Ooops! Bebê a Bordo! escrita por AllieC


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

N/A: Capítulo dedicado à DTD. Muito obrigada pela recomendação.
Aproveitem o capítulo. Boa leitura.


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EDWARD POV


Seis semanas depois...

Eu estava quase lá... Podia sentir...

Já fazia uma semana que eu tentava incessantemente planejar o que falar quando estivesse frente a frente com o chefe da promotoria regional. Daqui a alguns meses, esse encontro finalmente aconteceria e eu precisava que ele gostasse de mim e do meu trabalho, para que eu pudesse ser promovido e deixasse de receber somente casos pequenos para levar aos tribunais.

Afinal, que tipo de promotor eu seria se gostasse de ir ao tribunal, apenas para provar que fulano era culpado por ter roubado o carro de uma senhora no centro da cidade, sendo que a mesma já havia admitido ter deixado o carro aberto e com as chaves na ignição, ou se achasse a melhor coisa do mundo provar que ciclano era o responsável pelo roubo de cinqüenta reais da padaria local...

Eram esses os casos que eu andava defendendo, mas eu queria mais... muito mais. E eu sabia que tinha capacidade. Só precisava convencer o chefe da promotoria local disso e essa era a parte difícil.

Morei minha vida inteira em Seatle, com minha família, até que fui aceito em Harvard e mudei para perto da universidade para Cambridge, Massachusetts. Meus pais e meus irmãos sentiram minha falta, pois sempre moramos próximos uns aos outros, mas eles sabiam que Harvard era o melhor lugar para mim e realmente foi. Após seis longos anos de dedicação e estudos, formei-me com todas as honras e méritos possíveis, sendo o primeiro da turma.

Como me dediquei somente aos estudos, acabei sendo o único solteiro da família. Meu irmão mais velho, Emmett e minha irmã mais nova, Alice, já haviam se casado e ambos já eram pais. Eu poderia ter me envolvido com alguém, mas preferi continuar solteiro, era mais cômodo. Devido às várias indicações de professores, logo consegui uma vaga na promotoria de Forks.

Minha mãe, Esme, fizera o maior escândalo quando lhe contei que, em vez de voltar para Seatle e morar perto dela, iria para um lugar mais longe. Por causa disso, ela obrigara o resto da família a se mudar para cá também e aqui estamos hoje. Continuei digitando mais algumas palavras em meu computador, bufando frustrado logo em seguida. Eu já não tinha mais paciência nem criatividade para continuar, o texto que eu estava redigindo estava uma grande porcaria.

Definitivamente eu precisava de ajuda para continuar escrevendo. Pensei em pedir ajuda a minha mãe, a um dos meus irmãos, mas conclui que não daria certo. Esme provavelmente me daria uma aula sobre limpeza, enquanto Emmett tornaria um texto que deveria falar exclusivamente sobre leis em algo proibido para menores. Minha irmã mais nova também não seria aconselhável para tal tarefa, ela escolheria a roupa que eu deveria usar quando finalmente me encontrasse com o chefe da promotoria em vez de me ajudar com texto.“O texto você improvisa Eddie, mas a roupa não pode ser improvisada”. Essas certamente seriam as palavras da baixinha.

Só me restava pedir ajuda a minha melhor amiga... Isabella., minha adorável vizinha.

Desde que mudei para cá, ela sempre esteve disponível quando eu precisei. Sempre dedicada, prestativa e doce. Tornamo-nos grandes amigos rapidamente, desde então, não nos separamos mais. Ela é uma excelente companhia para todas as ocasiões e uma excelente ouvinte. Talvez seja por isso que sempre que algo não dá certo em minha vida, como minha vida amorosa, por exemplo, é para ela que eu corro e desabafo.

Contudo, depois do pequeno incidente que ocorrera semanas atrás quando fui contar-lhe sobre o fim de meu relacionamento com Tanya, achei melhor esperar mais um pouco. Não queria que as coisas entre mim e Bella mudassem por causa de uma bebedeira inconsequente pela qual nós dois havíamos passado, achei melhor deixar a poeira baixar. Quem sabe que tipo de insanidades eu realmente fiz ou disse naquela fatídica noite? Eu certamente que não...

Deus, o que eu não daria para ver os resultados de tanto trabalho! Pelo menos saber que alguém acreditava em mim o suficiente para perder o seu tempo ouvindo o que eu tenho a dizer.

