Wish List escrita por Zoe


Capítulo 19
Treta


Notas iniciais do capítulo

Gente, o que acharam da nova relação entre Liv e Tyler? Mas vem mais nessa história ainda!



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Eu estava totalmente realizada. Sabe quando a gente vê aqueles filmes românticos e dá risada daquela protagonista boba que quando ta apaixonada fica só olhando para tudo e sorrindo? Pois é, eu estava pior. Tipo, depois que eu voltei para casa, não consegui dormir. Fiquei só olhando para o teto do meu quarto, sorrindo, mesmo sabendo que eu tinha uma prova na segunda e não tinha estudado nada. Eu não conseguia parar de pensar em Tyler. Baixei todas as músicas dos Beatles – exceto “All you need is love” – e fiquei escutando e relembrando o show até finalmente adormecer. Também mudei o nome de Tyler nos contatos do meu celular de “Tyler C” para “Tyler N”. Meu namorado. Ai meu deus, nunca vou cansar disso.

  Eu estava louca para ver Tyler de novo e beijá-lo a hora que eu quisesse, já que agora eu estava livre para fazer isso, mas nós não nos vimos no domingo. Só vi Johanna, que foi lá em casa para saber de todos os detalhes. Ela só reclamou de eu não ter dado um soco na Sasha, aproveitando para realizar um dos meus desejos. Enfim. Aproveitei a noite de domingo para estudar um pouco de biologia, mas eu ainda assim fui mal na prova de hoje. Quando saí para o pátio no intervalo, eu estava meio triste e então subitamente fiquei muito preocupada. Porque estava rolando uma confusão. Quando prestei mais atenção, vi que se tratava de Joh, Caleb... e Will.

  Droga, droga, droga. Achei que este garoto tinha desistido do colégio, mas ele não só estava ali, como gritava com Johanna para toda a escola ouvir. Corri para mais perto. Ninguém gritava com a minha melhor amiga.

  - Sua vaca! – ouvi Will gritar. A pele dele era escura, mas ainda assim dava para ver que ele estava vermelho de raiva. Cheguei e me pus no meio dos dois.

   - Ei, ei, ei! Calma aí! – ia colocar a mão no peito de Will para acalmá-lo, mas vendo-o de perto com todos seus 1,96 metros e músculos de esportista, mudei de ideia e puxei minha mão de volta.

 - Calma? – ele perguntou furioso, então olhou para mim e o reconhecimento tomou conta de seu rosto. – Ei! Você é a outra garota!

   - Que garota? Eu não sou garota nenhuma! Eu... sou um cara, na verdade. – tentei enrolar, mas eu sabia que não estava funcionando.

   - Claro que é! Você e aquela ali – ele apontou para Johanna – me enganaram e ainda soltaram todos os meus animais. Você tem ideia de quanto dinheiro eu perdi por sua causa, garota?

    Ai, deus! O que eu vou fazer? Ele estava chegando mais perto, cuspindo em mim a cada palavra que ele jogava e eu andava para trás no mesmo passo.

  - Ahn, você não pode provar nada. Talvez os animais tenham saído sozinhos. – tentei.

    Era óbvio que ele não acreditava em mim e estava muito nervoso. O que ele ia fazer? E se ele me batesse? E se ele me denunciasse e eu fosse presa? Ai, droga. Onde está nosso namorado lutador de Muay Thai para botar um medo nos outros caras quando precisamos dele? E se Will realmente batesse na gente? Caleb estava ali, mas ele não é do tipo que gosta de sujar as mãos. Ou tem capacidade para fazer isso. Sem ofensas, Caleb. Ei, eu era lutadora de Muay Thai. Esse pensamento ficou guardado na minha cabeça.

    - Para, Will! – Johanna gritou. – Isso tudo é ciúmes? A gente não está mais juntos porque você é um idiota! Não precisa ficar inventando coisas ridículas e absurdas para colocar a culpa em mim. E ainda envolve a minha melhor amiga! A gente acabou, Will! Aceita isso e supera!

