Show Me Love escrita por noOne


Capítulo 40
Tee Shirt


Notas iniciais do capítulo

EU SEI QUE AS NOTAS INICIAIS ESTÃO ENORMES, MAS EU PEÇO ENCARECIDAMENTE QUE LEIAM, É IMPORTANTE:
Desculpa pela demora, tive um dia de cão e não poderei postar quinta. Tudo tá uma correria só e eu fiquei o dia inteiro off-line. Sabe como são mudanças né? Perdão também se o capítulo não ficar tudo isso que vocês merecem com o jeito que vocês estão acostumados, esse eu fiz com pressa (muita pressa mesmo). Eu sei que poderia ter apagado e refeito direito, mas isso levaria a madrugada toda, e eu não posso faltar com vocês. Então ele está... regular.
Desculpe também se eu não responder os reviews com a rapidez que vocês conhecem, essa semana tá osso pra mim. Prometo na prox. semana eu tento compensar vocês com algo mais aceitável.
Bom, é isso pessoal. Voltamos para o sanatório, agora com o POV (Point Of Visit – Ponto de vista) da Cake, ok?
Beijos da Tia Vamp, sejam bonzinhos comigo, todos têm dias ruins e eu juro que estou tentando. Agora eu tenho que correr, boa leitura!
Ps: Hoje tem Cakeline! o/
Pss: Para os preconceituosos de plantão, eu peço que nem leiam. E mesmo se lerem, peço que usem o bom senso e não venham me encher o saco sobre o lesbianismo, não quero saber da sua opinião, respeito é bom e eu gosto. Considero justa toda forma de amor e não tolero descriminação da parte de leitor mente-fechada. Não é nada pesado, mas sabe como é pessoal cabeça-dura né?
Obrigada pela atenção, espero que atitudes preconceituosas são venham ocorrer aqui novamente.



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POV Cake

Como se já não bastasse ter que ficar o dia inteiro inclinada examinando protozoários no laboratório, chegar exausta em casa e ainda ter que levar maior galera pro outro lado da cidade, ainda sou obrigada a aguentar a Marceline junto, que ficou pra dar um showzinho no sanatório. Me levantei e fui tomar um ar, ela estava voltando da recepção quando a mesma esbarrou em mim.

– Olha por onde anda, garota – Eu chamei a atenção dela

– Quem tem que prestar atenção é você – Ela retrucou – Você quase me derrubou aqui.

– Claro, qualquer assopro você voa – Eu debochei de sua magreza extrema “like a Amy Winehouse”

– Bom, pelo menos eu não preciso usar uma lupa enorme na cara pra enxergar por onde eu ando – Ela retrucou – Aumenta o grau desse teu óculos, não tá funcionando.

– Meu óculos não tem grau, ignorante – Eu tirei a mão dela – Eu uso porque eu quero.

– Fica parecendo uma nerd – Ela prendeu o riso

– Pelo menos eu sei resolver uma simples equação sem quebrar a cabeça – Eu me virei pra ela

– CDF – Ela revirou os olhos

– Magrela – Eu a encarei

– Geek – Ela se aproximou

– Anoréxica – Eu serrei os cílios

– Antiquada – Ela parou na minha frente

Fiquei meio sem reação com a proximidade exagerada em que estávamos, ela me encarava com seus olhos castanho-avermelhados bravos, eu abri a boca pra dizer algo mas nada saíra, agora eu estava ali, prensada na parede e sem movimentos, com raiva da minha incapacidade de odiá-la quando ela me olhava daquele jeito.

Ela se aproximou lentamente, selando nossos lábios quando eu menos esperava. Fechou os seus olhos enquanto eu arregalava os meus, incrédula que ela estava mesmo fazendo isso e incapaz de me afastar, porque estava gostando daquilo apesar de não admitir.

– Você é maluca – Eu afirmei levando a mão á boca assim que ela parou

– Porque não se afastou? – Ela deu um sorriso provocante – Tá na cara que você me ama – Então riu e deu as costas – Está até usando a camiseta que eu te dei, que fica linda em você, inclusive.

Sim, eu confesso: ela meche comigo, de uma forma que eu não consigo explicar.

Sobre aquela camiseta: eu a amava demais e ela significava muito pra mim. Eu estava vestindo-a no dia em que nós terminamos, a partir daí chorava nela toda noite antes de dormir, me torturando com uma música que fazia lembrar dela.

