BELLA POV

— Grávida? — Edward dissera.

— Quer parar de repetir isso como se fosse uma doença? — ralhei. — Eu já entendi o seu espanto com a notícia quando repetiu essa palavra pela vigésima vez durante o trajeto de volta.

Felizmente ele estacionara o carro instantes depois no meio-fio. Rapidamente abri a porta do carro e apertei o passo, querendo chegar rápido até a minha casa.

— Maldição, não era esse tipo de segredo que eu estava esperando...

Você não sabe nem metade da história, querido...

— Surpresa! — disse, irônica, antes de sair em disparada até a minha casa. A única que eu estava precisando naquele momento era ficar sozinha. Eu já havia tidos problemas demais para um único dia. Para começar, eu havia descoberto que estava grávida e o pai do meu filho nem lembrava-se de tal acontecimento.

Para completar o meu dia, tive o meu pedido de empréstimo negado novamente. Eu não me rebaixaria a ponto de pedir dinheiro a Charlie. E ainda havia Edward... ele certamente não desistiria daquele assunto tão facilmente e eu não estava preparada para contar-lhe toda a verdade...

Eu não iria destruir todos os planos para o futuro dele. Eu não tinha esse direito, seria melhor se ele não soubesse...

O barulho de punhos batendo contra a porta me fizera dar meia volta em meu trajeto rumo ao meu quarto. Aparentemente, desabar sobre a minha cama e chorar até cair no sono seria algo que eu só poderia fazer mais tarde.

Quando abri a porta, dei de cara com Edward resmungando algo sobre segredos e mulheres misteriosas. Ela olhara para mim, pedindo explicações, era inútil fugir.

Céus, como gostaria de uma boa bebida em um momento como esse... Uma dose de Margarita... Não, definitivamente margaritas estavam fora de cogitação. A última vez em que eu me aventurei a  bebê-las acabou me trazendo muitas dores de cabeça... Como a minha atual gravidez.

Definitivamente Margaritas estavam fora de cogitação. Um milkshake seria mais apropriado devido as novas circunstâncias...

— Grávida? Sério? — ele me perguntara, logo após passar pela porta e sentar-se em meu sofá.

— Sim, Edward, estou grávida. Fiz um teste caseiro hoje pela manhã e deu positivo. Ficar repetindo a pergunta não vai mudar a situação. — contei. Ele descobriria uma hora ou outra, não havia por que tentar enrolá-lo.

— Haha, muito engraçada. Pretendia manter segredo sobre isso até quando?

— Até que eu tivesse uma idéia uma solução para o meu caso. — saí caminhando em direção a cozinha. Edward me encarava de tal forma que, se ele me perguntasse quem era o pai da criança, eu seria capaz de contar toda a verdade. E eu o amava demais para impor-lhe uma responsabilidade que ele não queria.

Porém, antes que eu pudesse chegar a cozinha, senti meu corpo sendo virado e pressionado contra a parede. Edward estava com o corpo tão colado ao meu que eu mal conseguia raciocinar. O calor que emanava dele... Eu tinha dúvidas de que fosse capaz de formular uma frase coerente enquanto estivesse assim com ele.

— Explique-se, senhorita Swan. Agora!

Céus, o interrogatório só estava começando... Em outras circunstâncias eu teria me aproveitado de toda aquela proximidade. No momento, porém, a única coisa que eu queria era me livrar das mãos de Edward e sair correndo para longe.

— Como isso aconteceu? - ele perguntara, após respirar fundo, na tentativa de acalmar-se.

Boa pergunta. Nem eu tinha resposta para essa pergunta. Com muita dificuldade, consegui me livrar dos braços dele e consegui chegar até a cozinha.

— Do modo habitual, querido. Eu realmente tenho que lhe explicar como é que os bebês são concebidos? Você, mais do qualquer outra pessoa em Forks, sabe bem do que eu estou falando ou será que a dona Esme não lhe explicou como funciona o processo? —falei, tentando parecer indiferente.

Vi o olhar de Edward passando pelo meu corpo, demorando-se em minha barriga, certamente tentando descobrir de quanto tempo era a minha gravidez.

— Sem brincadeiras, Isabella. Quero respostas.

— Você acreditaria em concepção imaculada?

— Respostas. Agora!

— Eu conheci alguém. — desatei a falar, inventando a história. Eu apenas torcia para conseguir me lembrar de todos os detalhes para que Edward não descobrisse a minha mentira. — Nós conversamos, nos demos bem e aconteceu.

— Aconteceu?

— Sim, simples assim.

— Esse tipo de coisa é mais comum do que você imagina. Aquela sua namoradinha tinha as mesmas pretensões.