    - Até porque ela já superou. – Caleb disse, puxou Johanna para si e a beijou. Grande ajuda, Caleb.

     Agora sim que Will estava soltando fogo pelas ventas. E só para ajudar, a multidão que tinha se juntado ali começou a fazer “uhh”, meio que rindo de Will. Ele estava a ponto de dar uma surra em Caleb, então eu me pus no seu caminho novamente, mas dessa vez me virei para Johanna e Caleb.

     - Vamos embora. – eu disse.

    - Vai embora, que eu não te quero mais. Você não serve para mulher! Nunca serviu! Se esfregou comigo e depois já tava se esfregando com esse aí e não sei com mais quantos. – Will continuou a gritar para Johanna, mas neste momento todos nós três nos viramos de volta para ele. Eu era a que estava mais próxima. Senti uma raiva subindo dentro de mim que nunca tinha sentido antes. – Sua vadia! – Will continuou. – Puta!

   E aí, não tive mais o que fazer. Meu braço se moveu antes mesmo que eu pensasse no que estava fazendo. Só vi quando meu punho atingiu Will bem no nariz. Só que o meu soco não teve o mesmo efeito que o que Steve deu em mim no meu primeiro dia na academia. Will continuava bem acordado, só que agora um pouco surpreso com a minha reação e um pouquinho só mais furioso. Isso não me impediu de continuar reagindo. Dei outro soco, desta vez com a mão esquerda e o acertei no queixo. Queria continuar o socando, mas minhas mãos já estavam doloridas. No lugar dei um chute, mas agora ele não estava mais em choque e reagiu. Senti meu pé sendo pego no ar, e eu não tenho ideia do que Will fez, mas no segundo seguinte eu estava voando. Literalmente. Eu estava flutuando no ar de costas.

    Só que eu não poderia abrir minhas asas e voar para sair ilesa dali – até porque eu não tinha asas. E eu não estava a fim de cair de costas no pátio da minha escola. Então eu me lembrei das minhas aulas de ginástica no primeiro ano. Minha professora sempre dizia que era muito importante aprender a cair, para não se machucar. O negócio era apoiar as mãos no chão para amortecer a queda e dar um rolinho. Tudo bem que isso normalmente se aplicava a quedas frontais, e não de costas, mas eu revolvi tentar do mesmo jeito. Felizmente, meu corpo estava muito ligado – obrigada, adrenalina – e respondeu ao meu comando. Enquanto ainda estava no ar, joguei meus braços para o chão e quando senti o concreto na minha mão, dei o maior impulso que consegui com as pernas e o resto do corpo para trás, e quando vi, meus pés estavam no chão novamente. E apenas eles.

    Tudo isso pareceu uma eternidade, mas aconteceu em menos de um segundo, então pareceu que eu sabia o que estava fazendo. Ainda estava meio atordoada quando Johanna correu para mim. Eu nem havia percebido, mas estava uma gritaria naquele colégio como nunca antes. Vi quando Caleb foi para cima de Will e acabou levando um soco no rosto. E, graças a deus, foi neste momento que a diretora resolveu chegar e parar com aquela baderna. Como todo mundo ainda gritava e discutia muito, ela resolveu levar apenas Will, que tinha sido o motivo de tudo aquilo para a diretoria primeiro. Will saiu a contragosto, ainda virando para nos lançar olhares de ódio. E seu nariz sangrava muito.

  - Ai, meu deus, Olivia!! – Johanna gritou. – Você está bem?

  - Estou. – respondi. Agora a adrenalina começou a passar e minhas mãos começaram a doer muito mais do que antes.

  - Liv, você socou o Will! Duas vezes!

  - É. – concordei. – E também acho que aprendi a dar um mortal de costas.

