Savin' Me escrita por Sweet Nothing


Capítulo 11
Scars


Notas iniciais do capítulo

Os erros marcam!
São facas!
Esfaqueiam e castram.

Boa leitura!



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Savin' Me

Por Sweet Nothing

Classificação +16

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Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando... Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive, já morreu...

Sarah Westphal




A cabeça doía mais do que o normal, sentia ânsia de vômito e vontade de morrer. O que tinha acontecido? Onde estava?

A dor castigava sua cabeça, tocou de leve e gemeu agoniado. Tinha um curativo e provavelmente pontos. Abriu os olhos vagarosamente, incomodado com a luz solar que invadia a janela.

—Vejo que já acordou, como está se sentindo? — a voz manhosa também lhe causava desejos de morte, encarou os olhos âmbar da mulher perguntando-se qual era seu nível de má sorte. Logicamente estava no hospital de Konoha, olhou ao seu redor e bufou.

Tsk.

Merda.

Enquanto Teirume lhe encarava constrangida por não ter sido respondida.

—O que aconteceu? — perguntou com a boca terrivelmente seca. Mataria alguém por um copo de água. — Fui atacado?

A mulher esquia de longos cabelos alaranjados se aproximou e se ajoelhou ao seu lado.

—Gaara, amor. Fiquei tão preocupada, encontrei-te na floresta desmaiado e sangrando quando fui procurar algumas ervas. Como está se sentindo? Quer alguma coisa? — perguntava nervosamente passando as mãos pelo rosto de Gaara, que logo as afastou irritado.

—Quero água. — pediu ríspido, de todas as enfermeiras de Konoha logo Teirume que tinha que estar ali. Claro, deveria ter quase matado alguém para estar. Não tinha nada contra a ruiva, mas ela era um caso antigo, o qual ela não tinha conseguido superar o final. Já tinha colocado todos os pontos nos is diversas vezes e ela ainda continuava atrás dele e às vezes tomava certas liberdades que o enfureciam — como o beijo de poucos dias atrás — e ele não iria mais tolerar isso.

—Desculpe, querido, mas não posso lhe dar água. Acabou de tomar um remédio que...

—Não me interessa. Apenas dê-me a droga da água. — grunhiu com raiva e a moça correu até a mesinha branca próxima à janela e despejou um pouco de água em um copo descartável e entregou-lhe logo voltando à posição anterior.

—Gaara, sinto saudades. — comentou baixinho, olhando profundamente em seus olhos. Gaara praguejou mentalmente, aliviando a garganta seca. A verdade era que havia tirado a virgindade de Teirume, e desde então ela nunca mais saíra seu encalço, chegara a brigar com outras mulheres com quem ele saiu posteriormente. Seguia-o. Tinha dado graças quando ela veio para trabalhar em Konoha. Ela era um problema. — Saudades de nós. — ela disse passando a mão em todo seu torso, massageando seu peito através do fino traje de hospital.

—Teirume já conversamos... — Gaara quase engasgou quando ela desceu bruscamente com a mão apertou-lhe o membro.

—Era tão bom. Posso te fazer lembrar, Gaara-sama. — disse a ruiva, o massageando, com a voz rouca cheia de promessas lascivas.

—Desculpe interromper, mas da ultima vez que eu chequei isso aqui ainda era um hospital. — a voz irritadiça vinha da porta. Sakura estava na porta apertando uma prancheta verde em suas mãos. Céus, estava furiosa.

Ao contrário do que Gaara pensava, Teirume não se levantou rápido e saiu correndo envergonhada, mas se ergueu como uma felina enjaulada, encarando Sakura com ódio mal disfarçado.

—Sakura-sama, eu...

—Poupe-me das suas desculpas. — disse entrando no quarto — Só quero de se lembrem que esse lugar é um hospital, e que merece o devido respeito. Esperava que tivesse um pouco mais de apreço por sua profissão, Teirume, mas pelo visto nem isso. — Era só o que faltava.

—Por favor não conte nada a Shizune!

—Por favor você, que não se dá ao respeito. — Como se ela com tantos problemas teria tempo de ficar dedurando dois desavergonhados para Shizune, ia continuar quando viu o copo na mão de Gaara. — O que significa isso?

— Eu estava com sede. — Gaara se pronunciou com a voz rouca. Mas Sakura nem se quer o olhou.

— Sabe muito bem que esse medicamento que aplicou não pode ter contato com a água por pelo menos duas horas! — grunhiu irritadíssima, não tinha nada a ver com a vida amorosa do ruivo psicopata, mas negligência médica era algo que ela não suportava.

