Wish List escrita por Zoe


Capítulo 23
Conselhos


Notas iniciais do capítulo

Capítulo levinho, para fazer vocês felizes. Chega de bad.
E genteeee, estamos na reta final!!!



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Não sei exatamente o que fiz logo depois de sair da academia, só tentei me afastar dali o mais rápido possível. Eu não podia simplesmente voltar para casa, minha mãe estaria lá e não descansaria até descobrir o porquê da minha cara de choro. E eu não parava de chorar. Acho que nem no velório da minha avó paterna eu havia chorado tanto. Tudo bem que minha avó morava em outra cidade e eu só havia a visto umas duas vezes na vida quando criança antes de ela morrer, mas enfim. Ela me dava bala de leite! Eu a amava!

Mas agora meu coração estava em pedacinhos. Bater em Tyler havia ajudado a extravasar a raiva, mas só. Não havia me feito sentir melhor de nenhuma forma. E agora lá estava eu, vagando na cidade e chorando. Resolvi ir logo para a casa de Johanna, pois era o único lugar que tinha sentido ir. Além disso, as pessoas na rua já estavam começando a me olhar estranho.

Quando cheguei lá, Johanna ainda não estava, então eu esperei sentada no muro. Quando ela chegou e viu o estado em que eu estava, me levou correndo para o quarto dela.

— O que ele fez dessa vez?

Então eu contei, e nisso chorei mais um pouco. Eu estava impressionada com a quantidade de lágrimas que eu tinha e como elas não paravam de cair. Dizem que nosso corpo é formado de 70% de água. O meu já devia estar com uns 30% só. Enquanto eu contava tudo e desidratava de tanto chorar, Johanna só me ouvia calada.

— Bem, acho que não vou precisar cumprir minha promessa, afinal. – ela disse por fim.

Olhei para ela e ela me lançou um sorriso gentil. Eu sabia que ela tentaria deixar o clima melhor, e eu precisava muito que ela fizesse isso. Pelo amor de deus, eu não aguentava mais me sentir triste.

— Acho que eu te incentivei muito a usar violência. Você não para de socar garotos! – eu ri. – Nem seu namorado escapou!

— Ex. – corrigi e voltei a me sentir mal. Coloquei a mão no peito por instinto e olhei para um ponto aleatório no chão. Ei, aquela manchinha ali era... esmalte roxo?

— Liv! – Johanna gritou e eu levei um susto.

— O quê?

— Vamos parar com essa bad, ouviu? Ok, você gosta do Tyler, mas vocês tiveram um final inesperado e duro e você ficou triste, mas... isso tem que acabar! Se o Tyler resolveu ser um idiota, a culpa não é sua, e também não tem nada que você possa fazer.

— Mas...

— Sem “mas”. Quarta-feira você vai voltar para aquela academia e treinar como se nada houvesse acontecido.

— Mas...

— E se – ela me interrompeu novamente, uma mão levantada no ar. – seus colegas acham que idiotice é contagiosa e resolveram acompanhar o Tyler, ignora eles. Se vão agir desse jeito, não são tão seus “amigos” assim. E se for assim, você não precisa deles. Não sei por que precisaria. Você sempre vai ter uma amiga maravilhosa aqui, que essa sim é sua amiga de verdade. E o Tyler. O outro Tyler, seu amigo. Ele também é seu amigo de verdade. Aliás, você já contou esse seu drama para ele?

— Ainda não. A gente não se viu nos últimos dias.

— Aposto que quando você vir ele, ele também vai querer bater no Tyler. Isso foi tudo meio por causa dele, não foi? O Tyler ficou com ciúmes do outro Tyler.

— É, eu acho.

— Ele até disse para você ficar com o Eckert, não disse? – ela perguntou, lembrando o que eu havia contado e riu.

— Que absurdo. – comentei.

