Wish List escrita por Zoe


Capítulo 17
História e marca


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Divirtam-se com mais uma das loucuras da Liv.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/476910/chapter/17

— Tyler? Você pode vir aqui em casa me ajudar numa coisinha? – pedi o mais doce possível.

— Ai, já estou com medo. No quê? – ele perguntou do outro lado da linha

— Nada demais, na verdade! Vem aqui que você vai ver.

— Humpf, ta bom, chatinha. Daqui a pouco estou aí.

 - Obrigada. – sorri e mandei beijinhos para o telefone.

 - Ele vai vir? – perguntou Johanna assim que eu desliguei o celular e pus em cima da mesa.

 - Vai! – falei contente e Johanna sorriu também.

 - Graças a deus! Esse negócio não estava dando certo. Tem suco? – ela suspirou, tirando as luvas e indo em direção da geladeira sem esperar pela minha resposta.

 Ontem quando eu cheguei em casa, é óbvio que eu liguei para Johanna para contar da minha tarde maravilhosa com o Tyler C. Surtamos e demos risadinhas e pulinhos cada uma em sua casa e hoje no colégio era só sobre isso que sabíamos falar. Johanna fez milhares de perguntas e eu respondia a todas elas maravilhada, mas parecia que o assunto não acabava e ela também tinha novidades quanto a Caleb, então depois da aula ela foi direto para minha casa.

 - Então você saiu com o Caleb ontem? – perguntei interessada.

 - Não foi bem sair. Estávamos no mesmo lugar, na mesma hora. – ela explicou indiferente enquanto pegava o suco e uma fatia de queijo da geladeira.

  - Ta, sei. E aí?

  - Bom, nós nos vimos e ele veio conversar comigo, perguntou sobre o Will...

  - E o que você disse?

  - Eu disse que não tinha dado certo, porque ele era um idiota, mas o Caleb teve que começar a se achar e ficou tipo “mas você sempre soube que ele não era o cara certo para você. Você sabe quem é.” E ficava chegando perto e tal. – ela disse, fazendo uma voz forçada masculina para representar Caleb.

    - E então vocês se beijaram? – perguntei, mal me contendo de expectativa. Eu era totalmente Team Caleb.

    - Pfff. A gente já tava se beijando muito antes dele dizer isso. – ela disse e nós duas gargalhamos alto.

   Quando Tyler – o A, ou Eckert, tanto faz (ah, esse negócio de dois Tylers na minha vida confunde um pouco) – chegou, nós voltamos para o pátio.

  - Olá! – ele cumprimentou-nos e então foi direto para o assunto. – Para que as senhoritas precisam de mim?

Hoje de manhã cedo eu recebi uma ligação avisando que a aula de Muay Thai fora cancelada (graças a deus eles ligaram para o meu celular e não o da minha mãe) porque ia ter aqueles eventos de passar de um grau para outro superior (tipo as faixas no karatê, mas é só um negocinho no braço) na academia e todas as aulas da tarde foram canceladas. Até podia ir para assistir, mas era para ganhar o grau preto (grau dos graus) e eu não conhecia ninguém que ia participar. Acho até que tinha uns colegas meus que iam olhar, talvez até o Tyler – C –, mas eu tinha uma coisa mais importante para fazer hoje: arrumar um lugar para a minha tartaruga. Eu e Johanna até tentamos. O objetivo era criar um laguinho artificial, como nós vimos na internet para Champignon se refrescar, e quando ela quisesse passear, ficaria livre no pátio com Shimeji e Shitake (eu já havia os apresentado para ninguém estranhar e todos se deram muito bem). Só que não funcionou como planejamos. Já estávamos naquilo desde depois do almoço e só o que conseguimos foi uma pilha de pedras molhadas e barro até os cotovelos. Por isso resolvemos chamar o Tyler porque ele é muito bom com esse tipo de coisa. E com muitos outros tipos de coisa, na verdade, principalmente coisas tecnológicas ou arquitetônicas – que é o que ele quer cursar de faculdade, aliás.

Expliquei toda a situação para Tyler, que logo arregaçou as mangas, analisou tudo e começou a trabalhar. A intenção era que eu e Johanna ajudássemos, mas nós só alcançávamos as coisas para Tyler e observávamos e, é claro, o colocávamos a par das novidades. Em pouco mais de uma hora, minha tartaruga já tinha um lago particular e Tyler já estava sabendo de mais do que gostaria. Entramos em casa para nos limparmos e comermos e começamos a jogar videogame também.

— Ei, Liv! Por que o Tyler ta ganhando de mim? É Super-Mário! Eu sempre venço no Mário! – Johanna reclamou e Tyler riu.

— Você me ganha no Super-Mário, porque qualquer pessoa me vence em qualquer jogo, Joh. – falei enquanto preparava mais uma jarra de suco (Johanna tinha acabado com o restinho do outro).

— E porque eu sou bom em tudo que é jogo. – Tyler falou, convencido. – Na verdade, é porque eu sou bom que tudo o que eu faço. – ele se corrigiu brincando, ainda mais convencido que antes e nós rimos.

