São nas noites mais frias, com o vento uivando nas janelas que ouvimos historias como a de Lily e James Potter. Quando a vida parece dura e difícil demais, é que nos lembramos da historia de dois jovens apaixonados, que, mesmo não tendo o final que mereciam, foram contra todos os obstáculos que apareceram em suas vidas.

É quando a coragem parece nos faltar, que lembramos da graciosa Lily, e do travesso James. Afinal, ela não o odiava. Eles eram tão diferentes, e mesmo assim, tão iguais.

E é ao som da voz de Hagrid, enquanto tomamos uma xícara de chá em uma tarde chuvosa, que descobrimos que os dois nem sempre trilharam o mesmo caminho, mas, que no final, um não conseguia seguir sem o outro.

Essa é a historia da doce Lily Evans, com seus cabelos ruivos por do sol, e seus gentis olhos verdes. Essa é a historia de seus sorrisos e seus rodopios. De seus gritos nas partidas de quadribol e dos beijos roubados na torre de astronomia.

Essa é a historia do atrevido James Thiago Potter, com suas jaquetas de couro e seus cigarros. É a historia de seus cabelos rebeldes e sorrisos maliciosos. Dos seus pontos nas partidas de quadribol e dos beijos que ele roubou de Lily Evans na torre de astronomia.

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O som dos cadernos se fechando era musica para os ouvidos de James. Ele se levantou e correu pelos corredores, a sexta feira havia acabado, mas o sol ainda não tinha se posto.

Ele entrou na sala comunal como um furação e foi até a janela. Lá estava ela, como ele tinha previsto. Mesmo tão longe, ele a reconhecia. Com seus cabelos ruivos brilhando.

James largou sua bolsa na cama e correu pelas escadas. Talvez se fosse rápido o suficiente conseguiria se livrar das chacotas de Black e de Remus.

– Ei Pontas! – James ouviu a voz de Sirius antes mesmo de vê-lo. – Indo atrás da Evans?

– Vá se foder Almofadinhas – gritou James de volta, com um sorriso no rosto, enquanto passava por eles como uma flecha.

Uma das escadas se movia cheia de alunos da Corvinal, que voltavam de alguma aula. James deu meia volta e saltou em uma escada, que tinha acabado de se mover. Aterrissando por um tris nos degraus e recebendo uma salva de palmas dos alunos.

Os jardins se estendiam a sua frente. Ele a viu encostada em uma arvore, perto do lago, com um livro apoiado nos joelhos. Ele parou de correr e começou a caminhar até ela, recuperando o folego enquanto tentava, inutilmente, ajeitar os cabelos rebeldes.

– Evans – ele disse com um meio sorriso sedutor. Lily nem se quer levantou os olhos.

– Potter – ela respondeu, e virou uma página do livro.

– Eu estava pensando que poderíamos passar um tempo juntos – ele disse sentando-se ao lado dela.

– Pensou errado – ela disse finalmente o olhando – como pode ver, eu estou ocupada.

– Ah, você pode ler outro dia – ele disse – Olhe que sol lindo.

– James, eu estou ocupada – ela repetiu.

– Tudo bem, que tal amanha?

– Me encontre amanha – ela disse. – e eu vou pensar na sua proposta.

– Olhe nos meus olhos e repita essa maravilhosa proposta, minha lady – ele disse se curvando como um cavalheiro. Lily o encarou naqueles lindos olhos azuis. Mantendo a expressão seria.

– Me encontre amanha – disse Lily – e vou considerar seu convite.

– Isso é musica para meus ouvidos, onde vou te encontrar amanha?

– Ahh, esse é o desafio - Lily o olhou desafiadoramente – Se você me encontrar.

– Mal posso esperar – ele disse, e antes que Lily pudesse voltar para sua leitura, James se inclinou na direção dela e roubou um beijo. Lily arregalou os olhos e o empurrou.

– Potter! – ela exclamou, mas James já estava longe, correndo com um travesso sorriso no rosto. Como o de uma criança quando acha um doce.

Lily esperou ele se afastar, e então suspirou, deixando o corpo escorregar. Ela não conseguiu impedir o sorriso que se formou em seus lábios.

– Ohhhh James, estou tão caidinha por você James. – disse Alice se aproximando. Ela tinha colocado o cachecol da Grifinória na cabeça, e puxava as pontas para baixo com uma das mãos, a outra estava pousada no peito, enquanto ela comicamente olhava para o além, fazendo uma péssima imitação de Lily.

