Wish List escrita por Zoe


Capítulo 16
Energéticos e sorvetes


Notas iniciais do capítulo

Galerinha que ta morrendo de curiosidade quanto a Liv e Tyler, este é para vocês, hahaha.



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Nossa, e eu pensando que a situação não podia ficar pior, veja só! Mas é claro que podia, sempre podia. A parte boa é que Tyler foi legal comigo. Tipo, ele não gritou, brigou comigo ou mesmo teve um ataque de riso. Acho que na verdade ele achou mesmo que eu era uma pervertida espiando eles do armário, mas não me acusou de nada. Ele só perguntou o que eu estava fazendo ali e tratou de pôr uma camiseta rapidamente. O que sinceramente foi uma pena, mas ok. E quando eu expliquei tudo para ele – e com tudo eu quero dizer que eu só falei da tartaruga e que entrei no vestiário errado –, ele super compreendeu e até me ofereceu o armário para eu deixar a tartaruga enquanto treinava.

Mas apesar de tudo, eu fiquei meio triste, porque embora Tyler estivesse sendo gentil e legal como de costume, parecia meio distante. Aquela amizade brincalhona que nós tínhamos até sexta-feira, parecia ter ido embora de repente. Nem imagino o porquê.

Não conversamos sobre mais nada, porque o treino já tinha começado. E coincidentemente – o que eu sinceramente não sei se era bom ou ruim – a maior parte do treino foi individual, e quando tivemos que formar duplas para chutar o saco de pancadas, Harper pediu para ir comigo, já que Maya havia faltado a aula – e a Harper não é muito de conversar, então eu pude esquecer os problemas por uma meia hora. Ah, e falando em faltar aula, quando Sam me perguntou por que eu não havia vindo na segunda, eu só disse “estive ocupada” e ele não fez nenhuma pergunta além. As coisas poderiam ser resolvidas de um jeito simples afinal. Eu nunca mais falaria ou formaria dupla com o Tyler (nem casaria ou teria filhos com ele), mas a gente podia esquecer o incidente também. E quanto à tartaruga... bem, eu ainda não tinha pensado o que faria a respeito disso, mas eu ia pensar em algo bem simples também.

No final do treino, fui para o vestiário (o certo dessa vez) trocar de roupa e esperei até a maioria dos garotos terem ido embora para bater à porta do vestiário masculino. Tyler abriu.

— Oi. – ele disse.

— Oi. – respondi baixinho e então limpei a garganta e continuei. – Você poderia me alcançar a minha tartaruga?

— Entra, não tem mais ninguém aqui. – abriu mais a porta, o suficiente para eu entrar, e tornou a fechá-la. Não ousei olhar para ele. Fui direto para o armário onde havíamos deixado o pequeno réptil, peguei-a com cuidado e fui me dirigindo para fora, ainda olhando para baixo e apenas murmurei um “obrigada”.

Mas Tyler não ouviu – ou então fingiu não ouvir – e iniciou uma conversa.

— Qual o nome dela? Ou dele, sei lá?

— Ele quem? – perguntei corando, não entendendo o que ele queria dizer. Será que ele estava se referindo ao Tyler A?

— A tartaruga. É que eu não sei se é macho ou fêmea. – ele explicou.

Eu também não, quase disse. Mas se a tartaruga era minha e eu não a havia roubado, então eu deveria saber qual era o sexo dela. Mas eu não tinha nem ideia de como se descobre isso, então tentei pensar em algum nome unissex. Como Sam. Ou Spencer. Mas Sam era o nome do nosso professor, e Spencer não parecia exatamente o nome de uma tartaruga. Então me lembrei dos meus cachorros e soube exatamente como ela deveria se chamar.

— Champignon. – respondi com um sorriso e ele sorriu também.

— Parece perfeito. – Tyler disse. E por um momento eu fiquei olhando para ele, para seu sorriso, mas então eu lembrei de que não deveria mais falar com ele, quanto mais ficar sorrindo para ele como uma boba e voltei a ruborizar.

— Bem, tchau. – disse e fui em direção à porta novamente, mas novamente ele me ignorou e voltou a falar.

— Olivia. Eu queria falar com você sobre uma coisa no treino, mas como a gente não fez dupla hoje, eu fiquei imaginando se a gente não poderia falar agora... – ele falou um pouco constrangido com a mão na nuca e eu gelei.

Droga. Eu sabia exatamente sobre o quê ele queria falar. Por que ele não podia seguir meu plano de nunca tocarmos no assunto e esquecermos? Tudo bem. É melhor falar sobre isso agora, sem ninguém por perto e acabar logo com isso do que correr o risco de conversar no treino e alguém ouvir.

— Tudo bem. – respondi e forcei um sorriso.