— Ah, é? Coloca um Mortal Kombat e vamos ver quem é quem. – Johanna desafiou e ela, de fato, era muito boa nesse jogo.

Johanna e Tyler começaram então a se provocar e competir em vários jogos – e eu também acho que Johanna mordeu o Tyler uma hora. Era meio estranho ver eles se dando tão bem. Não que eles se dessem mal antes, eles só não se falavam muito. Quando eu saía com Johanna, ela preferia que fôssemos só nós duas e com Tyler acontecia a mesma coisa. A única coisa que eles tinham em comum era a minha amizade, mas agora eles quase tinham uma deles também e eu não sabia como me sentir a respeito disso.

Eu estava lavando a louça quando Johanna veio chorar para mim:

— Liiiiv! Ele me ganhou até no Mortal Kombat! Acho que nós deveríamos fazer alguma outra coisa.

— Concordo – Tyler saiu da sala – Já estou cansado de ganhar. – e Johanna mostrou a língua para ele, braba.

— Ta bom. E o que vamos fazer? – perguntei secando as mãos no pano de prato. Todo mundo ficou pensando por um momento, até que Johanna deu um pulo.

— Sua lista! Vamos fazer algo da sua lista. Faz tempo que não realizamos nenhum desejo! – ela disse e eu corri para pegar a folha amassada do meu quarto e abri em cima da mesa da cozinha.

Ficamos encarando a lista, pensando em qual desejo poderíamos realizar.

— Você fez cócegas na sua tartaruga? – Tyler perguntou olhando para o item riscado.

— Sim! É a coisa mais engraçada do mundo! Eu fiz um vídeo! – e mostrei para ele. Eu havia pego uma escova de dentes velha e esfregado no casco de Champignon e ela se mexia toda e abria a boca num sorriso e era muito divertido. Tyler até pediu que eu mandasse o vídeo para ele.

— Gente! Sei a coisa perfeita para fazermos.

— O quê? – perguntei curiosa. A meu ver, não tinha muita coisa da Wish list que eu poderia fazer. Johanna deu um sorriso de lado da boca e levantou a sobrancelha esquerda, misteriosa.

— Alguém conhece um tatuador?

Ah, não!

Tyler sorriu cúmplice e disse olhando bem para mim:

— Eu conheço.

 

—-------

 

Droga. Por que eu fui concordar com essa ideia? Por que eu fui criar essa lista para início de conversa? Mas agora está feito. Vamos lá.

  Chegamos até o estúdio do tatuador que o Tyler conhecia, e em pouco tempo de conversa, já deu para perceber que ele era o tipo de cara responsável que não faria uma tatuagem num menor de idade. Ou de graça.

  Eu já estava ficando mais feliz, afinal, eu não teria que fazer tatuagem alguma. E então Johanna me puxou para o lado.

 - Eu tenho um plano. – ela sussurrou. É claro que ela tinha um plano. Ouvi tudo, tentando não ligar para a loucura que era tudo aquilo. Vamos seguir o plano.

 - Oh, Sean, não é? – ela perguntou para o cara que conversava com Tyler.

  - Sim?

  - Será que você poderia nos mostrar a sala em que você tatua? Para sabermos como é quando formos maiores... – ela deu uma enrolada, mas o cara concordou no final.

  Quando chegamos lá, Johanna ficou tagarelando sobre os desenhos na parede, perguntando se ele já tinha tatuado algum famoso, até que ela encontrou a máquina de tatuar.

  - Oh! – ela disse afetada. Tyler não sabia do plano, mas estava desconfiado e percebeu que tinha algo por trás das intenções de Johanna. – É TÃO LINDA! Você pode nos mostrar como ela funciona?

   - Eu posso descrever como funciona. Ou vocês podem ver quando eu tatuar alguém.

   - Você pode descrever. – eu disse e ele explicou como a máquina funcionava, além dos cuidados que se deve ter ao fazer uma tatuagem e coisas do tipo. Então Johanna deu sequência ao plano.

  - Olha, Sean, eu estive pensando em me tornar tatuadora... Será que você poderia ver alguns dos meus desenhos e me dizer se devo investir? – ela perguntou humilde. Nossa, Johanna deveria mesmo ser atriz. Ela não desenha nada a propósito, então não tenho muito tempo.

 - Claro! Acho superimportante incentivar jovens talentos. – ele respondeu solícito. Quase senti pena dele.

  Voltamos para a sala da recepção e Johanna fez mais uma encenação:

   - Ah, droga! Esqueci meus desenhos em casa. Mas eu tenho papel e caneta aqui. Será que eu poderia desenhar rapidinho alguma coisa para você avaliar?

  - Okay, só não demore muito. – Sean respondeu com uma careta.

    E aí que eu entrava em cena.

 - Onde é o banheiro? – perguntei fazendo uma cara angustiada, como se eu estivesse muito apertada.

  - Ali na porta do meio. – ele apontou para o corredor que dava para o estúdio dele.

