Estavam os dois deitados na cama, abraçados. Larissa já havia adormecido e ressonava tranquila ao lado de Castiel. Ele por outro lado, observava os contornos dela abaixo do lençol e não resistiu ao impulso de beijar a curva de seu pescoço. Insatisfeito porque ela não acordou, mordiscou o lóbulo de sua orelha.

– Hum... Cassy, me deixa dormir, amanhã eu trabalho... – falou com uma voz arrastada.

Ele não atendeu ao seu pedido e ignorando a forma como fora chamado, cantarolou:

– Wake you up in the middle of the night to say…

(Acordo você no meio da noite para dizer...)

Ao ouvir suas palavras, Larissa virou-se de frente para ele, um pouco mais desperta e sorriu.

– I will never walk away again. – ele completou.

(Eu nunca vou embora de novo.)

Segurou o rosto da amada entre suas mãos e a beijou de maneira doce e suave. Larissa acariciou seu rosto e colocou uma mecha de seus fios negros atrás da orelha.

– Eu sei… – aconchegou-se mais a ele e também o beijou da mesma forma.

– I'm never gonna leave this bed…

(Eu nunca vou sair dessa cama...)

Ela não soube dizer a razão, mas não pôde conter uma gargalhada e como “punição”, Castiel colocou-se por cima dela, enquanto também ria. Com seus olhos acinzentados, fitou a mulher que tinha em seus os braços. Mesmo depois de tanto tempo juntos, parecia que a cada dia ele descobria algum detalhe dela, que o fazia se apaixonar ainda mais.

Antes que se abaixasse para beijá-la novamente, sentiu que Larissa lhe acariciava o tórax. Pegou sua mão e trouxe para perto do rosto, olhou para a aliança dourada e beijou seu dedo anelar esquerdo.

– Eu te amo tanto... – falou ao beijar os outros dedos – Eu não sei o que faria sem você.

– Eu também te amo, Castiel.

E tendo dito isso, o puxou para mais perto de si e capturou seus lábios não mais com doçura, mas sim com um sentimento de posse e de urgência. Ela sentiu as mãos dele acariciando-a e aos poucos a livrando de sua camisola. Castiel contemplou o corpo da esposa, que sorriu sedutora ao notar o brilho de desejo em seus olhos. Ele beijou o pescoço de Larissa enquanto ela o despia. Tocando-se, aproveitando cada sensação que despertavam um no outro e trocando juras de amor, eles demonstraram todo o apreço que sentiam mutuamente.

Na manhã seguinte, Larissa acordou atrasada, porém não se arrependia nenhum pouco das horas de sono perdidas. Calçando o sapato enquanto andava pela casa em busca de sua pasta, deu de cara com Castiel, que a segurou para que não caísse.

– Bom dia, amor. – falou a beijar levemente sua boca.

– Bom dia. Você viu aquela minha pasta cinza? – terminou de calçar o sapato.

– Aquela você deixou cair atrás do sofá?

O rosto dela se iluminou e foi correndo pegar o item. Calmamente, Castiel foi até a cozinha e se serviu de uma xícara de café. Bebericava o conteúdo e assistia a esposa indo de um lado a outro da casa procurando por seus objetos. Larissa nunca foi uma pessoa organizada e quando estava atrasada, era sempre assim.

– Quer que eu te leve? – perguntou depois de por a xícara na pia.

– O trânsito está caótico, acho que não vai fazer diferença alguma se eu for com meu carro ou de moto com você.

– Sério? – ele riu – Você está comparando minha Harley Davidson com aquele hatchzinho que você dirige? Sem contar que eu...

– Corre muito mais do que eu? – ergueu uma sobrancelha.

– Diga como quiser, mas se eu não te levar, você vai chegar muito atrasada. Você sabe.

Ela mordeu o lábio inferior enquanto ponderava as opções. Ele estava certo, no entanto ela não gostava de quando corriam de moto entre os carros, só que infelizmente esta era a solução para chegar na hora ao escritório das D’Alembert Enterprises.

