Capítulo 41 – Uma cerveja por favor

–Eu juro que devíamos colocar um rastreador nesses mutantes – Reclamei enquanto escalava um pedaço do Alpe junto com Clint.

–Já não tem um mutante com esse poder? - Perguntou Clint já muito acima de mim

Devia admitir, havia duas coisas que o gavião era melhor que eu. Escalar coisas e atirar flechas.

–Tem? Tem mutante pra tudo hoje em dia. É pior que Polishop

–Se não tiver mutante a gente inventa um Deus – Resmungou Clint a contra gosto

–Uma luta entre Tempestade e Thor, quem ganha? - Perguntei curiosa

–Essa é boa – Admitiu Clint rindo e parando em uma pedra para descansar – Quer que eu espere pequena aranha?

–Vai se ferrar gavião! - Resmunguei já acelerando o passo da subida

–Pensei que aranhas sabiam subir coisas

–E eu acho que gavião sabe voar, vamos testar? - Provoquei irritada apenas fazendo Clint rir

–Thor, ele tem o martelo legal – Apenas ri e revirei os olhos

–Nisso você tem razão. E Thor é mil vezes mais forte

–Thor ou Hulk?

–Acho que já tivemos esse embate Clint

–Sim, mas até o final, até a morte. Quem ganha?

–Claro que o Hulk. Ninguém ganha do Hulk – Falei sentindo um arrepio percorrer meu corpo – Gambit ou Tocha?

–Difícil – Admitiu Clint fechando os olhos cansado – Não entendo direito a dimensão dos poderes do Gambit

–Ele pode explodir qualquer objeto inanimado.

–Essa luta dura, por que o Gambit é um excelente lutador

–Qualquer um é melhor lutador que o Tocha – Falei o olhando divertida. Clint riu mas concordou

–Porém Gambit não é a prova de fogo como o Tocha

–Verdade

–Você nunca namorou um mutante não é mesmo? - Perguntou Clint me olhando distraído – E vai demorar a tarde inteira para escalar 2 km?

–Se você continuar falando eu juro que vou gritar tão alto até criar uma avalanche em sua cabeça

–Isso é inveja por que mesmo que você sendo geneticamente modificada eu ainda escalo mais rápido

–Você é completamente irritante – Rosnei furiosa apoiando minha mão em uma pedra de gelo porém com a força que fiz sobre ela a pedra acabou cedendo me fazendo cair alguns metros

–Filha da Puta – Rosnei irritada já me segurando em outra rocha enquanto sentia a corda que me amarrava me puxar para cima para melhor me apoiar

–Cuidado Natasha – Falou Clint segurando a corda firmemente

–Você me distraiu idiota – Rosnei já voltando a subir ignorando a queda de alguns metros

–E agora serão mais duas horas – Se gabou Clint ainda me segurando firmemente

–Eu juro que vou te empurrar quando chegar ai – Murmurei ignorando os risos do gavião

–Mas então algum mutante já entrou na sua lista?

–Tecnicamente Steve é um mutante.

–Você entendeu. Com o gene X

–Não – Admiti saciando a dúvida de Clint – Nunca peguei ninguém que tinha o gene X

–Por quê?

–Se eles tem um gene alterado, por que não ter outros?

Estranhei o silêncio de Clint mas não olhei, porém quando ele não disse nada por quinze minutos olhei para cima e vi Clint me olhando com um sorriso malicioso

–Droga Clint Barton! Não estou falando desse gene. Não sou pervertida

–Você é Natasha e sabe disso.

–Claro que não! Estou falando da cabeça. Sei lá. Mutantes só conheço Logan e Wanda. E bem, não posso dizer que os dois são os melhores exemplos de sanidade

–Wanda eu entendo, mas e Logan?

–A morte de Jean o afetou mais do que imagina. Ele está sumido desde que ele a matou.

–Isso foi antes de você entrar para a SHIELD.

–Para nós que não envelhecemos é pouco tempo

–Para os que envelhecem é muito – Falou Clint com pesar

Olhei para cima e vi que ele olhava distraído para o céu nublado.

–Me desculpe, as vezes eu esqueço que você é humano e envelhece

–Eu sei Natasha, mas eu não me esqueço disso – Lamentou Clint me olhando sério – Eu não tenho muito tempo Natasha, posso morrer a cada minuto, a cada dia eu envelheço e tenho medo de que meus dias não valham a pena. Por que eu não tenho a mulher que eu amo ao meu lado – Parei a escalada e olhei séria para Clint

–Clint eu...

–Você não entende Natasha e não posso pedir que você entenda. Você não é mais humana a um tempo, você não sabe o que é levantar todo dia com uma dor a mais, com um peso maior da idade, com o medo de que daqui a quarenta anos a mulher que você ame nem olhe mais na sua cara por que o tempo lhe atingiu.

–Clint, você é meu amigo, eu não vou te abandonar – Falei o olhando séria – Nunca

–E eu não quero que você não me abandone como amigo, mas sim como homem.

–Clint eu não posso... - Minha frase foi cortada no meio, junto com a corda que me prendia ao castanho.

