Beautiful Decadence escrita por brgscarolina


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Hi guys!
Eu realmente queria agradecer à quantidade de acessos que a fic teve no seu primeiro dia e também aos comentários. Vocês são uns amores'



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Eu tinha certeza. Eu tinha certeza disso. Era óbvio que Alexy iria me encher o saco quando soubesse que eu quebrei meu PSP, mas já fazia, tipo assim, uma meia hora! Dava vontade de arrancar aquela coisa azul que ele chama de cabelo desde que tinha dezesseis anos, quando resolveu descolorir e pintar. Ele era insuportável.

–Tá! Que saco, Alexy, dá pra calar a boca agora?!

–Você tá brincando? Claro que não! – O cretino ria. Gargalhava. – Agora você vai ter que ficar ligado no mundo real por, tipo, o tempo todo quando estiver fora de casa!

Revirei os olhos.

–Eu já tenho mundo real o bastante seu gay! Vá procurar alguém pra te comer!

–Eu já procurei, só falta ele aceitar. – Sorriu malicioso. Eu odiava quando ele falava essas coisas. Eu não precisava saber disso!

–Ah! Que nojo, cara! Informação demais!

–Tá, tá... Como foi hoje na faculdade sem o PSP?

Suspirei, me lembrando da ruiva. Callíope. Ela é bonita mesmo, e eu ficava lembrando dela. Mas ainda assim, eu devo ter feito tudo errado. Enquanto voltava pra casa, finalmente me passou pela cabeça que ela poda ter alguma coisa com o Nathaniel, e eu fiquei lá dando em cima dela.

–Conheci uma pessoa.

–Se o mundo fosse justo, agora eu estaria dizendo que isso é nojento e que eu nem quero saber disso, mas... O mundo não é justo. Como ela se chama?

–Callíope.

–Irmão, você está sorrindo! – Alexy ria. Eu nem sabia que estava sorrindo. Mostrei o dedo do meio pra ele, que riu mais ainda. – E como ela é?

–É bonita. Ela é ruiva, e tem várias sardas no rosto, e é magra. Não tem muito peito, mas... Enfim. Ela tem olhos verdes, e ela estava incrivelmente bonita num jeans largo com suéter verde e tênis.

–E pensar que tudo o que você precisava fazer era erguer os olhos da tela do vídeo-game... – Alexy balançava a cabeça.

–Vai se foder, Alexy!

–Bem, ela me parece diferente das garotas góticas com quem você saí geralmente. – Ele deu de ombros.

É verdade. Eu geralmente saio com garotas góticas. Na verdade, eu sempre saio com garotas góticas. Fazer o que se eu as acho sexy? E muito sexy, só pra constar. A minha última namorada era uma gótica. O nome dela era Miranda. Aquela garota me deixava louco, principalmente quando colocava aqueles corpetes que me faziam ficar um século desamarrando fitas até conseguir tirá-lo e...

Já fazia um tempo que nós terminamos. Nada muito dramático, só concordamos que não estava mais dando certo. Mas eu ainda gosto da Miranda. Se eu a vir em algum lugar, claro que vou parar para falar com ela. O senso de humor ácido dela é demais. Eu só não vou tentar fazer mais nada com ela, e nem ela comigo. Atingimos a friendzone um do outro.

E agora, aqui estou eu, atrás de uma garota que de gótica não tem absolutamente nada. Ela nem sequer se parece com alguma personagem de jogo!

–É, ela é diferente delas mesmo. – Agora até eu estava surpreso comigo mesmo. Eu corro atrás dessas garotas góticas desde o final do ensino médio!

–Talvez ela ser diferente seja algo bom, não acha? Você pelo menos falou com ela?

–É claro que eu falei, Alexy! – disparei. – Não sou nenhum mongoloide, okay?!

–Cara, eu tinha esquecido como você se estressa fácil quando fica muito tempo sem jogar nada! – Ele disse de volta. – Quero conhecê-la. Posso até te ajudar, se quiser.

–O que? De jeito nenhum que eu quero a sua ajuda! Da última vez você fez a garota ficar com medo de mim. – Lembro de que quando cheguei perto dessa garota depois de o Alexy ter “me ajudado”, ela saiu apressada, dizendo pra mim me afastar dela.