— Ela tem nome. Eu só... droga, Bella! Refere-se à minha ex como a tal ou aquela há tanto tempo, que nem lembro mais o nome dela.

Bom e melhor ainda era o fato dele ter se desviado do assunto. Eu não queria ter que inventar um monte de mentiras, ainda mais para Edward. Caminhei em direção a geladeira, tirando de lá duas latas de refrigerante.

— Não, Eddie, você se esqueceu do nome dela porque sai com mais mulheres do que é capaz de se lembrar.

— Não é bem assim. Eu sei com quantas mulheres eu saio, apenas não consigo me manter em um relacionamento com elas por muito tempo.

— Talvez isso ocorra porque elas não vem futuro com um homem que já é casado com o próprio trabalho e que beija com uma das mãos em seu diploma de Harvard.

— Costuma usar minhas mãos para outras coisas. — ele comentara, com um sorriso malicioso no rosto, enquanto recostava-se no balcão da pia.

Eu sabia muito bem que maravilhas ele era capaz de executar com aquelas mãos...

— Posso apostar que sim, mas não estou interessada nos detalhes sórdidos da sua vida amorosa, Don Juan.

— Então, estamos quites porque também não estou interessado em ouvir os detalhes tórridos de sua vida amorosa. — ele retrucou

Ótimo. Eu também não estava interessada em contar detalhes que ele não gostaria de saber.

Os momentos seguintes foram tomados por um silêncio absoluto, nem eu, nem Edward queríamos falar mais nada. Meu vizinho, porém, nunca conseguiu manter-se quieto por muito tempo. Começou a tamborilar os dedos no tampo do balcão e logo em seguida puxou-me pelo braço, levando-me de volta para a sala, enquanto eu ainda mantinha as duas latinhas na mão. Ele sentou-se em meu sofá e me acomodou ao seu lado.

Eu não iria aguentar aquela situação por muito mais tempo, tentando me distrair, resolvi abrir uma das latas que havia trazido da cozinha. Se eu estivesse com a boca cheia, Edward não poderia me obrigar a falar, certo? Porém, antes que pudesse dar o primeiro gole da bebida, a latinha foi bruscamente arrancada da minha mão.

— Ficou louca?

— Como?

— Você não deveria beber essas coisas nem se estivesse com a saúde em perfeitas condições, estando grávida menos ainda. Tem idéia da quantidade de produtos químicos existentes nessa coisa? Pode fazer mal ao bebê.

Eu realmente havia escutado direito? Edward estava preocupado com o bebê?

Ainda um pouco desconcertada com a idéia de que talvez, mas só talvez, tudo não fosse tão complicado, afinal, tentei formular uma frase coerente

— Pare com isso. Eu sou uma mulher adulta. Eu...

— Você é uma mulher adulta que está esperando um filho. Isso quer dizer que as coisas vão mudar  daqui para frente, tem que se cuidar.

As coisa vão mudar? Isso sim parecia promissor...

— Você tem que cuidar do que come e do que bebe daqui para frente. Coisas desse tipo estão proibidas — ele dissera, apontando para a lata que ele havia posto sobre a mesa de centro.

— E quem está me dizendo isso é um homem que não faz a menor idéia de como lidar com crianças?

— Quem está lhe dizendo isso é um homem que já foi tio quatro vezes e entende muito mais de bebês do que você.

Outch, essa doeu!

— Sim, senhor, talvez gostaria de gerar o bebê você mesmo? Tenho certeza de que com os avanços científicos atuais daqui a pouco isso será possível.

— Muito engraçadinha. Vamos para a cozinha — ele dissera, levantando-se.

— Nós acabamos de vir de lá!

— Eu sei, mas pelo visto a senhorita está com sede e precisa de alguma coisa saudável para beber. Venha, vou lhe preparar algo nutritivo para beber.

— Edward, você mal é capaz de lavar as próprias roupas!

— Ei! Lavar roupas é difícil! — ele dissera, fazendo-se de ofendido.

— Você só tem que ligar a máquina.

— E por o sabão! Como é que você sabe quanto tem que colocar do produto? Honestamente, se eu fosse um inventor, eu descobriria uma maneira da máquina fazer isso sozinha.

Ri de seu comentário bobo e me sentei sobre a bancada da pia, enquanto observava Edward procurar ingredientes em toda a cozinha.

Vê-lo assim, tão preocupado comigo e com a saúde do bebê, fez-me pensar que tal as coisas não tivesse que ser tão complicadas assim. Nós não precisaríamos ser um casal – embora eu adoraria que isso acontecesse - só teríamos que dividir as responsabilidades sobre a criança.

