Last Try escrita por IsaaVianna LB, Cristina V


Capítulo 3
03. Perdendo o Controle


Notas iniciais do capítulo

Fiquei triste com a quantidade de reviews :/
As leitoras do primeiro cap foram abduzidas? De qualquer forma, obrigada às meninas que comentaram! Vcs salvaram essa fic! :3 E esse cap é tudo o que vcs esperam então, espero que me recompensem *-*
Boa leitura gente!



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Durante todo o tempo que ficou dentro do carro desfrutando do gosto musical de Leo, percebeu que, tirando o sorriso fácil, talvez essa fosse sua única qualidade. Se fossem amigos, com certeza gostaria de saber o que estava tocando.

Mas não eram.

Então ela continuava em silêncio, pensando na infantilidade de Jason e desejando que, pelo menos por um momento, pudesse realmente se sentir melhor. Não gostava de ser a garota frágil, mas um coração partido não é algo que se maquie com tanta facilidade. Olhou para Leo, que parecia sereno e irritantemente feliz. Isso era ele. O cara bobão que fazia piada de tudo, sorria mais em uma hora do que ela faria em um ano e que todos gostavam.

Sim, porque seria ridículo dizer que alguém não gostava de Leo.

Ele era o tipo de cara que ninguém tinha absolutamente nada de mal para falar sobre, e isso era intrigante. Não que ficasse à espreita de algo que pudesse corromper sua reputação de “bom rapaz”, mas na escola aonde estudavam sempre rolava pelo menos um boato – mesmo que fosse inventado- de cada aluno. Exceto por ele.

E quem levava fama de “Rainha do Gelo” era ela, que estava sempre torcendo o nariz para ele e jamais “Dera uma chance ao pobre apaixonado”. Pro inferno com essa ladainha, pensava. Não se sentia confortável na presença de Leo, era como se ele a ameaçasse de alguma forma, mas por algum motivo só ela notava que ele não era assim tão legal.

Magia negra, isso sim. Na melhor das hipóteses, hipnose.

O fato que ela mais estranhava é que ele parecia incrivelmente calado naquela noite.

− E então, não vai descer? – Ele disse a olhando intensamente. Tão intensamente que ela chegou a corar, se preparando para a piada idiota antes de perceber que o estacionamento da boate era escuro o bastante para que seu rosto não fosse visto claramente. Ele abriu a porta do carro e saiu. Ela fez o mesmo segundos depois.
Ela parou por um instante. A última vez que entrara naquele lugar foi quando foi procurar por Jason. Ela o encontrou lá, flertando com algumas garotas. E logo depois, beijando uma delas. Lá mesmo terminou com ela mesmo que ela estivesse disposta a dar-lhe uma segunda chance. Apertou as unhas contra a palma da mão, cansada. Evitara o mundo por muitos dias e hoje decidiu que era hora de encará-lo.

Não sabia pelo que esperar, mas nunca esperaria nada de bom vindo das pessoas.

Por mais que tentasse se convencer do contrário, ela era muito complexa e detestava o senso comum de uma forma, que discordaria de alguém só pra que não parecesse estar de acordo.

− Você está bem, ángel? – Perguntou Leo, agora a sua frente. Uma expressão de entendimento passou por seu rosto quando ele se deu conta que tudo acontecera lá. E nunca se sentiu tão culpado. – Desculpe.

Ela o encarou, vendo sinceridade no pedido. Ele não fizera por mal, mas indiretamente, fizera para o bem. Porque ela estava se sentindo genuinamente desafiada, e lembrar que a primeira vez que Jason a magoou de verdade – exatamente como fizera minutos antes- serviu de combustível para que desse um passo à frente e continuasse.

Leo sorriu ao ver a cena. Tão frágil e tão sedenta por parecer inabalável. Talvez fosse por isso que ele insistiu tanto. Ela era um paradoxo, um enigma, uma pessoa que sequer entendesse a si própria. Com necessidade de estar sempre se provando mais para si mesmo, do que para outros. Exigindo demais, planejando demais, agindo de menos. Vivendo de menos. Ah, se ela soubesse como viver é fácil, se permitiria isso nem que fosse por uma noite.

