Show Me Love escrita por noOne


Capítulo 71
Final


Notas iniciais do capítulo

Vlh, não to crendo que esse é o último capítulo :'( Há mais de um ano atrás, eu postei o primeiro capítulo da fic, subestimando a mim mesma... achando que ia flopar e não iria pra frente nunca... Agora tô aqui, no 71° capítulo, com uma porrada de favoritos e outra caralhada de recomendações, além de amigos que eu arrumei por aqui :") Vocês são foda, sério. Eu só tenho a agradecer.
É a ultima vez que eu faço essa coisa de postar capítulo novo por aqui, vou sentir muita falta dessa fic e disso tudo.
Beijo no coração, flw! ♥



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POV Cake

A Cake de quinze anos atrás estaria chorando cataratas do Iguaçu, ao ver todas suas certezas da vida dela descendo pelo ralo. A primeira delas era a convicção de que eu morreria sozinha, como uma verdadeira cientista maluca e dona de treze gatos... E agora me vejo ajoelhada na frente de uma verdadeira deusa, de tão linda, cuja a admiração que sinto é tão inexplicável que me faltam palavras... Como se elas fossem necessárias.

É isso aí bitches, depois de tanto tempo de procrastinação resolvi colocar um anel naquela mão magra, pálida e fria. Aqueles olhos castanhos que tanto me fascinaram desde o primeiro momento que os vi, brilhavam como nunca antes, dizendo sim. Seus finos lábios, tão vermelhos quanto sangue, sorriam e mostravam seus caninos. A obra mais perfeita, era aquela vampira.

E eu, que até então ocupava o posto de criatura mais cética da face da terra, finalmente me rendi ao que chamam de amor... E acreditei veemente, que era com aquela mulher que eu queria passar o resto da minha vida. Pela primeira vez tive certeza absoluta que eu tinha certeza de alguma coisa.

Aproveitando o clima propício de romance, que só um casamento pode trazer, noivamos na frente de uma multidão de gente.

A segunda convicção que eu tinha, cujo a vida me provou que eu estava errada novamente, têm a ver com a primeira, mas eu sei que nessa eu não estou sozinha. Fala sério, alguém aqui realmente achou que o Sr. Marshall Lee algum dia estaria casado? A resposta vêm com o silêncio.

Agora levante a mão quem acreditava que o Mr. Pica das Galáxias enrolaria a coelha até o último dia de sua vida? O bonde todo? Foi o que eu pensei.

Cara, na boa... Não me interpretem mal, mas fala sério! Eu amo meu cunhado, mais até do que ele merece. E é por eu amar tanto esse infeliz que eu pude conviver (e aguentar) esta criança por longos e incontáveis anos, pra ter uma leve ideia de como ele é. Eu conheço a peça, vocês também... Definitivamente, ele não tem cara do mocinho que se casa com a princesinha no final. Isso é coisa de Christian, não de Marshall.

Mas como eu bem sei que o destino é incompreensível, essa família é imprevisível, a escritora é uma louca e o vampiro mais ainda... Porque não? Todo o meu ceticismo e orgulho estão sendo empurrados garganta abaixo hoje, e é isso aí.

A terceira certeza derrubada foi a que um dia Violet e seu pai estariam em perfeita harmonia, sem brigas, nem alfinetadas, indiretas ou algo do gênero durante a cerimônia. Pelo contrário... Eu não sei o que aconteceu naquela sala de hospital e muito menos sobre o que eles conversaram, também não quero saber. Desde que tudo esteja em paz esta noite e nada saia do controle, como de costume, pra mim tá ótimo.

Era quase que surreal tudo o que estava acontecendo, minha ficha se recusava a cair... Ela só despencou quando eu me dei conta do cenário onde eu me encontrava: Ao som das ondas do mar batendo na areia, trazendo maresia. Em cima do altar, no lado esquerdo de Marshall, onde ficavam as madrinhas da noiva. Acreditem se quiserem, mas ele estava perfeitamente arrumado.

Sim, pasmem! Sabe aquele cara do cabelo desgrenhado, jeans rasgado e camiseta folgada (quase sempre com mancha)? Pois é, ele não existia mais. No lugar dele estava um homem que até parecia maduro, vestindo terno e gravata.