—Eu ordenei que me desse água. — Gaara tentou mais foi ignorado novamente, o ruivo quase chiou de raiva.

—Espero que esteja bem descansada, porque vai dobrar seu turno hoje. — o rosto da ruiva se avermelhava de raiva e vergonha, mas não falou uma palavra —Ora, não fique tão feliz, ainda não me decidi se vou relatar seu comportamento para diretoria do hospital. Agora vá almoçar porque vai precisar de forças para trabalhar bastante hoje. — disse séria dispensando Teirume que saiu ardendo em ódio. Sakura sabia que não estava com raiva por causa do turno extra — e apesar dos pesares a moça tinha talento para medicina e aprendia as coisas com facilidade —, mas sim porque foi chamada atenção na frente do Kazegake. De qualquer forma não importava, faria bem para ela um trabalho extra para aprender a ser mais dedicada e não se deixar levar por pacientes aborrecidos e resmungões, mesmo se tratando de um kage.

—Eu pedi pela água, você não podia...

—Ora, cale a boca, Gaara. — dirigiu-lhe um olhar feroz —Eu decido como tratar das enfermeiras aqui e não você. — Gaara sufocou um palavrão, queria mostrar para essa maldita médica quem mandava. —Quero saber o que estava fazendo na floresta.

—Não lhe diz respeito. — rosnou e aparentemente ela não ligou para o seu tom raivoso e puxou uma cadeira para perto da cama, e sentou-se cruzando as pernas cremosas e bem trabalhadas para o lado dele. Ao contrário de Teirume Sakura, apesar de mais velha, era pequenina e sem tantas curvas. Mas despertava algo de primitivo nele, algo abrasador e sensual.

Bruxa! Queria enlouquecê-lo!

—Talvez estivesse com Teirume, já que foi ela que o encontrou. — sorriu sarcástica.

—E se estivesse? — Gaara sorriu cáustico. Dois podiam jogar esse jogo. —Isso te incomodaria?

—De maneira alguma — ela crispou os lábios—, apenas achei que se esse fosse o caso seria mais difícil determinar quem o atingiu, claro, por conta da sua calça baixa, desculpe, guarda baixa. — sorriu insolentemente.

—Posso te garantir que mesmo com a guarda baixa sou muito competente. — Sakura havia entendido o que ele quis dizer, mas resolveu ignorar, assim como ignorou aquele brilho estranho nos olhos dele.

—Acho que devo discordar já que levou uma pancada na cabeça, vinte e cinco pontos, e está a quase dois dias desacordado. — explicou com tom de triunfo.

—Dois dias? — perguntou surpreso.

—Dois dias, kazegake-sama. — como ele odiava quando ela o chamava assim. — O que parece é que alguém o atacou porque o tronco que o atingiu era grosso e compatível com os troncos daquelas árvores ali perto, porém estava com marcas claras de que havia sido cortado. Mas não se tem nenhuma pista concreta.

—Aquelas vozes... — Será que foram eles os culpados? Não tinha como saber, estava com tanta dor que poderia muito bem ter imaginado.

—Que vozes? Ah, está escutando vozes, mas deixe me ver... Não sabe se eram reais por causa da dor, estou certa?

Droga!

Maldita bruxa de cabelos cor-de-rosa!

— Bem isso nos trás ao próximo tópico da nossa conversa. Dois dias é tempo suficiente para eu te virar do avesso e te examinar como eu queria desde o princípio. — a falsa calma estava lá de novo — Você tem algum tipo de doença mental, é isso?!! — berrou de repente fazendo Gaara apertar os olhos pela dor que reverberou por sua cabeça — Porque não disse logo que já havia sido envenenado e que o veneno já se alastrou por todo o seu corpo?

Gaara nem teve chance de responder, colocou para tudo o que tinha no estômago para fora — o que não era muita coisa —, mas sentiu um mal estar imenso.

— Você nunca vai se arrepender tanto de ter bebido um copo de água.



.*.*.*.



As lágrimas corriam soltas pelo rosto pálido de Ino, a culpa e o remorso a consumiam. Como iria encarar seu bebê depois disso? Como? Sabendo que havia arruinado a vida dela antes mesmo de começar. Olhou para o pequeno berço e seu choro se intensificou. Há poucas horas sua filha tinha aberto os olhos e o que era para ser um momento mágico se transformou em pesadelo.

Querendo encontrar brilhantes olhos azuis, ou pequenas obsidianas negras a encarando com curiosidade queimou em expectativa, que logo morreu ao encontrar olhos pálidos e cinzentos semelhantes aos do clã Hyuuga, mas seu pequeno raio de sol não era um Hyuuga, então só restava uma alternativa.

