Te Odeio Com Todo Meu Amor escrita por Gii


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Hello, booys and giiirls!
É uma one Shot que eu não havia planejado que saiu melhor do que eu esperava. Espero que gostem dela, tanto quanto eu gosto.
Obrigada e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/478020/chapter/1

Rose Weasley nunca gostou muito de presenciar as ceninhas de amor entre seu irmão Hugo e sua prima Lily, mas ela tinha que admitir que aquela era uma declaração no mínimo fofa.

Hugo havia passado a noite toda treinando um feitiço para fazer crescer Lírios pelo jardim formando em letras garrafais “L & H”. Ela tinha que admitir que o irmão não era de todo tapado quanto pensava... Até mesmo se provara um tanto romântico e parecia que Lilian adorava aquilo.

Agora ela assistia feliz o encontro de Lily e Hugo depois de ela ver o jardim que ele havia feito.

Rose se surpreendeu ao se ver suspirar sorrindo enquanto olhava Lilian rindo e Hugo a girando no ar em um abraço de urso tão romântico.

Será que aquilo nunca aconteceria com ela? Esse pensamento lhe ocorreu ao constar que o irmão e a prima, que eram ambos mais novos que ela, já haviam desencalhado e ela ainda estava sozinha... Ou, pela opinião do estúpido Malfoy: “Em processo de aceitação de amor platônico por Malfoy”

Rose sempre foi a melhor amiga de Albus - apesar de Albus ser um sonserino. E uma das consequências de continuar aquela amizade era ter que aturar o novo amigo de Albus: Scorpius Hyperion Malfoy.

Metido, enxerido, malicioso e com grande tendência á piadas de muito mau gosto. Um humor negro e olhar cheio de segundas e terceiras intenções. Nada, nada confiável.

Rose bufou irritada só de lembrar.

“Scorpius Malfoy, o grande idiota!

Rose sempre tentou evitar os atritos entre ela e o Malfoy somente por respeito á Albus – que de alguma forma conseguia suportar a companhia do loiro – e apesar de ela tentar de tudo para manter a paz, nada funcionava. Ele continuava a lhe encher de piadas estúpidas e brincadeiras que a fazia ficar vermelha.

Malfoy e sua mania estúpida de dizer que Rose nutria algum tipo de amor por ele – e que ele provaria para ela mesma que realmente sentia algo.

Até mesmo envolveu Hugo – que também era sonserino, para o ataque cardíaco de Ronald – em uma aposta de vários galeões, uma garrafa de whisky de fogo e um “cooper” nos jardins de Hogwarts com suas “bagagens” ao ar livre. O Malfoy ainda fez questão de apostar bem em frente da garota, dizendo com todas as letras que a faria dizer que o amava.

Aquela aposta estúpida feita por Hugo e Scorpius era o fardo que Rose carregava á dois anos e meio e só piorava a cada dia.

Humilhações e micos na frente de toda Hogwarts, em diferentes lugares. Rose quase já se acostumara a uma cena comum do dia-a-dia se transformar em mais uma tentativa de Malfoy a forçar a se declarar.

Pfff... Como se ela se quer o considera-se uma pessoa no mínimo legal.

Até mesmo seria mais agradável se declarar para Mariet Graw – a garota mais metida que já conhecera – do que para o Malfoy. E olha que ela é uma garota. Aquilo estava na lista de coisas que ela nunca faria a sua vida toda.

Rose saiu de seus devaneios ao constatar Hugo e Lily se aproximando dela, aos risos.

Ela achava realmente fofo eles juntos, exatamente como acontecia em livros de romance. Quebrando barreiras e preconceitos, tanto por serem primos, quanto por Lily ser uma grifinória - como Rose também era - e Hugo ser um sonserino. Rose lembra-se ate hoje da briga que houve quando ambos foram visto juntos e namorando.

Mas, graças a ajuda de Rose e Albus, tudo estava bem.

– Rose!