   Nós duas começamos a rir muito, principalmente com a loucura que era tudo aquilo. Quando eu fiz a lista, eu nunca achei realmente que fosse realizar todas aquelas coisas malucas. E olhe só, eu já tinha ficado bêbada, feito uma tatuagem e entrado numa briga. E possivelmente, iria para a diretoria pela primeira vez na minha vida. É, acho que estou me tornando uma bad girl oficialmente.

  - Liv, tem sangue em suas mãos. – Johanna falou preocupada e eu vi que ela tinha razão.

   - Não é meu sangue. – constatei, observando-as com mais cuidado. No entanto, elas estavam começando a inchar e realmente precisavam de cuidados. Mas eu poderia fazer isso sozinha. – Joh, pode deixar. Além disso, acho que tem alguém que precisa mais de seus cuidados do que eu. – apontei com a cabeça para Caleb, que estava sentado um muro e acariciava a bochecha dolorida. Johanna sorriu e me deixou ir. Antes de chegar a Caleb, porém, ela se virou e gritou para mim, sorrindo como nunca:

   - Minha heroína!

  Sorri em resposta e enquanto me dirigia ao banheiro, as pessoas que ainda estavam por ali me aplaudiram e eu fiz uma reverência enquanto ria.

 

—-------

 

      Quando comecei a me dirigir para a academia de tarde, comecei a me preocupar. Eu não havia feito um juramento de não usar o Muay Thai para brigar na rua nem nada, mas eu sentia que isso era errado de alguma forma. Me preocupei tanto por conta disso que nem me lembrei que estava prestes a reencontrar o meu namorado. Quando Tyler me viu e veio falar comigo, não consegui me segurar por conta do nervosismo e comecei a chorar. Tyler me abraçou e me reconfortou enquanto eu contava tudo para ele de como eu tinha socado um garoto duas vezes e agora estava com muito medo de ter que sair da academia ou algo assim.

   Tyler me disse que ia ficar tudo bem, mas eu não acreditei até que nós finalmente fomos falar com o Sam e ele disse que estava tudo bem. Ele compreendeu e disse que minha atitude era compreensível, mas que eu devia me controlar e agir com mais racionalidade da próxima vez. Eu disse que ia, mas eu realmente esperava que não houvesse uma próxima vez. Fiz o aquecimento normal e tudo, mas só treinei as pernas dessa vez. Minhas mãos ainda doíam muito apesar de eu ter colocado gelo nelas mais cedo.

  Coincidentemente foi neste dia que Sam resolveu incluir sempre no final das aulas lutas, tipo um contra o outro, para que os garotos que fossem competir em campeonatos pudessem treinar mais – antes essas atividades eram sempre nos sábados de tarde e terças e quintas à noite (eu nem sabia disso, mas ok). Em especial era para quem fosse competir, mas qualquer um que quisesse poderia lutar. Mesmo se eu quisesse participar (mas eu tinha muito medo de apanhar para tentar), eu não poderia por causa das minhas mãos, então fiquei só assistindo e conversando com Maya. Ela já estava desconfiada sobre a minha relação com Tyler e quando eu contei a ela que estávamos namorando, ela pirou. Ficou dizendo “eu já sabia” e lamentou que eu tinha sido mais rápida que ela com o Olly, mas ela não ia desistir.

   Tyler lutou, ele sempre lutava nos outros dias também, e agora eu sabia que os caras do energético tinham sido espertos em patrocinar ele. Ele era muito bom mesmo e acabou com Roger em pouco tempo. No final do treino eu tive que parabenizá-lo e recompensá-lo com muitos beijos.

   Fui para casa depois louca para escrever tudo aquilo e postar na minha história. Johanna foi lá fazer uma visita e nós conversamos enquanto eu digitava freneticamente no meu computador.

   - E então eu e Caleb estamos meio juntos, mas não é oficial. – ela contou e eu sorri.

    - Claro, você teve que recompensá-lo por te defender do Will. – eu brinquei.