Seu bebê era cego.

E era tudo culpa dela, um grito de desespero saiu de sua garganta, sua mãe e as enfermeiras entraram no quarto alarmadas. Mas Ino não prestou atenção em mais nada. Não podia e nem queria acreditar. Mesmo quando Shizune entrou no quarto para examinar sua filha, Ino ainda chorava e continuou a chorar até Shizune terminar de explicar que o remédio de Sasuke havia afetado diretamente as córneas da menina e interrompido seu desenvolvimento, e possivelmente as rompido, ainda não dava para saber a intensidade da cegueira, mas deveria ser acima de 80% por conta da coloração dos olhos. Já que em caso mais leves as mães só conseguem perceber que o filho é cego quando eles estão mais crescidos e não respondem aos chamados, as cores e não conseguem focar em nenhum objeto.

Ela ainda tentou acalmar Ino, disse sobre as novas pesquisas, as cirurgias, e que a bebê ainda era muito nova e para afirmar qualquer coisa definitivamente. A loira já sabia de tudo isso, afinal também era médica, mas nada conseguia aliviar seu coração dolorido.

A porta abriu e Sasuke entrou todo imponente e poderoso, parecia tenso, mas nada que ela pudesse afirmar. Ela nunca tinha certeza de algo quando se tratava de Sasuke. O rosto do moreno pareceu suavizar quando pousou seus olhos negros no bebê que ressonava tranquilamente sem saber das dificuldades e provações por quais deveria passar.

Agora tinha que contar, sentiu um arrepio tomar sua espinha e uma bola de desespero se formar em sua garganta. O que ele faria? Qual seria sua reação? Não precisava de muito para admitir que temia o marido, porque temia. Talvez fosse melhor Shizune dar a informação, ou será que ele ficaria mais zangado se soubesse por outros.

Kami! Não tinha como ela saber!

Tomou uma longa respiração.

—Sasuke... — sua voz saiu chorosa e baixa de um modo que ela não previu.

—Se tem algo para me dizer, é melhor que diga logo. — a voz gélida era assustadora. Ele sabia!

—O bebê... Nossa filha.... — não conseguia nem falar.

—É cega!

—Então você já sabe.

—Sei sim. — ele se aproximou da cama com passos perigosos — Acabei de saber e me recomendaram ter cuidado contigo, mas sabe, é difícil quando a única coisa que eu quero fazer é partir você em duas. — a voz grossa ainda era baixa, mas a loira não sentiu menos medo. Era como um sussurro aterrorizante.

—Não pode acreditar que eu queria isso...

—Não sei que porra você queria! — a alteração assustou o bebê que começou a chorar. Prontamente Ino se erguia para ir acudi-lo, mas o olhar escarlate furioso de Sasuke a paralisou. —É melhor ficar onde está. — Sasuke pegou sua filha e começou a acalmá-la, não era desengonçado, não tinha medo de machucá-la, era como se fosse feito para isso.

Não queria um bebê cego. Com certeza ela não conseguira ser uma ninja, mas isso não importava agora. Só de sentir esse calor junto ao seu peito, se sentia realizado.

Imaginou-se no Distrito Uchiha, mas precisamente, no dojo de treinamento. Sua filha respirando com dificuldade após mais um treino bem aproveitado, mas ela mantinha um sorriso doce nos lábios — sorria igual à mãe — ele sabia que ela estava feliz por ele estar com ela. Já tinham se atrasado para o jantar mas queria aproveitar mais desse momento pai e filha. A porta do dojo se abriu em um estrondo revelando uma mulher furiosa, os olhos verdes brilhando do jeito que ele gostava.

Ah sim gostava de vê-la selvagem e perigosa. Sempre gostava.

—Ela já dormiu, quero segurá-la.

A voz de Ino ressoou quebrando sua fantasia. O que estava acontecendo consigo mesmo? Porque isso agora?

—Vá descansar. — ordenou irritado, colocou o bebê o berço e saiu atormentado daquele quarto. Quando teria paz?



.*.*.*.*.



Deu o último gole na sua garrafa de shochu* antes de atirá-la violentamente contra parede. Queria mastigar os cacos de vidros espalhados por toda sala, e mastigaria se tivesse certeza que isso faria passar aquela pressão no peito. Estava com falta de ar desde que teve aquela maldita conversa com Seije.

— E o que isso tem de importante?

—Não seja falso. Sabe muito bem. A menina Haruno, ela...

—Não tem uma maldita de chance de ser possível. — rosnou.

