''Como muitos não acreditavam em anjos, Deus criou os melhores amigos''

Acordei naquela manhã com uma disposição admirável, porque eu NUNCA acordo disposta. NUNCA. Mas é Natal. É uma época tão linda! A neve caindo, o chão de praticamente todos os lugares por aqui coberto por uma grossa camada de neve branca e fofinha.

Mas, em como todo dia de frio, tem um porém, levantar da cama quentinha e macia. É uma preguiça sem igual, mas eu não posso enrolar, ainda temos que nos arrumar. Já são nove e pouquinho, e como o povo dessa casa demora para se aprontar, resolvi acorda- lós.

Desci as escadas ainda de pijamas, fui até a cozinha. Lizzie já estava lá fazendo o nosso café da manhã. Dei bom dia a ela e abri uns armários de baixo da pia para pegar uma panela, peguei a que eu achei que fosse fazer mais barulho e abri uma gaveta e peguei uma colher de pau.

– O que a senhorita irá fazer, dona Katherine?

Mandei- lhe um sorrisinho maroto e não falei nada. Dirigi-me de volta à escada, subi e parei no começo do corredor. Levei a panela acima da minha cabeça e comecei a bater com colher na panela e ao mesmo tempo gritando.

– VAMOS ACORDAR PESSOAL! LEVANTEM AS BUNDINHAS LINDINHAS DAS CAMAS FOFINHAS!

– PARE DE FALAR DA MINHA BUNDA! SÓ EU POSSO FALAR DELA!

– CALE A BOCA SIRIUS! EU FALO DA BUNDA QUE EU QUISER NA HORA QUE EU QUISER!

– PAREM DE FALAR SOBRE BUNDAS! EU JÁ NÃO DISSE QUE ESSE É UM ASSUNTO PROIBIDO? E APROVEITEM E CALEM A BOCA!

– CALA A BOCA JÁ MORREU QUEM MANDA NA MINHA BOCA SOU EU.

E nesse momento todos já estavam nas portas de seus quartos e eu continuava a andar pelo corredor batendo a panela. E um estalo alto se fez presente, e de repente a panela e colheres que estavam em minhas mãos foram parar nas mãos de um serzinho e a boca de todos nós foi calada com uma fita adesiva e olhamos simultaneamente para Lizzie, que estava com a panela e a colher em uma mão.

– Vão parar de gritar?- assentimos- Obrigada. Agora eu vou tirar a fita da boca de vocês e vocês vão se trocar para ir à casa da senhorita Jolie porque já estão ficando atrasados.- ela fez um movimento com a mão livre e a fita que cobria nossas bocas foi arrancada bruscamente.

Levantei a mão na intenção de fazer uma pergunta.

– É alguma besteira?- Lizzie perguntou, e eu neguei- Prossiga.

– Onde estão os meus primos?- perguntei, e meus amigos me olharam torto. Eu devo ter me esquecido de dizer a eles que os semideuses são meus primos, afinal, Poseidon, Hades e Zeus são irmãos.

– Eles receberam uma mensagem de Iris de Quíron e tiveram que partir as pressas, e Nico pediu para quando você acordar mandar uma mensagem para ele, para ele poder te explicar melhor

– Ok! Vou me trocar e mandar.- dei meia volta e voltei para o meu quarto. Movi meio mundo pra conseguir mandar uma mensagem

– Hey- disse Liesel quando eu apareci para eles

– Não quero falar com vocês, estou chateada. Por que não avisaram que iria sair?

– Desculpe Kath, mas foi uma chamada de emergência de Quiron. E tivemos que sair as pressas e nem deu tempo nem de nos trocar direito. – disse Jessie, e ela e Liesel começaram a gargalhar estrondosamente como se alguém tivesse contado a piada do ano, enquanto Nico aparecia e ele estava parecendo um tomatinho de tão vermelho.

– Eu já disse que foi um incidente!- exclamou ele para as duas hienas

– Você não... sabe o que.... aconteceu- disse Jessie entre gargalhadas

– Sabe... aquela calça... preta da.... Jessie? Aquela toda rasgada?

– Claro que sei, fui eu que a ajudei a escolher- disse eu meio assustada com a reação das duas. Tive que esperar elas pararem de rir (o que demorou uns cinco minutos), até que Jessie parou de rir completamente e me explicou o por que de tanta risada

– Com a correria pra se aprontar e arrumar as mochilas para partimos, ele acabou colocando aquela calça e ficou dando pulinhos pra ela entrar, e o mais engraçado é que ele não se tocava que a calça não era dele. E aí eu e a Liesel fomos ver o que estava acontecendo e encontramos a criatura naquela situação. – e as duas caíram na gargalhada de novo e eu as acompanhei

Quanto mais nós ríamos, mais vermelho o Nico ficava. Ele estava atingindo colorações de vermelho que eu achava que era impossível uma pessoa conseguir. Paramos de rir depois de um tempo e eu perguntei:

– E então o que Quiron queria?

