POV Fionna

Não conseguia parar de pensar na vadia cor-de-rosa e da forma como ela arrancou minha irmã, namorado e cunhada de uma vez só pra longe de mim. Eles devem estar se divertindo e rindo enquanto eu fico aqui grilada, com a cabeça rodando de tanta neura, sozinha. Ela pode estar agora dando em cima do Marshall, e ele deve estar adorando isso. Estava tão perdida em meus pensamentos que quase perdi a parada, desci um ponto depois e voltei andando um quarteirão, saí da avenida e entrei numa estrada pavimentada que dava no presídio. Era enorme e um pouco afastado da cidade.

Entrei em uma fila enorme de visita aos presos, tinha umas mães chorando e uns pais com cara de sofrido, outras meninas mais novas que deviam ser irmãs ou namoradas dos presidiários e algumas crianças com barriga de lombriga. Aquilo era triste, eu me sentia mal sem saber exatamente por que. A parte pior foi pra entrar, eles têm que revistar tudo. Tudo mesmo, literalmente.

Quando finalmente consegui entrar, descobri que alguém já estava fazendo uma visita ao Finn. Achei que poderia ser o Jake então avisei ao policial que eu podia esperar. Ele deu de ombros e disse que eu poderia esperar na frente da cela, afinal a outra visita já estaria saindo.

Quando cheguei lá avistei uma garota com os cabelos ruivos gritando com o Finn:

– Finn! Como você pode ser tão... grrr! I-di-o-ta! Eu falei pra você não se envolver com esse Gumball, mas não... você veio com essa: “não se envolva com meus assuntos, princesinha!” - A garota estava espumando. Pera, princesinha? Então ela era namoradinha do Finn?

– Calma, amor... – O dito cujo falou

– Amor coisa nenhuma! Seu filho de uma égua, como é que você faz isso comigo, hein? - Garota enfezadinha... – Seu safado! Bem feito pra você estar preso! Que raaaiva!

Vish! Parece que eles estão numa DR!

– Calma, princesinha! Desculpa, eu vou tentar consertar isso, viu? – Ele disse a beijando.

– Você é um idiota – Ela suspirou – Tá, eu te perdoo, mas não faça isso nunca mais, ta? Tome aqui o bolo que eu trouxe pra você.

– Obrigada, amor.

O policial olhou para minha cara suprimindo o riso:

– Ela vem aqui todo dia .É muito engraçado ver eles discutindo! – Dizendo isso ele caminhou para a cela - Ok ok, já chega. A visita acabou!

A garota finalmente notou que eu estava ali e disse:

– Puxa, Finn! Não sabia que você tinha uma irmã, apenas o Jake e sua sobrinha!

– Hum? – Ele franziu o cenho confuso – Eu não tenho nenhuma irmã!

POV Marshall

Eu sinceramente não sei o que está acontecendo com a Fionna hoje. Depois da aparição da Bonnibel ela fechou a cara e começou a ficar toda ignorante comigo e nervosa sem motivo.

É óbvio que isso é ciúmes, mas eu juro que não fiz por mal! Qual é, ela é a “mulher” da minha vida, cara! Minha garota, minha “bro” não há motivos pra se preocupar. Se bem que essa Bonnie é bem gatinha mesmo e está me dando mole. Confesso que posso estar levemente atraído por ela, mas eu sei me segurar, não sou nenhum moleque.

– Que filme vocês querem assistir? – Marcy perguntou pegando um folheto do cinema com os horários.

– Sei lá, o que está em cartaz? – Eu perguntei, faz séculos que eu não saio pra me divertir desde aquele ocorrido.

– Vamos ver um de terror! – Marceline exclamou empolgada

– Nah, ficção científica – Cake disse.

– Terror!

– Ficção!

– Terror!

– Ciência é vida, sua macabra – Ela cruzou os braços

– Sangue é melhor, sua nerd – Ela revirou os olhos

– Ficção e pronto acabou.

– Cara, terror é muito melhor.

– Eu gosto de comédia – A Bonnie entrou na discussão – O que você prefere, marsh?

– Eu? Ah, erótico é bem legal – Eu disse sem pensar bem no que estava dizendo – Q-quer dizer... vocês é quem sabem! Eu-eu vou pegar a pipoca.

Eu saí todo vermelho e entrei na fila da pipoca

– Espera, eu vou com você – Ela me seguiu e entrelaçou seu braço no meu, como se fossemos um par – Elas brigam assim sempre?

