Garotas Mágicas escrita por RTM


Capítulo 7
Capítulo 7 - Direto da frigideira...




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Direto da frigideira...

Os carros faziam curvas desesperadas na rodovia. Alguns saíam pelo acostamento, outros não tinham tanta sorte e batiam e outros não tinham sorte nenhuma e recebiam diretamente as rajadas de energia rosa. Ryo continuava a corrida, concentrado em desviar dos carros que vinham pela frente e das rajadas de energia que vinham por trás. Em breve a estrada iria continuar em uma ponte. Ryo levou o carro ao acostamento e pouco antes de entrar na ponte desviou para fora da estrada. O carro descreveu um arco no meio do ar e aterrissou na margem direita do rio. Ryo deixou uma trilha sinuosa de lama pra trás na tentativa de manter o controle do carro. Depois de algum tempo lutando contra o volante ele retomou o controle e escapou de algumas rajadas de Pretty Angel Rose, que flutuava sobre o rio. Ryo então viu sua salvação à frente.

- Kazumi, me passe as granadas.

- Quê??

- Sem tempo pra discutir. Anda logo!

Kazumi tirou as granadas que estavam presas ao seu cinto e passou para Ryo. Ele as guardou sobre seu colo e girou o volante para a direita. O carro fez um giro de 90 graus e escorregou pela margem do rio. Logo em seguida Ryo pisou fundo no acelerador e levou o carro para dentro de um dos túneis que escoavam a água dos esgotos. O túnel era suficientemente grande para o carro caber sem problemas. Ryo tirou os pinos das granadas e as jogou pela janela logo depois de entrar no túnel.

- Um, dois, três...

A explosão violenta que veio em seguida fez o túnel tremer por alguns segundos. Subitamente tudo ficou escuro, apenas uma parte do túnel era iluminada pela lanterna esquerda do carro, que era a única intacta. A saída do túnel havia sido totalmente bloqueada por várias toneladas de terra. O som da explosão ainda ecoou por mais algum tempo até que o silêncio tomou conta do lugar. Ryo olhou pelo espelho traseiro e não viu nenhum sinal de algum brilho rosa. Eles finalmente estavam a salvo.

Depois de um tempo andando no labirinto de túneis de esgoto, Ryo encontrou uma saída para o rio. Se tivessem sorte, a garota mágica já teria desistido de caçá-los, mas este definitivamente não era seu dia de sorte.

Assim que o carro saiu do túnel uma figura elameada apareceu flutuando do lado. Pretty Angel Rose estava quase toda coberta por lama e sujeira, mas sua varinha ainda brilhava intensamente.

- Oooiii. Vocês cansaram de brincar de esconde-esconde? - ela disse com uma voz infantil, mas com um sorriso sádico indo de orelha a orelha.

O sorriso apagou assim que ela viu um objeto redondo voando em direção ao seu rosto. A explosão da granada lançada por Kazumi deu tempo a Ryo de pisar no volante e tomar distância. Pretty Angel se recuperou rapidamente do ataque e partiu em uma nova perseguição. Porém desta vez ela parecia estar cansada, pois começou a ficar pra trás. Isto deu a Ryo tempo para voltar à estrada, desta vez no sentido correto.

Mas o alívio de Ryo não durou muito. Uma enorme esfera de energia rosa passou voando, errando o carro por pouco, e abriu uma cratera do outro lado da pista. Pelo espelho retrovisor dava pra ver Pretty Angel Rose se preparando para lançar outra.

- Ryo! Sai daí, troca de lugar comigo. - Kazumi tirou o cinto de segurança e pegou o volante.

- Quê ? - Ryo viu a expressão no rosto de Kazumi que significava que ela tinha uma boa idéia. Mas geralmente as boas idéias dela levavam a problemas.

- Anda! Não dá pra explicar agora!

Kazumi ajudou Ryo a sair do assento do motorista e trocar de lugar com ela. Enquanto isso outra esfera de energia estava pronta para vaporizar o carro. A esfera rosa bateu de raspão na traseira do carro e foi abrir um buraco em um muro do outro lado da pista. Kazumi girou o volante e o carro fez uma curva de 180 graus na pista. No meio da curva ela chutou Ryo para fora do carro e pisou no acelerador. Os pneus assobiaram no asfalto e o carro partiu em velocidade máxima em direção a Pretty Angel Rose, que preparava outra esfera.

Quando se aproximou da garota mágica, Kazumi jogou o carro contra a guia na margem da pista. Por alguns instantes o carro manteve-se equilibrando nos dois pneus esquerdos. Então Kazumi usou a guia da pista como trampolim para lançar o carro no ar. O carro decolou e deu alguns giros na direção de Pretty Angel Rose. Então houve uma grande explosão, seguida por uma chuva de metal e plástico em chamas. No último momento Pretty Angel conseguira lançar a esfera de energia contra o carro, evitando ser atropelada em pleno ar.

Ryo chegou correndo até o local. Ele viu pedaços fumegantes do carro espalhados por toda a parte, mas nenhum sinal de Kazumi. Alguns metros à frente Pretty Angel estava caída no chão com o uniforme sujo e queimado. Seu corpo também mostrava sinais de queimadura e ela parecia ter desmaiado. Ryo aproximou-se e olhou fixamente para ela. Então a ergueu pela gola chamuscada da camisa de colegial. Com a outra mão ele agarrou o pescoço e começou a pressionar.

Por um momento ele parou. Estava prestes a cortar uma linha que ainda não havia cruzado. Ele iria acabar com a vida de uma garota mágica pela primeira vez. Mas naquele momento, por algum motivo, ele não conseguia sentir ódio, pelo menos não o suficiente para matar aquela garota. Ryo largou seu pescoço e então a deitou de volta no asfalto.

