, Emmett e vi sua cabeça quando ele inclinou para a direita. Era uma brincadeira, quase procurei pelas câmeras da MTV, ela tem esses realitys malucos. Jasper olhou para Emmett e ficou espantado de repente. – Ela não sabia que nós viríamos?

– Bom...estou com peso Bella. Deixe-nos entrar.

Eu dei espaço porque queria entender, mas quando as caixas foram entrando eu fiquei me perguntando o que estava acontecendo.

– O que é isso?

– A mudança de Edward!

Droga!

– O que?!

Jasper parecia um pouco constrangido enquanto Emmett abria as caixas e eu via as roupas dele arrumadas e passadas adequadamente.,

– Não... não.. parem com isso! Levem isso de volta para lá!

– Não podemos, o seu armário é grande? Ele tem muitos ternos.

Meu armário era minúsculo, isso nunca iria dar certo.

– Emmett larga de ser louco!

Mas ele ignorou e continuou abrindo, eu e Jasper ficamos nos olhando. Ele não se mexia e acho que se fizesse eu faria alguma besteira. Eu estava no limite da minha sanidade mental quando pensei em meu celular. Procurei-o ignorando o fato de um vaso que não combinava com minha casa estar em cima da minha mesa junto com o outro vaso que combinava perfeitamente. Achei o celular na cozinha e disquei o número do Edward olhando agora Jasper ajudar Emmett a achar um lugar para algo que parecia ser outro vaso, quantos vasos iam sair daquela merda de caixa?

– Oi meu amor.... já acordou?

– Sim... olha..

– Onde estão aqueles papéis da outra filial?

– No arquivo, gaveta de baixo é o segundo.

– Obrigado...

– Edward...

– E por que não avisou que a cafeteira quebrou? Como fazia o café?

– Precisa dar dois tapas, ela não está realmente quebrada. Edward...

– Acho que a moça da limpeza... Aquela com nome diferente... não veio hoje, a sala está com poeira.

– Ela folga as segundas, você permitiu isso mês passado quando ela explicou que era dia dela ficar com a mãe no hospital. Eu que limpo sua mesa quando ela não está.

– Sério? – ele realmente não se lembrava disso.

– Amor... – isso pareceu chamar a atenção dele. – Por que Emmett está aqui colocando as suas coisas no meu apartamento?

– Porque vamos morar juntos.

– E quando você me comunicou isso?

– Hoje de manhã, você concordou.

Eu não lembrava disso. Eu só podia estar bêbada ou com alguma substância ilegal no organismo.

– Não me lembro disso Edward! Meu apartamento é pequeno, eu tenho um gato e você é alérgico.

– Eu tenho consulta hoje, a médica..

– Médica? Médica... sexo feminino?

– Sim, ela é uma ótima alergista.

– Porra nenhuma! Procura um médico! Médico!

Ele começou a rir descontroladamente e então eu percebi que isso não iria dar certo.

– Meu apartamento é pequeno. Por que não jantamos e não conversamos? Sabe, precisamos nos conhecer... Namorar como pessoas normais..

– Não somos normais e somos casados, quando sua mãe vier aqui vamos falar o quê? Que nos separamos?

– Que somos pessoas com hábitos incomuns! Vivemos em casas separadas e isso nos faz feliz!

– Não me faz feliz!

– Não somos casados!

– Seremos! – ele falou firme.

– Não hoje seu idiota.

– Amanhã.

– FICOU MALUCO?

– Não, seu pai vai nos encontrar amanhã.

Eu contei até dez pausadamente. Meu pai ficou completamente fora de si. O que ele tinha haver com isso?

– O que meu pai tem com isso Edward?

– Tudo! Ele faz questão de levar você para o altar.

– Altar? E vamos para o altar?

– Acho que tem um altar lá. Eu espero que tenha pelo menos...

– Edward Cullen, eu não vou me casar com você amanhã. Não temos licença, não temos motivos como morte iminente para uma licença especial e eu juro que se você mentiu para algum juiz eu mato você!

– Las Vegas.

Eu não estava ouvindo uma coisa dessas.

– Não temos como chegar a tempo em Las Vegas.