—Tem e você sabe. ­­— Seije parecia se deliciar com o incomodo do amigo. Filho da puta! — Não é como você não estivesse rastreando a vida dos Haruno há todos esses anos, certo?— o infeliz sabia até disso — As idades batem. No fundo você sempre soube disso. — riu — Posso te dar os parabéns?

—Morra, Seije. Isso não significa nada! Absolutamente nada. — o ar começou a faltar nos pulmões. Cada vez as crises pioravam, cada dia era mais difícil de respirar. Sentiu como se fosse cair, mas se sustentou na mesa.

—Já falei para não passar o dia preso dentro daquela merda de sala. Seus próprios venenos estão acabando com você, Hide. — disse enquanto entregava a bomba que vinha lhe ajudando a respirar.

—Bobagem! — Hide resmungou, a respiração foi se estabilizando aos poucos — Vá ver Kankuro está aprontando alguma na cela. —disse sentando e voltando a encarnar o líder que sempre fora. Sem dar nenhuma chance de ser contrariado.

Que se danassem seus pulmões!

—Como quiser, senhor. — Seije sabia que já não hora para brincadeiras e virou para se retirar.

—Seije.

—Sim.

—Mesmo se fosse verdade, não mudaria nada. Qualquer um que tentar impedir o meu objetivo é considerado inimigo. E o que fazemos com os inimigos do nosso clã?

Um sorriso cruel retorceu as cicatrizes do rosto de Seije. — Aniquilamos.

—Ninguém vai ficar no meu caminho.



.*.*.*.*.



Já estava escuro. O vento morno balançava as mechas escuras de Hinata. A noite quente só intensificava o mal estar da Uzumaki.

Hinata caminhava pelas ruas de Konoha, tinha deixado seu filho com Hanabi com a esperança de conseguir espairecer, estava impaciente, havia brigado com Naruto outra vez. Mas o que ele esperava afinal? Seu querido maridinho chegou a casa muito abatido pela discussão que havia tido com Sakura, e ainda queria que ela concordasse com ele. Isso ainda depois de ter contado toda aquela situação da vila. Coisa que ele não havia mencionado nem uma vez sequer.

Mas o problema todo nem foi esse, quando ele afirmou que ela não ia se envolver no assunto Hinata esquentou. Aquela também era a vila dela e se ela precisasse fazer qualquer coisa para ajudar ela faria. Além disso, eles não tinham conversado sobre ela voltar a trabalhar. E isso pareceu o enfurecer o loiro que saiu batendo a porta e até agora ela não o tinha visto. Será que tinha comido? Onde tinha dormido? Pior, com quem?

Balançou a cabeça tentando se livrar dos pensamentos ciumentos, se seu casamento já estava ruim essa atitude só iria piorar. Queria ter sua mãe para aconselhá-la, guiá-la por esse momento difícil, e infelizmente o tempo que passou com ela fora muito pouco para poder ter esse tipo de conversa.

Será que ela se orgulharia dela? Talvez achasse seu casamento muito prematuro? Coisa que a ela vinha se questionando também. Afinal o que ela sabia da vida quando se casou com Naruto? Não estava arrependida de se casar. Não isso nunca. Mas talvez eles ainda fossem um pouco imaturos para isso.

Agora nada disso importava, agora teriam que amadurecer juntos e atravessar essas dificuldades do casamento. Eles podiam com isso. Tinham que poder, se não.

Não queria nem imaginar.

— Yo Hinata, está fazendo o que ai parada sozinha? — a voz animada do Kiba — Está tudo bem

— Ah... Sim. Bom te ver, Kiba. — Hinata respondeu desconcertada pela surpresa logo Akamaru veio lamber suas pernas fazendo-a rir —Bom te ver também, Akamaru.

—Como está o molequinho? Fazendo muita travessura, já?

—Você nem imagina. — agora que ela foi reparar, o moreno estava tido bem vestido e com um buquê enorme de rosas nas mãos — Grande noite hoje?

— Ah, é. — agora quem parecia desconcertado era ele. Há quando tempo não conversava com alguém do seu antigo time? — O nome dela é Aya e hoje ela vai cair as graças do papai aqui. — disse fazendo Hinata rir. Talvez ela devesse falar paro papai ali que era melhor deixar o Akamaru em casa. Mas se tratando de Kiba aquela poderia ser a pior das ofensas. Ficou vermelha quando o viu tirando uma rosa do ramo e lhe entregando.

— Obrigada. — sorriu aceitando a flor.

— Tenho que ir, se não vou chegar atrasado. Fique bem Hinata.

—Até. — sorriu acenando para o rapaz que já corria com Akamaru logo atrás. Hinata quase se engasgou quando viu Naruto a observando de longe. Kami nem ao menos tinha sentido ele chegar.