– É, coisa boba de casal – Eu me desfiz dela sutilmente – Pipoca salgada ou doce?

– Doce, por favor – Ela insistia em continuar se escorando em mim – Então... você e a Fionna...

– O que tem ela?

– Vocês estão juntos ou algo assim?

– Ah sim, ela é minha namorada. Estamos juntos á uns 4 meses mais ou menos, eu não sou bom com datas, mas eu acho que é mais ou menos isso.

– Hm... como você atura ela?

– Como assim?

– Tipo... ela é toda nervosinha, fica brava por tudo! Uma chata.

– Ah não, não... ela é de boa, acho que ela estava com ciúmes de você

– De mim? – Ela fez uma cara de sonsa – O que eu fiz?

– Sei lá, ela não foi com a sua cara.

– Percebi. Bem, é bom ela se cuidar... gatinho do jeito que você é, se ela continuar insuportável assim logo logo vai ter perder – Ela deu as costas e foi em direção ao casal brigão.

– Terror!

– Ficção!

– Vamos assistir uma comédia romântica! – Bonnie sugeriu

– Comprei a pipoca – Eu cheguei em seguida – Já decidiram?

– Ah, eu não quero mais assistir filme nenhum então – Marcy disse.

– Eu também não quero mais ver porcaria nenhuma – Cake respondeu e se virou pra ela – Satisfeita, Marceline?

– Aargh! Você sempre faz isso! Tudo tem que ser do seu jeito!

– É você que insiste em teimar comigo sempre!

– Me diz um exemplo – Ela cruzou os braços

– Como aquela vez em que você... – Elas saíram discutindo, deixando nós dois sozinhos no pátio do cinema.

– Eer, então... você ainda quer assistir um filme? – Eu perguntei coçando a nuca

– Claro – Ela respondeu – Ainda tenho você pra me fazer companhia.

– Tá, o que você quer assistir?

– Adoro comédia romântica – Ela sorriu.

Compramos a entrada e assistimos a porcaria do filme super-hiper-mega tedioso. Comédia romântica é um saco! E ainda por cima a gatinha da Bonnie aproveitava a situação pra ficar se esfregando em mim, aquela garota se insinuava mais do que a Caroço. Eu só espero que esse filme termine logo, porque por glob! Eu não estou me aguentando!

– Hey, marsh! – Ela sussurou

– O que foi?

– Tá muito frio aqui, me empresta seu casaco?

– Tá, toma – Eu tirei de mim e a entreguei, congelando.

– Hmm, que cheiroso – Ela pegou o casaco e vestiu – Obrigadinha, você é um fofo! – E beijou o canto da minha boca sem querer, eu fiquei todo vermelho e ela encostou-se em mim.

POV Fionna

– Oi Finn – Eu cheguei mais perto da cela

– Fionna? – Ele se virou pra mim – O que você tá fazendo aqui? Cadeia não é lugar para uma burguesinha.

– De onde a conhece? – A namorada dele perguntou

– Longa história – Ele disse

– Sua visita já acabou, Flame. – O policial a guiou até a saída.

– Tchau, amor – Ele disse – O que está fazendo aqui? – Ele se virou pra mim

– Nós precisamos conversar

– Sobre?

– Sobre George Mertens.

– De onde você conhece esse cretino? – A expressão dele mudou completamente

– Ele... ele é meu pai.

– O quê? – Ele se afastou de mim – Q-quer dizer que você...

– Sim – Eu olhei em seus olhos azul-pscina arregalados – Eu sou sua irmã.

– Não, não, não! – Ele andava em círculos na cela – Não pode ser!

– Mas é. Eu também me recusei a acreditar de início.

– Como você nunca me disse nada? Mesmo quando... aquela vez... você sabe! Como você pode me esconder isso, mano?

– Eu só fiquei sabendo esses dias, só pude vir agora.

– Eu não acredito que eu quase comi minha irmã! – Ele levou as mãos á cabeça

– Aquilo foi um lance do passado, dá pra esquecer isso?

– Não, não dá! Lógico que não dá!

– Ah, vai ter que dar.

– Quem mais sabe disso?

– Sabe o que?

– Que você é minha irmã, caralho!

– Eu, a Cake, minha cunhada e meu namorado.

– Seu o quê?

– Foi o que você ouviu. Jura que não vai ficar bolado?

– É obvio que eu vou, “cê é loco!”

– Tenta esquecer isso.

– Tudo bem, eu amo a Flame – Ele se acalmou – Era só isso?

