Beautiful Decadence escrita por brgscarolina


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Hi guys :3
Obg pelos comentários, e é fabuloso vocês estarem gostando da história o/



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Cara, era hoje. Finalmente era sexta. E eu iria sair com a Callíope. Me levantei e desliguei o despertador , começando a me arrumar pra faculdade, um pouco mais que o normal, tipo, penteando o cabelo em vez de só passar os dedos. Saí do quarto, já encontrando Alexy na cozinha, sentado à mesa.

–Bom dia, seu gay que eu chamo de irmão há vinte e um anos! Hoje não é um dia ótimo?

Alexy me encarou franzindo o cenho, parando de passar geleia de uva em sua torrada e arqueando as sobrancelhas. Eu fui até a geladeira, pegando a caixa de leite achocolatado e enchendo um copo.

–Você andou fumando alguma coisa, e não me disse nada, Armin?

–Não, cara. Nada disso. – Revirei os olhos. Um cara não podia estar minimamente animado em uma sexta-feira de manha?

–Você realmente devia parar de jogar tanto vídeo-game. – A cara que ele fez era estranha. Eu normalmente o xingaria ou lhe mostraria o dedo do meio.

–Adivinha só, mano. – Falei em vez de fazer qualquer coisa. – Anda, adivinha.

–An... – Ele franziu o cenho. – Deus, eu nunca te vi desse jeito. Acho que estou até com medo.

–Adivinha! – O apressei. Cara, Alexy geralmente não era lerdo.

–Eu... – Murmurou e eu bati com o copo de leite vazio na mesa.

–Vou sair com a Callíope hoje, cara. – Sorri.

Ele parecia surpreso.

–Sério?

–Sim. Ela quer ir no cinema. – Eu ria da cara de descrença que ele fazia. – Eu sou muito foda. Enquanto eu vou estar com ela, os outros vão ficar chupando o dedo.

–Menos, irmão. – Alexy riu, voltando a atenção à sua torrada com geleia.

–Não dá, cara. Você não tá entendendo. É da Callíope que estamos falando. – Sorri, depois peguei as chaves do carro e saí apressado de carro.

Mandei uma mensagem perguntando onde ela estava e ela me respondeu dizendo que estava no refeitório. Ela sempre chegava mais cedo. Fui até lá, e assim que avistei os cabelos ruivos em uma mesa do canto, cercada por livros, fui direto até lá, largando a mochila na cadeira e me sentando.

Ela ergueu os olhos até os meus e eu sorri.

–E aí? Não está pensando em fingir um desmaio ou coisa assim hoje à noite, né?

Ela desviou o olhar, mexendo nas unhas.

–Claro que não. – Ela disse. – Eu falei que iria, não é?

–É melhor checar. – Dei risada. – O que está fazendo?

–Adiantando algumas matérias. Pode pegar a pasta preta dentro da minha bolsa? – Ela perguntou, jogando o cabelo por cima do ombro e se inclinando pra escrever alguma coisa. Abri o zíper da sua bolsa e a vi largar a caneta, estendendo o braço na minha direção, dizendo:

–Espera! Não...

Entendi porque ela fez isso depois que já tinha aberto sua bolsa. Aquele bicho de pelúcia que eu tinha dado estava lá. Sorri, o pegando e arqueando as sobrancelhas pra ela, que olhou pra outro lado.

–Podia pôr isso na bolsa de novo, por favor? – Ela disse, e eu dei risada, guardando a pelúcia e pegando a pasta preta que ela tinha me pedido.

–Aqui está. – Ela pegou a pasta. Ela ainda não olhava pra mim. – Ei, Callíope.

–Sim?

–Por que a pelúcia está na sua bolsa?