Responsabilidades. A única coisa que Edward não queria. Ele precisava se sentir livre para se sentir bem.

Bem,que assim fosse. Eu criaria o meu filho sozinha sem que Edward soubesse que era pai, pois eu o amava demais para delegar-lhe responsabilidades que ele claramente não queria e faria qualquer coisa para impedir que a nossa amizade terminasse.

Qualquer coisa, menos beber gororoba verde que ele havia posto em um dos copos e estava me oferecendo.

— Vamos Bella, beba. Está é uma das minhas especialidades. Alice e Rosalie viviam bebendo isso durante a gravidez. É um repositor de vitaminas e nutrientes, totalmente natural.

— Eu não vou beber isso. É nojento!

— É nutritivo e é bom. — ele dissera, dando um gole da bebida que havia posto no copo.

Céus, como eu gostaria de ser aquele copo...

Eu realmente estava desejando ser um objeto inanimado? Eu estava pior do que havia imaginado...

— Vamos, beba — ele dissera, colocando o copo entre minhas mãos. O que eu não seria capaz de fazer por aquele homem? Enchi-me de toda a coragem que possuía e aproximei o copo de meus lábios. Porém, antes que eu pudesse dar o primeiro gole, senti meu estômago revirando-se e o meu café da manhã dar sinais de que viria para fora, então vomitei.

— Porque não me disse que tinha ovo nessa coisa? Aaargh! —disse, brava, quando já estava um pouco melhor. Edward rapidamente me alcançou alguns guardanapos e me ajudou a limpar a sujeira que eu havia feito.

— Óbvio que havia ovos na bebida, metade das vitaminas vem dele.

— Então nunca mais os ofereça a mim. O cheiro dessa coisa me fez por tudo o que tinha no estômago para fora.

— Então são esses os famosos enjôos da gravidez? Sempre ouvi meu irmão e meu cunhado comentarem, mas nunca havia estado presente nessas situações...

— Eu os venho tendo todo santo dia nas últimas três semanas. Imagine o quão feliz eu estou... — falei, irônica.

— Sinto muito. Prometo que da próxima vez faço algo que não precise de ovos na composição. Vou falar com Alice e pedir-lhe algumas receitas, ela teve que tomar várias dessas bebidas naturais quando estava grávida. Jasper estava passando por uma fase meio natureba naquela época e fazia a minha irmã beber todo o tipo de coisa - Edward dissera, enquanto me estendia uma das cadeiras para que eu me sentasse.

Imaginei Alice e Jasper, eles sempre formaram um casal tão bonito, tão preocupados um com o outro e com dois filhos tão lindos... E então me imaginei no lugar deles, junto com Edward, um lavando a louça, o outro enxugando os pratos, o bebê balbuciando as primeiras palavras...

Obriguei-me apara de pensar naquilo. Era besteira encher a minha cabeça com esse tipo de fantasias... Olhei para frente e deparei-me com Edward inclinado dentro de minha geladeira, resmungando. Que diabos ele estava fazendo lá dentro?

— O que está fazendo? — perguntei.

— Jogando todo esse lixo gastronômico que você tem aqui dentro fora — ele dissera, retirando de dentro da geladeira uma caixinha aberta de leite condensado.

— Ei, ponha isso de volta!

— Não. Isso vai para o lixo, pois é doce demais, pode fazer mal para a criança. Gostaria de se despedir?

— Devolva isso! — disse, enquanto corria da cadeira, indo em direção a Edward. Ele já havia tentando me fazer beber aquela gororoba. Agora queria controlar a minha comida também? Joguei-me sobre Edward com tamanho empenho que ele quase caiu sobre o chão.

— Não devolvo! Aceite Bella, é para o seu próprio bem. — ele dissera, erguendo a caixinha o mais alto que conseguia, tornando a embalagem inalcançável para mim enquanto sorriu vitorioso.

Não tive outra alternativa a não ser desistir. Eu sabia que eu nunca venceria uma briga contra Edward, ainda mais uma briga física. Com lágrimas nos olhos, observei-o jogar a caixinha fora, sendo seguida por meia dúzia de latas de refrigerantes e outros produtos que ele havia considerados impróprios para o meu consumo.

— Bella, por favor, não chore. — ele pedira e foi só então que eu percebi que o estava fazendo. — Você pode viver alguns meses sem comer essas coisas.

— Eu sei — disse, fungando.

— Então, por que está chorando? — perguntara preocupado.

— Eu não sei — respondi, entregando-me ao choro. Eu acabaria enlouquecendo até o fim da gestação.

Droga de hormônios....

(Continua...)

____________________________________________________________________