   - Se fosse por isso, eu deveria estar namorando com você. Eu recompensei o Caleb por tentar. – nós rimos. – Você foi a minha heroína.

     - É muito estranho quando você diz isso. Eu não acho que eu tenha sido uma heroína. Eu só agi por impulso e quase me ferrei no final ainda.

    - Você agiu por impulso para me defender, então, sim, você é a minha super heroína. – ela retrucou. – Mas mudando de assunto, como vai a história? – ela perguntou, olhando para o que eu digitava.

     - Bem, eu acho. As pessoas que comentam dizem que adoram e que eu sou muito engraçada. Teve até uma garota, Maira, que se autodenominou minha fã número 1. – sorri.

    - Que legal! E quantos acessos têm a sua fanfiction?

    - Em média dois mil por capítulo. – falei.

    - O quê?? Liv, isso é ótimo! Você tem noção de quanto é isso? Quanta gente está lendo e gostando da sua história?

    - Duas mil? – falei meio incerta.

   - Sim, e isso é fantástico! – Johanna estava muito animada. – E você ainda está no início da história! Quando eu tentei escrever, o capítulo com mais acessos tinha 22. Quando eu postei e não tinha mais nenhum acesso por capítulo, eu parei.

   - Espera aí! Você escrevia uma história? – perguntei surpresa e ela fez uma careta.

   - Sim, há uns seis anos atrás. Era de terror. Sobre o Justin Bieber. – eu ri. – Mas eu era boa, ta bom? Mas você é muito melhor, aparentemente! Duas mil pessoas, Liv! Você pode se tornar uma escritora famosa!

     Famosa. Essa palavra ficou rondando minha mente. Eu, famosa? Essa era uma das coisas da minha lista, pensei. O que me lembrou que eu tinha que riscar o “brigar com alguém” e “aprender a dar mortal” da minha Wish List. Enquanto eu pegava a lista, Johanna puxou um maço de cigarros do bolso. Ela fumava às vezes, mas eu odiava isso.

    - Não fume. – eu disse.

  - Não se preocupe, eu vou lá para fora, suas roupas não vão ficar fedendo.

    - Não é pelo cheiro. Isso só faz mal, você sabe. – ela deu de ombros.

    - Eu já me acostumei.

   - Mas isso é ruim, Joh, você sabe. E você pode, sei lá, mascar um chiclete no lugar quando der vontade. Ou chupar um pirulito. Ou beijar o Caleb. – ela riu, mas eu falava sério. – Eu me preocupo com você. Talvez isso não te dê nenhum problema agora, mas vai dar mais tarde.

   - Tudo bem, eu não me importo de ter alguns problemas. – ela respondeu, teimosa.

      - Mas eu me importo. Eu me preocupo com você!

      - Então pare de se preocupar! – ela gritou.

      - Então pare de dar motivo! – eu gritei de volta e ela se calou.

    Ficamos ambas em silêncio durante um tempo. Eu não queria ter gritado com ela, mas eu estava chateada. Peguei minha lista e risquei os dois últimos itens que eu havia realizado. Então me surpreendi quando Johanna me estendeu o maço de cigarros.

       - Você tem um chiclete? – ela perguntou.

      - Sério? – perguntei, quase não acreditando naquilo. Ela ia realmente parar de fumar?

        - Sim. – ela me deu um sorriso fraco. – Tudo pela minha heroína.

       Sorri. Talvez eu não me considerasse uma heroína por fazer o nariz de um garoto sangrar, mas eu havia feito uma pessoa parar de fumar. E não qualquer pessoa: Johanna, a garota mais teimosa do mundo. Se isso não era um ato de heroísmo, eu não sei o que era. Risquei este item da lista também.


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Notas finais do capítulo

E aí, acham que Liv foi uma verdadeira heroína ou não? Sejam legais como os leitores da Liv e deixem comentários.
P.S.: a lista está quase completa! :O



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