– Ei – Eu peguei em seu braço – Não faça mais isso.

– Se não o que? – Ela riu – Vai me xingar de boba? Hurr durr! Você não vai fazer nada – Ela desafiou – Você nunca faz, é uma frouxa!

– Se não... Se não eu juro que não me respondo por mim – Eu disse séria, porém com as bochechas coradas, o que tirava toda a minha moral. E droga, eu gaguejei! – Não brinque comigo, Marceline.

– Simplesmente não consigo te levar á sério assim... – Ela tirou o braço da minha mão e me puxou pra si.

Petulantemente, me deu outro selinho rápido, o que me deixou mais irritada do que eu já estava e mexeu comigo mais ainda. O que ela quer, afinal? Deu as costas e saiu andando como se nada tivesse acontecido, me deixando ali parada no meio do nada, ainda sem saber exatamente o que fazer.

Me recompus e voltei a me sentar do lado da Fi, que estranhou meu estado

– Você tá legal? – Ela perguntou pra mim – Parece pálida, viu uma assombração? – E riu sem dar muita importância

– Quem dera, Fi – Eu disse pra mim mesma – O amor é uma droga.

Sempre que meu olhar cruzava com o dela, ela ria e eu corava. Acho que todos os que estavam na rodinha perceberam, menos Finn, que no momento estava viajando em outro mundo com seus fones de ouvido.

– Finn, tira essa merda do ouvido! – Flame gritou ao perceber que estava falando sozinha á séculos.

– O que foi cassete? Quem morreu? – Ele se virou assustado.

O diretor do sanatório subiu ao palco e deu início as apresentações, todas elas estavam um saco, até que chegou a hora da Marcy se apresentar. Ela deu um sorriso pra mim e se levantou, indo em direção ao palco.

– Obrigada – Ela agradeceu e recebeu o microfone, ajustou á sua altura e olhou pra plateia, todos se calaram – Eai pessoal, eu sou a Marceline e hoje eu vou cantar uma música.

– VAI LÁ MARCY! – Marshall gritou

– Uhuuul! – Fionna berrou – Arrasa, sua divaa!

– Menos, Fionna – Eu sussurrei dando uma leve cotovelada nela .

– Eu conheço uma garota... – Ela sorriu, eu corei. Ela vai mesmo fazer isso? – ... Ela é super implicante, estressada e careta. Uma figura bem... exótica. Eu amo o jeito como ela se porta e a maneira que ela implica comigo. Admiro a forma como ela veste, adoro seu sotaque britânico. Cara, amo até o jeito que ela parte o cabelo! E da forma como ela banca a intelectual ás vezes. E dentre todas essas coisas que eu citei, só tem uma coisa que eu odeio nela: O fato de eu nunca conseguir detestá-la, o fato de ela conseguir me fazer sorrir apenas estando presente, e o fato de eu me pegar pensando nela 24 horas por dia e ficar me perguntando se ela estaria pensando em mim também...- Ela tirou o baixo-machado das costas e riu – Eu a venero.

Tá, confesso que me derreti todinha agora. Fionna soltava vários “awns” enquanto Marcy recitava seu pequeno discurso. Marshall prendia a risada, pois não estava acostumado a escutar coisas desse feitio vindos da irmã. Ele achava que ela não tinha um coração lá dentro (e se tivesse, certamente estava congelado)

– Marcy pedindo desculpa, é isso mesmo produção? – Ele pegou o celular – Não, eu tenho que gravar isso!

– Guarda isso garoto – Fionna abaixou a mão dele – Cala a boca e deixa a diva brilhar

– What? – Ele franziu a testa

– Xiu! – Ela deu um tapa em sua perna

– Eu fiz muita merda ultimamente – Ela continuou falando, ignorando comentários alheios e olhando pra mim – E uma das maiores cagadas que eu podia ter feito foi ter afastado essa garota incrível de perto de mim, eu jurei que nunca iria perde-la. E se tem uma coisa que eu aprendi com o Marshall foi: Se você quiser o perdão de alguém que você ame muito, a melhor forma é envergonhando ela em público, jurando seu amor em cima de um palco – Ela riu – Então Cake: Levanta a cabeça, princesa! Essa música é pra você.

