Wish List escrita por Zoe


Capítulo 22
Batendo e apanhando


Notas iniciais do capítulo

Depois do último capítulo, ta aí o que aconteceu depois. Desculpem-me se ficou um pouco comprido demais, mas eu espero que vocês entendam.



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Eu estava desolada. Como um único garoto poderia me fazer sentir tão bem numa hora, completamente explodindo de felicidade, e então tão no fundo do poço? Porque era assim que eu me sentia. Eu não podia acreditar que ele tinha terminado comigo. E nem Johanna, que me encontrou no parque e me levou para sua casa, não sem antes comprar um pote de sorvete e chocolate. Mas isso só me deixou mais triste, porque sorvete e chocolate me faziam lembrar de Tyler. E então eu lembrava do término. E voltava a chorar.

Foi assim que eu passei meu final de semana, na verdade. Chorando e comendo na casa de Johanna. Também assistimos a filmes de terror. Sim, terror, apesar de eu não ser muito fã desse gênero. A outra opção era comédia romântica, mas eu não queria nada que envolvesse romance. Mas ainda assim, normalmente havia pegação nos filmes de terror, e nessas partes eu me manifestava.

— Isso! Fiquem se pegando, trouxas! Vocês vão morrer! Bem feito! Vejam se aprendem que o amor só nos deixa mal! Às vezes você é decapitado e outras fica no sofá da amiga comendo chocolate e lembrando daquele idiota viciado em chocolate! Que termina com você por motivos que só fazem sentido na cabeça dele! Ahaha! Agora o carinha do machado ta atrás de vocês, distraídos, trouxas! Toma! Já eras a cabeça! Eu avisei! O amor nos faz perder a cabeça! – eu gritava, e então Johanna olhava para mim com uma cara muito assustada e eu enfiava outra colher de sorvete na boca como se nada houvesse acontecido.

— E aí, Liv, o que você vai fazer amanhã? – Johanna perguntou na madrugada de domingo, quando já estávamos deitadas para dormir.

— Eu não tenho ideia. Ao mesmo tempo em que eu não quero mais olhar na cara do Tyler, eu não vejo a hora de vê-lo, abraçá-lo, beijá-lo. Só que isso não vai acontecer... – fiz menção de chorar e Johanna não deixou.

— Eu acho que você tem que ir na academia amanhã! E eu tenho que ir junto, para cumprir minha promessa. – ela disse.

— Que promessa?

— Eu disse que socaria a cara do Tyler se ele te magoasse.

Eu queria socar a cara do Tyler. Mas eu sabia que não conseguiria fazer isso. Eu gostava demais de Tyler. Provavelmente se eu deixasse Johanna bater nele, eu me sentiria muito culpada e ia querer cuidar dele depois. Mas ele terminou comigo, portanto eu não podia fazer isso. Aah, que vida injusta.

— Eu acho que eu não vou na academia amanhã.

— O quê? Como assim não? Por que não? O idiota do Tyler estar lá não pode influenciar sua vida, sua rotina. Foi por causa dele que você entrou na AAM, por acaso?

— Não, foi para aprender a brigar no colégio. – olhei para ela e revirei os olhos. – Viu, eu já fiz isso. Então nem tem sentido mesmo eu continuar indo. Já atingi meus objetivos.

— Se é assim, por que você não abandonou antes a academia?

— Sei lá. – dei de ombros. – Eu gosto do Muay Thai. Gosto de mexer um pouco o corpo. Gosto da academia. Gosto do Sam. E dos meus colegas...

— Viu? Você mesma disse. Olha só tudo de bom que tem lá! Você fez muitos amigos lá, Liv! E você nem faz amigos! Acorda! Vai deixar tudo isso ir embora por que tem um garoto de quem você não gosta?

— Este é o problema! Se eu não gostasse mais dele, eu podia encará-lo! Podia conviver com ele, ou até ignorá-lo. Só que eu gosto. Não consigo não gostar. Só que ele não quer mais ficar comigo, e eu não sei se consigo encarar isso. Eu não sei como!

— Eu entendo, Liv. Mas você tem que tentar assim mesmo. Não pode deixar isso te impedir de nada. Você tem que pegar tudo isso que você ainda sente por ele e então transformar em raiva. Como assim ele terminou com você? Por um motivo besta desses ainda por cima! Nem te deixou você se explicar, nem viu seu lado? Ele até disse para você ficar com o outro Tyler!