Isso mesmo Edward, corra atrás da sua promoção. Com a sua inteligência, ganhará milhões em pouco tempo. Era isso que ouvia das mulheres da família. Elas não entendiam que não era o dinheiro que me importava. Era atrás da chance de poder fazer mais que eu corria.

Não pensem que, por sugerir que eu corresse atrás de dinheiro, minha mãe era gananciosa. Muito pelo contrário, mas seu grande sonho era me ver casado, cheio de filhos e para isso, o dinheiro seria bem vindo.

Quando me tornei tio, seis anos atrás, quando Rosalie deu a luz ao pequeno Seth, não pude deixar de olhar para minha cunhada e Emmett, que eram apenas namorados na época e pensar em como os dois tinham sorte, mas definitivamente, para mim, filhos estavam fora de cogitação. Digo o mesmo a respeito de casamentos. Então o que eu faria com o dinheiro que minha mãe insistia que juntasse?

Mais uma vez, não tenho nada contra isso. Na verdade, admiro os que têm coragem para tal ato, coisa que eu jamais faria. Realmente acredito que as pessoas são capazes de se apaixonar, apenas acho que quase sempre o casamento e as cobranças que são adquiridos com ele acabam desgastando a relação. E onde ficava o amor no final disso tudo? Eu não saberia dizer...

Por sorte, nunca houve um divórcio em minha família. Meus pais, assim como meus dois irmãos, viviam casados e felizes, realmente espero que eles continuem assim, mas atualmente, está cada vez mais difícil de encontrar relacionamentos duradouros... E quem sofre com isso na maioria das vezes? Os filhos, é óbvio. Se fossem meus pais a separar, os dois não teriam tal problema. Com os filhos já adultos e morando sozinhos, eles não teriam que disputar a guarda de nenhum de nós, mas se Alice e Jasper, pais de Kate e Mike e Rosalie e Emmett, pais de Seth e Claire, se separassem a briga iria ser feia.

As últimas três gerações de homens dos Cullen haviam abdicado de seus sonhos em prol das respectivas famílias. Abriram mão de esperanças e planos, abandonando talentos por causa de bocas para alimentar, crianças para vestir e hipotecas para pagar. Eu seria o primeiro a por um ponto final nisso.

Com um último suspiro, voltei minha atenção a tela do computador, precisava terminar aquele texto em breve. A tão aguardada reunião com o chefe da promotoria aconteceria em oito meses, em dezembro, plena véspera de Natal, mas não podia contar com todo esse tempo para escrevê-lo. Tinha que decora-lo, mas de uma maneira que não parecesse que eu havia ficado tanto tempo dedicado a apenas isso.

Para muitos, oito meses é um bom tempo para se preparar, mas para mim não. Não, eu não sou um retardado que não tem noção de tempo. Oito meses é realmente um bom tempo, mas para mim, que podia me dedicar a isso apenas nos finais de semana que não estava ocupado pondo o trabalho em dia ou cuidando de um de meus sobrinhos, o tempo realmente não era tão longo assim.

Nos últimos tempos, havia me restado pouco tempo para minha vida social, mas isso pouco me importava. Eu teria tempo para isso mais tarde. No momento, o importante era conseguir a promoção. Desta vez, eu podia sentir que ela estava a caminho, se soubesse administrar os meus horários, poderia me esbaldar no final do ano.

Ho! Ho! Ho! ri alto, ao ver a bobagem que havia escrito.

Nem chegamos na páscoa, tio Ed. Não acha que está um pouco cedo para começar a treinar a sua risada de Papai Noel? meu sobrinho Seth, que estava passando o dia comigo, caçoara. Já tinha me esquecido de sua presença, o que era raro, já que, normalmente, ele estaria fazendo o maior estardalhaço, mexendo em tudo.

Eu sei garoto, eu sei, mas estou trabalho em planos para o futuro falei, referindo-me ao meu discurso.

Hum... por que não passa a Páscoa conosco? Eu e Claire estaremos participando da caçada aos ovos de chocolate - na verdade eu estarei, porque o máximo que Claire vai fazer é engatinhar, mas o senhor pode se vestir de Papai Noel, já que vai estar celebrando o Natal e participar junto. O que acha?

Fitei meu sobrinho mais velho por alguns instantes. Era impossível dizer que ele não era filho de Rosalie e Emmett. Tinha os olhos e o nariz da mãe, mas o resto era inteiramente Emmett. Inclusive o cérebro.