Então ela pegou seu baixo e começou a cantar nossa música, com sua voz doce misturada com seus acordes, o que tornava aquele momento perfeito. Então de repente pra mim, só existia eu e ela naquele lugar e mais ninguém.

(Escute Tee Shirt – Birdy)

In the morning when you wake up (De manhã, quando você acorda)

I like to believe you are thinking of me (Gosto de acreditar que está pensando em mim)

And when the sun comes through your window (E quando o sol aparece em sua janela)

I like to believe you've been dreaming of me (Gosto de acreditar que estava sonhando comigo)

Dreaming (Sonhando)

I know 'cause I've spent (Eu sei, porque passei)

Half this morning (Metade da manhã)

Thinking about the tee shirt you sleep in (Pensando na camiseta que usa para dormir)

I should know 'cause I'd spend (Eu sei, porque passei)

All the whole day (Quase o dia todo)

Listening to your message I'm keeping (Ouvindo sua mensagem)

And never deleting (Vou gravá-la e nunca deletá-la)

When I saw you, everyone knew (Quando te vi, todos souberam)

I liked the effect that you had on my eyes (Que gostei do efeito que causou em meus olhos)

But no one else heard the weight of your words (Mas ninguém ouviu o peso de suas palavras)

Or felt the effect that they have on my mind (Ou sentiu os efeito que elas causaram em minha mente)

Falling… (Me apaixonando…)

I know 'cause I've spent (Eu sei, porque passei)

Half this morning (Metade da manhã)

Thinking about the tee shirt you sleep in (Pensando na camiseta que usa para dormir)

I should know 'cause I'd spend (Eu sei, porque passei)

All the whole day (Quase o dia todo)

Listening to your message I'm keeping (Ouvindo sua mensagem)

And never deleting (Vou gravá-la e nunca deletá-la)

Então ela ergueu a cabeça e sorriu pra mim, eu por minha vez estava quase lacrimejando, ainda incrédula que ela fez mesmo isso. Cara, era só ter dito “Desculpa”! Mas isso não é padrão Marcy, ela precisava ter feito algo como isso, porque não estou surpresa?

– Cake – Ela disse em alto e bom som, rindo, em meio aos aplausos – Você me perdoa?

Eu levei as mãos ao meu rosto queimado de tão corado e fui empurrada até o palco pelos cupidos Fionna e Marshall. Subi e fui de encontro á vampira, que segurou em minha cintura e me deu um beijo na bochecha. Ignorando o público que poderia talvez achar inapropriado, coloquei a mão em sua nuca e a beijei de língua sem nenhum pudor. Isso é um sim. Ah, e foda-se quem eu achar ruim, eu preciso passar com minha namorada, que é do mesmo sexo que o meu. Problema, sociedade? Suas regras não se aplicam a mim!

– Eu te amo – Ela sorriu e me abraçou – Que saudades disso.

– Eu também te amo – A abracei mais forte, sentindo o perfume de seu cabelo – Muito mais do que você possa imaginar.

Descemos do palco, sendo ovacionadas pela plateia que aplaudia e assoviava. Não era bem isso que eu esperava do público, fiz sinal de reverência á eles, eles têm meu respeito.

– Ain gente, que fofo! – Fionna disse entusiasmada enquanto voltávamos para nossos lugares

– Já era tempo – Marshall riu – Finalmente, pensei que essa birra iria durar pra sempre.

– Não dá pra ficar longe dela – Marcy falou – Eu estava me praticamente me corroendo por dentro

– E eu então? – Disse – Porém meu orgulho sempre falava mais forte.

– Vocês são muito fofas – Jake comentou – Ei Marcy, como é o nome dessa música?

– Tee Shirt – Ela se virou pra ele – Birdy

Nos sentamos e ficamos por um tempo conversando até a visita ao Chaz acabar, então nos recolhemos. Fionna chamou Finn, que conversava com uma mulher esquisita chamada Rosalie. Todo mundo reparou como ele ficou mexido depois daquilo, mas não dei muita importância e apenas dirigi de volta pra casa, junto com todos, tão exaustos quando eu.

Foi aí que o drama começou. Depois que todos já estavam devidamente acomodamos e hospedados na verdadeira pensão que virou minha casa, Fionna recebeu uma ligação do hospital. Atendeu nervosa ao telefone quando todos se calaram, só esperando a notícia de que o velho Mertens tinha finalmente partido dessa pra melhor. Porém, para a surpresa geral, não foi isso que ela ouviu.