Ele caminhou calmamente até ela com o rosto impassível, o que estava acontecendo com Naruto? Onde estava o garotinho por quem ela havia se apaixonado, aquele que ela podia desvendar apenas olhando-o nos olhos azuis.

—O que está fazendo sozinha fora de casa a essa hora da noite? — o tom duro despertou a irritação da mulher.

—A mesma coisa que você quando saiu ontem. Talvez eu devesse dormir fora de casa também. — Hinata não ia suportar aquele tom desconfiado.

—Um diabo que vai! — ele resmungou — Droga Hinata! O que Kiba estava fazendo sozinho aqui com você?

—Estávamos planejando nosso próximo encontro secreto. —provocou irritada, nunca tinha dado motivos para Naruto desconfiar dela. Mas na verdade parte dela gostava de vê-lo com ciúmes. Não seja burra Hinata ele está agindo como um idiota irracional e você ainda gosta? Não esperava um acesso de raiva ele a tomou em seus braços e arrancou a rosa de sua mão, jogando-a no chão.

—Não brinque comigo, Hina. — ele sussurrou perto de seu ouvido fazendo a morena se arrepiar em seus braços. As poucas pessoas que passavam davam secretas risadinhas vendo o Hogake e sua esposa agarrados em uma rua mal iluminada. Há quando tempo não ficavam tão próximos assim? — O que está acontecendo conosco? — Naruto perguntou fechando os olhos; apreciando o calor e o perfume de jasmim que emanavam da sua esposa.

—Eu não sei. Depois que você assumiu o posto de Hogake as coisas mudaram tanto.

—É o meu sonho.

—Seu sonho está te transformando em outra pessoa. E você mal consegue ver isso. — a voz dela embargou junto com o nó que se formava na garganta, mas ela não se permitiria chorar. Ela se afastou e acariciou o rosto do Naruto.

—Eu só quero o seu bem e do nosso filho. O bem dos meus amigos. Da minha vila. Não vou perder mais ninguém Hinata. — a voz magoada do loiro partiu seu coração.

—É o que todos nós queremos. Mas você não vai conseguir fazer tudo isso sozinho. Isolar-me da sua vida e dos seus problemas não vai me proteger, muito pelo contrário apenas me machuca mais.

—Hina...

—Eu preciso que você confie em mim, Naruto. — o silêncio perdurou entre eles e isso a feriu ainda mais. Ela deu dois passos para longe dele. — Vou pegar Ichigo e ir para casa. — ele fez menção de falar algo mais ela logo o interrompeu —Não se preocupe. Pelo incrível que pareça eu posso proteger o meu filho.

Meu filho.

Não, nosso.

Droga, Naruto que porra você está fazendo?




.*.*.*.*.



Frustração.

Isso era o que ela sentia nesse momento. Sakura estava na sua sala rodeada de papeis, deveria ter mais de trinta relatórios ali. Todos sem nome é claro, o paciente em questão não queria deixar nenhum rastro sobre seu atual estado de saúde. Nada que poderia trazer a sua vila qualquer vislumbre de fraqueza.

Gaara viera para Konoha para curar-se.

Sakura entendia Gaara. Ela só não entendia o quanto ela era estúpida. Quem mais poderia ser o caso misterioso que vinha tomando quase todo tempo de Shizune? Claro que fora por isso que ela foi no lugar da morena para Vila Oculta da Pedra, a morena já estava ocupada investigando o caso de Gaara.

Várias vezes ela se deparou com Shizune quase arrancando os cabelos. E a estúpida aqui achando que o problema do ruivo era algum tipo de distúrbio do sono. Estava morando com a cara por meses e nem se deu conta do seu estado de saúde. Gaara estava mal.

O veneno que ministraram nele era silencioso, para não falar cruelmente brilhante, o veneno se comportava estranhamente consumindo cada vez mais chackra e afetando as terminações nervosas do kazegake; não podia ser retirado pelo processo normal porque podia danificar muitos neurônios e isso poderia ser trágico. Também não estava fácil achar um antídoto por que o maldito veneno havia se mesclado nas células, se infiltrando, e participando do processo de renovação das mesmas.

Talvez devesse ir ao laboratório testar mais algumas amostras de sangue. Levantou com o intuito de ir vestir alguma roupa quando ouviu alguém bater na porta. Abriu impaciente por ser interrompida quando deveria está salvando a maldita vida de Gaara.

—O que está fazendo aqui Idate?

—É assim que recebe um amigo na sua casa, baunilha?