– Cale a boca Alice – Lily disse sorrindo – Eu não estou afim dele. Ele é um idiota presunçoso. E além do mais, qual é a do cachecol na cabeça?

– Estou tentando imitar seus longos cabelos ruivos – ela riu.

– Com um cachecol vermelho e amarelo?

– É o mais perto que eu posso chegar – ela disse fazendo beicinho e esfregando a mão por seus cabelos cortados curtos, como os de um garoto.

– Você é terrível – disse Lily se levantando. – Eu já ia entrar, vamos?

– Oh, me desculpe querida, só passei para dar um Alô – ela sorriu – estou indo me encontrar com Frank.

– Hmmmmm, boa sorte – ela sorriu para a amiga.

– Obrigada – Alice disse fazendo uma reverencia puxando as bordas da saia. – e você, boa sorte com James Potter.

– Suma daqui Alice – disse Lily e a garota saiu gargalhando e saltitando para o lado oposto.

Lily revirou os olhos – Eu não estou caidinha por James Potter – ela disse com desprezo. – Estou?

*

– Então, qual o veredito? – Remus perguntou quando James entrou na sala comunal.

– Amanha – ele disse com um grande sorriso quando pulou no sofá ao lado dele.

– Você conseguiu um encontro com Lily Evans?! – Sirius exclamou, arregalando os olhos.

– Não, eu consegui com que ela considerasse minha proposta amanha – ele disse com a voz murchando, quando notou o quão tolo parecia dizendo isso – caso eu consiga encontra-la.

– Óbvio – disse Remos com um sorriso, e Black deu uma gargalhada. - Você é mesmo um caso perdido.

– Bom, se ele é, eu não sou. Senhores me deem licença. Aluado, Já que o sábado de James já está comprometido, vou arrumar alguma coisinha para nós. – Sirius se levantou, afrouxando a gravata e se aproximando de um grupo de garotas que estavam reunidas no outro canto, mas que já lançavam olhares para eles a um bom tempo.

– Senhoritas – Sirius disse antes de se sentar entre elas. As garotas soltaram risadinhas.

– E eu sou um caso perdido – disse James observando o amigo enquanto ele fingia se espreguiçar e colocava o braço em volta de uma garota do quarto ano, chamada Emily Bones.

*

O sábado amanheceu ensolarado, assim como James tinha rezado para que fosse. Ele acordou com a luz na cara e com o barulho de Pedro abrindo o malão, e depois de, inutilmente, tentar voltar a dormir, James se levantou.

As camas de Remus e Pedro já estavam vazias. Sirius ainda dormia.

– Acorda vagabundo – disse James jogando uma almofada em Sirius.

– Some daqui Potter. – ele resmungou escondendo o rosto no travesseiro.

– O que? Ficou até tarde na sala comunal ontem? O que tinha de tão interessante lá? – James caçoou.

– Vá atrás de Lily e me deixe em paz – Sirius disse. – E peça para Remus me trazer alguns pãezinhos do café da manha. Eu só vou descer mais tarde.

James fechou a porta do quarto e desceu para o grande salão. Depois de um café da manha reforçado, e longe dos olhares severos de seus professores, James tirou a gravata e colocou no bolso da calça.

Fazia um calor ameno nos jardins, por isso, James desconfiou que Lily estivesse por ali em algum lugar. Ela gostava de lugares abertos. Depois de uma exaustiva volta no lago, e todo o perímetro entre a quadra de quadribol e o castelo, James a encontrou no corujal.

Ela estava amarrando uma carta a perna de uma coruja bege, depois de acariciar o pássaro, ela se virou e viu James parado na soleira, sorrindo para ela.

– Te achei – ele disse.

– Vou me esforçar mais da próxima vez – Lily sorriu.

– Então?….

– Então o que? – Lily perguntou, mesmo sabendo exatamente do que se tratava.

– Você disse que pensaria a respeito de passar o dia comigo – ele parecia uma criança, com os grandes olhos pidões. Lily tinha planejado rejeitá-lo, como sempre fazia, mas algo naquela expressão a fez considerar. Ela o imaginou voltando, decepcionado, para sala comunal, mesmo depois de ter passado a manha toda a procura dela, ainda assim, ela o tinha rejeitado.