– Semideus correndo perigo extremo, e pela ficha deve ser algum filho de Ares. E talvez uma filha de Hermes apareça pelo caminho. – disse Nico meio corado ainda

– E vocês estão onde?

– Num trem indo para o Texas. – disse Liesel

– Uau, Texas!- exclamei

– Mas nesse exato momento vamos ter que dar tchau pra você porque eu acabei de ver uma velhinha suspeita- disse Jessie

– Querida, velhinhas sempre são suspeitas- afirmei. – Boa sorte!

E antes que eles que eles desligassem a mensagem, vi eles se preparando para uma possível luta. Liesel tirou o cinto de facas da mochila (colocando duas pequeninas nas mãos), Nico ajustou o anel de caveira nos dedos e Jessie colocou as duas pulseiras que são a espada e uma adaga.

– Adeus Kath! Nós te amamos! Nos vemos no próximo verão! – exclamou Jessie

E a Mensagem foi desligada.

Abri meu armário a procura da roupa mais quente que eu tinha, a minha casa era coberta por um feitiço aquecedor super potente, o que a deixava numa temperatura super agradável. Coloquei uma calça quentinha e depois uma calça jeans por cima, umas duas blusas e deixei separado um sobretudo pra colocar só quando fossemos sair. Coloquei também uma touca na cabeça e calcei meus coturnos. Parece exagero, mas tava um frio de gelar até os dentes, afinal estamos em pleno inverno americano.

Quando descia as escadas, todos já estavam comendo. FDP’s nem me esperaram

– Hey povinho! Acordaram bem?

– Claro! Sabe que eu amo acordar com um barulho do caramba!- disse James

– Bom saber.. Quando você e a Lily casarem eu vou lembra disso todo dia.

– EU PREFIRO..... – começou Lily

– A Lula Gigante. Já sabemos Lily, você tem que trocar de disco, já ta ficando repetitivo- disse Remus como se estivesse exausto.

Lily deu uma coradinha básica, nada que já não tenha acontecido antes.

O resto do café da manhã decorreu como o esperado, gritos, risadas, algumas torradas voando, nada que já não tivesse acontecido antes.

Saímos de casa as dez e trinta e oito, e se não fosse pela Liz, sairíamos lá pelas onze e quarenta, porque não temos noção de responsabilidade nem de tempo (segundo a própria Liz). Ainda bem que ela era a nossa vizinha, e era só anda uns dez passos e pronto. Tocamos a campainha e depois de alguns gritos, três malucas abriram a porta.

– Oi gente!- disseram as três juntas

– Tava acontecendo alguma coisa antes de vocês abrirem a porta? Por que ouvimos alguns gritos.- perguntei da maneira mais delicada que consegui

– Era só a minha tia pedindo pra gente ir no mercado, porque ela acabou esquecendo de fazer uma comprinhas básicas. – explicou Jolie

– Tipo o que?- indagou Dorcas

– O peru e alguns temperos. - disse Adria como se não fosse nada demais

– COMO ALGUÉM SE ESQUECE DE COMPRAR O PERU NO NATAL?- esbravejou Sirius com indgnação.- A PRIMEIRA COISA QUE SE COMPRA É O PERU

– Eu compro primeiro os presentes- disse Dorcas

– Eu também- concordaram Adria, Remus e eu

– Vamos logo!

Viramos-nos e encaramos a rua.

– Alguém sabe onde tem um mercado?- perguntou Lily olhando esperançosa pra gente

– Nem me olhe assim, nem venho pra cá direito. – admiti

– TIA, PRECISAMOS DE AJUDA!- gritou Jolie adentrando a casa

A seguimos e a tia dela nos explicou como chegar lá. Não entendemos direito, mas fingimos que sim porque ela já estava ficando estressada conosco. Saímos de casa, estava tudo nos parâmetros normais (para nós), até um certo momento, que não sabíamos para onde virar.

– E agora? Direita ou esquerda?

– Direita- disse Lily, Adria, Sirius e Beatriz

– Esquerda- disse Dorcas, Jolie, Remus, James e eu.

– Santo Merlin! Não conseguimos num consenso?- perguntou Lily

– Sinto muito meu lírio, mas a tia da Jolie disse que era pra esquerda, eu tenho certeza- disse James.

– Primeiro Potter, é pra direita, e segundo, EU NÃO SOU SEU LÍRIO

Todos começaram a falar/discutir ao mesmo tempo

– Por que cada um segue na direção que acha que é a certa, aí vamos descobrir quem estava certo e quem estava errado.- sugeriu Beatriz e nós concordamos

– Aposto que vamos chegar primeiro. - comentou Sirius

– Quer perder outra aposta Black?- perguntei

– Quem disse que vou perder Miller?