Eu realmente não sei se isso vai ser possível garoto. Seu tio está trabalhando em um assunto importante, mas quem sabe no final do ano eu participe... respondi, sabendo que provavelmente eu não compareceria a nenhum desses eventos.

Nos últimos anos, havia perdido inúmeros eventos por causa dos meus estudos e do meu trabalho. Foram inúmeros aniversários, Dias das Bruxas e Páscoas, apenas não havia perdido os Natais porque minha mãe provavelmente enfartaria se eu o fizesse, mas este ano, eu não compareceria. Minha reunião com o chefe da promotoria, o Sr. Samuel Uley, fora marcada para o dia 24 de dezembro, em Los Angeles.

Eu não gostava de perder tantos eventos em família, mas era necessário. E, em breve, eu compensaria essas faltas.

Comecei a pensar nos inúmeros eventos que a escola de Seth proporcionava e de todas às vezes que eu não pude comparecer. Meus pais, sem falar nos inúmeros tios e tias, sempre compareciam a minha escola quando eu era menor, participando das gincanas, feiras de ciências e jogos de beisebol. Como tio, eu não teria a mesma obrigação com o meu sobrinho?

Eu não sei se desta vez vai ser possível, Seth, mais prometo que para o seu aniversário eu vou.

Yes! - ele sorria, animado. Mamãe sempre diz que você está muito ocupado tentando ajudar as pessoas com o seu trabalho e, por isso, às vezes, não pode ir, mas acho que até gente como você merece uma folga, tio...

Certo, garotão disse-lhe, bagunçando-lhe os cabelos. Até hoje não sei por que Rosalie teima em penteá-lo para o lado...

Tio Edward, posso fazer uma pergunta? o pequeno dissera, ganhando minha tenção novamente.

Claro que pode. O que quer saber?

Outra noite, ouvi o papai comentando com a mamãe que você não vai lá em casa porque, quando tem tempo livre, está muito ocupado roubando a inocência de garotas puras. Como é que se faz isso? ele perguntara, visívelmente em dúvida.

Eu não acreditava que realmente estava ouvindo isso, então era esse tipo de coisa que Emmett dizia sobre mim para o meu sobrinho? Se eu pudesse, inventaria uma maneira de manter os comentários impróprios de meu irmão somente para ele.

Creio que seja melhor você pedir isso para o seu pai, Seth. Ele vai saber explicar isso melhor do que eu. Quer saber, peça para o seu pai lhe explicar isso quando a sua mãe estiver presente e repita as palavras que você ouviu do seu pai disse-lhe, sorrindo internamente ao imaginar a cara que minha cunhada faria ao saber que o seu filho havia ouvido tal coisa. Emmett certamente ficaria encrencado, talvez assim ele aprendesse a manter a boca fechada perto do filho.

Se você diz... ele dissera, dando de ombros, enquanto voltava a dedicar a sua atenção aos lápis de cor que tinha espalhado pelo chão.

Ele pareceu ter esquecido do assunto e eu fiquei feliz com isso, extremamente feliz. Como explicar para um garoto daquela idade o significado das palavras inocentes de seu pai? Apenas o meu irmão seria capaz de falar esse tipo de asneiras e não olhar em volta para ver se algum de seus filhos estava presente. Pelo menos Rosalie o colocaria no lugar, disso eu tinha certeza.

O que está desenhando? perguntei-lhe, vendo que ele rabiscava sem parar a folha de papel.

A minha invenção. É uma máquina que cria sopa com gosto de pizza, se eu tivesse uma máquina dessas, a mamãe não reclamaria que eu não como sopa ele dissera. Quando eu for adulto, eu vou me tornar um inventor, sabia tio Edward?

Não sabia. Quando eu tinha a sua idade, sabe o que eu queria ser?

O quê? - ele perguntara curioso.

Sorveteiro respondi-lhe, lembrando de todas as milhares de profissões que eu sonhava em ter quando era pequeno, até pirata eu tinha resolvido ser.

Sorveteiro é legal também, mas eu prefiro ser inventor. É mais divertido.

Com certeza deve ser, ainda mais para você que não para quieto e vive montando e desmontando tudo comentei.

Claro, senão como é que eu vou conseguir criar alguma coisa? Alguém tem que criar coisas novas e esse alguém pode muito bem ser eu.