Alguém se lembra do lendário par de All Star? Eu realmente achava que aquela coisa surrada já fazia parte do corpo dele, e caso alguém tentasse tirá-la, o universo perderia o equilíbrio. Mais uma vez, eu estava errada. E no lugar daqueles velhos, desbotados e detonados sapatos, que eram sua marca registrada, havia um democrata social.

Senti uma pequena lágrima de emoção brotar no canto do olho.

– É isso mesmo o que eu estou vendo? – Sussurrei para o mesmo, encarando seus pés.

– Ri bastante... Aproveita que não vai durar muito tempo – Ele respondeu, incomodado – Eu preferia estar descalço á ter que usar esta coisa.

– Quanto drama, nem deve ser tão ruim assim – Revirei os olhos – Você diz isso porque nunca teve que usar um salto alto de bico fino.

– De qualquer modo, você e a Marcy ainda me pagam, por me obrigar a isso – Bufou ele – Não vejo a hora dessa cerimônia terminar, assim eu posso tirar logo isso.

– Você não está pensando em vestir aquela coisa que chama de tênis na festa, está? – Marcy se pronunciou, ao seu lado direito... O lado das madrinhas do noivo.

– Ah, irmãzinha... – Ele sorriu – Você me conhece tão bem...

– Você é inacreditável – A mesma balançou a cabeça, em negação.

– Nervoso? – Indaguei para o vampiro, como se não fosse óbvio.

– Pra caralho – Respondeu ele, batendo os pés sem parar.

– Relaxa que piora – Finn, ao meu lado, comentou.

– Valeu pelo apoio – Marshall ironizou – Você sempre ajuda bastante.

– Será que dá pra vocês pararem de tagarelar por um segundo? – Flame pavio curto reclamou

– Por que? – A vampira indagou

– Porque parece que a cerimônia começou – Chris, ao lado de Babi, na fileira dos padrinhos da noiva respondeu, nos calando.

Ao mesmo tempo, olhamos todos para a entrada, e lá estava ela, brilhando mais que tudo. Todos os convidados se levantaram e a marcha nupcial começou a ser tocada, ao som impecável do violino de Jake, que fez questão e a gentileza de tocar no casamento.

Atraindo todos os olhares para si, ela caminhou calmamente em nossa direção, sobre o tapete vermelho. Você acha que é da noiva que estou falando? Não, é de Violet mesmo.

Polêmica como sempre, a diabinha não poderia participar desta festa sem causar. E se você pensa que ela usou o vestido branco de rendinha que eu implorei de joelhos para que ela me escutasse, tu estás completamente enganado, meu amigo.

Minha querida sobrinha trajava um vestido-espartilho preto, com a barra propositalmente (e completamente) rasgada (ou devo dizer detonada?) por cortes de tesoura que eu aposto que foi ela mesma que fez. Haviam alças que subiam até a altura do pescoço e formavam uma gargantilha.

Parabéns, Violet... Você conseguiu frustrar meus planos de um casamento bonitinho. Devo concordar que aquilo caiu muito bem nela... Mas ela tinha que usá-lo justo agora?

A pequena delinquente trouxe os anéis até o púlpito, com meio sorriso no canto dos lábios. Inesperadamente, seu pai não a estrangulou com o olhar, mas retribuiu seu meio sorriso, como quem já esperava que ela aprontasse aquilo.

A segunda a entrar foi a florista, Mel, que não carregava flores apenas na cesta, mas também as trazia em seu vestido branco (pelo menos essa obedeceu!), adornou-as também em uma espécie de tiara hippie que carregava na cabeça. Flores por todas as partes!

E como quem estivesse jogando paz, amor e boas vibrações no lugar de pétalas, a ruiva caminhava mais lenta do que uma lesma, com um sorriso bobo no rosto e expressão de quem está viajando em outro mundo. Viva as ervas, gente! ... Quero dizer, flores.

E por último Arthur, que foi o único a não frustrar meus planos. Aquele anjinho entrou arrumado da cabeça aos pés, exatamente do jeito que eu pedi (E eu nem precisei implorar). Seus cabelos loiros haviam sido cortados na altura do pescoço... nem muito longos, nem muito curtos. A postura perfeita e o terno deixava-o a coisa mais fofa do mundo. Ele abriu um sorriso encantador e caminhou até o púlpito, dizendo:

– Era pra eu entrar com a Violet, mas ela pediu gentilmente pra eu largar de ser pé no saco e deixar a em paz, enquanto me esmurrava – Ele arqueou os ombros – Me desculpe, eu tentei.