– Olá Hugo - ela disse sorrido, orgulhosa do irmão - Feitiço incrível! Nem acredito que tenha sido você que fez.

– Valeu, mana... Eu acho - ele sorriu confuso – Rosinha, eu preciso te pedir uma coisa.

Nós precisamos te pedir uma coisa. - corrigiu Lily sorrindo e passando os braços ao redor do sonserino.

– Ah, Merlin, o que vão aprontar dessa vez?

– Calma Rose, não é nada demais - Riu Lily

– Nunca é - resmungou a morena.

– Mas dessa vez não é mesmo! - exclamou Hugo revirando os olhos - Nós só queríamos sua voz emprestada!

– O que?

– Ah, não é nada disso! - esclareceu Lily dando um leve empurrão em Hugo com os ombros – Rose, lembra-se do baile do dia das Bruxas e do concurso de melhor dueto de casais? Então, eu e Hugo queremos participar.

– Não só porque eu gostaria de tocar uma vez na frente de todos e me declarar mais uma vez pra minha Lilyndinha - ele dá um beijo no nariz da namorada - mas para tentarmos, novamente, estabelecer a paz completa entre nossas casas.

– Como... Como uma lição de moral! - acrescentou Lily com um sorriso nervoso.

Rose cerrou os olhos, desconfiada. Porque Lily parecia tão nervosa?

– E o que exatamente querem de mim? – perguntou lentamente, tentando encontrar alguma coisa na expressão deles que os denunciasse.

– Que você cante com Hugo. - disse Lily com uma simplicidade nervosa.

Rose franziu a testa confusa.

– Por que você não canta?

– Porque... Bem... Eu não sou uma boa cantora e... E eu e Hugo decidimos que seria bem melhor se você, com sua maravilhosa voz de sinos, que faz o mundo parar e os pássaros se curvarem aos seus pés e...

– Sem puxar o saco, Lily - interrompeu Rose, levantando a mão para interrompe-la.

– Mas você quebra essa maninha? - perguntou Hugo com os olhos suplicantes - Por favor?

– Mas é claro que não! - Ela respondeu fechando o livro e se levantando - Eu... Eu não gosto de cantar para muita gente, vocês sabem disso! Sem falar, que se eu cantar com Hugo, eu seria o par dele e não você, Lily!

– Mas ela pode ficar do meu lado e você só vai cantar! - implorou Hugo - por favor, Rose! Só dessa vez!

– É Rose! Eu juro que te convido pra ser madrinha do nosso primeiro filho - implorou a Lilian e o sonserino concordou com um aceno veemente de cabeça.

A morena se viu cercada e presa na emboscada daqueles dois pares de olhos claros que a encaravam implorando. Como negar um pedido do seu irmão e da sua prima para fazer algo que ainda seria... Bom? Ela já aceitara fazer coisas piores com eles.

Ela bufou e se levantou para sair dali antes que eles pedissem mais alguma coisa, mas não antes de soltar um "tudo bem" sobre o ombro e ouvir os gritos extasiados de ambos.

Rose pressentia que se arrependeria daquilo ainda. Como em todas as vezes que ajudara aqueles dois.

–-

A morena respirou fundo novamente e soltou o ar.

O som dos burburinhos dos alunos que assistiam o discurso do começo do baile do dia das Bruxas parecia ecoar em seus ouvidos como se tivessem ampliados mil vezes.

Suas mãos suaram e ela pareceu esquecer o começo da musica que ensaiara com Hugo a semana toda. Ok, ela estava nervosa.

Ainda dois casais se apresentariam antes dela, mas mesmo assim, ela não conseguia controlar o nervosismo. Parecia que iria explodir a qualquer momento!

– Hey, Rose! - chamou Lily ao seu lado parecendo preocupada - Você esta bem? 'Tá meio pálida.

– Eu acho que não vou conseguir...

– É claro que vai! - exclamou Hugo ao surgir ao lado de Lily - Rose, essa não é a sua primeira vez. Você sabe que consegue. Você sempre consegue.