   - Obrigada. – falei e saí.

  Passei direto pela porta do banheiro, sem nem olhar para o lado. Caso ele notasse, eu diria só que me confundi e abortaria o plano. Mas Johanna chamou a atenção de Sean e ele não me viu. Corri e entrei na sala em que estávamos anteriormente. Okay. Já soubemos como a máquina funciona, os cuidados e tudo.  Agora é a parte em que eu devo me tatuar.

  Que loucura! Não posso fazer isso! Simplesmente não posso. Não sei desenhar também e isso vai ficar marcado para sempre na minha pele. Além disso, estou morrendo de medo de ser pega. Suspirei. Lembrei que Johanna devia estar fazendo de tudo para distrair Sean e que eu não tinha muito tempo e comecei a agir. Primeiro peguei as luvas de látex e as calcei meio desajeitada. Ajeitei a máquina e ela começou a zumbir. Droga, droga, droga.

  Okay, respira fundo e vamos lá, pensei. Testei a máquina no dedo e quase gritei de dor. Como eu iria fazer isso? Dói muito! Então lembrei que dói mais onde é mais perto do osso, e o dedo é um desses lugares, então comecei a pensar em que lugar doeria menos. Me apertei a fim de achar o lugar mais gordinho do meu corpo e me decidi: eu faria a tatuagem na parte interna do braço esquerdo. Agora faltava saber o que eu iria desenhar. Ou escrever, já que não sei desenhar. Mas o quê? Quando perguntei a Johanna enquanto ela me explicava o plano, ela só disse “tanto faz”. Grande ajuda. Mas agora que estou aqui, não consigo pensar em nada. Qualquer coisa. Tanto faz o quê.

  Tanto faz, tanto faz, tanto faz.

  Então ouvi um barulho e comecei a agir de fato. Até que não doeu tanto assim, mas eu também não iria ficar me riscando à toa. Depois de uns dois minutos, estou com uma pequena tatuagem no braço. Larguei a máquina, pus as luvas no lixo e saí rapidamente, com os braços colados no corpo e as mãos na barriga. Quando cheguei de volta, fiz uma cara de doente – o que não foi muito difícil – e disse:

  - Vamos embora? Acho que não estou muito bem do estômago. Deve ter sido todo aquele queijo...

   - Tudo bem. – Johanna fez uma cara triste. – Quem sabe eu não venho aqui outro dia, Sean, e trago os desenhos para você ver?

  - Hum, tudo bem. – ele disse. – Tchau, garotos.

  - Tchau. – dissemos todos e saímos. No caminho eu dei uma olhada no papel que Johanna estava desenhando. Como Sean esperava que saísse algum desenho daquilo?

  Só quando estamos na esquina paramos para ver o resultado.

  - E aí? Onde está? O que você fez? – Johanna perguntou animada e o entendimento caiu sobre o rosto de Tyler.

  - Você se tatuou?? Você está louca? – ele disse brabo, mas estava rindo.

  E então eu mostrei minha pequena caligrafia desleixada na parte interna do meu braço:

                whatever— tanto faz em inglês.

 

—------

 Depois de rir e comentar muito a respeito, passamos na farmácia para comprar a pomada que eu precisaria usar no local da tatuagem por uma semana. Depois voltamos para a minha casa e Tyler para a dele, pois ele tinha umas coisas para fazer. Peguei a lista, um caderno e uma caneta para riscar mais um item, e Johanna me mostrou uma caixa.

  - Comprei para você. – ela disse e eu vi uma familiar caixa mostrando uma mulher com o cabelo tão azul quanto o meu. – Já está na hora de retocar.

  Dei de ombros. Para quem acabou de fazer uma tatuagem em si mesma, pintar o cabelo de azul de novo é bobagem. Enquanto Johanna estava massageando minha cabeça, analisei mais uma vez a lista. O que eu poderia fazer a seguir?

  - Eu poderia escrever uma história. – eu disse em voz alta.

  - Poderia. – concordou Johanna.

  - Mas sobre o quê?

  - Escreva sua história. – ela disse.

  - Mas eu sou muito comum.

  - É. – concordou ela novamente. – Mas você é uma pessoa comum saindo do comum, fazendo coisas loucas. Todo mundo quer ler sobre isso. Que outra garota comum vomita num garoto logo depois de beijá-lo, rouba uma tartaruga e faz uma tatuagem em si mesma? – ela perguntou e eu ri.

  - É, acho que você tem razão.

  - Claro que eu tenho razão. Essa é uma história que eu leria.

  - O quê? Você lendo? – perguntei debochando e ela fez uma cara de “veja só!”. – Mas só você leria também. Pra quem mais eu mostraria? Pra minha mãe? – e nós rimos com essa ideia.

  - Você pode postar na internet. Tem vários sites para isso.

 Pensei na ideia. Mas deixei para decidir o que fazer com a história depois. Primeiro, eu comecei a escrever.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? Não gostaram? Amaram? Odiaram? Deixem reviews.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Wish List" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.