– Fique tranquilo – Seu pai sorriu, bagunçando seus cabelos – Está tudo bem.

– Não pai, eu falhei com a Tia Cake – Ele olhou pro chão

– Não se preocupe, querido – Sorri para o mesmo – Você foi ótimo, relaxe e vá para seu lugar

Ele esboçou um pequeno riso e consentiu, indo para seu canto ao lado dos padrinhos, como o ensaiado. Exatamente como o planejado... Obrigada Arthur, pelo menos você.

Então, a noiva finalmente chegou. Estava perfeita. Lembro-me de olhar para ela e sentir minha respiração faltar. Eu não podia acreditar que minha irmãzinha estava se casando. Uma sensação não nomeada cresceu em mim, quando admirei a mulher incrível que ela se tornou e ao perceber o brilho nos olhos do vampiro quando a viu. Na boa, aqueles dois se mereciam demais, isso ninguém podia negar.

Eu não sabia se sorria ou se chorava, mas na dúvida, fiz os dois... Sorri chorando.

POV Marshall

Foi tudo como naqueles sonhos que você não sente vontade de acordar.

No atual sonho onde me encontrava, o céu estava limpo e repleto de estrelas, como eu amava. A brisa do mar batia em meu rosto, tinha o cheiro da minha antiga casa, me trazia sensação de paz interior e uma leve nostalgia. Eu tinha mais uma típica conversa inútil com Cake e companhia limitada, falando sobre qualquer besteira aleatória pra fingir que não estava morrendo de nervosismo e ansiedade por dentro.

O único detalhe é que aquilo não era sonho. Me apavorava dizer isso, mas era real.

Enquanto falava, observava todos os convidados sentados em fileiras... Podia reconhecer alguns rostos, pertenciam aos meus parentes, que se deram ao trabalho de viajam incontáveis milhas de distância, da Carolina do Sul, até aqui, em Bromley, só pra me ver casar. Haviam tios, primos e até meus avós, por parte de mãe e pai. A outra metade pertencia á família de Fionna.

Só de pensar que eu vou ter que cumprimentar todos, apresenta-los e ser apresentado ás respectivas famílias e agradecer, um por um, já me sinto morto de cansado, afogado em um oceano da minha própria preguiça.

“Eles não tiveram preguiça de atravessar o continente pra te ver, seu ingrato” – Eu sei subconsciente, agora cale a boca.

Minha discussão comigo mesmo foi interrompida pelo som do violino de Jake, que acompanhado por uma quase-banda sinfônica, deu inicio à cerimônia. Violet foi a primeira a entrar, e como o esperado, agiu inesperado: Mudou a roupa, a entrada e a postura, lançando-me um sorriso de canto, como se exclamasse “Cheguei bitches!”. Eu prefiro nem comentar, não me dei ao trabalho de conter o sorriso e tentar parecer irritado com a atitude dela... Pelo contrário, se não fosse ela, não seria mais ninguém.

Só estranhei o fato de que Arthur deveria ter entrado com a mesma, coisa que não aconteceu. Mesmo assim, deixei fluir, sem questionar. Vindo dela, eu poderia me arrepender da pergunta.

Como eu sei que isso é coisa dela?

A segunda a entrar foi minha querida sobrinha maconhada, carregando a flores por todas as partes. Não sei quem foi que decidiu que ela deveria ser a florista, apenas sei que esta pessoa acertou em cheio. Mel entrou no espírito... talvez até demais. Flutuou até o altar, se dirigindo, um tanto desnorteada até o lugar combinado. Ria pro nada, só pra variar, como se estivesse se lembrando de uma piada. A vida era uma piada pra ela.

Logo atrás dela, veio Arthur. Que originalmente era pra entrar ao lado de Violet, carregando as alianças, mas por um motivo desconhecido (que como eu já disse, aposto que é coisa daquela capetinha), entrou sozinho. Como sempre, eu não tinha nada pra falar dele... Havia obedecido ao pé da letra todas as instruções, estava impecável. De vez em quando me dá nos nervos o fato de eu não conseguir achar um defeito nas coisas que ele faça.

Afinal, qual é a tua, meu querido? É fácil demais lidar com você! Não faz mal ser um pouco indisciplinado ás vezes, sabia?