— Sim, ele está louco! – concordei, sentando subitamente na cama.

— Isso! – Johanna vibrou. – Vá pegando cada detalhezinho e transformando em algo ruim! Ele amava chocolate? Chocolate engorda! Quero só ver como está o índice glicêmico dele! Ele gosta de filme de ação? O roteiro é sempre o mesmo! Só pegam um careca e explodem coisas! Ele beija bem? Bom, esse eu ainda tenho que pensar em algo ruim, mas a gente consegue!

Eu ri. Johanna sabia como ninguém me fazer sentir melhor. Ou então, menos pior.

— E eu vou estar com você, Liv. Você quer mais que isso? – ela brincou e eu ri novamente. Tudo bem, talvez eu conseguisse lidar com isso. Poderia ser difícil no início, mas ultimamente eu havia lidado com coisas que nunca havia imaginado que teria que lidar antes. E se eu consegui todas as outras vezes, por que não conseguiria desta?

Eu iria na academia no dia seguinte.

 

—-------

 

É... O problema é que toda aquela minha confiança da madrugada anterior se esvaiu no momento em que acordei. Eu ia mesmo conseguir lidar com Tyler? E se eu não conseguisse? O que isso significava? Como eu ia agir? Não tinha como eu ignorá-lo na minha mente, nem obrigá-lo a voltar a namorar comigo. Eu teria que sair da academia? Mas eu gostava da academia! Eu não queria sair. Ai, droga, o que eu ia fazer?

Fui na aula de manhã, mas não conseguia me concentrar nas matérias. Na verdade seria bom se eu me concentrasse, pois eu poderia me distrair. Ou pelo menos teria ido melhor naquela redação sobre “manifestação de opiniões”, ou algo assim. Talvez eu não teria escrito na conclusão “portanto, antes de se manifestar, deve-se verificar se o que você está falando procede, pois talvez sua namorada queira continuar sendo sua namorada”. Este não era o final de redação planejado e minha professora até agora não entendeu por que surgiu um “namorada” ali no meio. Nem eu, porque, afinal, eu não era namorada de ninguém. Entendendo ou não, aquilo baixou minha nota consideravelmente.

Na hora do almoço, meus pais até ficaram preocupados comigo, pois eu recusei as batatas e cenouras a mais. Isso nunca havia acontecido antes. Mas eu nem mesmo tinha fome.

De tarde eu estava ficando louca. Queria que o tempo passasse logo, para que aquela situação fosse enfrentada de uma vez e eu não ficasse naquela agonia ansiosa em que eu estava. Comecei a arrumar a casa freneticamente para tentar me distrair. Até desarrumei meu quarto quando as tarefas terminaram, só para ter que arrumá-lo de novo. E então, quando começou a chegar perto do horário do treino, eu não queria mais que o tempo passasse. Queria que aquela hora nunca tivesse que chegar. Mas então o relógio começou a brigar comigo e pareciam que os minutos passavam com o triplo da velocidade.

Só para ajudar, Johanna ligou avisando que não poderia me acompanhar como havíamos combinado. A mãe dela precisou de ajuda com algumas coisas e não ia dar tempo. Johanna me desejou sorte e disse para eu ser forte, mas eu sabia que precisaria de mais que isso. A hora havia chegado. Se eu não saísse de casa agora, me atrasaria. Resolvi não pensar muito, calcei os tênis e saí.

No caminho fui ouvindo “Slipknot” bem alto nos fones de ouvido. Eu não gostava muito deles para falar a verdade, mas aquele tipo de som era bom, pois não me deixavam pensar. E não pensar tornava as coisas mais fáceis. Eu achei que estava mais tranquila, mas quando cheguei na academia, o nervosismo voltou. Fui direto para o vestiário, sem ver se ele já havia chegado ou não. Me admirei comigo mesma por ter cumprimentado Maya e Harper como se nada houvesse acontecido. Terminei de me arrumar e guardar minhas coisas e me dirigi para o tatame. Ele não estava lá. Talvez ele tivesse escolhido não vir, para não tornar a situação desconfortável. Respirei aliviada.