Aquela noite.

− Reyna, espera. – Ele suspirou. – Eu sei que não queria estar comigo, e que está chateada e provavelmente nesse momento está pensando na resposta mais irônica o possível para me colocar de volta no meu lugar, - Ele agora estava novamente a sua frente, forçando-a a encara-lo, ainda que não literalmente. – mas eu acho que você deva dar um tempo a si mesma.

Ela cruzou os braços sobre o peito.

− Direto ao ponto, Valdez. – Ela respondeu no tom de sempre. Estava confusa com o que ele acabara de dizer. Aquilo parecia mais um pedido do que qualquer outra coisa.

− Apenas, dê um tempo a si mesma. – Ele disse sorrindo. Ela refletiu. Sabia muito bem o que ele queria dizer, só não sabia quando aprendera a interpretar as maluquices do Valdez. E muito menos quando começara a concordar com ele. Quando aceitara o pedido realmente achou que seria insuportável, mas o modo com que ele dava-lhe espaço e não perdera a paciência a cada resposta mal criada ou ao simples fato de ela o ignorar na maioria das vezes, lhe trazia algo agradável. Ele era apenas uma companhia que não parecia se importar com o silêncio que sempre prevalecia. Para ele, estar com ela bastava.

E então começou a entender o porquê de ninguém ousar odiá-lo. Ele era exatamente o que precisavam que ele fosse. E não havia falsidade nisso mesmo que fosse difícil de acreditar. Então surpreendentemente, ela sorriu fracamente, e foi correspondida. Parecia estar finalmente baixando a guarda. Ainda que fosse só por uma noite.

Uma noite aonde não seria rabugenta, deprimida, exigente e todos as suas outras dezenas de adjetivos. Naquela noite seria apenas os sete que gostava. E não haveria Jason, pressão, tristeza ou mesmo raiva do Valdez e de si mesma.

− O que acha de uma trégua, Valdez? – Ela disse ainda insegura mesmo que não transparecesse. Se ela tivesse tirado uma marreta e dois quilos de linguiça toscana da bolsa, o teria surpreendido menos. Erro dele. Deveria saber que aquela garota era imprevisível.

− Era disso que eu estava falando! – Ele respondeu animado. – Duas crianças, sem consequências. Amigos?

Ela deu de ombros, mas a ideia ainda a incomodava um pouco.

Entraram na boate ao som da voz de Taio Cruz em “Break Your Heart”. Leo adorava aquela música. Reyna também, secretamente. Ele a chamou pra dançar, mas ela murmurou que iria pegar um drink antes de qualquer coisa. Ok, se era o que ela queria, não iria insistir. Eram amigos, não estavam mais em um encontro.

− Quer dançar? – Uma garota, no mínimo, cinco anos mais velha perguntou a Leo. Ele lhe sorriu, não acreditando na sorte que estava tendo. Reyna ficaria bem, não se importaria se ele dançasse com uma gata. Parecia justo. Ela o conduziu para o centro da pista, dançando animadamente... Diversão era tudo do que se tratava. Reyna observava a cena prendendo o riso. Ele parecia tão... Livre. Ela estava encostada no bar, bebendo novamente. Se continuasse assim, precisaria de um novo fígado antes dos vinte anos. A garota lhe parecia familiar desde o começo, mas somente agora percebera que era Calipso, uma colega de faculdade de Hylla.

Calipso agora rebolava muito perto de Valdez. Perto demais para não parecer vulgar aos olhos de Reyna. E ele continuava dançando despreocupadamente. Esquivando-se com classe, sabia que Reyna estava os encarando do bar e, normalmente, faria algo para provocar ciúmes. Infelizmente, estava convicto que ela não teria ciúmes então sua melhor chance era não estragando tudo.

− Quer ir pra um lugar mais calmo? – Calipso ofereceu muito próxima ao ouvido do garoto, dando-lhe um beijo discreto no pescoço. – Não precisa se preocupar com sua namoradinha... Roman está cuidando dela.