Assim que o anjo que eu chamo de filho se dirigiu ao seu lugar, o ponto principal da festa apareceu. E não poderia ter sido mais perfeito.

Fionna estava absurdamente linda, ainda mais do que ela é naturalmente, se é que isso é possível. Eu não sabia muito bem o que fazer, enquanto uma mistura de ansiedade, felicidade e uma certa dose de medo do desconhecido me consumiam. Sentia minhas pernas fraquejarem, um sorriso involuntário se formar em meu rosto e meus olhos arderem, prestes a lacrimejar.

Eu mal podia acreditar que estava me casando com a mulher mais maravilhosa, depois de minha mãe, que eu tive o prazer e a sorte de conhecer. Não dava pra acreditar que, depois de tudo o que passamos, estávamos aqui novamente, onde tudo começava.

Naquela praia, onde eu tentei por um fim em tudo, ela apareceu e me resgatou de mim mesmo. E agora estamos no mesmo lugar, oficializando algo que vai durar pra sempre.

Conforme ela ia graciosamente se aproximando de mim, com um buquê de rosas vermelhas na mão, meu coração batia mais forte. Eu podia ter certeza que a qualquer momento ele poderia parar.

Quando ela se pôs na minha frente, segurou minha mão e sorriu, olhando em meus olhos, eu subitamente me senti tranquilo sobre tudo, como se nada mais ao redor existisse além de nós dois e aquele padre, que cortou o silêncio e começou a falar.

Foi a mesma história de sempre:

– Eu, Marshall Lee Abadeer recebo você, Fionna Mertens como minha esposa, e prometo estar contigo na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te, respeitando-te, sendo-te fiel, todos os dias de minha vida, até que a morte nos separe.

Ela fez o mesmo juramento, que soou muito melhor na voz dela, saindo de seus lábios, com sua expressão e seu sorriso indescritíveis. Eu poderia ficar venerando para sempre cada traço que a coelha possuía. Cara... Homem apaixonado é um porre, né?

Logo depois, fui surpreendido por um discurso de casamento. O “queridíssimo” padre não havia me avisado sobre eu ter que fazer discurso algum, então eu tive que improvisar, mesmo com todo o nervosismo e minha enorme capacidade de criar as coisas de última hora.

– Bem, como de costume, eu não devo ter prestado muita atenção no que o reverendo me disse, então... Eu meio que não fiz discurso nenhum – Me desculpei á igreja, que riu – Sim, eu sou um desastre... Mas não posso decepcionar esta mulher maravilhosa na qual eu estou me casando hoje, nem a família quase sempre incrível que eu formei junto com ela – Mais risadas – Eu não sei bem por onde começar, só tenho a agradecer, por muitas coisas. Primeiramente, eu devo minha vida á essa garota que está na minha frente, afinal, se não fosse por ela, eu já teria desistido á muito tempo. Foi ela quem esteve do meu lado nas horas mais difíceis da minha vida, e foi a causa dos momentos mais felizes também. Ela foi e continua sendo o motivo do meu sorriso e de todas as minhas lágrimas, inclusive... Esta mulher que eu falo é a mãe dos meus filhos, o amor da minha vida e é a pessoa com quem eu pretendo passar todo o resto dela, até o fim.

– Marshall... – Ela suspirou, com os olhos cheios de água.

– ... E eu não sei nomear isso que eu sinto por você – Me virei pra ela, enxugando uma lágrima do canto do meu olho – Só sei que é muito mais do que amor, não cabe dentro de mim, transborda pelos meus olhos... e pelos seus também. E é por isso que eu quero que o mundo todo saiba: Eu te amo, Fionna Mertens!

Foi aí que ela desabou, se jogando em meus braços e beijando-me. Todos os presentes se levantaram e aplaudiram, eu podia ouvir soluços. O padre interveio, pra cortar o clima, pedindo que toda a algazarra fosse contida. Sentaram-se novamente, mas eu já havia terminado o discurso.

Agora era a vez de Fionna, que aparentemente havia preparado alguma coisa bem gay. Porque eu não estava surpreso? Marceline saiu de seu lugar e entregou a Fionna uma rosa velha e amassada, junto com um pedaço de papel dobrado, que parecia antigo. A coelha agradeceu a mesma, que consentiu com a cabeça e voltou ao seu lugar.

