Show Me Love escrita por noOne


Capítulo 35
I Can't Believe




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POV Marshall

– Pelo amor Cake, me promete! A Fionna não pode saber disso! – Eu implorei

– Não posso saber de quê? – Fionna apareceu do nada do nosso lado

– Fionna! – Eu dei um pulo

– O que eu não posso saber? – Ela insistiu

– N-não é nada, nada... – Eu estava claramente nervoso

– Ah, agora fala! O que eu não posso saber? – Ela me pressionou – Hein, Cake?

– Não é nada Fionna, deixa de ser pé no saco... – Cake respondeu

– Se não é nada porque vocês não me dizem? – Ela questionou

– Porque você não precisa saber, não é importante – Eu respondi

– Então me fala o que é! O que eu não posso saber?

– Não é da sua conta, é isso! – Marshall disse

– Aah, agora é assim? Perdeu o amor pela vida? Você não sai daqui enquanto não me disser!

– Para com isso Fionna, se eu to dizendo que não é importante é porque não é, para de encher a paciência!

– Não vai falar?

– Não!

– Firmeza então, to indo – Ela deu as costas – Mas depois não diz que eu não avisei.

– Não espera! – Eu a segurei – Tá bom, eu digo

– Então fala logo!

– Promete que não vai surtar? – Cake perguntou

– Prometo! – Ela respondeu

– É queee... – Cake tentava enrolar – O Marshall... o Marshaall...

– O Marshall...? – Ela arqueou a sobrancelha

– Ele comprou um...

– Eu-eu comprei um...

– Um...?

– Chiii...neelo

– Lanterna!

– O Marshall comprou um chinelo lanterna? – Ela franziu o senho

– Isso! Eu comprei um chinelo lanterna pra você, é isso!

– Pra que eu vou querer um chinelo lanterna? – Ela questionou desconfiada – E porque vocês não queriam me falar?

– Porque era uma surpresa ué – Cake justificou

– É, sua estraga prazeres.

– Isso não faz sentido... cadê ele então?

– Cadê o que?

– O presente que você disse que comprou, cadê?

– Tá lá em casa, eu esqueci

– Vamos lá então, quero ver.

– Agora não fi, nós estamos muito cansados, amanhã eu trago, né Cake?

– É-é, sim

– Hmm, ainda não engoli essa história.

– Você é muito desconfiada – Eu passei meu braço pelo seu ombro – Vamos entrar, aqui fora tá muito frio.

– Isso, vai na frente – Cake a empurrou pra porta

– Isso tá muito mal-explicado e vocês estão mais nervosos que o normal – Ela resmungou, mas logo cedeu e entrou – Eu vou descobrir de um jeito ou de outro, tá ouvindo?

– Aonde caralhos eu vou arrumar um chinelo lanterna pra essa garota!?!? – Eu perguntei assim que Fionna saiu

– Sei lá cara, se vira, procura na internet.

– Agora é se vira né?

– Lógico, quem mandou ficar de graça com essa Bonnie?

– Ela é legal tá, só foi algo impensado.

– Legal vai ser minha mão voando na sua cara.

– Ogra

– Irresponsável

Entramos em seguida, Fionna não parava de me olhar com cara de desconfiada, eu sorria nervoso e desviava o olhar, ela cerrava os cílios.

– Então, Finn... – Cake tentava dispersar o clima tenso – O que você tá achando da casa?

– Bom, é bem melhor que a prisão – Ele respondeu – Mas não me sinto bem em ficar dependendo de você assim.

– Não esquenta, tu é meu irmão ou não é?

– Sou, mas...

– Então pronto, meu filho! Fique á vontade, tudo é seu aqui. Bom, quase tudo...

– Valeu Cake – Ele sorriu – Sinto muito ai pelo pai de vocês.

– Pelo nosso pai, você quis dizer – Fionna comentou

– Não o vejo como meu pai, ele foi um carrasco comigo – Ele disse

– Disso nós sabemos, mas agora ele se arrependeu, você podia pelo menos tentar ser compreensivo – Eu falei

– É, pode ser – Ele puxou a manga do casaco e fitou o punho – Não dá nem pra acreditar que o sangue que corre em mim é o mesmo que o dele, que o da fi... é tão estranho!