Ou eu provoquei-o.

Ou o senhor ele dissera, concordando. Mas, eu acho que você já deve estar ocupado demais com o seu trabalho para tentar fazer algo diferente, tio Eddie...

Certo Seth, certíssimo...

Pense bem tio Eddie... Eles vão me pagar para misturar gosmas. Isso é tão legal! ele dissera, com os olhinhos brilhando de excitação. Sorri ao ver a euforia estampada no rosto dele.

Tio Eddie, estou entediado de ficar aqui dentro. Posso ir lá fora?

Vá. Irei encontrá-lo em alguns minutos. Podemos brincar de esconde-esconde ou outro jogo qualquer.

Oba! ele exclamara, feliz, balançando os braços para o alto, enquanto corria, afoito, porta afora.

Depois que ouvi o barulho da porta se fechando, retornei ao que estava fazendo. Era hora de terminar o meu discurso, ou pelo menos, o rascunho dele.

Sr. Uley, é com grande prazer que eu, Edward Cullen, me apresento.” Céus, isso estava pior do que eu pensava. “Bem, passadas as formalidades, passemos ao motivo que me trouxe aqui. Como já deve saber, tenho me esforçado muito nesses últimos anos, desde que passei a trabalhar na promotoria de Forks. Honestamente, acho que já está na hora de...

Hora de atender a campainha, constatei mentalmente, ao ouvir, novamente, o barulho irritante que vinha da porta da sala. Seria Seth, tentando chamar a minha atenção? Contrariado, levantei-me da cadeira e fui caminhando até a porta da sala, pensando que poderia estar batendo a minha porta em pleno sábado à tarde.

Não seria o carteiro, afinal, era fim de semana. Certamente não seriam meus pais. Esme fizera questão de manter uma cópia da chave de minha casa e não se importava nem um pouco de aparecer sem nem ao menos avisar. Seth não faria tal brincadeira, sabendo que eu estava ocupado trabalhando e que, em pouco tempo, me juntaria a ele. Então, quem seria?

Abri a porta cuidadosamente, esperando encontrar alguém a minha frente, mas a única coisa que vi foi o nada. Logo em seguida, senti um vulto entre minhas pernas, arranhando-me. Olhei para baixo e vi Heathcliff, o gato de Isabella.

Onde está sua dona, rapaz?

O gato esticou-se todo embaixo de mim, produzindo um som agudo pela boca. Em seguida, saiu correndo pela sala, parando somente ao lado do meu sofá, no qual começara a afiar as pequeninas unhas.

Não senhor! Se Esme aparecer aqui e vir essas marcas de unhas no estofado do sofá, ela o transformará em um casaco de pele, pequeno amigo felino... disse-lhe, enquanto tratava de afastá-lo do sofá. Por sorte, ele não tivera tempo para causar grandes estragos ao estofado. No momento seguinte, a porta da sala tornou a abrir-se, fazendo um barulho alto.

Heathcliff? reconheci a voz de Isabella chamando pelo gato que eu ainda mantinha em minhas mãos. Ah... olá Edward ela dissera, logo após enxergar-me agachado no canto da sala. O que está fazendo?

Este arranhado está muito feio? perguntei-lhe, preocupando-me com a reação de minha mãe quando o visse. Ela e Alice fariam desse pequeno incidente uma desculpa para remobiliar todo o cômodo novamente.

Na verdade não. Só consegui perceber o estrago quando já estava bem próxima a você ela respondera. Procurei em seu rosto algum sinal de que a mesma estava mentindo, mas não encontrei nada. Foi Heathcliff quem fez isso?

Foi. Acho que ele encontrou um novo lugar para afiar as unhas...

Oh, sinto muito por isso Edward. Nunca deveria ter trazido Heathcliff junto comigo ela desculpara-se, enquanto pegava o gato de meus braços.

Por falar nele, como foi que seu gato tocou a minha campainha? perguntei.

O brilhante advogado é você, mas parece que eu, uma simples aspirante a jornalista, que possuo as respostas para esses casos ela comentara, sarcástica. Fui eu quem tocou a campainha, bobinho. Já faz alguns dias que quero falar com você, mas nunca o encontro em casa. Estava voltando do supermercado e vi a janela da sala aberta. Larguei as minhas coisas em casa e vim para cá. Heatchliff acabou me seguindo e veio junto. Acho que ele estava com saudades de você ela dissera, risonha. Toquei a campainha e esperei que você viesse abrir a porta, mas vi Seth brincando no quintal, embaixo da árvore e fui dar-lhe um beijo. Quando voltei, não vi mais sinal de meu gato, então supus que ele tivesse, de alguma maneira, entrado. Logo em seguida, vim atrás dele e aqui estamos. Já respondi a sua pergunta? Ou ainda acha que foi o meu gato que bateu a sua porta?