– Claro, o jato da empresa.

– Não tenho roupa.

– Vai com algum vestido bonito!

– É MEU CASAMENTO E EU QUERO ESTAR COM MAIS QUE ALGUM VESTIDO BONITO!

Ele riu.

– Então já está aceitando que vamos casar?

– Vai à merda Edward!

Desliguei realmente irritada e então fui beber um copo de água. Tentando pensar onde escondi aquele vinho caro que ganhei de um cliente no final do ano, mas o celular de Emmett tocou alto com uma música super esquisita que eu jurava ser de algum jogo idiota e então ele ouviu atentamente o que estava sendo dito e desligou irritado.

– Mudança de planos, vamos tirar as coisas dela e levar para a casa.

– Sério? – Jasper falou – Isso vai demorar mais que duas horas.

– Vou tentar ligar para uns amigos e ver o que podemos fazer.

Eu saí da cozinha com meu copo na mão e vendo-o desnorteado para o apartamento.

– Onde vai colocar suas coisas? A casa de Edward é toda mobiliada.

– Não mexa nas minhas coisas seu infeliz! Eu mato você!

Eu voltei para o meu quarto batendo a porta com força. Quando foi que minha vida se tornou essa confusão sem limites? Eu deitei na cama rezando para que tudo fosse um sonho ou uma piada. O cheiro de Edward me invadiu e isso me deu uma felicidade sem limites. Ele dormiu comigo, a noite foi ótima, ele me ama e eu o amo. O mantra foi repetido várias vezes até a porta de o meu quarto ser aberta e eu ver Alice Cullen parada com um vestido preto básico e saltos altos, a visão da Chanel e toda sua glória, perfeito. Eu estava descabelada, irritada e muito puta da vida.

– Você precisa levantar dessa cama. – ela disse numa calma mais irritante ainda.

– Invadiram minha casa.

Ela sorriu e sentou do lado da cama que estava vazio.

– Meus pais estão vindo de uma excursão pela Europa, só para o casamento. Edward fez questão de pagar as passagens e hospedar eles no melhor hotel de Las Vegas, seu pai está vindo a pedido dele. Acertaram isso depois de uma conversa que eles tiveram no casamento e se não quer que seu apartamento não tenha lugar para andar eu acho que é melhor os deixar colocarem tudo na casa de Edward.

Bom, ela tinha me convencido que eu estava sendo um pouco maluca em não aceitar aquilo. Eu me sentei na cama menos irritada e entendendo mais as coisas.

– Isso tudo está acontecendo rápido demais. – confessei sentindo a pressão dos acontecimentos.

– Eu sei, eu demorei um ano para arrumar todos os preparativos meu casamento com Jasper e mais de um mês para convencer meus pais de que ele seria tradicional.

– Alice... Edward sugeriu que seus pais...

Ela pegou na minha mão e sorriu docemente. Merda de família charmosa.

– Edward me pediu para te ajudar a escolher um vestido mais que bonito. – eu gargalhei com isso. Ele era maluco. – Algo especial e único. Liguei para um amigo e ele tem alguns modelos exclusivos, acho que isso dará conta não?

– Sim, obrigada Alice.

– Não tem de quê. Eu sempre gostei muito de você, nas poucas vezes em que tivemos contato eu sabia que era uma boa pessoa sabe. Edward escolheu o que tinha de melhor, todos nós sabemos disso.

Isso me emocionou. Porcaria de gente legal. Arrumei-me recitando o mantra: eu amo Edward e nós vamos ser felizes dentro da nossa loucura. Isso me deixou mais feliz e quando saí do banheiro arrumada eu vi cinco homens empacotando e Emmett supervisionando tudo com Jasper e Alice sorrindo para mim. Ignorei a vontade de expulsar todo mundo e saí com Alice para a loja. Eu não conseguia acreditar que ela tinha um carro na cor amarelo canário. A NASA deveria ver Alice dirigindo com seus satélites, não era possível. Ela foi feliz contando que estava tudo arrumado e que tinha certeza que eu iria ficar feliz com os vestidos. Eu gemi pensando que eu detestava compras. Merda!