— Bem... – ele começou. – É que esses dias eu fui convidado para um evento... É de uma marca de energético que está pensando em me patrocinar e está lançando um novo produto e... – aonde é que ele está querendo chegar? Energético? O quê?— E, enfim, eu tenho que ir, mas eu não queria ir sozinho e eu pensei... – o quê? O que ele pensou?— Eu pensei se você não queria ir comigo. – ele terminou e finalmente olhou para mim, esperando uma resposta.

Espera. Para tudo! O que acabou de acontecer? Tyler está me... Me convidando para sair?? O que aconteceu com o beijo-vômito-perversão-no-armário? Hein? Ah, droga, ele ainda está esperando minha resposta. E agora ele está começando a me olhar com uma cara arrependida. Ele está abrindo a boca para falar. Ah, droga, ele vai voltar atrás, não vai? A pergunta é se eu quero sair com o Tyler?

— Claro! – respondi rápida antes que ele falasse qualquer coisa. – Quer dizer, tudo bem. Quer dizer, eles estão pensando em te patrocinar, não estão? Você TEM que ir ao evento! Haha.

— É, acho que sim. – ele concordou. – Bem, te vejo amanhã.

Ta. Agora ele está me olhando. Com uma expressão que eu não consigo decifrar muito bem. Ele está nervoso? Ansioso? Ah, sim, ele está esperando que eu saia do vestiário masculino. Então eu dou um sorriso e saio. E não quero admitir, mas continuo sorrindo todo o caminho até minha casa, mesmo sem entender muito bem o que está acontecendo.

 

—-------

 

   Que roupa eu uso?? Droga, esqueci de perguntar isso para Tyler quando ele me ligou ontem. Sim! Tyler Holt me ligou ontem à noite para confirmar se eu iria ao evento com ele e dizer o horário e que – tamtamtããmm— ele viria me buscar em casa. Isso soa tão chique, não? Gravei o número dele como “Tyler C. ♥”. Depois apaguei o coração.

  Enfim. Agora falta só meia hora para ele vir aqui me buscar e eu não tenho ideia de que roupa devo usar. Eu nunca fui num evento de energético antes! Será que eu posso ir de short e chinelo? Ou é algo mais formal? Tipo vestidão e salto. Mas eu nem tenho um vestidão. Ai, droga.

   Quase não percebi que já haviam se passado vinte minutos da minha meia hora e eu ainda estava olhando para uma pilha de roupas em cima da minha cama. Ontem à noite quando eu liguei para Johanna para contar tudo, nem lembrei do quesito roupas. E agora ela não atende o celular. Resolvi ser bem simples no final. Uma calça escura, uma camiseta branca sem estampas, mas que me cai muito bem e sapatilhas rosa fraco. Escovei bem os dentes, passei rímel e gloss e fiz uma trança no meu cabelo que agora está meio azul e meio castanho. Depois desfiz a trança e só dei uma amassada nas ondulações na minha cabeça. Quando estava pensando se devia fazer algo a mais, uma buzina tocou na frente da minha casa. Corri para atender e lá estava Tyler C no meu portão, de camiseta pólo, bermuda cáqui e tênis e o cabelo liso bem ajeitado num meio topete. Lindo. Suspirei e só então notei o carro atrás dele e sua mãe no volante acenou vigorosamente para mim e eu acenei de volta. É claro que a mãe estava junto. O que eu estava pensando? Que Tyler ia me buscar no carro dele e nós iríamos felizes jantar num lugar romântico e aconchegante que servisse comida italiana e vinho tinto? Pff. São só quatro da tarde! E eu só tenho 15 anos! – tenho que me lembrar disso com mais frequência.

— Olá! – eu disse e Tyler abriu a porta de trás para mim. O que foi muito legal da parte dele. Aliás, ele estava muito feliz, sorrindo o tempo inteiro e conversando animado com a mãe e me incluindo nas conversas e aumentando o volume do rádio quando tocava músicas que ele gostava. Ele devia estar animado com a possibilidade de ser patrocinado. Ou então bebeu muito energético no caminho até minha casa.

  Quando a mãe de Tyler nos deixou na frente do local do evento – num conhecido clube esportivo – já fomos recepcionados por uns caras muito legais que nos deram latinhas de energético e umas barrinhas de cereais de morango. Arranjamos lugares e nos sentamos, rindo quando um cara de terno abriu uma latinha que espirrou energético em toda sua camisa branca. O evento foi bem chatinho na verdade. Eram só uns caras falando sobre o novo produto – um energético de guaraná e açaí – e mostrando gráficos e estatísticas. Tyler ficou a maior parte do tempo concentradíssimo, mas no intervalo que teve, ele ainda estava muito animado e iniciou uma conversa.

  - Você gosta de energético? – ele perguntou.

 - Adoro. Na verdade eu acho que as coisas ficam melhores com energético.

  - Tipo, num sentido figurado? Tipo “com energético você fica mais alegre, animado e... energético e sua vida parece menos pior”? – ele falou como se estivesse numa propaganda de TV e eu ri.