–VIÚVA! - Gritou Clint me olhando desesperado, mas ele não teve muito tempo para pensar.

Comecei a ouvir tiros mas eles não tentavam me atingir, mas sim a Clint. Acho que no final estávamos perto do local.

Tirei um gancho de escalada do meu cinto e o forcei contra a parede rochosa da montanha. Ainda desci alguns metros antes do gancho finalmente se prender em uma pedra. Os tiros continuavam a ecoar alto pelas montanhas e se continuassem assim sabia que em breve teríamos uma pequena avalanche.

Olhei para cima e percebi que alguns metros acima de mim havia uma rocha maior onde eu poderia me apoiar e visualizar de onde vinha o ataque. Peguei outro gancho que havia em minha cintura junto com um fio de aço que se prendia ao meu cinto e o joguei em direção a rocha o prendendo. Dei um puxão no fio vendo que ele estava bem preso para então me soltar da rocha e ficando pendurada pelo fio.

Quando finalmente alcancei a rocha ouvi a voz de Clint gritar comigo

–Se segura

Olhei para cima e vi o gavião deslizando em minha direção em queda livre, logo atrás dele vinha uma camada pesada de neve que facilmente nos sufocaria.

–Merda – Rosnei já me soltando da rocha, e assim que Clint passou deslizando ao meu lado pulei em seus braços me segurando em seu pescoço

–Caverna a 70º graus daqui

–Já vi – Falei já pegando o gancho e atirando para dentro da caverna

–Pronta?

Nem ao menos respondi a Clint apenas apertei o botão em meu cinto nos fazendo ser puxados em direção a caverna. Assim que nos aproximamos da entrada soltei o fio de aço e pulei para dentro da caverna junto com Clint nos fazendo rolar pelo seu interior enquanto a neve caia por sua entrada nos prendendo ali

–Acho que estamos no lugar certo – Brinquei rolando para o lado e dando espaço para Clint que soltou um gemido dolorido

–Provavelmente – Admitiu Clint se sentando e olhando para seu ombro que sangrava

–Você foi atingido.

–De raspão – Admitiu Clint alongando o ombro – Acho que precisamos de mais informações. Subir as montanhas nos tornará alvos fáceis

–Nisso você tem razão – Falei já me levantando e sorrindo marota para castanho

–Acho que você está pensando o mesmo que eu – Falou Clint acompanhando meu sorriso

–Eu pago a cerveja essa noite.

–x-x

Após sairmos da caverna fomos direto para a cidade. Alugamos um quarto num albergue qualquer e esperamos anoitecer para então finalmente sairmos atrás de nossas informações

–Você devia não usar apenas preto – Falou Clint abrindo a porta do banheiro onde eu me arrumava

–E você devia bater na porta antes de entrar – Falei terminando de passar o batom vermelho

–Você estava demorando – Falou Clint dando os ombros – Mas valeu a pena

Olhei para o gavião e percebi que ele me encarava com um sorriso bobo

–Essa é a parte em que você me elogia

–Você está linda Natalia

–Natasha – Corrigi já saindo do banheiro

–As duas estão lindas

–Não comece Clint – Alertei já pegando meu sobretudo que estava sobre a cama – Temos que seguir um plano essa noite. Então sem crise de ciúmes ou possessão.

–Sei me controlar – Falou Clint já ajeitando sua jaqueta

–Quando quer – Falei o olhando séria – E estou avisando Gavião. Nada de crise de ciúmes!

–Se eu consigo te ver com Steve, consigo te ver flertando com um cientista qualquer.

–Eu realmente espero.

–Então vamos Viúva. Temos uma longa noite te interrogatórios pela frente – Falou Clint já abrindo a porta do quarto para mim

–Hora do show!

Eu e Clint logo nos dirigimos a um discreto Pub que havia há algumas quadras do albergue.

Clint logo entrou e foi direto se sentar em uma mesa enquanto eu me dirigi ao balcão

–Um copo de Vodka pura por favor – Pedi ao garçom já me sentando.

–Pura? Dia difícil? - Perguntou o garçom surpreso

–Todos estão sendo

–Trabalha na montanha? - Perguntou o garçom inocente

–Não, por que?

–Alguns dos caras lá da montanha vem encher a cara aqui e falar o quanto odeiam seus trabalhos e querem sair

Dei um sorriso de canto e apenas peguei o copo que ele me oferecia. Tinha vindo ao lugar certo.

Bebi um gole em silêncio e observei o lugar. Alguns moradores locais bebiam e riam num canto. Clint bebia quieto sua cerveja no canto oposto. E dois amigos cochichavam animados na mesa central.

Nenhum sinal de cientistas estressados

Os minutos foram se passando até se tornarem horas, eu já conversava com o barman recebendo algumas informações uteis como: Os cientistas não podiam sair todos os dias, a maioria deles ia ao bar no final da madrugada quando eles estivessem quase fechando. E sempre havia dois guardas os vigiando para que eles não falassem nada demais, e segundo boatos, os que falavam eram mortos, assim como os que ouviam.