Rose engoliu em seco ainda com as mãos suando.

– Mas não com tanta gente! - ela choramingou como uma criança - e se eles não gostarem?

Hugo abriu a boca para comentar como aquilo era estupido, mas Lílian o impediu com um toque e seu peito.

Lilian olhou indignada para a prima até Rose perceber e olhar para prima.

– Quem é você?! - Lily gesticulou para a prima - Porque essa não é a Rose Weasley que eu conheço!

Rose abaixou a cabeça corada.

– A Rose que eu conheço estaria dizendo que pouco importa com a opinião de seres sem capacidade mental como a dela e estaria mais do que confiante! Ela diria que aquilo seria mais fácil do que pentear os cabelos de manhã e que conseguiria fazer de olhos fechados se quisesse! - Lily exclamou irritada - estaria analisando as outras duplas e dizendo como eram bons e que torceria para que todos os outros competidores dessem 100%, porque é o que você daria de si, ali naquele palco! Agora, coloque uma cor nesse rosto, pare de tentar dar uma de Lílian Medrosa-Por-Tudo Potter e vá lá em cima e arrase como Rose Weasley sempre fez, seja lá o que esteja fazendo.

Lily respirava pesadamente, como se tivesse corrido quilômetros ou tirado um peso de suas costas. Estava levemente avermelhada e meio abobada por ter dito realmente tudo aquilo.

Hugo e Rose a encaravam um tanto boquiabertos e espantados com a reação da garota, que quase nunca explodia como agora.

– É isso aí maninha! Nós conseguimos! – Hugo disse e se pos à sair dali o mais rápido que conseguia, sendo seguido por uma Lily um pouco corada.

Rose ficou estática mais alguns instantes, absorvendo as palavras da grifinória e percebendo o quanto estava mesmo sendo boba. Respirou fundo mais uma vez, ouvindo os alunos gritarem e cantarem junto com o segundo casal que se já apresentava.

Lily estava totalmente certa. O que ela estava fazendo? É claro que ela conseguiria! Ela era uma Weasley, não era? Não é o que seu pai falava? Não era o que sua mãe afirmava?

Ela se sentiu mais leve.

Rose sabia que conseguiria novamente. Novamente provaria que mulheres inteligentes também podiam ter outros talentos... E querem saber? Quem se importa? Ela iria cantar para ela mesma, cantar para o novo casal do ano de Hogwarts e se os outros não gostassem... Que se dane! Ela gostava de cantar.

A grifinória ajeitou a gravata desamarrada no pescoço que fazia parte do "figurino" deles.

Ela e Hugo optaram por usar as próprias vestes de Hogwarts do dia-a-dia, como sabiam que no baile os alunos estariam com roupas normais. Lily fez questão de deixar ambos os três (Já que Lily também estaria no palco) mais... Descolados. Cabelos lisos, a saia curta e a gravata desajeitada na camisa branca.

A música parou no palco. Hugo e Lily apareceram sorrindo ao seu lado. McGonagall falou alguma coisa. Hugo subiu no palco e Lily deu um puxão em sua mão, fazendo Rose parar no meio do palco.

Hugo lhe dirigiu um olhar nervoso-ansioso que perguntava claramente se estava bem.

Mas ela não precisou responder. A multidão gritava ao ouvir os primeiros acordes e ela ganhou a força que precisava. Eles conheciam a musica e aquilo seria no mínimo divertido.

R- "Quem poderia imaginar que eu gostaria de um garoto como você?"

Rose começou sentindo o rosto esquentar.

R- "Alto, sombrio e sonserino, o que uma garota poderia fazer? Você usou sua Nimbus para me tirar do chão, mas agora sem você do meu lado, me sinto incompleta"

A grifinória deu um giro no palco e sorriu ao ver os alunos gritarem alucinados, cantando junto.