 - Também. Mas também num sentido não metafórico também. Tipo... vodca! É horrível, mas com energético fica... menos pior! Daí você bebe um monte e nem percebe que se embebedou, porque parecia que você estava tomando só energético. – falei e nós ficamos nos olhando e então eu percebi o que eu havia dito. Mas como eu estava mais feliz – talvez pelo energético, ou talvez eu tivesse sido contagiada pelo Tyler – eu não me importei muito e ainda completei. – Mas é claro que é melhor se você não vomita em ninguém e tal...

   - Sei... – ele concordou pensativo e nós ficamos nos olhando por um longo tempo, até que não conseguimos mais segurar a risada e gargalhamos alto.

   E fim. Não falamos mais nada sobre o “incidente”. Estava tudo bem. Eu estava adorando o fato de como meus problemas apareciam de repente, enormes e complicados, mas se resolviam de uma forma tão simples! Aliás, minha mãe aceitou bem a tartaruga, depois que eu disse que a achei na estrada e que eu cuidaria dela e que ela não ia dar trabalho como um filhote de cachorro e chorar no meio da noite ou fazer xixi no tapete. Ou fugir. Então resolvido isso (apesar de que eu ainda preciso de um lugar melhor para ela do que uma bacia no meu quarto). E o Will não tem aparecido na aula, então não tivemos problemas com ele ainda.

  - Ai, ai... – Tyler falou secando as lágrimas dos olhos. – Você quer mais energético?

   - Claro. – respondi e ele foi buscar.

 Depois eles finalizaram a apresentação e Tyler conversou por uns vinte minutos com uns caras e depois voltou todo feliz e me abraçou. Tyler me abraçou.

  - Eles vão me patrocinar! – ele gritou feliz e eu dei gritinhos de empolgação também. – Eu vou lutar no próximo torneio, no final do ano!

   - Que ótimo! – falei e toquei seu ombro. Ele não parava de sorrir, e seu sorriso era tão lindo, que eu não parava de sorrir também.

   Nos despedimos de algumas pessoas e quando chegamos na entrada do clube esportivo, Tyler se dirigiu a mim novamente, um pouco tímido.

   - Bem, a minha mãe disse para eu ligar para ela quando terminasse aqui, que ela viria nos buscar, mas eu estava pensando... Você não gostaria de tomar um sorvete comigo? Para comemorar o patrocínio e tal...

    - Quero. – falei um pouco rápido demais, mas ele só sorriu.

    Tyler ligou para sua mãe para avisar e nós fomos caminhando até uma sorveteria não muito longe dali. Durante todo o caminho Tyler foi falando sobre o torneio em que ele iria lutar e eu assentia interessada. Quando chegamos e pedimos – de uva e morango para mim e chocolate e creme para ele – achei que ele ia continuar falando sobre luta, mas nós começamos a falar sobre os nossos colegas e sobre as histórias que o Jasper sempre inventava e logo depois nós estávamos conversando sobre tudo – desde comida a animais de estimação, melhores amigos, infância e filmes de terror. Resolvemos não ligar para a mãe dele nos buscar e sim voltar a pé para podermos conversar mais. Tínhamos muito assunto, nunca ficava um silêncio constrangedor, porque logo alguém surgia com uma combinação estranha de sabores – como pipoca salgada com chocolate ou pizza de banana com ketchup – ou um personagem aleatório de Draggon Ball Z para discutirmos sobre. Foi simplesmente muito divertido.

  Quando chegamos na frente da minha casa, eu até o convidei para entrar, mas ele tinha que ir contar a novidade para a mãe, então só sorriu e foi embora andando. Quando eu abri o portão e pensei que a tarde não poderia ter sido melhor, ouvi Tyler me chamar.

— Ahh, Olivia! – e voltou na minha direção.

 - O quê?

E quando eu me virei, Tyler segurou meu rosto e me beijou. E devo acrescentar, foi um beijo muito bom. Mas tão rápido quanto começou, terminou.

— Eu tinha me esquecido de agradecer pela sua companhia essa tarde. – ele falou com um sorriso travesso nos lábios. E que lábios!

— Não quer agradecer mais vezes não? – falei toda derretida antes mesmo de perceber que tinha dito em voz alta.

Tyler deu uma risadinha e eu imediatamente senti-me ruborizar. Eu não sabia se ficava dando pulinhos de alegria pelo beijo ou se batia minha cabeça na parede com força.

— Quer dizer, de nada. – tentei parecer casual e olhei para baixo na tentativa de esconder minhas bochechas vermelhas.

— Tchau. – ele falou baixinho sorrindo e foi embora.

Ah, e que sorriso!


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Notas finais do capítulo

Como estão os coraçõezinhos? Se deixarem reviews, eu vou ser uma pessoa muito feliz, obrigada. :*



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