A consciência atingiu Maddison no mesmo momento em que ela sentiu uma ardência acima de sua sobrancelha esquerda.

Os olhos verdes se abriram para a escuridão, encontrando Daryl pairando acima dela, as mãos trabalhavam rapidamente no corte que a garota tinha.

Ela soltou um pequeno gemido de dor, fazendo o caipira perceber que ela estava acordada.

Os olhos de Maddison encontraram o olhar atordoado de Daryl.

Ele parecia frustrado, confuso e alerta. Principalmente alerta.

– Tudo bem? – A voz dele era baixa, mas ele parecia fazer um grande esforço para mantê-la assim.

Maddison hesitou por um instante antes de responder, os olhos fazendo uma rápida varredura no local onde os dois estavam.

Dentro do ônibus.

– Acho que sim. – Ela sussurrou. Maddison apoiou-se no com os cotovelos no acolchoado macio e gasto do banco.

– Bom. – Os olhos do homem se tornaram insondáveis por alguns segundos, logo voltando para a antiga forma. – Antes de você desmaiar... Você disse algo sobre o Terminus. E também sobre um grupo.

A garota assentiu minimamente, os olhos vagando pelo interior do veículo.

– Sim, eu preciso voltar para lá! – Daryl pode perceber a súbita urgência na voz dela. – Eles estão contando com a minha ajuda. – Os olhos de Maddison encontraram os de Daryl pela segunda vez. Depois, ela simplesmente voltou o seu olhar para a janela, observando a lua que brilhava no azul escuro do céu. – E eu preciso da sua ajuda.

Daryl puxou o ar pela boca e ele entrou assoviando por entre os dentes trincados do caipira. Se Daryl estava certo, a garota havia dito o nome das pessoas que ele jurava tristemente que não veria mais – Rick, Michonne, Tyreese, Sasha e Bob.

Se isso fosse realmente verdade e não apenas fruto de sua mente cansada e frustrada, era mais do que obvio que ele ajudaria.

Na verdade, era a garota que iria ajudá-lo.

– Eu ainda não sei o seu nome. – Daryl sussurrou.

Ela continuou com o olhar perdido na janela do ônibus.

– Maddison. – A voz dela continha uma mistura de urgência e angustia.

– Maddison... – O caipira repetiu. – Ok Maddison, quando você nos encontrou, disse que havia fugido do Terminus. – Ele fez uma pausa quando a garota virou o rosto para encara-lo. – Você falou também sobre um grupo... Rick, Michonne, Tyreese, Sasha e Bob.

– Você tem uma boa memória. – Maddison sorriu pela primeira vez para Daryl. – Sim, eles me ajudaram a fugir e agora eu preciso voltar para ajudá-los.

– Porque você fugiu? – Daryl questionou rapidamente.

– O Terminus parece um lugar seguro, mas não é. – Nenhum resquício do sorriso de Maddison podia ser visto agora. – Bem, é seguro. Mas não para nós.

– Por quê? – Daryl se inclinou na direção da garota, ele estava tenso agora. – Porque não é seguro, Maddison?

– Eles são canibais. – A luz da lua que se infiltrava pela janela do ônibus fez a lágrima que escorria pela bochecha de Maddison brilhar. – Precisamos ser rápidos.

– Você tem certeza? – Carol olhava para Daryl horrorizada. O caipira apenas assentiu. – E pensar que nós estávamos nos preparando para ir para lá... Era nossa última esperança.

– Nós ainda temos que ir para o Terminus. – Daryl disse, olhando agora para todos que estavam em volta, prestando atenção na conversa. – Temos pessoas lá.

– O que? – Glenn arregalou ainda mais os olhos. – Quem?

– Rick, Michonne, Tyreese, Sasha e Bob. – Daryl observou a reação de cada um deles. Carl e Maggie se entreolharam, os olhos brilhando. – Nós precisamos ir rápido. Muito rápido. Não sabemos se chegaremos a tempo. Talvez seja tarde demais agora, mas temos que tentar.