Rose viu pelo canto dos olhos Lily fazendo seu pequeno "teatrinho" com Hugo como eles haviam ensaiado. Ela segurou o riso ao ver a prima bater os cílios exageradamente.

R- "Sonserina e Grifinória, separados pelo chapéu seletor. De casas rivais, nós não temos que ser assim"

Rose sorriu se sentindo livre. Fechou os olhos cantando o ultimo trecho.

R- "Porque você me confundiu e eu estou me sentido bem, como isso é magico, eu estou sob seu feitiço"

Rose se virou para Hugo, pronta para começar o refrão junto com ele, mas quando ouviu a voz masculina junta com a sua, não era seu irmão que cantava..

R/S - "Eu nunca pensei que você estaria na minha vida, dois mundos diferentes que deixamos colidir"

A morena olhou em volta procurando a voz que cantava junto com ela, mas não encontrava ninguém. Olhou inquisitiva para Hugo que sorria dando de ombros.

R/S - "E isso nunca vai ser do jeito que foi antes..."

Rose parou no meio do palco, vendo o pesadelo em pessoa subindo e cantando a ultima parte do refrão com um sorriso presunçoso que lançava diretamente para a garota.

S- "Porque, baby, eu sou um sonserino e garota, você é uma grifinória"

Cantou Scorpius Malfoy caminhando na direção de Rose.

Não, aquilo não estava acontecendo. Rose fulminou Hugo e Lily.

R- "Yeah yeah yeah yeah (4x)"

O loiro caminhou até ela e parou em sua frente com um sorriso debochado e dizendo:

S- "Porque, baby, eu sou um sonserino, e garota você uma grifinória."

Rose bufa revirando os olhos. A morena se vira para sair do palco, batendo o pé enquanto o Malfoy continua a cantar a seguindo, andando no ritmo da musica, como o típico idiota que ele era.

S - "Andando no corredor com truques na manga, trombar com essa garota que está na minha frente"

Hugo impede que ela desça do palco com um sorriso travesso. Depois daquilo Lily e Hugo se veriam com ela. Sentiu seu braço sendo puxado e Scorpius a girou a fazendo ficar de frente para ele.

S - "Ela só quer ver como seria dar as mãos para alguém sombrio, com quem não precisa de uma varinha para iniciar uma faísca"

O sonserino toca o rosto vermelho de Rose e ela tira a mão dele com um peteleco, se virando para sair do palco novamente. Empurra Hugo do caminho, mas Albus aparece para segurá-la.

Scorpius parece se divertir cada vez mais com a reação de Rose.

S - "Vou rastejar até você, você pode ser meu filhote de leão, compartilhar uma cerveja amanteigada no bar da Rosmerta"

Albus a empurra de volta ao centro do palco e ela tromba no peito do sonserino que continuava a cantar. Rose percebeu que não poderia sair dali. Bufou irritada, cruzando os braços fortemente no peito e encarando irritada a multidão de alunos que gritavam em delírio.

Não acreditava que eles o tinham ajudado nisso!

S - "Eu vou perseguir você, você é meu pomo de ouro"

Scorpius circulou ao redor de Rose, fazendo questão de cantar com o rosto bem próximo ao dela. Ele parou com um sorriso irônico nos lábios ao seu lado, encostando o seu nariz na bochecha da garota, que fingiu que ele não existia.

S - "Eu vou ser seu amor bruxo, você é minha única Bruxa."

Scorpius deu um beijo na bochecha da garota que em troca o empurrou indignada. A plateia foi à loucura.

R/S - "Eu nunca pensei que você estaria na minha vida, dois mundos diferentes que deixamos colidir, e isso nunca mais vai ser como antes"

Scorpius riu rápido ao ver a grifinória cantando emburrada, mas ainda sim, perfeitamente no ritmo e no entusiasmo da musica.

Ele se virou para a plateia e piscou para um grupo de meninas.

S - "Porque, baby, eu sou um sonserino e garota você é da grifinória"

Uma garota da plateia desmaiou e Rose revirou os olhos. Viu Lily e Hugo se beijarem apaixonadamente ao refrão.