E então, quando a aula já estava começando, Tyler saiu do vestiário. Quando nossos olhares se cruzaram, meu coração deu um pulinho no peito como de costume, mas dessa vez não me trouxe nenhuma sensação boa. À medida que ele ia se aproximando, comecei a pensar que ia passar mal. Meu estômago girava. Ele finalmente desviou o olhar e se dirigiu para o outro lado do tatame e eu não sabia se me sentia melhor ou pior. Era esquisito não ser recebida por um dos sorrisos de Tyler. Ignorei a dorzinha no meu peito e fiquei firme, esperando as instruções do aquecimento.

Tudo estava acontecendo como de costume (exceto que agora Tyler não falava comigo ou ria de mim na parte das flexões – que eu sempre fazia errado), então eu me preocupei. O treino provavelmente seria em dupla, como quase sempre era. O que eu ia fazer? Eu não podia ir com Tyler. Mas com quem eu iria? Olhei para Maya, mas era óbvio que ela iria com Harper.

Quando Sam anunciou “façam duplas”, todos se dirigiram para o armário com as luvas com seus parceiros habituais, só eu que permaneci no tatame.

Bem, não só eu, pelo que parecia. Agora que eu e Tyler não formávamos mais um casal de namorados, amigos, parceiros ou o que quer que fosse, ele e sua dupla dinâmica – Olly e Dake – tiravam no Jo Ken Pô quem seria a dupla e quem sobraria para ir comigo. Fiquei com medo de que sobrasse Tyler. Eu definitivamente não estava pronta para isso. Não depois de tudo.

— Ei, Olly! – me surpreendi quando minha própria voz ecoou pela sala. – Quer fazer dupla comigo?

Ele arqueou as sobrancelhas surpreso, como se não tivesse certeza de que eu tinha falado com ele. Então ele olhou para seus amigos, que deram de ombros. Ele deu de ombros também e foi na minha direção. Olly era muito simpático normalmente, mas não sorriu ou mesmo esboçou qualquer reação enquanto me acompanhava até o armário das luvas.

Quando já estávamos posicionados no meio do tatame, eu de luvas e Olly segurando as manoplas – aquelas tais almofadinhas (eu finalmente havia perguntado o nome!) –, Sam passou por nós e arqueou as sobrancelhas vendo a escolha de duplas. Ele olhou para Tyler e de volta para mim, mas eu fingi que não havia visto. Eu nunca havia contado para Sam que estava namorando com Tyler, mas ele sempre parecia saber das coisas. Como parecia agora. Resolvi me concentrar nos golpes.

Comecei a puxar papo com Olly quando Sam já havia saído de perto e eu segurava as manoplas para Olly bater.

— E então, tudo bem?

Olly me olhou, com um olhar investigativo que até me deixou com medo. Parecia que ele não entendia por que eu estava falando com ele. Como se a gente não fosse amigos.

— Arrã. – ele respondeu por fim, sem olhar para mim.

Maya passou ali por perto e mandou um beijinho para Olly, mas ele ainda parecia meio mal-humorado. Resolvi então tirar uma com a cara dele.

Hummm, parece que a Maya gosta de você. E você, gosta dela? E esse beijinho aí? Vocês estão ficando? Só para deixar claro, eu super apoio o casal... – provoquei, brincando. Olly parou de socar e olhou bem na minha cara.

— Sério?

Não entendi direito. Eu estava só brincando, nunca achei que ele gostasse mesmo de Maya. Mas se ele estava tão interessado, devia gostar, então eu super apoiava o casal mesmo.

— Claro! – falei, mais séria desta vez. – Vocês seriam um casal muito legal, e ela parece gostar mesmo de...

— Não. – Olly me interrompeu com uma mão enluvada no ar. – Não é “sério que nós formaríamos um belo casal”. É “sério que você está falando essas coisas”?

— Ei, calma, eu estava só brincando com você. Se você não gosta dela, tudo bem, só não precisa ficar assim irritado.

— Acho que se você não gosta da pessoa, não deveria fazê-la de boba. – ele disse enquanto tirava as luvas e as jogava no chão.

— Tudo bem, concordo, eu não fiz por mal...

— Ah, você concorda? E não fez por mal? Uau, você deve ser mesmo muito legal.

O quê? Eu não estava entendendo nada. Por que Olly estava me tratando daquele jeito? Foi só uma brincadeira. Era só dizer que não havia gostado, que eu não faria mais. Não precisava de tudo aquilo.