– Chegamos!

A loja ficava na parte mais exclusiva da cidade. Eu saí do carro repensando se escolhi a roupa certa para entrar naquela loja, uma senhora nos viu e veio até nós, é claro, todos reconheceriam aquele carro.

– Temos uma noiva! – ela exclamou e Alice pulou e bateu palmas.

– Sim! – Porra ela fez mesmo isso? – Venha Bella, vamos ser atendidas.

– Claro.

– Prazer, eu sou Beth, ajudarei você querida!

É claro que sim. Entramos na loja e já tinha cinco modelos, modelos mesmo vestidas e eu fiquei tentando entender aquilo. Era um desfile?

– Sentem-se, eu vou mostrar alguns modelos exclusivos.

Sentamos em cadeiras confortáveis e serviram um café assim que sentamos. Alice já estava analisando cada vestido enquanto eu tentava entender como aquela moça do café apareceu. Engoli seco quando a primeira se aproximou com um vestido longo e parecia uma princesa saindo de uma capa de revistas.

– Esse vestido é uma releitura do vestido tradicional. Ele não tem todo aquele volume, mas tem um ótimo...

Eu não estava mais vendo o vestido, eu tinha olhos para um modelo que estava na outra modelo. Era um vestido não tradicional, era só até os joelhos e tinha uma renda na parte de cima da cintura dele que lembrava o tradicional, mas ele não era nada convencional. A modelo tinha os cabelos presos em um coque com um arranjo atrás discreto e eu pensei que as joias da minha família ficariam perfeitas. Eu amei.

–... Esse segundo tem uma ousadia...

– Eu quero aquele. – apontei para a modelo. Alice o olhou e depois olhou para mim.

– Tem certeza? – ela perguntou sorrindo.

– Eu posso experimentar?

A mulher fez um sinal e as modelos sumiram e uma moça voltou com o vestido já dobrado em suas mãos. Eu não podia explicar com palavras como aquela eficiência estava me deixando feliz, logo eu estava devidamente vestida com ele e duas mulheres ajeitavam para que ficassem perfeito em mim. Alice ainda discutia alguma coisa com a vendedora que saiu de perto por alguns instantes e depois voltou com um lindo sapato branco, eu calcei e me vi. Eu ia casar e ali estava. Eu ia casar. Deus meu estômago ficou um pouco agitado com essa informação e então o celular de Alice tocou uma música alta e ela atendeu ainda sinalizando para as meninas que estavam ajustando o vestido.

– Já estão no aeroporto? Isso é ótimo! – ela ouviu um pouco e fiquei curiosa. – Não mamãe não precisa... acho que Edward cuidou disso. – meus sogros na linha. – Não mamãe não precisamos de uma sacerdotisa. – eu arregalei os olhos – Acho que vão optar pelo tradicional mesmo... Um índio Tucã? Não consigo isso em cima da hora papai...nem acho que eles têm isso em Vegas de qualquer forma. – Jesus que pais eram esses? – Claro que Edward vai amar o presente, tem algum significado isso? – ela ouviu alguma coisa ainda prestando bem atenção. – Tenho certeza que ela vai adorar ter algo assim em casa. – Oh Deus amado o que seria? – Mamãe não vá de preto, na China isso pode ser felicidade, mas aqui não é sabe e não ficaria bem na foto. Papai usa terno porque...

E Alice ia explicando as coisas com tanta paciência aos pais que pareciam dois malucos pela conversa, mas ela tinha aquele ar tranquilo enquanto falava com eles. Eu admirava a paciência dela enquanto ouvia coisas absurdas como um índio ou uma sacerdotisa. Ela desligou e olhou para mim.

– Estão na Inglaterra. – ela falou e sorriu. – Você está linda.

– Alice... o que seus pais vão me dar? Só quero estar preparada... entende?

Ela gargalhou e então deu os ombros.

– Uma pedra abençoada por uma sacerdotisa celta. Sabia que ainda existem aldeias celtas no sul da Irlanda? Eles foram lá mês passado. Em busca de uma nova guia espiritual.

– Hum... – resumindo. Loucos.