Foi numa segunda escrita por Jessie


Capítulo 4
Uma casa onde não se pode ler


Notas iniciais do capítulo

Jully está oficialmente chateada com essa garota. Nem aproveitar a beira da piscina pra ler não se pode mais! Aff.



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Já eram cinco e alguma coisa da tarde. O sol estava pra se pôr, e o céu estava com um tom alaranjado lindo. Aquela era, pra mim, a melhor parte do dia. Uma brisa suave passava pelos meus cabelos, os fazendo voar, enquanto eu lia uma revista que havia achado jogada num canto do meu quarto. Ou melhor, do quarto em que eu estava hospedada. Era uma revista basicamente sobre fofocas, que até eram uma boa distração, mas eu não estava no clima.

Estava sentada à beira da piscina, com os pés imersos na água. Desisti da revista, tirei os pés da água e me levantei pra ir buscar meu exemplar de Orgulho e Preconceito. Peguei a toalha que estava em uma das espreguiçadeiras, e me abaixei pra enxugar minhas pernas. Fazia isso enquanto andava, e, pra variar, esbarrei em alguém. Só pelos pés, das unhas irritantemente bem feitas – e pelos chinelos de marca – já dava pra saber quem era. Senti um frio na barriga.

– Desculpa. – Mordi o lábio, já fazendo os preparativos para o funeral.

Por sorte ou não, um grunhido foi o que eu recebi em resposta. Ela simplesmente ignorou minha existência e seguiu seu caminho até a piscina.

Muito bem princesa. Não faço questão nem de um oi seu!

Olhei pra trás e ela já estava ali, com seus longos cabelos loiros, fazendo cosplay da Barbie, deitada em sua espreguiçadeira. E quando eu digo "sua", é porque só era dela mesmo. Desde, sei lá, sempre. Quer dizer, a cadeira foi trocada – é claro –, porém, o lugar era sempre o mesmo. E ai de quem ousasse se sentar lá sem seu consentimento. Não tinha um motivo importante, apenas frescura, e o prazer de poder fazer tudo o que lhe dava vontade. Soltei um longo suspiro e voltei a andar. É cla-ro que não eu ia mais ler meu livro à beira da piscina.

Cheguei no “meu” quarto e fui até a mala. Como eu sou eu, ainda não tinha a desfeito. Enfiei a mão lá no fundo e fiquei remexendo até esbarrar em algo. Não era o livro, mas era... - puxei o objeto - meus fones!

– Ah, fones meus! – Exclamei pra mim mesma. – Que saudade de vocês! – Sorri satisfeita. Coloquei-os na cama, onde meu celular se encontrava jogado. Voltei a enfiar a mão no fundo da mala, até que finalmente o encontrei. Puxei-o, ainda sorridente, derrubando algumas roupas que estavam por cima. Olhei para as peças no chão e fiz uma careta.

– Depois eu junto isso. – Decidi.

Pensei em algum lugar pra ler até que, sem ideias, resolvi ler no quarto mesmo. Deitei na cama, fofinha e muito confortável admito. Afastei os fones e o celular para o canto e abri a primeira página.

Estava na página sessenta e tantas quando o sono me esbofeteou a cara. Eu mantinha os olhos abertos com muito esforço. Apalpei a cama até encontrar o celular. O peguei e olhei as horas: seis e quarenta. Era tão cedo! Mas eu estava com tanto sono... Soltei o livro ao meu lado e puxei a coberta. O desgraçado havia vencido. Bocejei, fechei os olhos e, num gesto comum, virei de lado e coloquei um dos braços por baixo do travesseiro, apoiando minha cabeça. Na minha mente vinham imagens do Mr. Darcy, e eu era Elizabeth. Sorri no canto da boca. Aquela sim era uma história de amor perfeita: a de um livro de romance. Adormeci.

Acordei algumas horas depois, jurando que já eram dez da manhã. Abri os olhos devagar, e olhei pra janela. Estava escuro ainda. Pensei que talvez pudesse ser então umas dez da noite. Abaixei o cobertor e me sentei, em busca do meu celular. Só vi meu fone pendurado na beira da cama, prestes a cair. O resgatei e imaginei onde estaria o outro aventureiro. Agarrei com uma mão o espelho da cama, e me contorci até ter uma visão do chão embaixo dela. Como se fosse alguma novidade, lá estava ele, jogado e desmontado pela queda.

– Tentando se suicidar de novo?! – Repreendi o aparelho, enquanto pulava da cama e me arrastava por baixo dela para pegá-lo. Estiquei o braço pra apanhar a bateria, que estava um pouco mais longe. Sentei-me na beira da cama e o montei. Apertei o botão para ligá-lo e esperei.

Cerca de três minutos depois, ele resolveu colaborar e enfim ligou. Começou a tocar aquela musiquinha chata de quando o celular está ligando, então eu o enfiei debaixo das pernas pra que não fizesse barulho. Quando ela terminou, eu o trouxe de volta pra cima pra checar a hora. Olhei pra tela e me deparei com a mensagem:

Confirme a hora e data abaixo:

00:00

01/12/2000

Daí eu me toquei que a bateria tinha saído, consequentemente alterando a hora. Joguei o celular na cama – porque afinal, nem o dia em que estávamos eu sabia –, e segui até a porta. Abri-a devagar, saí e a encostei, e então desci as escadas na ponta dos pés.

Deduzi que já era tarde, estava tudo escuro. Fui até a cozinha, me guiando apenas pela luz de um abajur na sala, desejando arrependida ter levado o celular. Apertei o interruptor e a luz se acendeu. Peguei um copo no armário e o enchi de água pela torneirinha da geladeira. Olhei ao redor enquanto virava o copo e vi um celular carregando em cima de um dos balcões. Terminei de beber e fui até lá.

Coloquei o copo no tal balcão e peguei o celular. Apertei num botão na lateral do aparelho e a tela acendeu. Tinha uma foto do Matt abraçado a uma garota como wallpaper. Levantei os olhos até as horas. Duas e quinze. Eu havia dormido bastante, mas não o suficiente. Soltei um suspiro abafado, sem um pingo de sono. Deixei o celular no lugar e virei em direção à porta. Meu coração disparou.

– O que faz acordada? – Matt perguntou, arqueando uma sobrancelha.


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Notas finais do capítulo

Tan nan nan nan... Ai, suspenses. Me matam um dia, rs. Comentem!