Carl encarou Daryl, os olhos brilhavam ainda mais na claridade que a fogueira lançava sobre ele.

– Nós precisamos ir agora! – Ele falou com a voz carregada de fúria e ansiedade.

– Nós não podemos simplesmente chegar lá e atacar! – Glenn exclamou. – Não sabemos nada sobre eles. Se eles tem armas ou não. Quantas pessoas. Não sabemos onde Rick e os outros estão.

– Mas ela sabe. – Daryl indicou com o queixo a garota que se mantinha ao lado de Carol. Ela estava quieta, completamente absorta na conversa do grupo. – Maddison? – Daryl chamou-a. Ela lhe lançou um olhar assustado antes de se postar ao lado do caipira. – Pessoal, essa é a Maddison. – Ele apontou para cada um enquanto falava. – Esses são Glenn, Carl, Maggie, Tara e Judith.

Maddison apenas acenou timidamente para os recém-conhecidos.

– A Maddison fugiu do Terminus com a ajuda dos nossos, como eu já disse. Ela sabe onde eles estão, sabe sobre as armas e as pessoas. Nós temos grandes chances de conseguir o que queremos. – Daryl pousou uma de suas mãos no ombro de Maddison. – Conte a eles o que você me disse antes.

– Bem, eles são fortes. – Ela olhou para cada rosto ali. – Isso vocês precisam saber. O grupo que me ajudou a fugir está em um vagão, na parte de trás do prédio. Eles são, mais ou menos, trinta pessoas, não sei ao certo. Foi o que eu ouvi de dois homens. E armas é algo que não falta para eles. – Ela fez uma pausa para tomar folego. – Não posso dizer que será fácil, mas sei que não é impossível.

Todos ficaram em silêncio, presos em seus próprios pensamentos enquanto absorviam as palavras da garota.

– Tara. – Daryl chamou-a. – Pode me acompanhar um minuto?

Ninguém além de Glenn assustou-se com o pedido de Daryl. O coreano observou enquanto Tara e Daryl afastavam-se do restante do grupo.

– O que você quer? – Tara perguntou ao caipira que a encarava.

– Só quero lhe dizer que essa luta não é sua. – Ele deu de ombros. Ela lançou um olhar confuso na direção dele. – Você pode se juntar ao grupo de Abraham, talvez. Quem sabe, dar em cima da mulher dele.

– O que? – Tara de um passo para trás, os olhos estreitando-se.

– Eu já percebi o que você quer! – Ele aproximou-se dela, ficando face á face. – E vou lhe avisar, Carol é minha! – A voz dele era baixa, calma, controlada; isso deixava as palavras mais assustadoras para Tara. – Você pode ir embora.

– Não! – Ela exclamou. – Eu vou ficar. Vou ajudar vocês. Não vou desistir – Ela sustentou o olhar frio de Daryl. – E não vou desistir de Carol também.

Daryl inclinou sua cabeça, ficando ainda mais perto do rosto de Tara, os narizes se tocando.

– Então teremos duas batalhas. – Ele sussurrou sombriamente. – E pode ter certeza, eu vencerei as duas.

O caipira encaminhou-se para se juntar ao resto do grupo em volta da pequena fogueira, deixando Tara sozinha.

– Arrumem tudo! – Daryl falou para o grupo. – Iremos agora.

– Nós também. – O caipira reconheceu a voz de Abraham atrás de si. – Iremos ajudá-los.

Daryl virou-se e encarou o homem. Ele tinha o semblante sério.

– Por quê? – Daryl indagou confuso. Abraham não tinha motivos para se arriscar por eles.

– Como eu disse, temos mais chances de sobreviver se ficarmos juntos. – Abraham sorriu. – E estamos curiosos para saber mais sobre o Terminus.

– Então vamos lá. – Daryl disse alto, sem importar-se de chamar a atenção dos zumbis. – Vamos buscar nossa família.