– É, é mesmo... – Cake deu uma pausa – Falando em sangue, qual o seu tipo?

– Eu nem sei direito, quando eu entrei na cadeia eles fizeram uns bagulhos obrigatórios e disseram que eu era O negativo – Ele desceu o casaco – Porque a pergunta agora?

No momento todos gelaram, inclusive eu que eu sempre fui frio, fiquei boquiaberto quando ele falou

– O que você disse? – Fionna levou a mão á boca – Repete!

– Eu disse alguma coisa errada? – Seu sorriso se desfez – Não olha pra mim com essa cara, o que eu fiz?

– Você nasceu! – Ela sorriu incrédula – Você nasceu O-!

– Eu o quê? – Ele franziu o cenho quando Fionna praticamente pulou em cima dele e o abraçou

– Você é O- Finn! Você é O-!

– E dai que eu sou O-? – Ele a abraçou também – Ela surta assim sempre?

– Cara, tu salvou a pátria – Eu disse

– Quem diria hein, isso vai dar uma puta lição pro Mertens – Cake afirmou

– Mano, porque você nunca disse que era O negativo?

– Não achei que fosse importante, o que tem de mais? – Ele indagou confuso

– Finn... – Cake sentou ao seu lado, séria – Eu sei o quanto você odeia seu pai, sei que você ainda não superou o fato de ele não ter te aceitado de início e só ter te assumido agora. Mas o fato é que ele precisa de você mais do que nunca agora, você entende?

– Tá, eu estou boiando no assunto, o que tem haver?

– Acontece que o Mertens está com câncer nos rins em estágio quase terminal, como você deve saber – Ela continuou – Mas assim que você saiu da sala o médico avisou que ele precisa de um transplante urgente, mas o paciente tinha que ter o mesmo tipo sanguíneo que o dele.

– O-? – Ele questionou, mesmo já sabendo da resposta.

– Exatamente. Você já sabe o que eu vou pedir né?

– Ahhh não Cake – Ele cruzou os braços – Sem chance!

– Por favor Finn! Você vai deixar ele morrer por puro orgulho? – Fionna falou

– Vou – Ele deu de ombros – Ele me abandonou minha vida toda! Porque espera que eu seja bonzinho com ele agora?

– Por favor Finn... irmão... ele é seu pai! – Fionna suplicou

– Não dá Fionna, desculpa. Me recuso á doar meu rim pra ele, esse velho não merece!

– Faça isso por mim então, por nós! Por favor, eu não posso perder ele! – Ela insistia – Você não pode ser tão ruim assim!

– Não me faça como o vilão, você sabe mais do que ninguém que o antagonista aqui é seu pai, não eu!

– Será que você não tem coração? O que custa você doar pra ele? – Ela falou

– Custa muito, custa meu orgulho, custa meu ódio!

– Finn, você é o único que pode salvar ele – Cake disse – Eu sei o quanto você o odeia, mas você pode por favor deixar seu orgulho de lado e salvar uma vida? Não é nem por ele, faça isso por nós!

– Sei lá Cake, eu simplesmente não consigo dar uma parte de mim pra salvar aquele cretino.

– Lembra que no começo ele deu uma parte dele pra trazer a vida á você – Eu falei (Porque diabos eu estava defendendo o Mertens?)

– Involuntariamente! Ou você pensa que ele me quis? - Ele respondeu

– Tem razão, mas agora ele se arrependeu, doar uma parte sua é a melhor forma de dizer “eu te perdoo” pro seu pai – Eu insisti

– Acontece que eu não perdoo ele! – Finn rebateu

– O deixar morrer só vai provar que você é tão ruim quanto ele – Eu falei – Você tem duas alternativas: doar e provar que você é melhor que ele, assim ele terá uma dívida eterna com você...

– Ou não doar e deixar ele morrer, sendo culpado pelo resto da sua vida pela morte de alguém que precisava da sua ajuda – Fionna completou

– Olha, esse joguinho psicológico pra eu me sentir culpado não vai funcionar, ok?

– São apenas fatos – Jake disse – E ai, bro? Como é que vai ser?

– Ahh eu não sei, não sei! – Ele coçou a nuca – Eu vou pensar

– Pense bem, por favor – Fionna pediu – Você não vai levar essa culpa pelo resto da sua vida né?