Muito engraçada, senhorita Swan disse-lhe, enquanto me levantava. Já estava ficando com dor nos joelhos devido a posição. Bella acompanhara-me, levantando-se também, ainda mantendo seu gato aninhado em seus braços.

Sobre o que queria conversar? perguntei-lhe, lembrando-me de suas palavras, instantes atrás.

Não era nada de mais, na verdade... Mas, se estiver muito ocupado no momento, podemos conversar outra hora.

Não, tudo bem, podemos conversar agora. Eu estava tentando escrever o meu discurso, mas eu não estava conseguindo progredir muito. De qualquer forma, já ia fazer uma pausa para brincar um pouco com Seth, o garoto está impaciente, já não aguenta ficar parado dentro de casa.

Ele é uma criança, Edward. Crianças gostam de correr. Heathcliff também é assim.

Eu sei disso, mas não esqueça-se que eu tenho que me dedicar ao meu trabalho.

E quando é que você não tem trabalho para fazer, Edward? Bem, você disse que estava trabalhando no seu discurso... Como está se saindo? ela me perguntara, enquanto acariciava a cabeça do gato, que ronronava, contente com a carícia. Por alguns instantes, meu pensamento ficou preso aquele movimento ritmado e delicado que ela fazia sobre a cabeça do pequeno animal. Alguns seres tinham tanta sorte...

Pisquei, recompondo-me, enquanto afastava aquele pensamento absurdo e me recriminava mentalmente. Santo Deus, eu senti ciúmes de um gato? Bella é minha vizinha e minha amiga, Santo Deus. No momento, a última das minhas pretensões é um romance desse gênero. Definitivamente não.

Sendo sincero, não fiz muita coisa até agora. Seth prendeu minha atenção no início da manhã. Fiquei com medo que ele tentasse explodir alguma coisa e fiquei vigiando-o por um certo tempo... confessei-lhe, enquanto caminhava para o meu escritório, sendo seguido por Bella, afim de mostrar-lhe o que já havia feito.

Ora, tenho certeza que você era igualzinho quando criança.

Na verdade não, eu sempre fui um Cullen bem comportado. Quanto ao garoto... Gosto de ficar com ele, mas ele é perito em sumir com as minhas coisas. Certa vez, levei uma semana para encontrar um par de sapato que estava procurando. Quando encontrei, descobri que a sola já estava toda gasta porque o meu sobrinho resolveu utilizá-lo em uma brincadeira... comentei, lembrando-me da cena.

Ele é apenas uma criança Edward e crianças gostam de brincar.

Não me entenda mal, eu amo o pequenino, mas com o meu horário apertado, passar os fins de semana com o garoto é quase como ter a minha própria família disse enquanto abria a porta do escritório

Ainda não entendo essa sua fobia por família. Eu sou louca para ter a minha e quanto a não ter tempo... Meu pai, por exemplo, via-me uma vez por ano. Ainda assim, foi ótimo pai para mim.

Bella sempre fora muito otimista em relação a vida. Nunca encarara a ausência do pai de maneira negativa, como a maioria o faria. Mesmo vendo seu pai, Charlie, apenas uma ou duas vezes por ano, ela sempre ficava contente quando o via e procurava aproveitar o tempo com o mesmo ao máximo. A contribuição dele para a vida dela fora basicamente o dinheiro, que lhe pagou anos de bons estudos nas melhores escolas e que ainda pagava todas as suas despesas.

Eu não tinha fobia a família. Apenas gostaria de, se tivesse uma, ter tempo para me dedicar realmente a mesma. Mas, eu sabia que não poderia ser um profissional de sucesso e um bom marido e pai ao mesmo tempo. E não acho justo destruir nenhum dos dois para tentar descobrir se tal pensamento é realmente verdadeiro.

Tenho sorte em não ter filhos, Bella. Não conseguiria me dedicar a minha carreira se os tivesse disse-lhe enquanto sentava na cadeira no centro do cômodo.