– Então quem chegar primeiro ganha, ok?- disse Adria

Concordamos e contamos até três.

Os dois grupos saíram em disparada, cada um para um lado. O nosso grupo foi para a esquerda, depois viramos algumas ruas e nos perdemos de vez.

– Não acredito nisso! Estamos perdidos! – exclamou Dorcas

–Eles já devem estar lá dentro do mercado comemorando. – disse Remus se sentando na calçada para descansar e os outros o acompanharam

– Não mesmo! Quando o Sirius ganhar uma aposta de mim vai ser só depois da minha morte- exclamei olhando em volta procurando algum lugar que me ajude.- Já sei! James me ajuda aqui! - fui até uma arvore bem alta- Me dá pezinho!

– ‘Cê’ tá louca? Nem eu te dando impulso você consegue subir nessa arvore ela é alta pra caramba e nem se eu conseguir te dar um impulso bom você consegue, olha a altura onde os galhos começam. - exclamou ele, revirei os olhos- Aluado, me ajuda aqui então!

Remus veio e explicamos o que era pra fazer. Depois de convencer eles que eu conseguia, eles aceitaram me ajudar. E antes de subir, peguei o meu anel e transformei em adaga em um clique e peguei também uma adaga extra que eu sempre tinha quando saia dos lugares protegidos contra monstros, tipo a minha casa, o acampamento e Hogwarts. Sou prevenida.

Ignorei (pelo menos tentei) os olhares de ‘’Que tipo de pessoa sai com armas pra ir ao mercado?’’

– Nem pergunte, ela não vai responder mesmo- disse Dorcas para o resto do grupo, sei que a intenção dela não foi me criticar, mas me senti de um jeito meio mal por não poder contar algumas coisas pra eles, não podia misturar as minhas duas vidas.

– Talvez um dia eu conte, mas não estou preparada. – comentei vagamente- Vamos logo com isso! Não vou perder uma aposta para o Sirius e para a Lily. NEM A PAU! Prontos? Sim – me posicionei pra subir em cima das mãos deles com uma adaga em cada mão.

– É certo que isso vai funcionar? – perguntou Jolie ligeiramente preocupada com a minha saúde mental

– Na verdade, não. Mas eu já vi alguém fazendo e não teve nenhum ferimento grave, eu acho. Mas eu nunca precisei tentar de verdade – admiti

Nem me virei para ver a cara delas, fiz um sinal para os dois, subi nas mãos deles e contei até três. Eles me jogaram com toda a força possível, e quando eu percebi que já ia cair devido a gravidade, finquei as duas adagas na arvore e tentei apoiar algum dos pés em qualquer elevação que tivesse. Ainda bem que logo achei e consegui me estabilizar.

– Santo Merlin! Não acredito que deu certo! – ouvi o James exclamar

– Ninguém acreditava que daria... - observou Jolie

Evitei olhar para eles, e tentei tirar uma das adagas da arvore para tentar subir mais e, depois de muito esforço consegui. E fui mantendo o ritmo até estar numa boa altura e conseguir ficar num galho para poder procurar o mercado. Olhei em volta tentando não perceber a altura em que eu estava. Localizei o mercado a umas duas quadras de nós.

– Achei!

– Agora desce! Eu to pirando! – exclamou Dorcas

– Se eu te disser que não sei como descer, você brigaria comigo?

– KATHERINE!- ouvi um grito- E como a pessoa que você viu fazendo consegui descer?- completou Remus

– Ele caiu!

Ouvi exclamações de indignação

– Mas eu sou Katherine Elisabeth Miller, sempre consigo sair das enrascadas que eu me meto. - exclamei.

Analisei a arvore, e conclui que a única maneira fácil de descer dela é do mesmo jeito que eu subi, escalando. Respirei fundo umas cinco vezes e comecei a descer com calma mas com rapidez, porque tínhamos perdido muito tempo, e a outra equipe já poderia estar lá.

Quando estava quase lá, o meu pé escorregou bem na hora que eu tirei uma das adagas da arvore, o que aconteceu então? Eu caí. E ouvi gritos, meus e deles.

Graças aos deuses a altura não era muita, então o impacto não foi lá grande coisa, mas machucou uma parte das minhas costas, nada muito grave (eu acho). Choraminguei um pouco quando tentaram me ajudar a levantar e encostaram bem na parte que eu tinha batido.

– Não se eu quero te dar um soco ou te bater, Kath- disse Dorcas.