Na verdade, os zoeiros da UTI resolveram que o melhor a fazer era matar todo mundo de agonia e curiosidade, chamando Fionna para ir ao hospital com urgência, sem nenhuma explicação. Marceline rapidamente se propôs a ajudar, as duas saíram apressadas pela porta sem ao menos se despedir. Eu só fiz acompanhar com olhar pela varanda, as duas rasgando o asfalto á no mínimo 80 quilômetros por hora e sem capacete.

Ficamos todos esperando por notícias, e com o passar do tempo um á um foram indo pra casa, exceto Finn que já morava lá e Marshall que ficou morrendo de preocupação com aquelas duas se arriscando á 100 por hora sem proteção nenhuma. Digamos que a Marcy não era muito responsável quando subia em cima de uma moto.

POV Fionna

Ok, cheguei inteira no hospital. Agradeci me despedindo da Marcy e entrei ofegante com passos rápidos, a mulher me indicou a sala e agora eu estou aqui encarando o médico. De tudo isso vocês já sabem, só não fazem ideia do que o Dr. está prestes a me dizer. É isso que eu também quero descobrir.

– Então, Fionna – Ele começou a falar – Como você já deve estar sabendo, eu lhe chamei aqui pra falar sobre seu pai e o estado clínico dele. Você já está ciente de que o caso dele é grave e terminal e ele precisava de um transplante urgente de rim, desde que o sangue seja compatível, como eu já comuniquei á você e todos que estavam presentes no dia.

– Sim, qual a novidade? – Eu questionei nervosa e impaciente – Já ouvi tudo isso antes, eu quero soluções!

– Peço que se acalme – Ele disse gentil e serenamente – O que eu tenho pra dizer são boas notícias, não há com o que se preocupar.

– Então diga logo – Eu pedi um pouco mais calma e aliviada. “Pelo menos ele não estava morto”, pensei comigo mesma. Á essa altura do campeonato, não duvido mais de nada.

– Na verdade, eu tenho uma notícia boa e outra ruim – Ele tirou os óculos e olhou em meus olhos – Qual você quer ouvir primeiro?

Confesso que na hora senti meu coração bater mais forte e minhas pernas enfraquecerem. Se eu tivesse forças, eu dava na cara daquele sujeito pra ele parar com esse suspense todo e abrir logo o jogo! Como assim notícia ruim?

– A-a boa – Eu respondi – Quero escutar a notícia boa.

– A boa notícia é que encontramos um doador compatível ao sangue de seu pai, portanto o transplante poderá ser realizado – Ele sorriu, mas logo a expressão foi substituída por outra de decepção – A má notícia é que o estado crítico em que seu pai se encontra, nós não temos certeza se a doação vai adiantar de muita coisa. Ele está muito fraco e debilitado, há probabilidade de ele não se adaptar ao novo rim, o que pode acarretar á uma série de outros problemas e leva-lo á óbito.

– A mo-morte? – Eu indaguei – Não... – Lamentei, as lágrimas rolaram pelo meu rosto sem que eu pudesse me controlar.

– A medicina nunca desiste até que o coração do paciente pare de bombear – Ele dizia tentando me confortar – E se parar, nós ainda assim tentaremos faze-lo pulsar de novo. Eu afirmo á você que nós iremos tentar de tudo pra salva-lo.

– Tu-tudo bem – Eu enxuguei as lágrimas, mas elas insistiam em cair – Eu posso falar com ele?

– Sim – Ele confirmou se levantando e me entregando uma máscara que tapava o nariz e boca – Mas você têm que usar isto, pra evitar contaminação. O Sr. Mertens tem que ter o mínimo de contato com bactérias e germes nocivos, pra não piorar o estado clínico dele.

Peguei a máscara e vesti rapidamente, fui guiada pelo Dr. ao novo quarto em que meu pai se encontrava, para casos mais graves, ou como eu passei a chamar a partir de então “Quarto do quase-óbito”. Ele pôs a mão em meu ombro e repetiu:

– Lembre-se: nós nunca desistimos de um paciente, assim como não desistiremos de seu pai, certo?

– Certo – Eu confirmei, meu choro já havia cessado em pouco – Obrigada.