Bem eu acreditava nesse boato, afinal estávamos lidando com a HYDRA não?

Eram por volta das duas da manhã e quatro copos de vodka depois, obrigada metabolismo rápido, quando um grupo de três caras entrou no bar

–São eles – Falou o barman a mim enquanto já pegava uma garrafa de vodka e outra de whiskey.

É pelo jeito eles iam beber bastante mesmo.

Os três se sentaram recatados no fundo do bar e a cada 15 segundos, um dos homens passava os olhos inseguro pelo bar.

Era óbvio que eles estavam com medo de algo

–Hey Petrov – Falei chamando o barman que já se dirigia a mesa deles

–Sim Annie?

–Adicione uma dose de tequila para cada como um presente meu

–Pelos dias difíceis? - Falou Petrov já voltando ao bar e colocando as doses

–Pelos dias difíceis.

O Barman logo se dirigiu a mesa deles e lhe entregou as doses para então apontar para mim. Apenas levantei meu copo de vodka em sinal de saudação e bebi um gole os olhando sedutoramente.

O mais alto logo desviou o olhar e aceitou a dose inseguro. Ele tinha medo de mim, então provavelmente era o mais esperto e leal a HYDRA. O do meio e o menor já mantiveram um olhar e um sorriso galanteador para mim.

Os dois tinham caído na armadilha e em 3 minutos um deles estaria se sentando ao meu lado.

–Posso lhe acompanhar?

Falou um dos cientistas 2 minutos e 45 segundos depois.

É, até que foi rápido, o que insinua sinal de desespero por mulher, facilitando ainda mais meu trabalho

–Bem, por que não? - Falei sorrindo sexy ao moreno ao meu lado

–Então qual seu nome?

–Annie, Annie Maskov

–Não parece ser daqui Annie – Falou o moreno me observando de cima abaixo

–Sou Russa

–Escandinavo – Ele falou sorrindo – Klaus Vosken

–Prazer – Falei sorrindo sugestiva

–Com certeza o prazer é todo meu – Eu apenas dei uma risada e dei outro gole na vodka – Mas o que faz aqui Annie?

–Trabalho e você?

–Também, faz o que?

–Geóloga. Estou examinando o solo alpino por aqui e você?

–Cientista

–Hum... Interessante. Descobrindo algo novo? - Peguntei o olhando curiosa

–Algo do tipo – Ele falou desviando os olhos rapidamente e mexendo as mãos nervoso – Gostando?

–Podia ser melhor, as camas vazias da noite e o frio do dia é horrível – Falei me lamentando

–Acho que poderia lhe ajudar com isso – Ele falou sorrindo galanteador – São quase 03h da manhã quer que eu lhe acompanhe até o hotel?

–Agradeceria – Menti já pegando meu casaco no banco do lado e me levantando. Passei os olhos pelo bar e percebi que a porta do fundo balançava anunciando que Clint havia acabado de sair

Saímos caminhando pela porta do bar em silêncio. As ruas da cidade estavam mal iluminadas e desertas, olhei em volta procurando os tais seguranças mas não havia sinal deles, provavelmente Clint já havia cuidado dos mesmos. O hotel não ficava muito longe então quando o avistamos no final da rua logo tratei de puxar o cientista pela gola de sua camisa e o beijar o levando até um beco que havia ali

–Uou, não sabia que estava tão apressada – Ele falou assim que nos separamos do beijo

–Eu estou muito apressada – Falei sorrindo sedutora para ele e apertando uma veia em seu pescoço o fazendo desmaiar imediatamente

–Não pensei que ele ia cair tão fácil – Falou Clint saindo da sombras do beco e vindo me ajudar

–Desesperado. Acho que não vê mulher há anos

–Cientistas, tipo nerd. Você queria o que? - Falou Clint já pegando uma amostra de seu DNA enquanto eu pegava a digital dele.

–Também precisaremos da retina e do crachá dele – Falei já retirando o leitor de retina do casaco

–Por que eu que tenho que revistar o cara atrás do crachá?

–Está brincando né Gavião

–Não vou passar a mão em homem não – Falou Clint já retirando o leitor de retina da minha mão e fazendo uma leitura digital da dele

–Buster (Idiota) – Xinguei-o em Russo enquanto procurava pelo seu crachá, que logo foi encontrado no bolso da frente de sua calça

Tirei uma copia orográfica de seu crachá e o devolvi. Tirei um bisturi de meu bolso e cortei o ante-braço do cientista e introduzi um pequeno chip rastreador ali, para então o fechar com um curativo.

–Pronto? - Perguntou Clint me olhando curioso

–Sim. Podemos levá-lo para cima. Alias, como é que você cuidou dos guardas?

–Guardas? Que guardas? - Perguntou Clint confuso

–Como assim “Que guardas?” Os guardas que vigiam os cientistas

–Eu não cuidei dos guardas – Falou Clint me olhando sério

–Se você não cuidou. Quem cuidou?

–Acho que você está falando de mim Viúva! - Falou uma voz arrasta e grossa

Só podia ser brincadeira