— Por que você está falando comigo desse jeito? Foi só uma brincadeira. – Olly riu pelo nariz, com uma expressão que mesclava deboche e “não acredito que estou ouvindo isso”.

— É, eu estou sabendo que para você foi só uma brincadeira. O problema, Liv, é que algumas pessoas levam a sério as coisas.

— O quê? Eu não estou te entendendo. – falei enquanto ele calçava as manoplas nas mãos.

— É, eu acho que não está mesmo. Mas tudo bem. Só o que você tem que entender, é que você me decepcionou e muito, Liv. Eu não esperava isso de você. – silêncio. – Sua vez – ele disse apontando as manoplas.

Do que diabos ele estava falando? Eu não estava entendendo. Comecei a chutar, e então parei. Entendi. Era sobre Tyler. Sobre o que, aparentemente, eu havia feito com Tyler. Olly era só o melhor amigo apoiando o amigo magoado. Isso não fazia sentido. Tyler ME magoou, e não o contrário. Ele terminou comigo, e não o contrário. Tentei falar isso para Olly, mas ele me ignorou. Legal, agora eu era a vilã da história.

Comecei a chutar aquelas manoplas com muita força. Eu estava com muita raiva. Desde que chegara na academia eu vinha tentando fazer o exercício de transformar tudo de bom no Tyler em algo ruim, como Johanna me ensinou, mas não havia funcionado muito bem. Só que agora eu não precisava mais disso. Tyler deu um jeito de me deixar com raiva dele sem ter que me esforçar.

— Ei, calma. – Olly falou quando um dos meus chutes o fez dar alguns passos para trás, mas eu continuei. Quando a aula terminou, eu estava mais suada do que nunca.

Fui me dirigindo para a porta enquanto o resto do pessoal se ajeitava em volta do tatame para assistir as lutas do final da aula. Nem passei pelo vestiário para trocar as roupas suadas e fedidas ou lavar o rosto. Eu simplesmente não aguentava ficar mais um único minuto ali. Olly me odiava, Dake devia também, e se alguém não me odiava ainda, Tyler provavelmente daria um jeito de resolver isso. Eu estava com tanta raiva dele que poderia socá-lo.

Eu poderia socá-lo. Era isso! Já estava com um pé para fora da academia quando dei meia volta. Coincidentemente, Tyler seria o primeiro a lutar. Tudo bem, não tão coincidentemente, ele era sempre o primeiro a lutar e eu sabia disso.

— Oi, Liv. Vai ficar para assistir, afinal? – Sam perguntou gentil. Ele era o único que agia gentilmente comigo. Por enquanto, seu pupilo ainda não o havia influenciado.

— Não. Eu vou ficar para lutar. – falei convicta e todos olharam para mim.

— Ah, tudo bem então. Pode se sentar e ir colocando as ataduras que daqui a pouco eu te chamo e você luta.

— Eu quero a primeira luta. – eu disse e podia ver o interesse crescendo em volta de mim. Não ousei olhar para Tyler.  – E eu já estou de ataduras. – falei, percebendo que ainda não havia tirado as minhas.

Sam fez uma careta, claramente ponderando se aquela era uma boa ideia.

— Tudo bem. – disse por fim. – O Tyler sempre luta primeiro, e ele é um cara experiente. Tenho certeza que ele não vá fazer nada que vá te machucar. – fisicamente, né? Porque o resto... — pensei. – Steve, vá pegar um protetor bucal para a Liv.

— Eu não acho que esta seja uma boa ideia. – Tyler falou para Sam, com um certo desespero na voz.

— Por que não? – Sam perguntou.

— É, por que não? – me dirigi a Tyler e olhei bem nos seus olhos, então meu coração deu uma vacilada. Tyler não desviou os olhos dos meus. Parecia que ele tentava descobrir aonde eu queria chegar com aquilo. Mas ele não descobriria, porque nem eu sabia direito.

Steve chegou de volta com o protetor bucal e eu simplesmente enfiei na boca, sem ligar para meu nojinho usual em relação àquelas coisas. Tyler deu as costas e foi para seu canto no tatame, enquanto eu vestia um capacete e caneleiras protetoras, além das luvas, é claro. Quando fui para o tatame, tudo ficou silencioso subitamente. A expectativa era enorme. Eu estava com muita raiva, mas já não sabia mais se poderia realmente bater nele. Ver ele assim, de frente para mim, era muito doloroso. Quis voltar a chorar.

