Show Me Love escrita por noOne


Capítulo 28
One More Mertens




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/475772/chapter/28

POV Marceline

Contei toda a história para Fionna e Cake, e a reação de Marshall ao saber que eu fiz isso não foi das melhores. Ele ficou todo alterado, não queria de jeito nenhum que elas soubessem do que aconteceu, não sei por que. Depois voltou ao seu drama, quando saiu pela porta, sem rumo nem hora pra voltar. Só espero que ele não faça nenhuma besteira dessa vez. Mais que coisa! Porque esse menino é assim?

Ficou um tempo fora e só voltou a noite, lá pelas 9 e meia sem hematomas, nem advertências, nem tragédias, nem ocorrências e nem nada, só com cara de afetado. Achei até estranho. Se sentou ao meu lado e começou a pedir desculpas por ser o pior irmão do mundo, do tipo mais ingrato de todos.

– Foi mal, Marcy

– Foi mal não é desculpas. Fala direito

– Desculpa, você sabe como é difícil pra mim, desculpa.

– E mais o quê?

Ele suspirou.

– Desculpa por ser o pior irmão do mundo, por ser um ingrato e por ter dito um monte de merdas que você não precisava ouvir.

– E o que mais? – Eu ri começando a gostar da situação.

– Você quer que eu diga mais o que?

– Sei lá, se humilha aí pra mim.

– Você não tem jeito mesmo – Ele revirou os olhos – Tu não tem coração? Eu to dizendo perdão aqui!

– E eu to dizendo pra você se humilhar. Agora se ajoelha e diz que você é um babacão que chora por tudo

– Eu sou um babacão que chora por tudo – Ele repetiu de joelhos

–... e que faz drama desnecessário...

– Eu faço drama desnecessário

– e que é um vacilão

– Eu sou um vacilão

– e que vai lavar a louça por um mês

– eu vou lav... não pera! Espera!

– Continua que eu to gravando – Eu ri – Quero ter provas!

– Marcy!

– Vem aqui, seu boboca – Eu o puxei pro sofá e dei um cascudo nele, o apertando.

– Desculpa, Marcy, eu sei que eu tenho pagado de idiota ultimamente.

– Ultimamente? – Eu ri mais – Você é idiota desde sempre.

– Eu sei – Ele riu também – Eu sei que você me ama.

– Amo né, fazer o que? – Eu beijei sua testa

– É raro você me tratar tão bem assim – Ele disse estranhando.

– Verdade – Eu o soltei e o empurrei, pondo meus pés gelados em suas costas – Então vai fazer meu café, vai

– Ai porra! – Ele exclamou pondo as mãos em suas costas arranhadas.

– Hmmm, que arranhões são esses? – Eu sorri maliciosa.

– Você sabe o que são – Ele disse meio constrangido.

– Caramba, a Fionna não tem dó de você não? Que isso! Geente! – Eu levantei a blusa dele, deixando evidentes um monte de rasgos avermelhados.

– Para de gritar idiota, quer que a mãe escute?

– Ela sabe que o filho dela não é santo, NÉ MÃE? – Eu berrei.

– Cala a boca! – Ele tapou minha boca, eu o mordi.

– Ta, parei – E me joguei no sofá – Mas você ainda tem que fazer meu café.

Ele revirou os olhos e sumiu na esquina entre a cozinha e a sala, acho que foi fazer meu café. É bom tê-lo de volta.

POV Fionna

Bom, depois de ter o pior sonho de todos, impedir Marshall de um suicídio, escutar uma história bombástica sobre o mesmo e presenciar uma briga de irmãos logo em seguida, fui pra casa com Cake de carro, mas por uma eventualidade do destino, resolvi passar no bar do Jake, dar o ar da graça, conversar com ele e apresenta-lo á Cake, já que eu não tinha mais nada pra fazer naquele domingo tão “tedioso”.

– Coelhinha! – Ele me saudou com um sorriso discreto – Quem é essa?

– Minha irmã, Cake – Eu a apresentei.

– Muito prazer – Ela sorriu de volta e estendeu a mão anêmica dela, calejada de tanto estudar, áspera.

– O prazer é todo meu, gatinha – Ele a cumprimentou de volta, se referindo ao arco com orelhas de gato na cabeça dela, não estava a cantando – A mais velha é gata e a mais nova coelha, é isso? – Ele riu – Sr. Mertens tem um zoológico em casa?

– Engraçadíssimo você – Eu comentei dando um sorriso amarelo.

– Pois é – Cake sorriu por educação – Meu pai só sabe fazer garotas problemáticas com fixação por animais.

– Pois é – Ele riu sem jeito – Ele sabe fazer mais do que isso.

– Hã? – Cake fechou o sorriso.

– Nada, esquece.

– Ah, começou agora termina – Eu insisti ainda rindo, pois não tinha sacado a situação.

– Digamos que o pai de vocês saiba fazer mais do que uma coelha e uma gata.

– Como assim? – Eu comecei a entender, mesmo não querendo acreditar.

– Só estou dizendo isso – Ele olhou pro chão ainda sem jeito – Eu descobri algumas coisas hoje sobre o Sr. Tirano

Eu abri a boca pra dizer algo, mas ele continuou, impedindo que qualquer palavra saísse dela.

– Coisas que eu não fiquei feliz em saber, a pesar de já suspeitar – Ele buscava uma forma de nos dizer – Coisa que eu não queria que fosse verdade.