Um súbito silêncio surgiu entre nós. Eu estava tentando não pensar em Tyler Holt. Sem sucesso. Quando olhei para Johanna, vi que ela estava com aquele olhar maligno dela. Olhar de quem tinha um plano mirabolante surgindo inesperadamente. Fingi que não tinha visto e tentei mudar de assunto rapidamente.

— Você ainda tem aquele esmalte roxo? Eu estava pensando... por que a gente não vai numa festa? Eu poderia me animar e...

— Não. Também, talvez. Mas eu tive uma ideia muito melhor. – ela disse e seus olhos brilhavam. – Na verdade a ideia nem é minha, é do Tyler.

— Não entendi... Você tem falado com o Tyler? Qual deles, aliás? – eu apostava tudo como minha cara devia mostrar perfeitamente a confusão que eu sentia.

— Não, não, não, nada disso. O que você disse. Ou melhor, o que o Tyler disse para você quando terminou com você. Você deveria ficar com o Tyler. O Eckert. – ela falou e minha cara mudou de confusão para repulsa.

— O quê?? Não! Nossa, que absurdo!

— Por que absurdo? Vocês se adoram, se dão super bem... Aposto que formariam um lindo casal.

— Johanna! Acorda! Ele é meu melhor amigo! Eu nunca ficaria com ele! É como se eu ficasse com... você! – falei e ela fez uma careta.

— Okay, isso é esquisito. Mas vamos encarar, o seu amiguinho aí é um gostoso. Eu ficaria com ele de boas e acho que você deveria pelo menos tentar.

Continuei com minha cara de “meu deus, essa é a pior ideia que eu já ouvi na vida”, mas Johanna só deu de ombros.

— Só digo uma coisa: aposto como este Tyler não faria nada que pudesse te machucar.

 

—-------

 

Eu já estava me sentindo melhor e resolvi ir para casa adiantar minhas tarefas do colégio. No caminho, no entanto, passei pelo prédio onde Tyler A fazia um curso de francês. Olhei no relógio. Ele devia soltar dali a pouco. Resolvi esperar por ele, afinal, fazia tempo que eu não o via e eu tinha que o pôr a par das novidades.

Comecei a ler um e-book no meu celular enquanto esperava, só para não pensar em nada incômodo. Estava na página nove quando Tyler surgiu do meu lado com o celular em mãos.

— E aí, pequena! Que surpresa você por aqui. – ele disse, guardou o celular no bolso e então me deu um grande abraço de urso.

 Agora que Tyler C e Johanna pensavam que eu deveria ficar com Tyler A, era meio esquisito até abraçá-lo. Como seria então beijar Tyler? Nossa, essa ideia era muito estranha. Eu nunca havia me imaginado beijando Tyler. Uau, agora que eu pensei isso, a imagem veio nítida na minha cabeça. Caramba. Esquece isso! Olhei rápido para o chão e puxei assunto, para me distrair.

— Eu estava passando aqui por perto e resolvi ver você. Estava com saudades. – ah, droga. Será que isso soou romântico? Amigos dizem que estavam com saudades dos outros?

— Eu também estava. – ele sorriu e me deu mais um abraço.

Pensando por um lado, Johanna estava certa. Talvez nós formássemos mesmo um belo casal. Acho que nunca houve um dia em que não tivéssemos sido carinhosos um com o outro. E eu adorava abraçá-lo. Adorava mesmo. Ele era bem mais alto do que eu, e dentro do seu abraço eu me sentia protegida, segura, confortável. Ele era tipo meu travesseiro particular. Ah, droga. Eu não deveria estar pensando nessas coisas, deveria? Me soltei dele.

— E aí, como foi a aula de francês? – perguntei depressa, forçando um sorriso.

— Ah, foi ótima, estamos aprendendo muitas coisas.

— É mesmo? E você está indo bem? Consegue entender tudo? – eu estava realmente interessada. Eu não era exatamente ruim em francês, mas tinha certa dificuldade. Tudo que eu sabia viera de músicas e olhe lá. Só que eu não estava totalmente concentrada na conversa. Percebi que eu não parava de olhar para os lábios de Tyler sempre que ele falava. Eu sempre fiz isso? Comecei a ficar nervosa e me esforcei para me concentrar apenas na suas palavras.