– Ok, eu aceito, mas me prometa que não vai correr muito.

– Como você quiser, princesa. – fez uma mesura zombeteira – Espere um minuto para eu me trocar.

Em poucos minutos estavam nas ruas passando a toda velocidade entre os carros. Ouviram vários impropérios e a cada palavrão proferido pelos motoristas, Larissa apertava mais a cintura de Castiel. E assim ela conseguiu chegar poucos minutos antes de hora. Ao descer da motocicleta, tirou o capacete, ajeitou seus cabelos alaranjados e beijou o marido, despedindo-se logo a seguir.

Com passos apressados, adentrou no edifício, cumprimentando quem encontrava pela frente. Foi diretamente para o elevador, onde encontrou Nathaniel.

– Bom dia, Nath. – falou sorrindo, ao apertar o botão de seu andar.

– Bom dia, Larissa. – ele também sorriu.

– E aí, ansioso pro grande dia?

– Nem me fale... – passou as mãos pelos cabelos – Tem dias que nem consigo dormir.

– Era para você estar menos nervoso, mas se tratando de você... É bem típico.

– Vou encarar isso como um elogio. – estreitou os olhos.

Larissa riu e lhe deu um leve tapa no ombro.

– Eu fico por aqui. – disse quando as portas se abriram – Se precisar de alguma coisa, sabe onde me encontrar.

Saiu e rumou para sua sala. Sim, agora tanto ela quanto Nathaniel tinham uma sala só para eles. Depois que o Sr. D’Alembert enfartou, Dakota assumira a presidência da empresa, deixando vago o cargo de diretor de coaching, que Nathaniel assumiu. Depois de um tempo, Larissa “descobriu-se” no setor de recursos humanos, o qual chefiava agora.

No mesmo ano, ela casara-se com Castiel, porém por causa da residência médica, Melody preferiu esperar mais um pouco e em dentro de alguns dias, ela também se casaria. Dakota, por outro lado, continuava um solteiro inveterado. Como ele sabia, o filho daquela mulher que invadira sua sala, não era dele e após Larissa ter voltado para Castiel, ele continuou a ser o velho Dake de sempre. Infelizmente para algumas coisas não havia jeito.

– Senhor, a reunião da diretoria será daqui a 5 minutos. – avisou a secretária.

– Obrigado, Clarisse.

O loiro levantou-se e dirigiu-se à sala de reuniões. No caminho, seu celular tocou e ele prontamente atendeu, porque era sua noiva.

– Amor! Vai chover! – Melody disse alterada – Eu não acredito! Depois de tanto tempo planejando, uma maldita chuva vai estragar meu casamento!

– Calma, meu amor, é só mais uma previsão do tempo... E nós vimos com antecedência que o tempo ficaria firme. Vai dar tudo certo.

Ele falava apenas da boca para fora, pois por dentro, estava tão desesperado como Melody. A cerimônia seria realizada numa praia particular, apenas para amigos íntimos e familiares e por ser a céu aberto, o tempo influenciava muito. Porém agora que tudo estava preparado, tudo o que podia fazer era ser otimista e acalmar sua noiva. Quando chegou e viu que faltavam apenas outros dois diretores, despediu-se de Melody e tentou prestar atenção na reunião. Não conseguiu e no final, Larissa e Dakota vieram falar com ele.

– Você está bem? – Dake perguntou.

– S-sim... só estou um pouco preocupado com o casamento. Melody acabou de ver numa previsão do tempo que choveria.

– Ah Nathaniel... – Larissa fez uma expressão preocupada.

– Não precisa ficar preocupado, se chover, podem transferir a cerimônia para o salão de festas, é bem perto da praia e creio que a empresa que vocês contrataram vai até preferir isso se o tempo estiver feio. Para fazer as filmagens, as fotos, a decoração... e também para a festa ser algo que marque as suas vidas de maneira positiva. Vai dar tudo certo. – ele colocou a mão sobre o ombro de Nathaniel.