R- " yeah, yeah, yeah, yeah (4x)

Rose viu a plateia cantar junto com ela e uma coisa lhe ocorreu: Aquela musica não significava nada. Não era como se ela estivesse se declarando. Ela cantaria apenas para a plateia e sua prima e ignoraria totalmente o estúpido do Malfoy.

S - "Oh, garota, isso não se parece comigo"

Rose ficou de costas para o sonserino e cantou mexendo os ombros no ritmo da música.

R- "Dois corações batendo rapidamente"

Ela ouviu o sonserino rir, mas ignorou.

S - "Isso está ficando estranho"

R - "Agora nosso mundo está brilhando vermelho e ouro"

A morena jogou um beijinho para a plateia e correu pelo palco, evitando onde Malfoy estava. Ignoraria ele completamente.

R/S - "Eu nunca pensei que você estaria na minha vida, dois mundos diferentes que deixamos colidir e Isso nunca mais vai ser como antes"

Os instrumentos pararam de tocar e agora todos batiam palmas no ritmo da musica, como se fosse ensaiado. O final do refrão da musica se aproximando.

Rose tomou folego sorrindo e foi até a ponta do palco, pedindo com um gesto para que a plateia cantasse com ela.

R - " yeah, yeah, yeah, yeah. (4x)"

Todos se silenciaram ao mesmo tempo esperando a parte de Scorpius.

Novamente Rose sentiu a mão fria em seu braço e uma em sua cintura, a obrigando a girar e parar mais próxima do que queria de Scorpius. Ele forçou eles colarem os corpos e cantou baixo com o rosto próximo ao dela.

– Porque, baby, eu sou um sonserino, e garota você é uma grifinória

E Scorpius selou os lábios de Rose, finalizando a musica por completo e deixando uma Rose Weasley sem reação alguma enquanto ele mantinha os lábios deles grudados aos dela.

A plateia foi ao delírio e só quando Rose pode ouvir Hugo e Lily incentivando o idiota do Malfoy a agarra-la como “homem” foi que ela acordou do transe que tinha entrado.

Ela se soltou com um puxão e o encarou indignada, não acreditando ainda que ele havia feito aquilo.

Scorpius apenas sorria triunfante para ela, como se tivesse ganhado a aposta e tirado uma com a cara dela. Rose se sentiu ficar vermelha de raiva e fez a melhor coisa que poderia no momento:

Virou um tapa sonoro na cara de Scorpius e saiu pisando duro de lá, bufando de raiva.

Albus rolou de rir da cara que Scorpius enquanto descia do palco ao que McGonagall os dispensaram.

– É isso ai Cor-Cor - Disse Albus para o amigo - Você conseguiu um beijo de Rose, finalmente.

Hugo apareceu do lado de Albus com uma cara debochada.

– E ganhou de brinde cinco dedos vermelhos na cara - acrescentou o ruivo com ar de graça. – Pensei que você queria fazer minha irmã te amar, não te odiar mais.

Scorpius passou a mão no local onde recebera o tapa, enquanto Hugo e Albus riam descaradamente de sua cara, e olhou para onde ela havia saído antes de responder para ninguém em particular. Ele sorriu presunçoso.

– Não... Acreditem em mim. Deu certo.

–--

Rose não parou de correr até encontrar uma sala vazia em qualquer corredor. Fechou a porta com uma força exagerada e apoiou suas costas na mesma, finalmente parando para respirar.

Ela deslizou até o chão, respirando forte sentindo os pulmões pegando fogo. A cabeça parecia que estava pulsando e ela sentia como se fosse entrar em combustão. Seus pensamentos estavam todos confusos e misturados.

O que diabos aconteceu? Ela sabia que por um segundo retribuira o beijo. Mas porque? Ela o odiava!

Seus lábios estavam ainda formigando por conta do contato quente dos dele. Parecia que as células ali estavam agitadas, gritando e exclamando sobre o contato com os lábios dele.