—Não sou amiga.

—Concordo, as coisas que eu gostaria de fazer com você também não são muito amigáveis. — disse ele analisando seu conjunto rosa, um short e uma blusa de flanela com estampa de corações. Sakura ignorou o sorriso besta que ele abriu quando o rosto dela se avermelhou.

—Vai falar porque veio ou só está aqui para me assediar? — Sakura não havia decidido ainda se gostava ou não do moreno. Ela com certeza achava que ele usava esse lado paquerador para esconder algo. O que? Ela não tinha a menor vontade de descobrir.

—Quando eu começar assediar você vai saber, pode ter certeza. — ela tentou fechar a porta mais ele impediu. — Desculpa, desculpa. A Temari voltou da missão e foi direto ver o Gaara. Amanhã eu vou embora, e ela quer conversar comigo antes. — ele pediu ainda forçando a porta. A roseta era forte.

—E?

—Porra, teimosa, ela pediu para eu esperar aqui.

—Ok, ok. Pode entrar. Mas sem gracinhas. — ela cedeu. Se Temari queria conversar com ele aqui deveria ser importante.

—Você me conhece. Seriedade em pessoa. — ele disse entrando —Uau, vocês são organizadas. — disse observando o monte de papeis espalhados pela sala.

—Isso não é da sua conta. — ela rosnou catando os papeis rapidamente. — Agora você fica ai quietinho que eu vou tomar banho. Sinto, mas vai ter que esperar a Temari sozinho.

—Não consegue ficar cinco minutos sozinha comigo? — disse em um tom quase indignado que quase fez Sakura rir.

—Pois é, você tem esse efeito nas mulheres. — ela disse e depois sumiu no corredor.

Idate a viu partindo e foi a cozinha tomar um pouco de água. Colocaria seu plano em prática e tinha pouquíssimo para isto. Abriu a geladeira torcendo o nariz, não havia muitas coisas ali, e as poucas frutas e vegetais pareciam passados. Para uma médica a baunilha se alimentava muito mal. Bom, ela teria que cuidar da saúde dela, mas essa era uma questão a se cuidar só no futuro, mais um futuro que ele esperava que não estivesse muito longe.

Tomou sua água e decidiu que era hora de agir.



.*.*.*.*.



Shizune passava pelos bebês exausta, preferia não olhar-se no reflexo do grande vitral do berçário para não se assustar, provavelmente teria um aspecto terrível com enormes olheiras escuras abaixo dos olhos. Tinha pegado dois turnos seguidos, além de assinar a papelada do hospital, tinha feito duas cirurgias complicadíssimas, só pode dar graças quando Sakura descobriu sobre Gaara e veio procurá-la para sobre o que ela poderia já ter descoberto — o que era absolutamente nada — mas com certeza a rosada conseguiria se dedicar mais ao caso do kazegake. Afinal a rosada tinha um talento especial para desvendar venenos. Tudo o que queria era uma boa ducha quente e algumas horas de sono quem sabe assim poderia voltar a raciocinar com mais clareza e rapidez.

Mas antes teria que checar sua mais nova paciente. Parou ao lado do leito.

Ino havia nomeado a menina sem o consentimento de Sasuke e Shizune esperava que isso não fosse um problema, estava farta de preencher papeis.

Akemi Uchiha.

A pequena luz do clã Uchiha. Shizune sorriu triste quando lembrou que desejou ajudar o próximo bebê Uchiha vir ao mundo, esse seria de Sakura e Sasuke, nunca imaginou que Ino entraria nessa equação.

Mas a vida era uma fodida caixinha de surpresas.

Aproximou o estetoscópio para checar os batimentos cardíacos e não gostou do que escutou. Os batimentos eram rápidos junto, Akemi, tinha uma respiração fraca e superficial.

Passou as mãos pelo pequeno corpinho e pelos ralos fios negros, a temperatura estava normal, mas Kami a pressão arterial abaixava cada vez mais.

—Teirumi! — gritou para garota ruiva que caminhava tentando passar despercebida. — Venha! Rápido!

A cada segundo a menina ficava mais pálida.

Ah kami, nenhuma criança morreria! Não no turno dela.



.*.*.*.*.



Sakura colocava as roupas íntimas rapidamente, passaria em algum lugar para pegar comida e ir direto para o laboratório. Felizmente o próximo turno dela seria vespertino, então poderia pesquisar até as primeiras horas da manhã e voltar em casa para dormir um pouco antes de ir trabalhar.

Kami tinha que ver Kouji, estava morrendo de saudades do menino e ele com certeza estaria todo emburrado por ela não ter aparecido. Bom, não foi algo que ela pode controlar, as coisas praticamente explodiram na sua cara. Esperava que ele entendesse e caso não, ele teria que levar seu plano B.