O Alexy jogou os braços pra cima.

–Cara! O que custa? Pelo menos vai me mostrar quem é ela?

Revirei os olhos bufando.

–Tá, eu te mostro ela. Daqui a... Dois dias e nunca.

Ele franziu o cenho, e começou a me xingar pra caramba enquanto eu ria.

–Certo! Amanha, okay? Te mostro quem é ela.

–Eu. Vou. Cobrar. – E então saiu da sala, indo ao seu quarto, e eu fui até a cozinha pegar uma lata de refrigerante.

Aonde é que eu fui me meter. O Alexy estava olhando pra garota com os olhos fixos, e fazia uns sons estranhos enquanto sorria. Eu virava a cara. Assim não dava tanto na cara que eu só vim mostrar a Callíope pro meu irmão ver quem é.

Depois de várias pessoas terem passado nos encarando feio, resolvi que já tinha se passado tempo demais.

–Okay! Chega, Alexy. – O puxei pela jaqueta, o arrastando pra fora da sala. – Você podia ser mais discreto.

–Impossível, cara. – Ele ria. – Mas ela é linda! Aquelas sardas... E é uma ruiva natural! Ruiva. Natural!

–O que é que tem ela ser ruiva natural? – Às vezes eu não entendia onde o Alexy queria chegar com essas conversas estranhas.

–Armin! Como você é burro! Bom, eu a achei uma graça. Vamos lá falar com ela?

–Claro que não! Eu...

–Oi Armin. Alexy. – Nathaniel passou por nós, com um sorriso e entrou na sala. O segui com o olhar e ele foi se sentar ao lado da Callíope, a cumprimentando com um beijo no rosto. Será que os dois tinham alguma coisa?

–Hm... Armin? – Disse Alexy.

–Hm?

–Ela tá com o Nath? – Droga. Alexy também achava isso.

Suspirei, dando de ombros.

–Eu não sei. Mas queria saber logo.

–Eu podia perguntar pra ele, sabe? Sem dizer nada. E eu até podia aproveitar um tempo sozinho com ele. – Sorria malicioso.

Logo que nos mudamos pra cá e começamos a faculdade aqui, Alexy foi “resolver umas coisas” com o Nathaniel, e depois eu descobri que os dois se pegaram. Mas não acho que Nathaniel seja gay. No máximo bi. Ele está sempre com alguma garota por perto.

–Faça como quiser. – Respondi e fui pegar um leite achocolatado na cantina. Me chamem de criança, mas eu precisava disso.

Nathaniel teve que sair no meio da aula de economia hoje, murmurando algo com Callíope e saindo de lá apressado. Será que a nuca dela não queimava com o tanto que eu ficava a encarando?

Em quanto tempo será que Alexy conseguiria saber se ela e Nathaniel tinham algo? Provavelmente no fim do dia ele já saberia, e quando chegarmos em casa, me dirá tudo. Mas eu realmente queria falar com ela.

Quando a aula acabou, fui apressado em direção à ruiva, antes que ela saísse da sala.

–Ei! Oi... Callissa. – Geralmente eu realmente esqueço o nome das pessoas, mas dessa vez eu tive que fingir, pra pelo menos ela não desconfiar de nada.

–É Callíope. – Sorriu, olhando pra mim. – Oi.

–E aí? Tudo bem?

–Tudo. Pode ser. E você?

Hoje ela estava com uma regata e um casaco azul por cima, fechado por delicados botões de madrepérola, e um jeans claro, mais apertado que o do outro dia, e sapatilhas pretas nos pés. A mesma pulseira, e corrente, que continuava com o pingente dentro da blusa.

–Também. Tentando ficar acordado na aula de economia...

–Não gosta da aula?

–Ah, sabe como é... – Ela tinha cara de inteligente. Ela andava com o Nathaniel e o cara é um gênio. É claro que ela ia ser inteligente. Ela não se veste como essas vadias daqui do campus. É mais do que óbvio que ela é inteligente. E eu aqui reclamando da aula.