Ele consentiu com a cabeça e deu as costas, me deixando no corredor em frente ao Quarto do quase-óbito. Respirei fundo e peguei na maçaneta, a girei lentamente e abri a porta devagar. Ali estava ele, deitado com seus olhos azul turquesa á encarar o monitor cardíaco (Aquelas máquinas que indicam os batimentos do coração).

– É engraçado observar essa linha subindo e descendo – Ele disse com a voz rouca ao notar que eu estava ali, sem tirar os olhos do monitor – Apesar do barulho ser bem irritante ás vezes.

– Como o senhor tem passado? – Eu me sentei ao seu lado

– Dormir em camas duras e comer comida de hospital não é bem o paraíso, mas estou lidando bem – Ele virou o olhar pro teto – Esse lugar é frio á noite, mas as enfermeiras são quentes.

– Pai! – Eu exclamei repugnada, mas logo voltei á mim. Não posso perder a paciência com ele – Estou me referindo á você, não ao hospital ou ás enfermeiras quentes. Como você está?

– Morrendo – Ele se virou pra mim – Como eu pareço estar?

– Morrendo – Eu repeti cabisbaixa – Não perca as esperanças, ok? O Doutor Carter me afirmou que vai fazer o que puder pra te salvar – Eu sorri – Em breve o senhor estará liberto daqui, correndo como um jovem cheio de vida!

– Ora, não exagere – Ele revirou os olhos – Eu estou morrendo, isso é fato. Se eu sair daqui, vai ser direto pra um cemitério! Se ao menos o Finn tivesse um mínimo de decência e compaixão e viesse logo me doar a droga do rim enquanto ainda havia tempo, talvez eu poderia pensar na hipótese de sair daqui vivo – Ele tomou fôlego e voltou a falar, menos alterado – Agora é tarde, eu só quero aproveitar meus últimos momentos de vida miserável em paz.

– A culpa não é do Finn – Eu falei – O senhor abandonou ele a vida toda, e ainda quer que ele pague de herói? A coisa toda só piorou quando ele descobriu a mãe morreu, e por culpa sua. Não tiro a razão dele de jeito nenhum.

– A culpa não é minha se a Rosalie não quis abortar esse verme – Ele falou cuspindo – Não quis tirar o filho, eu mandei pra rua mesmo. Se ela não arrumou um emprego e morreu mendiga o problema é dela.

– Rosalie? – Eu me afastei – O nome da mãe do Finn é Rosalie?

– De que importa o nome dela? – Ele bufou – Já está morta mesmo, não pode mais manchar meu nome, quem corromper minha imagem, bem feito pra ela.

– O senhor é deplorável – Eu falei ocultando o que eu sabia sobre a misteriosa Rosalie

– O que importa é que agora eu arrumei um otário membro de uns esquemas que eu tenho pra doar um rim pra mim, só temo que não dê certo. A doação será feita amanhã mas acho que será tarde de mais.

– Esquemas? – Eu indaguei – Que esquemas?

– Vá pra casa, Fionna – Ele voltou a encarar o monitor – Eu já falei de mais e você já escutou o que não devia. Já viu seu pai antes de morrer e é isso aí, vá embora que eu não preciso mais de você, nem do Finn e muito menos de ninguém.

– Você só pediu perdão pra ter nossa confiança e pegar o rim do Finn pra você?

– Olha só, você não é tão burra assim – Ele deu meio sorriso – Era mais ou menos isso a expectativa, mas esse Garoto, o Finn, é como uma rocha e não caiu na minha lábia – Ele deu de ombros – Pena, é só mais um coitado na minha lista.

– Un? – Eu indaguei de novo

– Você ainda tá ai, menina? Vai embora, xô! Eu estou te expulsando, te enxotando como uma ratinha, não sacou? – Ele se virou pra mim – Entendeu ou quer que eu desenhe? Vai embora e me deixe morrer em paz.

– Cretino – Eu murmurei decepcionada – Que morra então, eu pensei que você tinha mudado.

– É, você é mesmo tão burra assim.

Fechei a porta atrás de mim e me veio uma ânsia e uma vontade de chorar novamente. Eu sentia nojo, raiva, repugnância e pena ao mesmo tempo em relação á aquele velho babaca! Que ódio!