— Vamos! – Bean gritou, esperando uma reação qualquer. Tyler também não se movia.

Eu não sabia o que fazer. As pessoas começaram a cochichar e eu comecei a prestar atenção.

— Não basta quebrar o coração dele, ela ainda quer dar uma surra. – acho que foi Dake que sussurrou.

— Isso é para ela se mostrar? Ela já não fez o bastante? Não sei por que ela ainda está aqui.

Não sei quem falou aquilo, mas eu fechei os olhos. Aquilo me enfureceu totalmente. Como Tyler poderia ter feito tudo aquilo comigo e eu sair como a culpada? E ainda por cima ele estava tirando tudo que eu gostava de mim. Primeiro foi o sorvete e o chocolate, e agora, aqueles que até semana passada se diziam meus amigos, me odiavam. Abri os olhos e fui para cima de Tyler com tudo.

Todo mundo começou a gritar enquanto eu dava socos e chutes em Tyler sem pensar em técnica, força, ou qualquer outra besteira dessas. Eu só queria que ele sofresse como eu estava sofrendo. Eu não sabia mais o que eu estava fazendo, eu só tentava atingir Tyler, não importava como ou com o quê. Não estava preocupada pensando em como ele iria revidar e que isso poderia doer muito. Já estava doendo muito, tudo em mim doía. Além disso, Tyler não me bateu uma única vez. Ele nem tentou. Só se defendia.

Ouvi alguns gritos de instruções, tanto para mim como para Tyler, e a maioria era pedindo para que Tyler reagisse, mas ele só se defendia. Ótimo, agora eu pareço ainda mais má!, pensei e então comecei a socá-lo e chutá-lo ainda mais forte, sem exatamente mirar. Olha só, eu havia me enganado! Eu era totalmente capaz de bater no Tyler. Eu era muito capaz disso.

Em determinado momento, Tyler perdeu o equilíbrio e caiu. Este era o momento de eu parar, mas eu ainda não estava pronta para isso. Então eu me joguei no chão em cima dele e voltei a socá-lo. Eu não conseguia enxergar nada, minha visão estava totalmente deturpada pelas lágrimas, mas eu percebi uma hora em que ele deixou a guarda aberta e eu consegui acertar um soco bem na cara dele. O primeiro, pelo que parecia. As pessoas começaram a se aproximar, para tentar me fazer parar de bater em Tyler, mas eu não parava. Então Tyler finalmente resolveu reagir. Ele girou seu corpo debaixo do meu e ficou por cima de mim, sem muito esforço. Mas eu continuava a me debater debaixo dele, então ele agarrou minhas duas mãos acima da minha cabeça com uma só dele e arrancou o seu protetor bucal com a outra. Ele olhou bem para mim quando gritou:

— Olivia, para!

Continuei me retorcendo só mais um pouquinho até perceber que ele era muito mais forte do que eu e tudo que eu havia feito só tinha sido porque ele deixou. Eu estava totalmente ofegante, e ele também. Eu queria encará-lo com raiva, agora que sabia que ele estava me olhando, mas as lágrimas não deixavam. Quando ele achou que eu estava mais calma, finalmente soltou minhas mãos de cima da minha cabeça. Tirei o protetor bucal e joguei em qualquer canto.

— Sai de cima de mim. – rosnei. Ou pelo menos a intenção foi um rosnado. Na verdade saiu meio que um gemido choroso. Pelo menos funcionou, e ele saiu de cima de mim.

Todo mundo estava em volta de nós falando, mas eu não prestei atenção em ninguém. Até Sam segurou meu braço para falar comigo, mas eu me desvencilhei e fui arrancado luva, capacete e etc e jogando no chão enquanto fazia meu caminho até a porta. Eu achei que batendo no Tyler eu me sentiria melhor.

Tyler não havia levantado um dedo contra mim, mas eu sentia como se tivesse sido eu que levara todos aqueles socos e chutes. Tudo doía em mim. E doía tanto!

Eu nunca havia me sentido pior na vida.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam da Liv sendo uma lutadora? Até o próximo capítulo!



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