– Se você me bater depois que ganharmos a aposta eu deixo você me bater. Vamos! Estamos quase lá! É a duas quadras daqui!- gritei me levantando, me segurando para não gemer de dor, porque tava doendo pra caralho.

– E a sua faca?- perguntou Jolie

– Depois eu pego! Temos uma aposta para ganhar!

Corremos até o mercado (a dor era suportável), e logo que chegamos, a outra equipe chegou ao mesmo tempo, tipo mesmo. Quando viramos a esquina eles viraram a outra esquina.

– NÃO ACREDITO! ATÉ NISSO NÓS SOMOS AMIGOS! NEM PRA GANHAR UMA APOSTA? SOMOS COORDENADOS PRA CHEGAR AO MESMO TEMPO! POR QUE MERLIN? POR QUÊ?- gritava Sirius para todos que estavam perto (até os que não estavam) escutarem

Depois das devidas explicações, entramos no mercado para finalmente fazer as compras. Um mercado não era tão estranho quanto os meus amigos acharam. Vi a Lily reviram os olhos umas cinco vezes para as exclamações de alegria e estranheza. Dei uma desculpa qualquer para poder sair de perto deles.

Quando não estava mais a vista de nenhuma pessoa, chamei a Liz.

– Liz, preciso de você- e com um estalo ela apareceu fazendo um reverencia para mim - Preciso que você faça dois favores pra mim, traz um pouco de ambrosia e néctar por favor e que tire uma adaga que eu grudei numa arvore sem querer.

– Como Liz já sabia que a senhorita poderia se meter em confusões num curto intervalo de tempo, Liz lhe trouxe a ambrosia e o néctar. - mostrou o que tinha nas mãos

– Por isso que você é a melhor Liz! Te amo!

– Liz sabe, Srta, Liz sabe- e com um estalo ela desapareceu.

Comi um pedacinho de ambrósia e bebi um pouco de néctar, só para aquela dor parar de latejar, ouvi uma coisa que muitos semideuses odeiam.....

– Ora ora, o que temos aqui? Uma cria de Poseidon? Faz tempo que não provo um dos seus, criança.

....fúria

O primeiro instinto foi correr para despista- lá, pensei em pegar o meu arco, mas pensei melhor e conclui que deveria ser melhor tentar mata- la com a adaga. Dei graças aos deuses por aquela área estar deserta, na verdade o mercado inteiro estava deserto.

– Não podes se esconder de mim, pequena cria de Poseidon... Vou te farejar até não existir mais nada de você para farejar.

Quis pega- la de surpresa e apareci em sua frente pronta para atacar, mas eu não esperava que ela estivesse me esperando e suas garras voaram até a minha mão, me arranhando e machucando, me obrigando a largar a adaga. Corri o mais rápido que pude e tentando chegar perto da adaga e despistar fazendo curvas e desviando de tudo. Até que ela me encurralou.

– Vou ter o prazer de contar para as outras que matei lentamente a queridinha do Olimpo. – e ela vinha até mim com uma veracidade nos olhos respirei fundo e pensei:

‘’ Então é assim que tudo acaba? Não vou poder ter um testamento, contar que to meio que gostando do panaca do Sirius e que mesmo não dizendo sempre, eu daria a vida pelos meus amigos’’

– Katherine!- ouvi um grito de Liz.

Espera. Liz? Abri os olhos que eu tinha dado conta que tinha fechado e olhei pra ela.

– Pega!- exclamou ela e me jogou a adaga pelo chão, olhei para aquele objeto em meus pés e sorri.

– Hoje não querida- encarei a fúria e afundei a adaga nela, e sentindo ela se transformar em pó.

Virei para agradecer imensamente Liz e não foi ela que eu vi, e sim os meus amigos. Os Marotos estavam com caras de espanto, mas não parecia do jeito ruim. Lily e Doe estavam com as mesmas caras.

– O que vocês viram?- perguntei pausadamente

– Só você esfaqueando alguma coisa e aquilo virando pó! – disse Remus ainda espantado

– Pó Kath! Pó! – exclamou James abismado e Sirius só concordava com a cabeça, ainda de boca aberta

– Eu juro que explico, mas não agora nem aqui. -prometi

– Nem tente Kath, você já disse isso antes, mas nunca disse uma palavra – disse Lily, desapontada. E virou as costas, junto com os outros. Menos Doe.

– Não fique chateada Kath, todos guardamos segredos. Alguns apenas são mais fáceis de guardar que outros- filosofou ela, enxugando uma lagrima que eu nem tinha percebido que tinha caído- Vamos. As meninas estavam no caixa quando viemos procurar você. E você ainda tem que cuidar desse machucado da mão- disse ela pegando delicadamente a minha mão e analisando.

– Ainda bem que você entende Doe- a abracei e andamos em direção aos caixas