– Cansei. – falei enquanto me jogava na cama de Johanna.

– Ei, ei, ei! – ela se levantou apressada e pôs as mãos na cintura. – Primeiro, é bom dar “olá” para a amiga quando chega do nada na casa dela, sabe...

– Desculpe. Oi. – sorri amarelo.

– Nem vem, agora não vou te dar oi. E segundo e mais importante, é um milagre eu ter arrumado minha cama, então trate de sair daí ou vai ter que arrumá-la depois.

– Tudo bem, eu ajeito e... Ahhh! Por que você me derrubou da cama?

– Você estava bagunçando, ué. – ela deu de ombros – Mas e aí, do que você está cansada?

Johanna pegou um esmalte roxo e começou a pintar as unhas da mão. Balancei a cabeça e sentei na cadeira em frente ao computador. Não era seguro sentar na ponta da cama.

– Minha vida. – suspirei – Ela é muito, ahn...

– Chata?

– Hum, eu ia dizer monótona, mas...

Johanna tirou os olhos das suas unhas e olhou para mim com a sobrancelha esquerda erguida, sua marca registrada.

– Encare os fatos, garota, sua vida é um porre de chata!

– Nossa, obrigada. ­– falei com a mão sobre o peito.

– Me desculpe, mas você sabe que eu sou sincera. Mas o que você quer que eu faça?

– Bem, sei lá, você sempre tem um plano...

– Espere, Liv, você está disposta a participar de um plano meu?

Os olhos de Johanna brilhavam olhando diretamente nos meus e eu fiquei com um pouco de medo.

– Hum...

– Aceita?

– Tudo bem, eu aceito.

Johanna soltou um gritinho de excitação e pulou, jogando esmalte roxo na minha perna, no guarda-roupa e no teto. Mas ela não pareceu de importar, e enquanto eu tirava o esmalte da minha perna, ela já estava pegando um monte de papeis de dentro de uma caixa.

– O que é isso aí? – perguntei.

– São os meus planos, dã-ã.

Johanna pegava folha por folha, lia os nomes dos planos e separava. Os que ela não queria, jogava na cama. Os “talvez” formavam uma pilha menor ao lado dela. Revirei alguns dos papeis “não” e me surpreendi. Deuses, ela realmente planejava tudo! Havia até mesmo um plano intitulado “Como dar o golpe da barriga (atenção, válido somente para homens ricos!)”.

– Isso! – dei um pulo com o grito de Johanna, enquanto ela contemplava a folha em suas mãos. – Este é perfeito para você!

– Quer saber, acho que isso foi uma decisão precipitada. É melhor reconsiderar essa ideia de plano.

– Você está louca, Liv? Eu não faço todos estes planos para eles ficarem mofando na caixa. Temos que botá-los em prática!

– Então você já tentou dar o golpe da barriga em alguém, por acaso?

– Ainda não encontrei um cara rico o suficiente. – ela deu de ombros.

– Ta, tudo bem, vamos fazer seu plano.

– Você conhece um cara rico? – ela me olhou subitamente interessada.

– Hein? Não. É o outro plano! O para a minha vida, lembra?

– Então nós vamos mesmo fazê-lo?

Quando concordei, Johanna jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada. E não do tipo bonzinho “hahaha”. Foi mais do tipo maligno “MUAHAHAHA”. Tenho que me lembrar de pesquisar na internet para que lugar deve-se mandar sua melhor amiga quando ela se torna uma psicopata.

– Okay. Olivia Tanner Hawkins, você aceita realizar um plano feito por mim, Johanna Westwood Young, sem reclamações e/ou desistência? – ela falou olhando séria para mim e estendendo o dedo mínimo.

– Aceito. – cruzei meu dedo com o dela, me arrependendo da decisão no momento em que ela foi tomada.

Johanna sorriu vitoriosa e eu estendi a mão para dar uma olhada no grande plano, mas ela desviou.

– Espere. Você logo verá o plano, mas primeiro... Como a gente vai tirar essa mancha de esmalte do teto?