“ Não acredito que estou com compaixão por esse trombadinha” foi o ultimo pensamento a cruzar a cabeça de Lily, antes que ela sorrisse e dissesse.

– Venha – ela o chamou com o dedo. – Vou te mostrar um dos meus lugares favoritos.

Ela o levou em uma caminhada de dez minutos. Em todo o trajeto, Lily se recusara a falar, mas o sorriso não deixara o seus lábios nem por um segundo. James estava satisfeito com isso.

– Então, é aqui – ela disse abrindo os braços. Eles estavam em uma clareira iluminada. Vários troncos caídos isolavam o lugar. James desconfiou que isso fosse trabalho de Lily, assim como as flores muito bem arranjadas por cor envolta deles.

Ela tirou uma toalha vermelha da bolsa e a estendeu no gramado, sorrindo – Eu tinha planejado vir aqui depois de mandar a carta para meus pais. Você nunca me acharia. – ela deu de ombros – parece eu fui lenta demais.

– Ou você queria ser encontrada – ele sorriu e se jogou na larga toalha, rolando para a extremidade oposta e depois dando dois tapinhas ao lado dele. – Venha Evans, você concordou passar a tarde comigo, vamos fazer desse tempo algo memorável.

Ela se sentou na pontinha da toalha, provocando James. Ele sorriu e mergulhou ate ela, com os dois braços enlaçando a cintura dela.

– Potter! – ela exclamou, tentando parecer séria em meio as cócegas que ele fazia. – Me solte, é sério.

– Como quiser – ele disse aproximando o rosto do dela, tão perto que poderiam ter se beijado, mas ele se afastou.

Lily suspirou, recuperando o folego. Sua blusa agora estava com os três botões de baixo abertos e seus cabelos eram uma bagunça. Ela agradeceu mentalmente por ter vestido uma saia um pouco abaixo do joelho aquela manha.

James olhava para o lago, de onde eles estavam ele podia ver quase o perímetro inteiro. Ele viu um garoto vagando sozinho. Com os cabelos negros ensebados e as vestes verdes se misturando com o uniforme padrão. Ele reconheceu Severo Snape de imediato. Ele provavelmente sabia do lugar favorito de Lily, e Potter sabia que ele estava indo para lá.

– Tenho uma coisinha para resolver – ele disse para Lily. – Volto logo.

Ela arqueou as sobrancelhas – Pensei que você quisesse passar a tarde comigo.

– Ah, você não faz ideia de como quero isso, mas tenho uma coisa muito urgente para resolver. – ele disse, e virou as costas.

Lily suspirou e pegou o livro dentro da bolsa, se aconchegando.

Quando James voltou para a clareira, depois de ter se livrado do Ranhoso, encontrou Lily deitada na toalha, com um livro aberto ao seu lado, completamente adormecida.

Ele se ajoelhou do lado dela, tirando um momento para admirá-la. Os cabelos ruivos estavam espalhados por seu rosto. Ele os colocou atrás da orelha delicadamente, com o dedo roçando nas bochechas coradas dela. A boca estava entreaberta, e James nunca teve tanta vontade de beijá-la. Mas se conteve. Ele pegou o pedaço de pergaminho que Lily usava para marcar a pagina do livro e escreveu uma mensagem.

“ Você estava tão bonita dormindo, não tive coragem de acordá-la. Espero que possamos compensar o tempo perdido outro dia.

Com amor, James”

Ele ainda sorria quando se jogou em sua cama. Os braços estendidos, a barriga virada para cima e os olhos brilhando.

– Parece que alguém teve um bom dia hoje – disse Remus sorrindo.

– Bom que algum de nós teve um bom dia, porque eu não estou gostando nada disso – disse Black. Ele jogou o profeta diário no colo de Remus. Onde se lia:

Família bruxa assassinada por bruxo das trevas desconhecido

Hoje, Richard Thomas, sua mulher, Jamine Thomas e suas duas filhas Tamara e Sindy, foram encontrados mortos em sua própria casa. Ainda não se sabe nada sobre os assassinos e onde eles possam estar, mas a autópsia confirma: Todos os quatro foram vitimas da maldição da morte.

Remus, Sirius, Pedro e James se entreolharam. E o ar pareceu ficar mais frio, e o vento pareceu uivar mais forte do lado de fora.