Ele a encarou confuso e ela apontou para Reyna com o queixo. A morena estava encarando os dois enquanto segurava a bebida e era paquerada por um cara mais velho. Leo cerrou os pulsos e estava prestes a ir até lá, quando Reyna virou o copo da bebida no rosto do garoto.

Ela sabia se virar sozinha.

− Acho que Roman terá que ir distrair outra garota. – Leo disse, piscando para a loira, que riu da atitude maneando a cabeça.

− Fique com a garota. – Ela aconselhou, sumindo atrás de Roman, na multidão. Leo sorriu com a fala, ainda que fosse simples e abstrata, ele sabia o que ela queria dizer. Estava assim tão na cara?

− Eu deixo você sozinha por cinco minutos e você sai por aí agredindo garotos inofensivos?! – Brincou ele, recostando-se ao lado dela.

− Eu não sou obrigada a aturar esses garotos no cio, Valdez. – Ela respondeu torcendo o nariz. – Já me basta você.

Ele resolveu brincar.

Queria ver até onde ela iria. Se colocou a frente dela, uma mão de cada lado, a prendendo contra o balcão. Se aproximou vagarosamente tentando não pensar em nada a não ser manter o autocontrole. Reyna arfou e tinha plena consciência de que ele percebera seus braços arrepiando. Malditos hormônios. Ele sorriu de lado, com um olhar que ela morreria antes de admitir que era e sexy, e soube que estava ferrada. Suas respirações se misturavam e ele sabia que nunca estiveram tão próximos. Os olhos dele se fecharam, os narizes se encostaram e, involuntariamente ela separou os lábios, se preparando para o que viria a seguir.

− Mas admita que eu sou o único que você gosta de aturar. – Ele sussurrou inclinando o corpo ainda mais pra frente. Era uma situação desconfortavelmente prazerosa para ambos. Ele abriu os olhos para encará-la. Ela estava congelada, controlando todos os impulsos.

− Não devo dizer mentiras. – Ele sorriu e acabou com a distância entre eles. Ela correspondeu no mesmo instante... Era o álcool. Tinha que ser isso. Beijar Leo era diferente de tudo o que já havia experimentado. Ele era seguro, doce e intensamente urgente. E ela nem sabia que isso tudo era possível! Aquilo era pra ser uma saída de amigos, mas amigos não se odeiam e, com toda certeza, não se beijam daquela forma. A sensação era estranha, era como se estivesse em chamas. As línguas se acariciavam e, foi quando as mãos de Leo desceram e apertaram suas coxas, que ela acordou, se dando conta de que estava sentada no balcão e com as mãos no ombro e peito de Leo... E descendo.

Parou abruptamente o beijo. Ambos estavam ofegantes e não quebraram o contato visual. A garota percebeu que suas mãos permaneciam no mesmo lugar de antes, e corou. Leo deu um passo pra trás, queria se convencer de que foi para que ela tivesse espaço pra descer do balcão, mas a verdade é que ficou com medo de ser estapeado.

E merecia, com toda certeza.

Aonde estava com a cabeça? Ele não deveria ter feito aquilo... Deveria ter insinuado e parado como planejou, mas foi como se não controlasse o próprio corpo. Triste por sua atitude, feliz por ela ter correspondido, decepcionado por sua falta de controle... Seu corpo era um turbilhão de emoções. Mas nenhuma envolvia arrependimento.

− Desculpe. – Foi tudo o que ele disse. Em algum momento alguém tinha que quebrar aquele silêncio. – Prometo que só te beijarei de novo quando você pedir.

Normalmente Reyna debocharia e diria que nunca aconteceria. Mas isso eram hipóteses, agora que já havia experimentado não é como se fosse a última coisa que quisesse fazer em sua vida. Estava tão chocada que não podia nem identificar o misto de sensações e sentimentos que empregou naquele beijo.

− Isso fica entre nós. – Ela disse simplesmente, sentando-se em uma das mesas próximas ao bar e pedindo outro drink, mas seus pensamentos ainda estavam no balcão.

Estavam em Valdez.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? O que esperam que aconteça no próximo capítulo *-*?
Bom, falem comigo nos reviews! Se o número for bom, volto ainda no feriado!
Beeijos ;**
Isaa