Liz Parker

Um mês.

Eu levei um mês de detenção por jogar o idiota dos batedores. Um mês. Quem recebe um mês de detenção por fazer algo muito bem merecido? Eles ganharam uma semana por terem acertado Sirius e eu recebi um mês.

Minerva precisava rever suas prioridades.

Depois da primeira noite de detenção, desci para a Ala Hospitalar para ver Sirius. Ele ainda não havia acordado, mas James me dissera que Madame Pomfrey havia garantido que ele estava bem e acordaria essa noite.

Ao chegar lá, o local estava lotado. Além dos marotos e das meninas estarem lá, havia muitas garotas que Sirius havia saído durante os anos e o time de quadribol da Grifinória.

– Quando essas pessoas vão sair daqui? – Ouvi um murmúrio à minha direita e vi Regulus em um canto escuro. Não havia percebido que estava lá e duvido que mais alguém o vira. Fui para o seu lado e sentei-me.

– Eu não sabia que tinha tanta gente também.

Ele não respondeu, só continuou olhando para frente. Ficamos em silêncio por alguns minutos.

– Pode fazê-los ir embora? – Perguntou sem tirar os olhos de Sirius. – Eu queria vê-lo sem ninguém me encarar.

– Claro.

Levantei e fui em direção a todos.

– Madame Pomfrey mandou eu avisar que não quer ninguém aqui. Sirius precisa descansar. – James me olhou estranhando, mas não argumentou. Chamou o time, os marotos e a as meninas, e saiu, deixando apenas Regulus e eu sozinhos.

Quando a porta se fechou, ele se aproximou da cama em que Sirius estava e eu me afastei, dando privacidade aos dois. Alguns segundos depois, Sirius acordou.

Sirius Black

– Reg? O que faz aqui? – Perguntei olhando meu irmão surpreso.

– Vim ver se ainda estava vivo.

– Aparentemente, estou.

Ficamos em silencio por um bom tempo. Eu sentia falta dele. Desde que eu havia saído de casa e ido morar com James, não tive muita chance de vê-lo e, por tê-lo abandonado, Regulus guardava rancor dele.

– Então… Você está respirando. Eu vou voltar para o Salão Comunal da Sonserina. Sua namorada deve querer te ver agora. – Ele se afastou da cama e virou as costas.

– Reg. – Ele olhou por cima do ombro para mim. – Obrigado por ter vindo ver… se eu estava vivo.

Ele apenas deu de ombros e se retirou da ala hospitalar. E então Liz entrou. Levantei a sobrancelha.

– Você disse pro meu irmão que era minha namorada?

Ela me olhou confusa. Eu sentia falta dela. Havia duas semanas que não nos falávamos devido ao clima estranho que havia ficado entre nós. Provavelmente foi minha culpa, mas não sabia direito o que eu havia feito.

Ela estava bonita hoje. Não que nunca estivesse, ela sempre estava, mas depois de não a ver por tanto tempo parecia que algo havia mudado.

Mas eu ainda não sabia o que.

– Namorada? Não, por quê? – Ela perguntou sentando-se á uma cadeira ao lado a minha cama. – Ele acha que somos namorados?

Dei de ombros.

– Ele disse “provavelmente sua namorada deve querer te ver”. Você entrou depois que ele saiu, foi a conclusão mais obvia que eu consegui chegar.

– Vai saber. A madame Nora estava lá fora também.

Sorri.

– Precisamos parar de nos encontrar desse jeito. – Ela disse séria. – Sempre estamos machucados e aqui.

– Não é como se eu tivesse feito de proposito. Eu estava tentando desviar a bola de você. Eu sou o batedor da Grifinória.

Ela levantou a sobrancelha.

– Eu sabia o que eles iam fazer e eu iria deixar os dois se acertarem. – Ela disse se levantando e se aproximando da minha cama. Liz parecia nervosa. – Justin disse que você jogou seu corpo pra me proteger.

– Aquele Justin já está me irritando. Quem ele pensa que é? Rouba a ruiva do Pontas e fica dando palpite onde não é chamado. Mas que...