–Porque eu quis traze-la hoje. – Ela ergueu os olhos até os meus de novo. Eu ficava imaginando como seria acordar de manha na mesma cama que ela. Vê-la sem maquiagem nenhuma com os cabelos bagunçados e poder ser o primeiro a dizer bom dia a ela. Mas ela tinha uma muralha gigante ao redor de si que impedia isso de acontecer.

–Bom, eu estou feliz com isso. Pelo menos você gostou dessa coisa com olhos! – Dei risada. – Tenho que ir pra aula agora, Callíope. – Infelizmente eu tinha mesmo que ir pra sala. – Nos vemos na aula de economia, e eu passo na sua casa à noite. – Me levantei, arrumando de novo a cadeira e parando às suas costas, falando perto da sua orelha, daquele jeito que a fazia ficar tensa. – Nem pense em furar nosso cinema.

Como eu imaginei, Callíope começou a dizer coisas para escapar do nosso encontro. Bem, pra ela era somente um cinema entre amigos, mas pra mim, era o primeiro encontro entre a gente. Eu não ia deixar que ela arrumasse uma desculpa e escapasse.

–Gata... – Ela ergueu uma sobrancelha e eu pigarreei. – Callíope. Eu vou sair com você de qualquer jeito. Nem se tiver que mudar os planos e assistir um filme na sua casa.

–Pra que você insiste tanto em sair comigo? – Ela franziu o cenho. – Tenho certeza que você não está numa situação tão ruim e pode muito bem arranjar qualquer garota que quiser.

–Eu não quero sair com qualquer garota, Callíope. – Revirei os olhos, sorrindo.

–Isso não tem lógica nenhuma.

–Tem sim. É tipo... O fato de shippar Leon e Helena, no Resident Evil Seis. – A ruiva franziu o cenho de novo e eu dei risada.

Pouco depois, a aula terminou e eu me despedi de Callíope. Por enquanto.

Eu estava uma pilha de nervos dirigindo o carro de volta pra casa. Será que ela era do tipo que super se importava com roupa? Alexy teria que me ajudar. Tomei um banho e vesti uma cueca, abrindo a porta do guarda-roupa. Eu tinha calças e camisetas. Era o básico. Mas... Eu ia mesmo ter que chamar Alexy.

Quando ele entrou no quarto, aparentemente já sabia o que eu queria, pois foi direto pegar roupas.

–Sabe, pelo que eu percebi na Callíope, ela não usa nada chamativo. – Ele ia falando. – São jeans, suéteres, regatas com casacos por cima. E você... – Ele fez um olhar de nojo pra mim. – Você é uma negação com roupas. Nem imagino o que seria de você sem mim pra fazer compras por você. – E nisso, ele acertou minha cara com uma calça jeans escura e uma camiseta com botões na gola e um casaco. E pegou os sapatos também, colocando em cima da cama.

–Dá um tempo, cara. Eu já tô te pedindo ajuda.

–Por que acha que eu estou sendo tão bonzinho? – Isso era ser bonzinho? – Bem, se arrume e divirta-se. E.. Ah. Não que eu ache que ela faz esse tipo, mas se as coisas forem além, depois que você for “deixá-la na casa dela”, eu acharia bom você trocar essa cueca. Sabe como é, né?

Olhei pra baixo. Eu não via nada de errado com a minha cueca. Ela nem estava velha. Alexy tinha comprado da última vez que foi fazer compras, o que não faz muito tempo.

–Vai se foder, Alexy!

Ele ria enquanto saída do quarto e fechava a porta e eu fui pra frente do espelho. Não sou um Castiel da vida, todo cheio de músculos e tatuado e transpirando rebeldia, mas não acho que eu esteja tão ruim. Bom, eu não tenho pele bronzeada, e nem gominhos no abdômen, e nem tatuagens pelo corpo todo. Não tenho piercings e minhas orelhas nem são furadas. Tudo o que eu via era eu. Um cara normal de um e oitenta de altura e setenta e sete quilos. Nem tão magrelo assim, graças às vezes em que eu ando de bicicleta e quando jogava futebol no ensino médio. Meu cabelo estava um pouco comprido, com a franja caindo nos olhos. Eu precisava de um corte. E meus olhos azuis, que pra mim são normais, mas que todas as garotas com quem já fiquei disseram que são bonitos ou algo assim. Eu precisava fazer a barba, droga. Tinha esquecido disso enquanto tomava banho. Voltei pro banheiro, me barbeando e depois pondo a roupa que Alexy separou pra mim.