– Por muito tempo eu me perguntei como é que eu começaria este discurso... Você sabe mais do que ninguém que eu não sou muito boa com palavras, mas sim com ações... Afinal, o “poeta sensível” aqui é você – A igreja conteve o riso sob o olhar repreendedor do padre – Por isso, eu resolvi falar com as suas palavras, que você me escreveu á exatos quinze anos atrás – Disse erguendo o papel.

Franzi o cenho, ela esperava mesmo que eu me lembrasse de algo que eu escrevi á uma década atrás?

– Você me deixou esta rosa e esse bilhete na minha cômoda, quando eu estava em coma. Ele estava molhado, provavelmente você chorou sobre ele enquanto escrevia... No dia em que te disseram que iam desligar as máquinas. Foi como uma carta de despedida.

Agora sim eu me lembrava... Não acredito que ela leu, ainda mais que ela guardou! A coelha desdobrou o papel e baixou o olhar para o mesmo, lendo em voz alta.

“Todo artista necessita de uma inspiração para compor sua arte. E como dizem que não há melhor estimulante do que a dor, você é uma enorme fonte artística pra mim, de verdade. E com o resto de forças que me restam, eu escrevo esta carta que, infelizmente, você nunca poderá ler. Me fere dizer isso, mas eu já aceitei o fato de que esta noite, me deixarás de uma vez por todas.

Escrevo isto porque é a última vez que vou ter coragem de olhar para o seu rosto, assim, tão sem vida. Eu não terei forças para comparecer no seu enterro, me perdoe. Inclui-se o fato de que amanhã de manhã, eu também não estarei mais aqui. Espero que entenda minha decisão... Darei minha vida pelos nossos filhos.

Sinto que já fiz minha parte aqui, e quero que saiba que não me arrependo. Pelo contrário, irei de bom grado, pois tudo o que eu tinha pra viver, já aconteceu ao seu lado. Agora não há mais razão para seguir em frente.

Eu escrevo isso com a mão esquerda, enquanto a direita segura a sua mão, gelada. Desculpe por molhar esta carta, sou fraco demais pra conter o choro.

A vida é um jogo, você tem que saber perder. E eu conquistei muitas coisas durante esta partida, e mesmo que nenhuma das pessoas mencionadas aqui vá ler isso um dia... Muito obrigado Cake, Marceline, Finn, Flame, Rosalie, Dona Harvey, Chris, Babi, Beemo, etc. Apesar dos problemas, sei que sempre terei vocês pra me guiar, dar conselhos, me fazer rir, chorar e viver.

Foi com vocês que eu descobri o lado bom da vida e vivi meus melhores momentos.

E quem diria que uma coelha me traria tantos problemas, desilusões, brigas, dores e lágrimas? Porém, ao mesmo tempo trouxe sorrisos, momentos memoráveis, amores, família, amigos e filhos. Me trouxe a vida de volta.

Com você descobri o amor e achei o meu lugar no mundo. Tenho tudo o que preciso aqui e não há mais nada que possa querer. E mesmo sabendo que os problemas sempre irão existir tenho a certeza de que você estará aqui para enfrenta-los do meu lado... Para todo o sempre. Ou pelo menos era isso que eu esperava, antes de partir.

Não quero me prolongar muito, então encerro por aqui... Eu te amo mais que tudo”.

Ela fechou o papel e me entregou aquela flor. Era a mesma que um dia eu entreguei á ela.

– Isto é uma só parte de tudo o que você significa pra mim – Ela me estendeu a carta, segurei-a – Esta rosa pode estar velha, amassada e despetalada, mas nosso amor continuará forte, verdadeiro e completo, enquanto eu viver, porque eu simplesmente não consigo deixar de amar cada traço, jeitos e manias suas. Foi assim desde o primeiro momento que eu te conheci, no fundo da classe, durante aquela aula tediosa de geografia, até agora, neste exato momento. Não há mais nada pra ser dito, apenas sentido – Ela tocou sua mão em meu peito – Aqui.

– Você é incrível – Olhei em seus olhos, segurando sua mão.

Mais aplausos, mais choros... Nunca vi cerimônia mais dramática! O padre disse mais algumas coisas, que sinceramente não importavam, meu foco estava em uma só pessoa. No fim de tudo, Jake e a “banda sinfônica” voltaram a tocar, enquanto saíamos em direção á saída, que era simbólica... Não existia de verdade, pois estávamos numa praia.