Ela não pode evitar, quando viu, sua mão já estava em seus lábios e ela estava relembrando da cena.

Rose Weasley havia dado o seu primeiro beijo, e ao contrario do que ela imaginara toda a sua vida, Não foi nada romântico. Na verdade, foi forçado e cheio de ironia. Forçado e com gosto de Ironia... Misturado com menta.

Alguma coisa revirou em seu estomago, como um tipo de frio, assim que inconscientemente, passou a ponta da língua pelos lábios e sentiu o restinho do gosto que ficara ali.

Rose recuou ao sentir o gosto se espalhar pela sua língua. O gosto do Malfoy em sua boca novamente.

A Grifinória limpou a língua com a manga na blusa e depois cuspiu no chão, tentando tirar o gosto que parecia preso em sua boca e parecia não querer sair de qualquer forma.

Aquele era o veneno da cobra fazendo o efeito desejado.

Sendo inesquecível.

– Eu odeio aquele idiota! - Rose gemeu de raiva.

Não soube em que momento dormiu, mas quando acordou, pode ver pela janela que já havia amanhecido e que logo todos estariam pelos corredores.

Rose se levantou com dor nas costas, tentando ajeitar as roupas amassadas e aumentar o comprimento da saia com alguns puxões – falhando miseravelmente – e saiu se esgueirando pelos corredores, evitando o máximo possível qualquer pessoa acordada.

Ela já se sentia vermelha só de pensar que teria que ouvir dos outros... Os comentários sobre aquela ceninha... Argh! Ela teria que ouvir muitas piadinhas ainda.

Sem falar nas suposições.

Ou o terrível questionário que seria submetida por suas primas.

Rose respirou fundo tentando manter a calma enquanto sussurrava a senha para o quadro da mulher gorda e tentava passar silenciosamente pelo salão comunal sem ser vista.

Subiu as escadas, entrou silenciosamente em seu quarto e se escondeu embaixo das cobertas, encolhida em uma bola, querendo sumir por mais algumas horas.

Pena que nem vinte minutos depois ela ouviu Lily e suas primas entrarem no quarto, dando gritinhos e empurrando Rose para que saísse da cama, dizendo que queria saber tudo o que aconteceu.

Rose encarou as primas por alguns segundos, pensando no que dizer e percebendo que talvez não tivesse sido uma boa ideia passar a noite fora. Só de imaginar os comentários sobre o que ela poderia estar fazendo tão tarde da noite fora da cama fizeram suas bochechas corarem antes mesmo de ela responder qualquer coisa, fazendo parecer para quem olhasse de fora, que ela realmente fizera alguma coisa muito, muito errada.

Gritos estridentes foram ouvidos em sua frente enquanto Rose ouvia as garotas comentando ao mesmo tempo.

– Oh meu Merlin! Rose, você não fez isso!

– Não acredito que a Rose...

– Ah, isso é tão emocionante!

– E como ele foi? O que ele disse?

– Pensei que você tivesse realmente ficado brava com ele no palco! Safadinha!

– Não é mesmo?! Enganando nós direitinho!

– E na cama? Dizem pelos corredores que ele é delirante!

Rose arregalou os olhos para elas, pronta para contestar qualquer coisa que suas imaginações férteis poderiam estar imaginando que ela fizera com Scorpius, mas quando ela se ajeitou para se sentar e a coberta que a cobria até o pescoço caiu, mostrando que ainda estava com a roupa de ontem toda amassada e desengonçada. Aqueles cinco pares de olhos pareciam que iriam come-la.

–Meu Merlin... – exclamou Lily com os olhos brilhando – Não precisa dizer mais nada Rose. Só pela sua roupa... Já dá para imaginar como a noite foi boa.

O sorriso malicioso no rosto de Lily lhe deixou sem palavras. Só quando as cinco saíram pelo quarto, dizendo sobre espalhar a novidade sobre o “novo casal do ano”, foi que Rose se tocou o que estava acontecendo.