– Não tenho culpa nenhuma, não estou de acordo com isso – Ele disse – Cake, você pode me emprestar o telefone?

– Claro, é todo seu – Ela disse o entregando

POV Finn

Peguei o telefone e disquei o número que estava no papel que o Mertens me entregou, chamou umas duas vezes quando uma mulher com voz séria atendeu.

– Funerária St. Jude, bom dia.

– Ér, bom dia – Eu respondi

– Com quem eu falo? – A mulher perguntou

– Com Finn... Finn Mertens

– O que gostaria?

– Desculpe, acho que foi um engano, devo ter discado errado.

– Quem sabe... o que o senhor gostaria? Talvez eu possa ajudar.

– Você deve conhecer George Mertens né?

– Claro, um senhor negócios. Quem não conhece? – Eu podia sentir o tom de satisfação em sua voz – O que deseja?

– Eu queria saber da minha mãe, Mertens me mandou ligar pra esse número

– Ah sim, agora eu me lembro... ele deixou avisado que você ligaria.

– Tá, e então, posso falar com ela?

– Infelizmente não vai ser possível – Ela respondeu

– Ela está ocupada? Eu posso ligar outra hora, tenho todo tempo do mundo.

– Sinto lhe informar garoto, mas sua mãe... ela faleceu.

Fiquei em silêncio por um tempo, ainda não tinha caído a ficha

– Finn? – Ela disse do outro lado da linha – Menino, você ainda está ai?

– S-sim, estou – Eu respondi trêmulo – Como assim faleceu, n-não pode ser

– Meus pêsames.

– Co-como isso aconteceu? Quando?

– Já faz uns 3 anos, falência múltipla dos órgãos – Ela falou – Ela era moradora de rua, bebia muito, só foi procurar ajuda tarde, sabe como é né. Eu sinto muito mesmo.

– Certo, uma dúvida a menos na minha cabeça.

– Não era isso que você gostaria de ter ouvido, não é? – Ela perguntou com voz de pena

– Tem razão, não mesmo – Eu confirmei – É uma pena que eu não possa ter conhecido ela, tudo isso é culpa desse desgraçado, cretino, tirano do meu pai!

– Oi? – Ela indagou

– Deixa pra lá – Eu respondi – Obrigado mesmo assim.

– Claro, mais uma vez sinto muito, meus pêsames.

– Obrigado, valeu

– Passar bem – Ela desligou

Coloquei o telefone novamente no gancho, todos me encaravam na maior expectativa, esperando eu dizer algo.

– E então? – Cake quebrou o gelo – Conseguiu falar com ela?

– Não – Eu respondi desolado

– Ela não estava? – Fionna perguntou

– Não, não estava – Eu me levantei

– Aonde ela foi? – Jake falou

– Quando ela volta? – Marshall indagou

– Ela não volta

– Viajou? – A tonta da Fionna perguntou

– Ela morreu, tá legal? – Eu explodi – Ela não vai voltar porque ELA MORREU! Satisfeita?

– Putz – Jake encarou o chão

– Vish – Marshall pôs a mão no bolso

– Nossa... desculpa Finn, eu não sabia – Fionna se sentou ao meu lado – Foi mal

– Tudo bem, tudo bem – Eu me levantei – Eu só preciso descansar um pouco.

– Têm um quarto desocupado no fim do corredor, você pode ficar lá

– Valeu, Cake – Eu agradeci – Assim que eu puder eu saio da tua aba

– Não se preocupa, pode ficar o tempo que quiser.

Não disse mais nada, só segui até meu quarto e tranquei a porta atrás de mim. Eu não sabia o que pensar, nem como agir, estava completamente desnorteado com essa notícia, que eu sinceramente não estava esperando ouvir. Talvez até estivesse, mas não é fácil aceitar o fato que sua mãe morreu assim do nada, e você nem teve a chance de conhece-la, isso é duro. E todos sabemos muito bem de quem é a culpa. Hunf, e eles ainda querem que eu doe meu rim pra aquele cretino. Na boa, sério isso?


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Notas finais do capítulo

Eu não queria ser o Finn nessa hora, o que vocês fariam no lugar dele?
Isso é tudo pessoal, até domingo!