– Só isso? Você acha isso pouco?

– Não, eu preciso descansar.

– Tudo bem, quer que eu venha aqui amanhã?

– Por favor.

– Certo, eu trago a Cake – Eu dei as costas – Se cuida.

– Ei! Espera! - Ele me chamou de volta – O que ele disse pra você de mim? Digo, seu pai

– Ele disse que mandou sua mãe embora depois que descobriu que ela estava grávida e daí ela virou moradora de rua ou sei lá

– Ele não sabe mais nada sobre ela?

– Não, ele disse que nunca mais soube nada sobre dela depois daquela noite. Ele disse que ela deve ter morrido

– Cretino, ordinário, desgraçado! – Ele socou a parede – Era minha mãe, cara! Minha mãe!

– Foi mal, eu não sei nada sobre ela.

– Também não, nem sei como ela é. Ela só existe na minha memória.

– O que houve?

– Ela me largou quando eu era bebê, daí os pais do Jake me encontraram e me criaram.

– Talvez quando você sair daqui tu possa correr atrás disso e encontrar ela

– Daqui á uma semana eu estou livre

– Eu posso te ajudar a procurar, a Cake tem vários contatos na cidade, ela pode ajudar.

– Ok, valeu

– Que nada – Eu me despedi – Até.

Ele não disse mais nada, então eu dei as costas e fui embora. Já estava escuro e eu não queria sair daquele lugar isolado sozinha, então liguei pro Marshall mas o celular daquele inútil estava desligado, provavelmente deve estar com a Bonnie. Liguei pra Marcy e só dava caixa postal, liguei pra Cake, que finalmente me atendeu:

– Agora não dá Fionna, liga mais tarde!

– Mas...

– Dá pra você desligar essa droga e prestar atenção no que eu digo? – A Marcy berrou do outro lado da linha

– Você quer que eu deixe essa merda tocando, Sra. Centro do Universo? – Cake retrucou?

– Me deixa em paz, que bosta!

– Tá, tá! Faz o que você quiser então, eu to indo embora!

– Quem vai levar o Marshall e a Bonnie em casa?

– Sei lá, se vira! Pega um ônibus!

– Você vai me deixar sozinha no shopping mesmo? Ei! Volta aqui que eu to falando com você! Caaaake!

– Alô? – Eu falei mas ninguém respondeu.

Desliguei o telefone e fui embora sozinha, mesmo me cagando de medo eu fui já que todo mundo me esqueceu depois que aquela macumba rosa apareceu. Pra piorar a situação caiu um toró e eu entrei no ônibus toda ensopada. Cheguei em casa, ela estava vazia, então entrei debaixo do chuveiro e me joguei na cama. Disquei o número do Marshall

– Fala Fionna

– É assim que você fala comigo?

– Foi mal, fala.

– Tá ocupado

– Não, eu to no cinema, não posso atender!

– Com quem?

– Com a Bonnie. Por favor, não surta!

– Como você quer que eu não surte! Seu cachorro!

– Eu ia vir com a Marcy e a Cake mas elas brigaram e foram embora

– Arrgh! Sai daí agora!

– Não.

– Como assim não? Você vai ficar ai com essa... essa... vaca?

– Calma ai, você tá muito alterada!

– Alterada o caramba! Você tá sozinho no cinema com essa vadia e quer que eu esteja calma?

– Ela tem razão, tu tá um saco mesmo!

– Eu é que to um saco? Você me deixou ir sozinha pra uma cadeira só pra sair com essa piranha e eu tive que voltar só por uma mata escura e chovendo ainda por cima!

– A culpa não é minha, você foi aí por que quis!

– Você tinha que estar aqui comigo!

– Olha, eu não posso ficar falando no celular agora, o pessoal já tá reclamando aqui!

– Ah, manda todo mundo se fuder! Vai á merda você também!

– Vai você oshe, ta pagando de louca aí!

– Porque você tá sendo tão duro comigo?

– Você é que é mole demais

– Tá bom Marshall, vou lembrar disso

– Ta, agora para de encher o saco, eu quero ver o filme

– Você vai me trocar por um filme? – Eu estava quase chorando

– Ah, não enche Fionna! – Ele desligou na minha cara.

Legal, agora eu estou sem pai, sem mãe, sem Cake, sem Marcy, sem Marshall. Resumindo: sem ninguém. Todo mundo me trocou por ela, ninguém mais sem importa comigo, foda-se a Fionna!