Elas pensavam que ela e Scorpius haviam... Haviam... Oh, Merlin. Aquilo não podia estar acontecendo!

–--

Uma coisa sobre escolas:

As fofocas espalham com uma rapidez impressionante. Ainda mais se se trata de algo como “A santa Weasley não é mais tão santa”

Rose andava de cabeça baixa o caminho todo até o salão principal. Apesar de estar morrendo de vergonha dos comentários, querer ficar trancada no banheiro o resto do ano letivo, ela tinha que comer. Infelizmente ela não era feita só de ar.

Por onde passava, os olhares curiosos e sorrisos maliciosos. Além de ter que aturar-los também tinha os olhares invejosos e fulminantes de metade das garotas da escola, que parecia querer assar o seu fígado e comer no jantar.

Ah droga, onde ela havia se metido?

Rose não viu quando trombou com um grupo de garotas da Sonserina – ou foram elas que trombaram de propósito? – vendo-as a encararem desafiadoramente.

– Desculpe – murmurou querendo sair logo dali, mas quando deu um passo para o lado querendo desviar delas, todas entraram na frente novamente.

– Onde pensa que vai, Weasley? – perguntou a garota da frente

– Hã... Salão principal? Já foi servido o almoço se você não...

– Há Há, muito engraçadinha você. Está se achando o ultimo cogumelo do pântano depois de ter tirado uma lasquinha do meu Scorpius, não é mesmo Weasley? – perguntou a Sonserina com os olhos semicerrados em sua direção.

Ótimo, agora arranjara problemas com as namoradinhas do idiota. Aquela história estava ficando cada vez pior.

– Não estou ach...

– Melhor dormir de olhos abertos, Weasley, se não pode acordar com explosivins na bunda – ameaçou a Sonserina com um sorriso sarcástico e as outras garotas riram – Roubar o meu Scorpius só irá tornar a sua vida um inferno.

E saiu de lá trombando em seu ombro de proposito e rebolando como se tivesse algum problema no quadril. Rose sentiu um calafrio quando a Sonserina cortou o pescoço com o dedo e sibilou: “Você está morta, Weasley

Era tudo o que Rose precisava. Uma inimiga. Mais um problema para sua cabeça.

Decidida que já havia conseguido problemas suficientes por um dia, evitou os corredores mais lotados. No caminho, ficou a devanear sobre o que lhe esperava no Salão principal. Ela já podia até ouvir as risadinhas e olhares sugestivos...

Rose se sentiu trombar sobre algo duro, talvez na parede por estar tão distraída, mas então ela percebeu que paredes não era quentes e macias como aquela era.

O cheiro chegou ao seu nariz no mesmo instante que a voz rouca. Ela fechou os olhos com força, praguejando baixinho para si mesma. Aquele com certeza não era seu dia de sorte.

– Olá, Weasley. – o tom malicioso foi palpável na voz do Malfoy

Rose não sabia por que temia o encontro deles, ainda mais em um corredor vazio, mas alguma coisa lhe dizia que não seria nada agradável quando olhasse novamente para aquele rosto.

E sua intuição nunca falhava.

– Malfoy. – Se limitou a dizer, dando um passo para trás para se distanciar do garoto. Os olhos cinzentos como nuvem estavam lhe analisando, vendo suas reações.

A lembrança do beijo pulou em sua mente e ela ficou vermelha instantaneamente. Ele sorriu malicioso para a grifinória em sua frente e por um momento Rose sentiu o gosto de menta na boca.

– Sabe Weasley, acordei hoje de manhã dando graças aos Merlin. Os cinco dedos que tinham aparecido na minha cara depois de ontem finalmente haviam sumido – Contou. Ele se aproximava lentamente da morena que estava estática em seu lugar, encarando-o paralisada.