Larissa sorriu e falou para o presidente.

– Não esperava que você não fosse apenas um rostinho bonito. – brincou.

– Infelizmente há muito de mim que você não conhece. – ele pareceu sério – Mas vamos deixar isso de lado, temos uma concorrente a vencer. – completou, referindo-se à pauta da reunião.

Os dias foram passando e para a sorte dos noivos, o tempo estava ensolarado e sem sinal algum de que poderia chover. A praia estava lindamente decorada com várias flores e cada componente da decoração compunha harmoniosamente aquele cenário romântico, desde as cadeiras brancas até o pequeno altar. Do mar soprava uma leve brisa e enquanto Melody caminhava em sua direção, Nathaniel pensava em como ela estava maravilhosa naquele vestido branco perolado, com véu e grinalda simples, segurando um buquê de lírios. E também em como ele estava feliz em finalmente oficializar o amor deles.

Larissa estava no altar junto de Castiel e não podia conter sua alegria por ver os amigos tão felizes e radiantes ao trocarem seus votos. Estava contente porque assim como ela, eles também seriam muito felizes em seu casamento. Nem sempre as coisas eram um mar de rosas, porém se ela não tivesse Castiel ao seu lado, tinha certeza de que seus dias não seriam preenchidos de alegria, amor e carinho como eram. Chegar em casa e encontrá-lo cozinhando algo para eles, viajar em turnês pelo mundo com a banda, sentar na varanda e abraçados traçarem planos para o futuro, trocar olhares apaixonados... Os momentos que partilhavam eram a expressão do amor de nutriam um pelo outro. Sentia-se completa quando estava com ele.

Depois de ter jogado o buquê, Melody foi para junto de Larissa.

– Será que ela vai ter a mesma sorte que eu? – referiu-se à garota que acabara de pegar as flores.

– Espero que sim, Melody. – Larissa respondeu – Talvez seja ingenuidade minha, mas eu realmente espero que as pessoas possam ser felizes como nós.

– Mas eles podem, Lari, basta quererem. – sorriu – Não é tão fácil e nem tudo é perfeito, mas não é impossível. Nós sabemos bem disso, não é? – piscou o olho direito.

Larissa fez uma expressão pensativa e disse:

– É verdade... nós passamos por poucas e boas... – sorriu um pouco sem jeito.

– Ah Lari, não faça essa cara. O que importa é que deu tudo certo.

– Talvez seja um pouco cedo para falar isso, Melody. Mas pode ter certeza de que mesmo que as coisas fiquem complicadas, assim como antes, eu não vou simplesmente desistir e ver minha vida passando diante dos meus olhos. Mas não vamos falar de coisas sérias hoje. Vamos comemorar!

Um garçom estava passando pelas duas e Larissa pegou duas taças de champanhe. Entregou uma para a noiva e ergueu a sua.

– Vamos brindar!

– A quê? – perguntou a morena.

– A nós duas. Porque nós somos duas lutadoras! – cerrou o punho e socou o ar.

Melody não resistiu e gargalhou, neste momento Castiel chegou e abraçou sua esposa por trás.

– De quem vocês já estão debochando?

– Eu estou rindo dela. – Melody apontou para Larissa com a taça.

Ela fez uma careta e lhe mostrou a língua.

– Pelo visto algumas coisas nunca mudam... – Nathaniel também se reuniu ao pequeno grupo – Larissa nunca cresce.

– Nath, só não falo nada porque hoje é o seu casamento e não quero brigar. Agora, peguem bebidas para vocês. Vamos brindar.

Eles também pegaram bebidas de outro garçom que passava por ali. Os quatro ergueram as suas taças e Larissa disse enquanto o tintilar dos copos se fazia ouvir:

– A nossa felicidade!