Uma bela fatia de bolo.

Mas se quisesse encontrar algo aberto teria que correr.

Enrolou-se na sua toalha felpuda e branca, terminando de se secar. Abriu a porta do quarto e quase caiu para trás.

—O. Que. Você. Pensa. Que. Está. Fazendo? — Por todos os deuses o que Idate estava fazendo deitado confortavelmente em sua cama? O atrevido tinha até tirado as sandálias ninja e colete.

—Sakura... — Idate pronunciou seu nome como uma caricia sensual, ele levantou e veio em sua direção. Sakura tentou manter-se estóica e indiferente ao olhar quente que o moreno a enviava, mas era difícil, ainda mais com tanta pouca roupa. Sentia-se constrangida e violada, e isso só piorava seu temperamento.

—Idate você realmente ultrapassou os limites dessa vez! — a Haruno vociferou andando pelo quarto nervosa — Quero que saída da minha casa! Agora!

—Eu tenho planos diferentes para essa noite. — ele parou bem a sua frente, tanto que ela podia sentir o calor do seu corpo. Ela o sentiu respirar fundo como se estivesse inalando seu cheiro. Kami! Como estava envergonhada.

— Olha, eu vou ser bem sincera com você. — admitiu dando dois passos afastando-se e deu-lhe as costas. — Não quero nada com você. Não sei se esconde algo. De qualquer maneira não quero saber, apenas vá.

As mãos de Idate alcançaram seus ombros nus, fazendo uma massagem dolorosamente lenta desfazendo os nos de tensão.

—Quero te conhecer Sakura. Quero uma chance. — a voz rouca e sussurrada fazia seu estomago esfriar. Sentiu um beijo quente na nuca e sem muito pensar deu-lhe uma cotovela nas costelas. Idate caiu e bateu com a cabeça na quina da cama.

—Idate. Idate. — ele não respondia, se agachou para verificar se o tinha ferido. Passou as mãos pelos cabelos acastanhados e deu graças quando não percebeu nenhum sangue, embora um galo estivesse se formando. — Ainda bem que não caiu de pescoço, nossa isso poderia ter acabado bem mal.

Com sua distração o moreno avançou tão rápido que ela mal pode reagir, segurou seus pulsos e sentou em cima dela a prendendo com as pernas.

—Ficou louco! Pensei que tinha se machucado de verdade.

—Machucou de verdade! — os olhos dourados brilhavam perversamente — Está doendo de verdade! — Sakura esmagou a vontade de rir. Ele era um imbecil.

Sentiu a textura das mãos grandes do moreno — passeando por seu corpo —, sim um pouco calejadas como qualquer um que tenha feito treinamento ninja. Mas nem tanto. Isso só significava uma coisa. Idate não era um shinobi comum. Ele era um estrategista.

Mal pode terminar de raciocinar e ele nublou seus pensamentos com um beijo. Foi tão inesperado que demorou a perceber que era a boca dele que esquentava a sua. O choque foi grande que deu tempo para ela saborear o beijo antes de ficar com raiva.

—Deveria ter rachado sua cabeça ao meio. — Idate sorriu ao ouvir a exclamação zangada. Sakura ficou encarando os traços do moreno acima de si. Kami ele tinha uma boca perfeita. Esse homem tinha alguma coisa familiar. Ela não sabia o que era e não sabia se era bom ou não. Engasgou quando sentiu pequenos beijos sendo distribuídos no seu colo. Seus seios endureceram com um comichão.

Ela fez menção de se levantar, nem ao menos tinha percebido que ele a tinha soltado. Uma ótima pergunta: Porque ela nem ao menos tentara se soltar?

Esqueceu da pergunta quando ele subiu pelo pescoço alternando entre os beijos e mordidas.

—Deixe-me te dar prazer. — Idate parecia meio atordoado, inalou seu cheiro outra vez. —Preciso de você.

Isso era ruim. Isso era ruim, ruim, ruim, ruim.

Não podia fazer isso.

Porque não? Sua Inner surgiu dentro de si.

Oras, por que... Por que... Por quê?

Não é como se ele fosse um forasteiro libertino que queria destruir a reputação de uma milady virtuosa e casta. Pelo amor de kami! Viva Sakura! Viva!

—Você é linda. — ele sussurrava nos seus ouvidos.

Sua Inner mostrava suas teorias mirabolantes dos porquês ela deveria ter um sexo selvagem com esse homem que parecia mais um pedaço de pecado e vasculhava seu corpo calorosamente.