Saí do hospital e fui recebida por um vento gelado vindo da orla da praia, junto com uma rajada fina de chuva, fui rapidamente ainda contendo minhas lágrimas em direção ao ponto de ônibus e fiquei por um tempo ali parada e desolada. Tudo que eu precisava agora era de um abraço do Marshall, da Cake ou de quem quer que fosse. Eu só precisava de afeto e um mínimo de compaixão vindo de quem quer que seja, que estava em falta da parte do meu pai. Como pode uma pessoa ser tão cruel assim?

POV Marshall

O sol já tinha se posto de vez quando ficou escuro e as nuvens de chuva começavam a se juntar no céu. Observava a chuva começar á cair sobre a cidade na varanda do apartamento, enquanto esperava Fionna chegar.

– Ela tá demorando, né? – Cake chegou do meu lado, também se escorando na varanda e me oferecendo uma xícara de qualquer coisa que saía fumaça e tinha cheiro bom.

– Será que ela vai demorar muito? – Peguei a xícara de qualquer coisa e bebi um gole, era cappuccino.

– Presumo que sim – Ela respondeu olhando pra avenida – O trânsito fica um inferno esse horário, e sempre que chove parece que os motoristas desaprendem a dirigir.

– É verdade – Eu ri – Aposto que assim que ela chegar, ela já vai vir torrando minha paciência sobre o segredo da Bonnie novamente.

– Depende da notícia que ela receber no hospital – Ela disse – Pode ser que ela venha arrasada. Prepare seus abraços e palavras de consolo.

– Você acha que o Mertens... morreu? – Eu perguntei com receio de que ela me ache inconveniente (afinal, era do pai dela que eu estava falando)

– Acho que não – Ela respondeu e deu um riso tristonho – Vaso ruim não quebra fácil. Eu não sei porque, mas eu simplesmente não consigo perdoá-lo... Você acha que ele foi sincero?

– Você pergunta isso pra mim? – Eu indaguei – Lógico que não, eu não costumo confiar muito nas pessoas, você já sabe porque, ainda mais se essa pessoa for o Mertens. Ninguém muda de uma hora pra outra.

– É – Ela confirmou voltando os olhos para a avenida – Vamos mudar de assunto, sim? Não gosto de falar dele

– Foi mal – Eu disse – Está ficando tarde, eu tenho que ir pra casa, já tumultuei sua casa de mais e a minha velha deve estar preocupada.

– Que nada, você já é de casa – Ela sorriu – Pode ficar se quiser, dorme na sala que eu ligo pra Harvey.

– Todo mundo já foi embora, já tá na minha hora – Eu vesti o casaco

– Tudo bem – Ela repousou a caneca na varanda

Me despedi do Finn, que estava na sala e a Cake me acompanhou até o portão lá embaixo.

– Ahh, e não conta nada sobre a Bonnie pra Fionna, por mais que ela te pressione não abra a boca! – Eu a lembrei

– Não sei de nada – Ela fez tipo um zíper fechando na frente dos lábios – Minha boca é um túmulo – Ela afirmou – Só toma cuidado pra ela não descobrir, porque se não vai ser pior... quanto antes você contar pra ela melhor

– Eu sei, eu sei – Eu cocei a nuca – Só preciso de um tempo – E dei um beijo na bochecha dela – Obrigado, viu?

– Hunf – Ela suspirou – E pelo amor de Glob, compra logo esse chinelo lanterna pra ela antes que ela se lembre e saque que você mentiu.

Eu ri e fiz sinal de “não enche”, ela fechou o portão e eu dei as costas, indo em direção ao subúrbio. Hoje eu vou andando, se eu pegar um ônibus não vou chegar antes das 10h e os metrôs devem estar mais lotados do que nunca.


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Notas finais do capítulo

Olha Marshall, eu acho bom tu ficar esperto, se não é capaz de tu apanhar tanto quanto a Bonnie. A bomba Fionna está prestes a explodir, e eu só irei observar a discórdia se formando.
Oh my glob, Cakelinem o casal polêmico voltoou! (ノ◕ヮ◕)ノ*:・゚✧ o amor está no ar! (Então é melhor usar uma máscara de gás) huehuehue
O que acharam do capítulo, seus lindos e cheirosos? Críticas construtivas são bem vindas.
Quero reviews! hu3 Um beijo enorrme! Até!