Garotas Mágicas escrita por RTM


Capítulo 5
Capítulo 5 - É um trabalho sujo, mas...




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É um trabalho sujo, mas...

- OK, é um trabalho sujo, mas alguém tem que fazê-lo. - disse Kazumi sob o olhar exasperado de Ryo.

- Então deixe que outros façam isso. Garanto que está cheio de gente por aí que faria este trabalho sem problemas.

- Eu não quero abrir espaço pra concorrência. - Kazumi tirou outra mala e entregou a Ryo. - Além disso, você não disse nada quando o cliente perguntou se aceitaríamos o trabalho.

- Na hora parecia um trabalho normal. Como eu ia saber que ela é assim quando não está transformada? - disse Ryo tirando uma foto do bolso.

Kazumi pegou a foto onde havia uma garotinha que aparentava ter entre 8 e 10 anos. Nada nela sugeria que era uma garota mágica, tirando a aparência sobrenaturalmente doce e fofinha. Então ela tirou do bolso uma outra foto onde havia uma adolescente de cabelos rosa e uma roupa tradicional de colegial na cor rosa, mas com a saia pregada perigosamente curta. Se Kazumi não tivesse sido avisada antes, nunca seria capaz de reconhecer que a garotinha na foto se transformava na garota mágica chamada Pretty Angel Rose. Este era o problema com as garotas mágicas: a identidade secreta delas era magicamente protegida, de modo que ninguém seria capaz de reconhecê-las, mesmo se o rosto ficasse idêntico quando estivessem transformadas. Mas isso não importava muito, já que o trabalho deles era exterminar as garotas mágicas transformadas, caso precisassem levar aos clientes alguma prova de que o trabalho tinha sido completado.

- E daí que é uma garotinha na vida real? - perguntou Kazumi.

- Daí que um tempo depois de ela morrer, vai se destransformar e então vai parecer que nós matamos uma criança inocente. - disse Ryo fechando o porta-malas do carro. - O que é que os jornais vão falar, heim?

- Os jornais não me importam. Contanto que nosso cliente nos pague o preço combinado, pra mim está tudo bem. - Kazumi respondeu com descaso. - E eu lá tenho culpa se algumas garotas mágicas quando se transformam ficam com a aparência de adolescentes?

- Aff - Ryo suspirou, sabendo que não conseguiria convencer Kazumi. - Por que estamos levando tanta coisa?

- Esteja sempre preparada, já dizia minha avó. - respondeu Kazumi com um sorriso. - Além disso, é mais divertido ter várias opções.

- Nós não precisamos de nada. É só você usar... - Ryo começou a dizer, mas foi fuzilado pelo olhar de Kazumi que significava "se pronunciar mais uma palavra, eu te mato!"

Ryo suspirou mais uma vez e ergueu as malas do chão. Elas estavam incrivelmente pesadas, mas ele já estava acostumado, pois desde que Kazumi e ele entraram neste ramo de trabalho a única coisa que ele teve que fazer foi carregar peso de um lado a outro. Não que ele fosse reclamar, afinal isso o mantinha longe da parte mais difícil do trabalho que era lidar com as garotas mágicas.

A armadilha já estava preparada. Eles arrumaram tudo em um armazém abandonado nos subúrbios da cidade. Então espalharam o boato de que Maxipero, um dos inimigos recorrentes de Pretty Angel Rose se escondia lá e que estava raptando os animais domésticos da vizinhança para utilizá-los em seus planos malignos.0

Ryo levou as malas até os fundos do armazém e as abriu. Aquela visão deixaria qualquer viciado em armas de fogo babando. Entre as pistolas e metralhadoras haviam rifles de alta precisão e de calibre tão alto que poderiam partir um avião ao meio. Kazumi pegou duas pistolas de uma mala e um rifle de outra, além de vários cartuchos de munição. Além destas armas ela ainda levava uma faca e algumas granadas no cinto. Ela estava vestida da maneira como sempre se vestia durante estes trabalhos. Usava camisa social branca, calça preta, sapatos e uma jaqueta de couro preta, onde escondia suas armas. Ela mantinha seu cabelo castanho amarrado num coque, de um modo que não atrapalhava durante as missões.

Kazumi fez um aceno rápido e entrou no armazém para se esconder. Ryo pegou as malas e se dirigiu ao carro. Depois de fechar o porta-malas ele teve a sensação de que estava sendo vigiado. Subitamente virou para olhar para trás e viu o vulto de alguma coisa pequena e colorida se escondendo atrás de uma esquina. Ryo soltou um suspiro impaciente e esperou. Logo uma garotinha apareceu virando a esquina. Ela tinha cabelos castanhos encaracolados e grandes olhos azuis. Ela se aproximou de Ryo, que estava apoiado com as costas no carro.

- Ãhn, moço... Você viu alguma coisa estranha acontecendo por aí? - disse, olhando na direção do armazém.

- Ah, bem... - disse Ryo, tentando parecer o mais sincero possível. - Eu entrei lá naquele armazém onde ficava uma empresa de roupas, mas parece que eles mudaram de atividade. Lá só tinha um bando de pessoas esquisitas falando alguma coisa sobre trazer o terror e a destruição, ou algo do tipo.

Na mosca! A garotinha correu rapidamente de volta para a esquina, provavelmente para pedir conselhos ao seu mascote mágico e se transformar. Era praticamente uma lei que todas as garotas mágicas tivessem um mascote mágico que tinha a forma de algum bichinho nauseantemente fofinho e engraçadinho. Estes mascotes serviam para aconselhar as garotas mágicas e ensiná-las a usar seu poder.

Algum tempo depois Pretty Angel Rose apareceu virando a esquina e correndo em direção ao armazém. Em seu ombro havia um pequeno urso amarelo, seu fiel mascote. Ryo entrou no carro, ligou o som e se espalhou preguiçosamente no banco.

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