– Sirius, pare. Você só não gosta dele por que James não gosta dele. – Ela me cortou e sentou na beirada da cama. – Justin é muito legal e Lily tem sorte de conseguir arranjar um namorado que goste dela do jeito que ele gosta. – Abri a boca para retrucar, mas ela foi mais rápida. – Eu sei que James também é assim, mas eu já disse para ele seguir em frente, então o assunto morreu.

– Tá. E eu não queria que você se machucasse de novo. – Disse tocando em sua mão. – A terceira vez na ala hospitalar, iria tirar você do time.

Ela entrelaçou seus dedos nos meus e sorriu levemente.

– Você podia ter morrido.

– Mas eu não morri.

– Mas continua sendo um idiota

– Eu não nego.

– Ótimo. – Ela disse ainda sorrindo para mim. Dessas duas semanas que ficamos sem nos falar, eu realmente senti falta dela. Eu normalmente não me dava muito bem com as garotas por que... Bem, por que eu nunca tive uma relação platônica com nenhuma delas, a não ser com Lily, Alice e Ammy.

Mas com Liz era diferente. Ela não era somente minha amiga, ela era muito mais que isso. A amizade que eu tinha com a Lily era como irmã, mas com Liz não. Era algo muito maior que isso. E eu não sabia dizer o que era.

Lily Evans

Ammy e eu estávamos estudando na biblioteca desde que Liz nos expulsou da ala hospitalar. Fiquei até surpresa de ela aparecer, devido ao jeito que eles estavam se evitando, mas aparentemente conseguiu engolir seu orgulho e tentar voltar a falar com ele.

– Então, Lily... – Ammy começou fechando seu livro de Runas Antigas. – Conte como anda seu relacionamento com Justin.

Levantei os olhos do meu livro e encarei-a desconfiada.

– Muito bem... Por quê?

– Por que há rumores que você e James estavam se agarrando no banheiro masculino. – Ela disse diretamente. – É verdade?

A encarei com uma sobrancelha levantada.

– Sim, Ammy. Eu o beijei e as coisas esquentaram um pouco.... Bem, resumindo eu não sou mais virgem e James Potter abalou meu mundo. – Ela não teve reação nenhuma e eu revirei meus olhos. – Mas é claro que isso não é verdade, Ammy!

– Bem, os rumores estão pela escola toda... – Ela se levantou pegando seus livros. Juntei-me a ela e começamos a andar em direção a saída da biblioteca. – Como Justin está reagindo à isso?

– Enquanto eu conversava com James no banheiro, ele estava em um dos boxes. Ele saiu quando Potter foi embora e eu contei sobre o beijo na casa dele e tudo. – Falei sem olhar para ela. – E seguimos em frente.

Liz Parker

Eu estava entrando em pânico.

O que eu estava pensando? Eu só poderia ser uma idiota.

A ideia de ficar longe de Sirius era uma ótima ideia. Era uma ideia perfeita, para ser honesta. Mas eu havia arruinado tudo quando fui vê-lo. Principalmente quando sentei em sua cama e segurei sua mão. Tudo que eu estava evitando e que eu achava que tinha ido embora, voltou mais rápido que um piscar de olhos.

Droga. Por que eu fui vê-lo?

Estava tão perdida com esses pensamentos que acabei esbarrando em alguém e derrubando seus livros. Olhei e era Snape com seus amigos sonserinos.

– Ora ora ora... – Um garoto atrás de Snape disse. Ele era alto e com cabelos pretos. Acho que seu nome era alguma coisa Avery. – Olha só o que achamos...

Levantei e fiquei em frente à ele.

– O que? Um cérebro? – Perguntei com um sorriso. Avery desmanchou o sorriso que estava em seus lábios e me encarou. – O que aconteceu? O gato mordeu a sua língua?

– Olhe só como você fala comigo, sua mestiça nojenta. – Ele chegou mais perto do meu rosto, mas eu não me afastei.

– Ou o que?

– Não que você tenha muita escolha, mas você vai ser a primeira a cair quando o Lordes das Trevas tomar o poder do mundo bruxo.

E com isso, ele e seus amigos saíram, me deixando pela primeira vez aterrorizada.