– Fala logo, caramba! – Exclamou Cake, que nunca foi exemplo de mansidão.

– Você conhece meu irmão né, o Finn? – Ele olhou pra mim

– Claro, ele pertence á gangue do Gumball. Como eu poderia me esquecer? – Eu senti um arrepio

– Pertencia – Ele me corrigiu – Ele saiu da gangue, largou o crime.

– Fácil assim? – Eu estranhei, já que sair de uma gangue era como tentar atravessar o oceano nadando: impossível.

– “Uma vez na gangue, sempre nela” Não é assim que funciona? – Cake questionou, reforçando meu pensamento.

– Ele não era um membro de verdade dela, só servia de “laranja” pro Gumball, era tipo um comparsa fraquinho. Se fosse uma bricadeira ele seria um “café-com-leite”. Tipo isso, entendeu?

– As regras não se aplicam á ele? – Cake concluiu.

– Exatamente – Jake confirmou.

– Tá, mas o que têm a ver isso agora? – Eu questionei.

– Bom, meu irmão como você já deve estar sabendo está na condicional.

– Não, não sabia.

– Mas sabe agora – Ele me interrompeu retomando sua conversa – Isso quer dizer que ele logo estará livre, por bom comportamento.

– Regime aberto – Cake suspirou indignada com a facilidade com que os crimes são tão facilmente perdoados, ignorados pelo governo.

(Nota da Autora: Eu sei que Inglaterra não é Brasil, mas relevem)

– Isso – Jake consentiu – Enfim, em uma dessas visitas ele me contou uma coisa que eu não gostaria de ter escutado, e acho que vocês já sabem o que é.

– Continue – Cake pediu, apreensiva.

– Eu peguei um fio de cabelo do Finn, e não me pergunte como consegui uma amostra de DNA do Sr. Tirano. Os resultados saíram hoje e eu precisava falar urgentemente com vocês.

– Ai meu Deus! – Cake disse em um tom baixo

– Espera, espera. Acho que eu devo ter entendido errado, não é possível.

– Você se acha parecida com seu pai né? – Ele perguntou enquanto colocava o envelope fechado em cima do balcão.

– Sim, alguns traços me lemb...

– Muito – Cake interrompeu – Você é a cópia do seu pai, Fionna.

– Você se acha parecida com o Finn?

Caralho... eu era a versão feminina daquele meliante! Como eu nunca nem se quer suspeitei?

– Abre logo essa droga – Cake levou a mão á testa, ainda em tom baixo.

Jake não disse mais nada, o bar estava todo em silêncio, não havia ninguém além de nós lá. Ele pegou um pequeno canivete suíço no bolso e abriu lentamente o maldito envelope. Puxou uma folha de lá de dentro. Laboratório Cold Spring, era o que estava escrito. Jake bateu a mão no balcão.

– Vocês querem que eu diga ou querem ver com os próprios olhos? – Ele perguntou sem tirar os olhos da folha.

– Me dá isso aqui – Eu tomei o papel de sua mão, o nervosismo predominava meu ser.

Li o que estava escrito com as mãos levemente trêmulas, mas ainda me recusava a acreditar. Larguei o papel na mesa e me levantei, sai do bar pra tomar um ar, sem dizer uma palavra, de olhos fechados, tentando convencer á mim mesma de que aquilo não estava acontecendo.

– O que está escrito ai? – Eu podia ouvir Cake perguntando, do lado de fora.

– Cara... – Jake fez uma pausa dramática – Positivo. Ele é mesmo seu irmão.

Cake tacou um copo de vidro na parede e levou as duas mãos á cabeça, apoiando os cotovelos no balcão.

– Eu pago por isso depois – Ela disse se levantando – F-foi um prazer te conhecer.

– Mais ou menos – Ele disse baixo ainda encarando o balcão.

– Eu-Eu preciso ir.

– Precisa mesmo – Ele afirmou.

– Até – Ela disse tentando se recompor, pegando o envelope – Eu vou levar isso.

– Falou. Desculpa soltar essa bomba assim tão de repente.

– T-tudo bem, eu preciso ir – Ela bateu a porta do bar, deixando Jake sozinho lá, ainda arrasado.

Nós entramos no carro e Cake deu partida, rasgando o pneu no asfalto. Não falamos muita coisa durante a viagem, nem tínhamos o que falar. Quem tinha mesmo que dizer alguma coisa era o Sr. George Mertens, o dono da razão. Esse sim nos devia muitas explicações.

– Por que você acha que o papai escondeu isso da gente? – Cake perguntou quebrando o silêncio.

– É tão estanho ouvir você falar dele assim... – Eu comentei, tentando fugir do assunto.

– Eu não consigo entender – Ela disse consigo mesma quando viu que eu não estava afim de entrar na conversa.

– Ele deve seus motivos – Eu falei – Motivo esse que eu duvido que ele nos conte.

– Não importa, eu arranco dele. Ele me deve satisfações.

– Sim, ele nos deve – Eu a corrigi sutilmente.

– Será que a mãe sabe disso?

– Duvido muito – Então tudo voltou a ser silêncio no carro, até a chegarmos em casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gent --' que bomba. Todos os créditos são para a LuVas, que deu essa ideia foda *--* O mérito é todo dela. Obrigada, Lu!
O que acharam do capítulo? O que poderia ser melhorado? Comentem!
Até terça, beijos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Show Me Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.