O lado bom de ter feito um casamento à beira mar, é que ninguém precisou sair da igreja para ir ao salão de festas, pois a cerimônia e a comemoração eram no mesmo lugar. Cake, você é genial... Obrigado por ser uma chata mandona e comandar toda a organização.

Se me permitem, eu prefiro pular a parte chata de conhecer os parentes da Fionna, e de apresentar os meus parentes á ela... Pura burocracia que alguém inventou sobre relacionamentos, desnecessária. Também gostaria de pular a parte que a endemoniada da minha filha enfia a cara de seu irmão dentro do bolo de casamento. Posso? Então tudo bem, que pulemos para o final... bla bla blá, e foram felizes para sempre. Yay!

Felizes para sempre... Até quando a vida quiser (O que não deve durar muita coisa... eu já conheço essa ordinária e sei muito bem que, quando ela quer, ela vai me ferrar bonito).

Na verdade, eu gostaria de pular a festa inteira. Não deu pra me divertir por que eu estava ocupado demais querendo arrancar aqueles sapatos sociais dos pés. Só pude relaxar de verdade, no final de tudo, quando a maioria dos convidados já haviam ido embora e Marceline finalmente me permitiu ficar descalço.

Sentir a areia nos pés, livres, depois de tanto tempo com eles confinados dentro de uma caixa de tortura chamada democrata, não tem preço. É com ir do inferno ao paraíso.

Agora sim, eu poderia ser eu mesmo. Me juntei a uma mesa perto dos rochedos, próximos de um píer, onde estavam todos. Conversei e ri durante um bom tempo, enquanto enchia a cara de suco de laranja (Cake me fez prometer que eu não beberia). De repente, me calei e passei a observar a atmosfera em minha volta.

As mãos de Marcy entrelaçadas com as da gata, ambas com anéis de compromisso. Flame e Finn distribuíam patadas uns aos outros, em forma de amor... Aqueles dois amam-se se odiando.

Desviei meu olhar da mesa e passei a observar o trio em cima do píer. Violet falava sozinha, enquanto Mel fingia que escutava, olhando pro mar e sorrindo. A vampirinha dava goladas em uma lata de refrigerante enquanto tagarelava (Líquido este, que ela havia misturado com uma pequena dose de vodka, e achou que eu não vi). Ao mesmo tempo Arthur também fingia que escutava os dramas da irmã, quando na verdade todo o seu foco estava voltado ao videogame portátil que ele acabara de ganhar de aniversário.

Tudo estava plenamente normal para um fim de festa, quando notei a falta de Fionna. Percorri com o olhar toda a extensão do “salão” à céu aberto, mas nada de encontrá-la. Foi quando meu olhar bateu e parou no horizonte. Estava sentada na beira do mar uma menina loira, vestida de noiva. Parecia estar desligada do mundo, pensando em absolutamente nada.

Me levantei da mesa, mas ninguém me notou sair... Assim como não notaram quando eu me calei. Estavam todos grogues e exaustos demais pra ficarem tomando conta de mim, como estão acostumados a fazer.

Afrouxei a gravata de fui em direção da mesma, sentando-me ao seu lado. Ela nem se quer se moveu.

– O que uma noiva gata como essa está fazendo aqui sozinha? – Indaguei

– Ela está esperando seu lindo noivo se juntar á ela - Respondeu

– Awn – Sorri – Eu tentei não ficar, mas é automático.

Ela riu e me deu um selinho. Ficamos apenas encarando o mar por um tempo. A forma como ele calmamente chegava até a areia e se recolhia de volta ao oceano, infinitamente azul, era poético. Ela não notou, mas eu fiquei um bom tempo a admirando admirar o mar... Seus cabelos loiros eram bagunçados pelo vento que vinha do mesmo e seus olhos, iluminados, se fechavam pra sentir a maresia.

Com ela, me casava um milhão de vezes.

Acho que a coelha não percebeu quando eu repousei meu braço sobre seus ombros, ela apenas se colocou sutilmente em meu peito e inclinou a cabeça logo abaixo de meu queixo. Eu poderia ficar assim pra sempre, era perfeito.

Quando achei que ela havia adormecido, sua doce voz quebrou o silêncio:

– Marshall...