– Então, eu desci para o salão comunal como eu sempre faço todas as manhãs, mas aconteceu uma coisa estanha, sabe? Assim que entrei alguém me perguntou como tinha sido a minha noite. Se ela tinha sido boa – Rose já podia sentir as ondas de calor do corpo dele. Sentiu a parede em suas costas – Como foi sua noite, Weasley? Foi boa?

“Reaja!” pensou, mas a estava entorpecida demais para se quer abrir a boca e responder.

A boca... Ah, céus, seus lábios pareciam formigar ansiosos. Mas o que diabos estava acontecendo com o seu corpo? Porque não respondia aos seus comandos e mandava o Malfoy calar a boca e dizer que ele era um idiota por tê-la beijado? Por que não virava outro tapa na cara dele por ele estar como corpo tão próximo do seu?

Os dois braços dele estavam ao lado do corpo da garota, prendendo ela contra a parede e ele. Ele sorriu mais quando viu a corar. Droga de rubor!

– Então, Rose? Como foi a noite selvagem de sexo que nós dois tivemos ontem, na qual não fui convidado? – perguntou o loiro impregnando o seu nome com tanta malicia, que quase o deixou irreconhecível aos ouvidos da garota.

Por que raios ela estava sentindo aquele frio na barriga?

“Responda alguma coisa, garota!” Gritou sua mente novamente e Rose piscou furiosamente

– Isso é... É... É uma mentira ridícula! – Parabéns, Rose! Uau! Você o deixou desolado depois dessa!

Scorpius riu pelo nariz, fazendo o seu cheiro vir direto no rosto da garota.

– É mesmo? – Disse irônico – Eu não tinha descoberto isso ainda.

Engoliu em seco.

– Porque... Porque você não admite de u-uma vez que foi você que inventou t-tudo isso, hum?

O sorriso no rosto dele só se alargou mais ao ouvir o tom de mentira, que ate mesmo quem mora em Pindamangapio - seja lá onde isso fica – ouviria.

– Ah Rose, se você queria uma noite comigo era só pedir, não precisava ficar inventando mentiras bobas por toda Hogwarts – Ele sussurrou aproximando o rosto do de Rose – Você sabe o que tem que falar para que isso aconteça...

Só ela ouvira o seu coração aos pulos nos ouvidos. Eles estavam muito perto.

– O que foi Weasley... – Ele murmurou roucamente quando colocou a boca perto de sua orelha, causando efeitos vulcânicos em seu corpo – ...a cobra comeu sua língua ou você está apenas com medo de admitir que sempre me amou?

A garota revirou os olhos verdadeiramente, arqueando uma das sobrancelhas finas para o sonserino que passava levemente o nariz em seu pescoço, parecendo feliz ao ver os arrepios que Rose estava tendo.

–S-Só em seus sonhos eu direi isso, idiota. – Rose gaguejou um pouco, mas manteve a voz firme com o toque irônico perfeito. – Saia de perto de mim seu pervertido, filho de um trasgo!

Ela fez sua melhor cara de brava antes de colocar as duas mãos no peito do garoto, empurrando com toda sua força, mas falhando miseravelmente quando viu que ele não se mexeu um centímetro, como se estivesse preparado para reações agressivas da parte dela.

Scorpius observou satisfeito o rosto franzido de raiva da garota, antes de dizer:

– Essa é a Weasley que eu conheço – Ele finalizou afastando o rosto o suficiente de seu pescoço para se dirigir ao rosto e selar seus lábios novamente.

Foi apenas um segundo de hesitação da parte de Rose, onde ela fechou a mão e bateu com força no tórax do garoto para tentar se livrar dos braços que a prendiam fortemente junto ao seu corpo.

Ela perdeu a força. Perdeu a linha de raciocínio, e o seu corpo ganhou vida própria, retribuindo as caricias de Scorpius; sentindo o seu gosto de menta misturada com ironia na boca.

Então, ela tinha a resposta para a pergunta que se fizera mais cedo:

Por que ela retribuira o beijo?

Porque Rose o odiava. O odiava com todo o seu amor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!