— Ah, sim, estou indo muito bem. Não estou querendo me gabar nem nada, mas eu sou muito bom com línguas. – ele disse calmo e estalou os lábios, sorrindo.

Paralisei.

Calma. Ele quis dizer que é bom com línguas, linguagens... Isso com certeza não foi uma indiretinha estranha. Calma, respira.

— Liv, você está bem? Sua cara está bem vermelha.

— Ahn, estou. Deve ser o sol. – falei e balancei a cabeça com força para apagar a sequência de imagens que aparecera na minha mente.

— Hum. Então, como vai a vida? E o namoro?

— Ah, isso...

Então eu contei a história, sem olhar para ele nas partes em que Tyler ficara com ciúmes dele. Não chorei em nenhuma parte, notei. Talvez eu tivesse realmente esvaziado meu estoque de lágrimas.

— Uau. – ele falou no final. – E como você está?

Dei de ombros.

— Um pouco melhor agora, eu acho.

— Que bom. Nossa, eu não esperava isso do Tyler, ele parecia um cara legal.

— É.

— E ele ainda sugeriu que nós dois ficássemos? – ele me olhou com as sobrancelhas levantadas e uma expressão divertida no rosto.

— Sim. E o pior é que a Johanna concordou com essa ideia! Ela disse que formaríamos um belo casal.

Nos olhamos por um momento, bem sérios.

E então explodimos em gargalhadas.

— Ai, meu deus, que ideia! Eu nunca ficaria com você! – ele disse e então eu parei de rir.

— Ei, qual é o problema comigo? – cruzei os braços na frente do corpo.

— Nada, desculpa, é que eu me expressei mal. Eu não ficaria com você, porque você... é a minha pequena. – ele disse e me abraçou, mas nós dois ficamos sem jeito dessa vez. Nos separamos e ficamos nos olhando, sem graças. – Quer dizer, a gente se dá super bem e tal, mas você é quase como uma irmã mais nova para mim...

— Sou mais velha que você. – corrigi.

— Só por um mês. E eu sou mais alto, é isso que conta. – ele mostrou a língua e nós rimos. – Mas eu acho que eles estão certos. Certamente eu e você formaríamos um lindo casal. Porque eu sou lindo, né, então eu formo um “lindo casal” com qualquer uma. Até mesmo com você. – ele provocou e eu dei um tapa no braço dele.

— Cuidado, eu estou ficando muito boa em bater nos outros.

— Viu? Por isso nós não poderíamos ser um casal. Eu não gosto de apanhar. – ele apontou.

— É. E porque você ronca.

— Não ronco não! – ele discordou.

— Claro que ronca! Eu quase não consegui dormir daquela vez em que você dormiu na minha casa no meu aniversário!

— Não fui eu. Deve ter passado um trator ali perto, ou algo assim. Você mora no meio do mato. – ele disse e chegou mais perto, me desafiando.

— Ah, claro, e o trator passou por ali a noite inteira, não é mesmo? E eu moro só a duas quadras de distância de você! Se eu moro no meio do mato, você também deve morar. E, além disso, você está sempre grudado no celular, eu nunca namoraria com você desse jeito. – cheguei mais perto também e levantei bem a cabeça, aceitando o desafio.

— Eu sou super discreto e você tem o cabelo azul! Nunca daria certo.

— Você é muito ruim no Mortal Kombat.

— Você é pior.

Eu já estava ficando sem argumentos. Eu não era muito boa em discutir, mesmo que de brincadeira. Além disso, Tyler não tinha muitos defeitos, mesmo que eu não quisesse admitir isso.

— Você é meio anti-social. Só conversa com pessoas que já conhece. – tentei.

— Você põe nomes de comidas nos seus bichos.

— Você sempre suja o nariz comendo cupcakes.