– Sim?

– Isto é um final? – Ela questionou, virando-se para mim

– Como assim? – Franzi o cenho

– Isso o que a gente tá vivendo agora – Ela explicou – É como um final de filme, sabe? Tudo termina bem e não há nada no mundo que possa estragar. É um fim... Não é?

– É relativo – Pensei – Acho que isso é um começo, de uma história nova.

– Eu tenho medo – Ela olhou em meus olhos – Parece que eu estou sonhando, ou algo do tipo. A vida me fez acreditar que para tudo o que acontece de bom, têm algo de muito ruim pra compensar.

– Coisas ruins acontecem o tempo todo – Encarei-a – A única coisa que você precisa saber é que eu sempre estarei com você pra enfrenta-las.

– Mas e se... – Ela encheu o peito de ar

– Fionna... cale-se – A interrompi com um beijo – Nada de ruim vai acontecer, eu estou aqui.

– É por isso mesmo que eu temo – Ela sorriu, olhando pra cima. Fiz o mesmo – Viver com você é um perigo.

Notei então, que eu estava exatamente como costumava ficar na minha antiga casa. Ao lado de meu pai, olhando para as estrelas, sentados na areia da praia. O passado voltava à vida naquela noite, mas ao contrário do que se pensa, estava completamente feliz.

Fionna também as admirava com a mesma paixão, aqueles pontos luminosos á anos luz de distância, que significavam tanto pra mim.

– Você sabe que eu daria minha vida por você – Não foi uma pergunta, eu afirmei.

– Sei disso – Ela respondeu depois de um breve silêncio – Você já fez, confio em você... Mas por quanto tempo isso vai durar?

Pensei por um tempo, sem tirar os olhos do infinito.

– Enquanto houver estrelas no céu, você será meu universo.

Ela sorriu, eu fiz o mesmo.

Não eram mais necessárias palavras, nem gestos, o momento já falava por si. Esqueci de preocupações, dúvidas e medos, estava tudo bem agora, afinal uma história linda será li(n)da para sempre. O amor é imortal.

E esse foi o conto de fadas do século 21, sobre um suburbano que conquistou o coração da burguesinha, enfrentou o mundo em prol desse amor que ultrapassa barreiras sociais. Um clichê talvez, que ocorre diversas vezes ao redor do mundo, e ainda vão ocorrer.

Essa foi a minha história, que poderia ser a sua, de como eu bati e apanhei da vida – Aprendi e ensinei, sorri e chorei. Também errei (bastante) e acertei (um pouco). Mas acima de tudo fui humano, como qualquer um.

Acho que isso é o fim. Seja lá quem você for, muito obrigado por ter acompanhando até aqui.

“Eu poderia ter te mostrado a América

Todas as luzes brilhantes do universo

Poderíamos ter alcançando as maiores alturas

Um lugar diferente, uma vida diferente

Lembre-se daquela noite debaixo das estrelas

Por um minuto eu pensei que o mundo era nosso

Tudo o que você tinha que fazer era me mostrar o amor”

(The Wanted – Show Me Love)


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Notas finais do capítulo

Fim :)
Gente, alguém aqui ainda não escutou essa música? Sério, vcs precisar ouvir ela... É MUITO PERFEITA CARA!
Enfim, agora é sério... Galera, eu só tenho a agradecer a todos vocês, leitores que escrevem bíblias em forma de comentário, aqueles que são objetivos, os que estão sempre sob efeito de drogas, comentando coisas nonsense... Até mesmo os leitores fantasmas. Todo mundo, se não fossem por vocês eu nunca teria chegado até aqui, cês sabem disso né?
Muito obrigada a todas as vezes que eu estava tendo um dia péssimo e vocês me fizeram rir que nem uma retardada, com as doireiras que escreviam nos reviews... Por todas críticas construtivas, ideias, sugestões e toda a ajuda que me deram. Além de todas as conversas por MP também.
Disso eu nunca irei esquecer. Vou sentir falta.
Beijo no core, um abraço de urso e meus sinceros agradecimentos.
Ps: Vlw TimeOfAdventure pela imagem do casamento, tu é um amorzinho, cara! Mbja ♥
Pss: Essa era a hora em que eu diria "até o próximo capítulo" ahueweh... Ai meus feels véi, vou embora :"(
Até algum dia, gente!