Onde havia ido parar sua toalha?

Sakura parou de pensar, bom, isso que ela faria, pararia de pensar. Em toda sua vida havia agido com cautela. Era sempre a Sakura esforçada, a Sakura estudiosa, a boa filha, boa discípula, calma e sensata, esposa submissa, dona do maior amor platônico das histórias de amores platônicos.

Mas não hoje.

Hoje ela seria Sakura, apenas. A moça, meio menina-mulher que queria descobrir coisas novas. Queria se redescobrir e aprender dos segredos da vida. Ela não seria uma divorciada amargurada como Karin dissera.

Não era errado pensar nela mesmo. Ao menos uma vez. Uma noite.

Ergueu-se ficando no colo do forasteiro que invadira seu quarto. Eu a olhou aturdido pela atitude dela.

—Eu nunca... Bem... Eu não... —engoliu seco quando percebeu a dureza abaixo de si e gaguejou sem saber o que dizer.

—Por favor, não me diga que é uma divorciada virgem. — ela socou seu braço.

—Não é isso! — retorquiu. Um segundo depois olhos dele se encheram compreensão e... o que? Dúvida.

—Toda primeira vez é uma primeira vez, entende? — ele riu quando ela fez uma cara confusa — Pode ser com seu novo marido, um novo namorado ou ficante. — ele dizia baixinho beijando seu ombro. Fora aos beijos parecia um irmão dando conselhos. — Você só tem um pouco menos de experiência no quesito variedades. Todo mundo fica um pouco nervoso quando divide a cama com uma pessoa nova. A não ser que você esteja bêbado. Você tem algum sakê aqui? — inquiriu fazendo-a rir de leve. Pelo menos o primeiro homem que iria transar desde Sasuke não era um completo imbecil. Oh, era seu segundo! Ficou agradecida por ele tentar deixá-la confortável.

Envolveu seus braços ao redor do pescoço masculino, ele segurou suas mãos como se pensasse se iria prosseguir com aquilo. Ela o beijou e ele retribuiu com entusiasmo. Ela sentiu a dureza abaixo de si aumentar, não querendo ser boba, se sentiu feliz por poder atrair os desejos de um homem.

—Belo conjunto. — ele riu zombando. Sakura quis se matar por ter colocado aquele conjunto de algodão amarelo. Era simples e sem graça.

—Não era como se eu estivesse me preparando para fazer isso. Estava indo trabalhar. — ele ignorou seu tom ácido e a levantou para jogá-la em cima da cama, o que a fez quicar. Ela sorriu e perguntou: — Você tem... hum... proteção?

Ele riu dela e Sakura quis acertar sua cabeça contra quina da cama outra vez. Ele tirou uma camisinha do bolso e jogou em cima da cabeceira da cama. Sorriu de um jeito depravado que Sakura sentiu até sua orelhas esquentarem.

— Sempre à postos, doutora.


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Notas finais do capítulo

*Scars = Cicatrizes

*Shochu = é uma bebida destilada típica do Japão. Costuma ser destilada a partir da cevada, batata doce ou arroz, e tem uma graduação alcoólica de cerca de 25%. (Wikipédia)



Sim, eu sei que tem gente querendo me matar, cortar meu corpo em doses homeopáticas e depois enviar as partes para minha mãe. O problema foi que eu estava focada nas minhas provas de vestibular. Isso somado a minha falta de inspiração só complicou tudo. E para piorar meu teclado estava ficando ruim então pedi um pela internet que demorou uma vida para chegar.


Em relação à história, não me xinguem, vou contar um segredinho. Às vezes as pessoas fazem sexo sem se amarem, ok? Para Sakura isso foi mais um tipo de “libertar” o que vai contribuir bastante para o amadurecimento da personagem, o que vai favorecer para o(s) futuro(s) relacionamento(s) da rosada. Seja com o Sasu-kun ou o Gaa-kun.


Tem gente achando que a Ai é a Kohana e outras que é a Teirume, me contem suas suspeitas e suposições.

Outro, não vou transformar isso aqui em um quadrado, não quero, e não vou mesmo. Idate é um personagem muito inteligente, e faz tudo para conseguir o que quer.

ELE NÃO VAI SE APAIXONAR PELA SAKURA!

Obrigada por lerem essa carta gigantesca.

E como oferta de paz, um pequeno spoiler do próximo capítulo:

Sakura x Ino
Sasuke completamente doido.


Ah, sim, me sigam no Twitter (@bettafelinto), cobrem, perguntem, comentem as lamentações da minha vida.



Até o próximo,
Kissus de cereja.



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