"Idiota! Você é bonzinho demais! Isso vai acabar te matando.", com um nó na garganta, Ryo lembrou-se das várias vezes em que Kazumi havia lhe dito isso. Ele podia até ouvi-la agora chamando-o de idiota.

- Idiota...

Ryo sentiu claramente ter ouvido alguém dizer isso. Ele se virou na direção da voz:

- Kazu...

Pretty Angel Rose estava de pé na frente dele. O seu braço esquerdo pendia em um ângulo esquisito, mas sua mão direita segurava uma varinha rosa. As queimaduras pareciam bem menores do que estavam alguns minutos atrás. Sim, ao contrário das pessoas comuns, que tinham que pagar plano de saúde, as garotas mágicas tinham a saúde delas garantida pela magia. Pretty Angel deu um sorriso diabólico, mostrando todos os seus dentes e apontou a varinha para o peito de Ryo. A esta distância não havia como ele escapar.

*BLAM*

Subitamente a varinha saltou da mão de Pretty Angel, como se tivesse vida própria. Ela parecia tão surpresa quanto Ryo.

*BLAM*

Sangue começou a escorrer do ombro esquerdo de Pretty Angel. Ryo olhou na direção do barulho e viu Kazumi de pé na beira da estrada, toda molhada e coberta de lama. Durante o vôo do carro ela provavelmente saltou na direção do rio. A expressão sádica que existia no rosto de Pretty Angel foi substituída por dor e medo.

- E-espera... - gaguejou Pretty Angel. - Po-por favor, não me ma-mate.

Kazumi deu alguns passos para frente, melhorando a mira da pistola.

- Olha... estou se-sem varinha. - Pretty Angel tremia. - N-não vou fazer na-nada. Não m-me mate.

Pretty Angel estava começando a soluçar. Lágrimas rolaram pelo seu rosto. Por mais que quisesse, Ryo não conseguia sentir raiva dela, mas também não sentia pena. Ele se virou para Kazumi e abriu a boca para falar.

- Idiota! - Kazumi o impediu de falar - O que eu sempre disse sobre você ser bonzinho demais?

Então Kazumi ignorou a reação estupefata de Ryo e caminhou até a garota mágica, que estava soluçando e tremendo.

- Quebre a varinha.

- O q-quê? - Pretty Angel Rose gaguejou e piscou os olhos sem entender.

- Pegue sua varinha e quebre se quiser continuar viva. - repetiu Kazumi.

Pretty Angel olhou para a varinha no chão e então olhou de volta para Kazumi.

- Apenas quebre a varinha e eu vou deixar você ir embora. - disse Kazumi numa voz mais calma.

- Vo-você promete? - Pretty Angel olhava com desconfiança.

- Sim, prometo. - Kazumi respondeu seriamente - Agora faça logo, antes que eu mude de idéia.

Prontamente Pretty Angel se ajoelhou e apanhou a varinha do chão. Então fechou os olhos e bateu a varinha contra o chão com toda a sua força. O cabo se partiu e a varinha explodiu, lançando fagulhas rosas no ar. As fagulhas cobriram todo o corpo de Pretty Angel. Ela encolheu e suas roupas queimadas sumiram. No final havia uma garotinha com roupas normais ajoelhada no chão, chorando desesperadamente.

Ryo aproximou-se de Kazumi. Ela guardou a arma dentro do casaco. Eles atravessaram a estrada e caminharam na direção da cidade.

- Você vai mesmo deixar ela assim? - perguntou Ryo.

- Eu fiz uma promessa, não fiz?

- Mas ela ainda pode querer voltar para se vingar.

- Hah, não se preocupe. - disse Kazumi com um sorriso. - Quando uma garota mágica quebra sua varinha por vontade própria, a magia a abandona pra sempre. Nunca mais vamos ver a Pretty Angel Rose bagunçando a cidade.

- Se você sabia disso, então por que sempre escolheu matar todas as garotas mágicas até agora?

Kazumi suspirou e olhou para Ryo com a cara de "não é óbvio?".

- Primeiro: é mais fácil matá-las logo no início, quando elas estão falando aquelas frases longas de inrodução, do que tentar negociar com elas enquanto tentam fritar o seu traseiro. E segundo: algumas garotas tem um senso de justiça deturpado que as faz acreditar que suas missões são mais importantes que suas próprias vidas.

- Então por que você escolheu não matar a Pretty Angel? Você viu alguma coisa nela? - perguntou Ryo, curioso.

- Não, na verdade, foi pura sorte. - Kazumi sorriu e piscou o olho.

Ela puxou a arma de dentro do casaco e tirou o pente de balas. Ele estava vazio.

E então Kazumi e Ryo andaram mais um pouco até encontrarem um táxi. A viagem até o escritório foi rápida, comparado com o tempo de negociação com o taxista por toda a lama e sujeira no banco traseiro.

Kazumi subiu as escadas rapidamente. Assim que chegasse ao escritório, a primeira coisa que faria seria tomar um banho bem demorado, pôr roupas limpas e mandar queimar suas roupas sujas. Mas este pensamento não durou muito tempo. Assim que Kazumi e Ryo entraram na sala, encontraram quatro adolescentes vestindo roupas coloridas sentadas nas cadeiras do escritório.

- Olá. - disse a garota de vestido azul, abrindo um largo sorriso. - Somos as Brilhantes Guardiãs de Tóquio. Estávamos esperando por vocês.

"Drogadrogadrogadrogadrogadroga", um único pensamento se repetia na cabeça de Kazumi.

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