–Bom, economia não é a melhor aula de todas, mas não é péssima. Línguas mortas pode ser bem pior.

–Ah, cara, eu gosto de coisas que envolvem línguas. – Deus, por que eu disse isso? Ela deve me achar um garoto estúpido. Callíope me encarava com o cenho franzido. – Desculpe. – Murmurei e pigareei.

–Tudo bem. – Ela acabou sorrindo. Ainda bem. Nem tudo estava perdido.

–Armin! – Ouvi a voz do Alexy sobre as outras, e sabia qual cena iria encontrar quando me virasse. Ele correndo em minha direção, se enfiando no meio das pessoas. Callíope já estava com os olhos focados em algo atrás de mim, e logo o Alexy praticamente pulou em cima de mim.

–Oi, irmão. – Ele riu.

–Oi, Alexy.

–Quem é sua amiga? – Eu tinha esquecido de como Alexy podia ser um puta ator quando queria.

–Ah, essa é a Callíope. Ela faz economia comigo há, aparentemente, quase um ano.

Os dois estenderam a mão, se cumprimentando com sorrisos. Opa. Eu conhecia aquele sorriso do Alexy.

–Muito prazer, Callíope! Sou Alexy.

–É um prazer te conhecer, Alexy.

–Ah, você é tão linda, sabia? E esse cabelo, então! – Ele sorria. – Você tem um namorado, não tem, Callíope?

Ah, não. Não, não, não, não, não. Será que ela tinham mesmo algo com o Nath?

–Eu não namoro ninguém no momento. – Ela sorriu sem jeito. Tive que sorrir. Ela não namorava ninguém! Ninguém! Estava livre!

–E o Nathaniel? – Acabei perguntando.

–Nathaniel é só um amigo. Ele me ajudou bastante quando entrei aqui no campus e desde então nunca paramos de conversar.

–Bom – Disse Alexy. – Armin também está solteiro, sabia? Não é uma coincidência fantástica?

Ela olhou pra mim, com um sorriso que me fez sorrir também.

–Claro. Mas eu não estou afim de nada com ninguém no momento. Eu tenho que me focar nos estudos por enquanto.

E isso acabou comigo. K.O. Nocaute. Game over. Zero vidas extras. Ela estava me dispensando sem eu ter nem tentado nada.

–Legal. – Tentei falar rindo. – Porque eu também não estou afim de nada. Alexy, tem que parar de tentar arranjar uma namorada pra mim.

–Olha, eu tenho uma prova em alguns minutos – Disse ela. – Tenho que ir. A gente se vê. – E acenando, se afastou, até sumir no meio das pessoas.

–Mas que droga! – Exclamei. – Que droga, Alexy! Agora fodeu tudo!

–Sinto muito, Armin. Eu só queria...

–Cara, eu te disse pra não fazer nada! Agora ela com certeza vai fugir de mim! Ótimo. Ótimo!

–Armin... – Dei as costas e fui andando até outro lugar. Qualquer outro lugar, sem dar ouvidos ao Alexy, que continuava me chamando.

Acabei indo pra um fliperama no shopping torrar o dinheiro que eu tinha comigo. Isso não faria Callíope me achar mais homem, só faria ela pensar que eu sou um moleque. Puf. De que adianta? Ela já me dispensou mesmo...

Ou não. Eu queria aquela garota. E desistir não é meu forte. Acabei sorrindo pro nada. Sério mesmo que eu precisei de horas em um fliperama só pra por na cabeça que eu não ia desistir? Eu podia ter economizado umas trinta pratas...

Chequei o meu bolso. Eu tinha uma última ficha, e à minha frente, havia uma daquelas máquinas de pegar bichinhos de pelúcia. Ah, que se dane, vai essa mesmo. Coloquei a ficha e movi a garra mecânica. Agarrei um, e comecei a movê-lo pra mim, pra onde eu o largaria se ele não caísse no meio do caminho.

Eu não acredito. Eu ganhei essa porra. Eu nunca ganho essa coisa! Mas hoje eu ganhei. Era uma coisa de pelúcia laranja e cinza com olhos grandes e orelhas maiores ainda. Acho que eu daria isso à Callíope.


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? '3'