Enquanto dirigia até a casa de Callíope, minhas mãos suavam. Minhas mãos não soam nem quando eu enfrento o boss mais difícil de todos nos vídeo-games. Eu sei que vou falar alguma besteira, e espero que ela ignore, como tem feito até agora.

Estacionei e fui até a porta. Enxuguei as mãos no jeans e toquei a campainha. Esperei e depois toquei a campainha de novo. Nada.

Estranhei e liguei pra ela. Nada. Virei a maçaneta, e a porta estava aberta.

–Callíope? Sou eu, Armin. Você está aí? – Coloquei a cabeça dentro e só vi o hall de entrada vazio. – Eu... Eu estou entrando, Callíope.

Lá dentro, andei pelo hall e cheguei até a cozinha. E a vi, debruçada sobre a mesa, com vários papéis em volta.

–Callíope?

Me aproximei. Tinha uma caneca com um quarto de café e um frasco de comprimidos com vitaminas. Franzi o cenho.

Ela estava com o cabelo preso em um coque desarrumado, usava um short curto, uma blusinha e chinelos, e tinha óculos sobre a mesa.

Toquei seu ombro, dando um leve chacoalhão, e chamando seu nome.

A ouvi suspirar e ela se mexeu, murmurando alguma coisa e levantando a cabeça, olhando em volta, até olhar assustada pra mim.

–O que você...?!

–Vim te buscar, te liguei, a porta estava aberta... – Sorri. – Tudo bem, Callíope?

–Eu só estava fazendo umas coisas pra escola. – Ela coçou os olhos, borrando todo o rímel. – Devo ter dormido.

–Pra que essas vitaminas, Callíope? Você tem comido e dormido direito?

–Acho que sim. Faço qualquer coisa quando tenho fome. Tomo as vitaminas quando fico muito cansada.

–Não pode fazer isso! – Fiquei preocupado. – Tem que ir ao médico.

–Armin, calma. Eu só acabei pegando no sono. – Ela se levantou, organizando o monte de papéis na mesa e levando a caneca de café até a pia. – Me desculpa. Mesmo. Você me dá uma... Meia hora? Só pra eu tomar um banho e me arrumar? Quero dizer, isso se você ainda quiser ir ao cinema.

–É claro que eu quero, mas se você não estiver bem, não ligo em cancelar.

Ela sorriu, se aproximando um pouco.

–Eu estou completamente bem. Só meia hora. Por favor. Pode fazer o que quiser, pegar alguma coisa na geladeira... À vontade. – E então ela saiu correndo até eu ouvir uma porta fechar.

Fiquei olhando em volta por alguns segundos, até meu olhar se focar nos papéis em que Callíope dormiu em cima. Os peguei e acabei franzindo o cenho. Eram todos sobre um crime de assassinato, onde dois suspeitos foram ao julgamento e um deles foi preso. Tinha impressões de jornais sobre esse caso e principalmente sobre o cara que foi preso. Dizia que o cara deixou a mulher e uma filha de dezessete anos, e que teria que cumprir pelo menos vinte anos de cadeia.

Olhei outros papéis, e em um deles tinha alguns recortes de jornais. Tinha uma foto da mulher e da filha do homem. A foto estava em preto e branco, e a garota estava com cara de choro, mas eu podia reconhecer os olhos claros e as sardas em qualquer lugar. Era a Callíope. E o cara que foi preso era o pai dela.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? :3



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