Claro, claro, você é um sortudo, Sr. Cullen ela dissera, a voz carregada de ironia.

Nossa, para que tanto sarcasmo?

Ela encolhera os ombros, passando os dedos pelo tampo da mesa onde, minutos antes, eu me encontrava.

Talvez o meu relógio-biológico também esteja entrando em parafuso.

Estremeci.

Já não está ocupada demais ninando Heathcliff?

Argh! Me mostre logo o seu discurso Edward.

Certo. Só espere um minuto até que eu conclua a frase.

Ela assentira positivamente com a cabeça e passara a observar os títulos dos livros que eu possuía na estante, enquanto eu terminava a frase que estava incompleta.

Certo, está pronto disse-lhe nervoso, enquanto levantava-me da cadeira e aguardava enquanto a mesma se sentava e começava a ler atentamente as poucas linhas que haviam sido produzidas até o momento. Faziam apenas alguns minutos que ela começara a ler o pequeno texto, mas o silencio dela já era o bastante para me deixar nervoso.

Humm...

Humm o que?

Está... interessante ela dissera.

Bufei, derrotado. Eu sabia que o conteúdo do texto que eu havia escrito estava ruim, mas não achava que estava tanto.

Não está tão ruim assim Edward. Só está meio... confuso - ela disera, tentando me consolar.

Ao ver minha expressão desolada, ela fizera menção de levantar da cadeira para consolar-me. Ao levantar-se da cadeira, porém, ela acabara tropeçando no tapete que ficava perto da mesma. Instintivamente, apressei-me em segura-la, evitando assim uma queda. Segurei-a firmemente em meus braços, enquanto a mesma caíra com as mãos esplanadas em meu peito. Seu corpo tão próximo ao meu trouxera novamente pensamentos nem tão recatados a minha mente. Aquelas mãos pequenas e quentes fariam estragos se estivessem em outro lugar...

Céus, o que estava acontecendo comigo?, perguntei-me pela segunda vez naquele dia.

Pouco tempo depois, prolongando um pouco mais aquele contato, testei minhas reações. Nenhum pensamento malicioso ou erótico passou-se por minha mente. Maravilha! a fantasia erótica que tive com Isabella alguns momentos atrás não deixara  nenhum tipo de rastro em minha mente.

Talvez eu estivesse trabalhando demais. Seis semanas sem sexo, para mim, é um novo tipo de recorde. Levando-se isso em consideração, meus pensamentos com minha vizinha tem um certo fundamento, é normal querer beijar e acariciar uma mulher. Bella apenas estava na hora errada e no lugar errado. Ajudei-a a ficar em pé e dei-lhe um sorriso sem graça, a mesma retribuíra o sorriso, mas com a expressão um pouco mais... desapontada? Eu estava ficando louco, só podia.

Bem Edward, continue trabalhando no seu discurso ela dissera, dando-me um rápido beijo na bochecha e dirigindo-se para fora do escritório, indo para sua casa, gritando da porta da sala, pouco antes de sair Eu sei que você consegue!

Bella! chamei-a novamente, antes que ela saísse da casa. Sobre o que é que você queria conversar comigo, afinal?

Ela se virara para mim, mordendo o lábio inferior, algo que ela só fazia quando estava realmente nervosa.

Eu só... estou meio preocupada com o meu encontro com o Sr. Clearwater amanhã... Ele já me negou três empréstimos nos últimos meses...

Está preocupada com o pedido de empréstimo?

Sim.

Não precisa se preocupar mais, está bem? Vai dar tudo certo disse, tentando tranqüilizá-la.

Certo. Bom, já vou indo.

Tudo bem então.

Edward? ela me chamara, após eu já ter voltado a minha atenção a tela do computador, fazendo-me virar novamente para ela. Não se esqueça de ir brincar com Seth, o garoto ainda está lhe esperando apenas pisquei-lhe o olho, sinalizando que não esqueceria daquilo. E não desanime, ok? Eu acredito em você ela dissera, antes de virar-se e ir embora para casa.

Pelo menos alguém acreditava em mim.

Eu gostaria de ter essa confiança em mim mesmo.

(Continua...)

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Notas finais do capítulo

N/A: O próximo capítulo deve demorar um pouquinho, pois eu vou ficar sem internet por algumas semanas, mas assim que der, volto a postar.
Beijos e até o próximo capítulo.