— Você vomita nas pessoas depois de beijá-las.

— Você... tem o pé grande demais e...

— Ah, cala a boca. – ele disse e então me beijou.

Eu achei que nunca conseguiria beijar Tyler Eckert, meu melhor amigo, mas olha só, não é que eu conseguia? Retribui seu beijo, e não fiquei nervosa por conta disso. Tyler nunca havia feito eu me sentir nervosa ou mal de qualquer jeito perto dele, então não tinha porque me sentir assim agora. Além disso, ele não beijava nada mal. Quando paramos de nos beijar, sorrimos um para o outro.

— Não vai vomitar em mim, né? – dei um tapa nele.

— Você estava errado.

— Sobre o quê?

— Quando eu te mostrei minha lista, você disse que se me beijasse, seria o melhor beijo da minha vida. – falei e levantei uma sobrancelha, o provocando e ele riu.

— Ah, certo. E não foi o melhor beijo da sua vida?? – ele fingiu estar ofendido. Neguei com a cabeça. – Então parece que eu vou ter que tentar de novo.

Nos beijamos novamente e paramos no meio, porque não parávamos de rir.

— Ainda não? – ele perguntou.

— Não. – falei e o beijei.

Não parávamos de rir, porque sabíamos o que aquilo significava. Que era... nada. Absolutamente nada. Apesar de estarmos nos beijando, não havia clima nenhum entre nós. Eu havia percebido isso no momento em que começamos a nos beijar e ele também devia ter percebido. Nunca haveria clima nenhum entre nós. Nós nunca formaríamos um casal. E nós ríamos também de alívio, porque com o beijo tivemos essa certeza e acabamos com qualquer clima estranho e desconfortável que poderia ficar entre nós. E saber disso era muito bom. Nós seríamos os mesmos melhores amigos de sempre. E nada além disso.

Apesar disso, eu o beijei por mais algum tempo entre as risadas. Porque, afinal, eu nunca faria isso de novo.

 

—------

 

Quando voltei para casa, me sentindo bem mais leve, voltei a escrever na minha história e a responder os (muitos) comentários que eu recebia. Eu estava me sentindo bem e determinada. Porque depois que Tyler finalmente se resignou que ele nunca seria o meu melhor beijo da vida, nós conversamos sobre várias coisas, mas principalmente sobre o Tyler. O Holt, quero dizer. Tyler A achava que eu devia conversar com ele, se não fosse para voltar a namorar, que fosse para esclarecer as coisas direito. Se ele quisesse terminar comigo, que fosse por um motivo mais concreto que ciúmes do Tyler, o que era totalmente infundado.

Então eu havia decidido. Eu iria à academia na quarta e no final o chamaria para conversar. Mesmo que fosse só para colocar um ponto final definitivo na nossa história. Mas daquele jeito que estava, não poderia ficar. Fiquei tão concentrada nesses pensamentos e no que eu falaria para Tyler exatamente que dei um pulo quando Johanna entrou do nada no meu quarto, às nove horas da noite.

— Oi. – ela disse. Johanna estava com uma cara de quem esconde algo.

— Segui seu conselho. Fiquei com Tyler Eckert. – despejei. Eu estava louca para contar para ela, saber sua reação, mas a princípio, ela não teve nenhuma.

— Fiquei com Caleb Marks. – ela disse no lugar.

— Você sempre fica com o Caleb. – revirei os olhos para ela, um pouco decepcionada por ela não dar importância para o fato de eu ter ficado com meu melhor amigo.

— Não, eu fiquei com o Caleb. – ela me olhou sugestivamente e eu levei um segundo para entender.

— Ai, meu deus! Fecha a porta. – falei com os olhos arregalados.

Eu ainda tinha que pensar no que eu diria a Tyler C quando eu o visse, mas isso poderia esperar. Eu e Johanna tínhamos muito o que conversar.


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Notas finais do capítulo

E aí? Espero ansiosamente por seus reviews.



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