Trainee's life escrita por Bilirrubina, Auria


Capítulo 11
Capítulo 10




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Dake não falou nada, apenas entregou um pacote de pipoca para Larissa e uma latinha de refrigerante, com um sorriso nos lábios.

– Hum... Então até mais e bom filme pra vocês. – Castiel virou-se e voltou para o seu lugar na fila.

Ao vê-lo andando cabisbaixo, Larissa o imaginou velhinho, sentado numa varanda observando o pôr do Sol e viu-se ao seu lado. Sacudiu a cabeça e afastou estes pensamentos ao dar alguns passos em direção à entrada do cinema. Foi inútil e voltou a pensar em Castiel. Sentiu uma dor em seu peito ao pensar que poderia passar a vida toda sem ele. Ela não queria isso e por mais bobo que parecesse, deu-se conta ali, naquela fila, daquilo que soube o tempo todo: que o amaria pelo resto da vida.

Eles entraram, Melody sentou-se ao lado de Nathaniel e Larissa, ao lado de Dake. O filme começou e ela colocou o máximo de atenção que pôde nele, tentando ignorar as investidas sutis de Dake, as meninas que toda hora levantavam e passavam perto de Castiel e Lysandre e seus próprios pensamentos. Não deu muito certo e no final da sessão, parecia que ela havia perdido algumas partes importantes do filme.

– Eu não podia imaginar que Mark poderia ser capaz de fazer aquilo com a Lisa. – Melody comentou enquanto saíam.

– Lisa é aquela loira peituda? – Dake perguntou.

– É. Mas não foi só com ela, foi com a equipe toda. – Nathaniel disse – Ele “só” fez todos suspeitarem da pessoa errada o tempo todo, sem contar manipulou tanto a mídia quanto a polícia. Ele mereceu ter conseguido escapar no final.

– Eu sei que é só um filme, mas será que tem gente que pode ser assim... tão...

– Sim, Melody, tem gente assim. – falou Nath.

– Na nossa empresa mesmo tem “alguns”, né Lari? – Dake a cutucou.

– Hã? Ah... É sim... – ela respondeu.

Dake percebeu que ela estava um pouco aérea, mas continuou a conversar com os outros. Eles queriam ir a algum lugar, porém Larissa disse que queria voltar para casa. Ela os deixou no cinema e foi caminhando para perto de alguns táxis. Entrou no primeiro da fila e enquanto estava sentada no banco traseiro vendo as luzes da cidade através da janela, pensava no que faria no dia seguinte.

Ao chegar a frente do seu prédio, pagou o motorista e desceu do carro. Respirou fundo e fechou a porta atrás de si. Pegou seu celular no caminho para seu apartamento discou um número que bem conhecia. Foi preciso que chamasse duas vezes antes que fosse atendida.

– Alô?

Ela não esperava que ele atendesse tão rápido.

– Alô, Lari, você está aí?

– E-estou. Hum, é que eu, bem... Você pode vir aqui em casa amanhã? – perguntou ao abrir a porta de seu apartamento.

Ele não disse nada por um tempo e parecia estar analisando a pergunta. Larissa fechou a porta e jogou a bolsa em cima da mesa de jantar.

– É para eu pegar as minhas coisas? – ele perguntou com desânimo na voz.

– Não. – sentou-se na cama – Eu quero conversar com você. S-sobre nós.

E mais uma vez ele ficou em silêncio. Talvez fosse apenas impressão sua, mas Larissa achava que podia até ouvir as batidas de seu próprio coração. Ela não tinha pensado muito e num impulso, ligara para ele. Não tinha sequer cogitado a possibilidade de ele não querer mais nada com ela.

– Você está em casa?

– Estou.

– Tô indo pra aí.

– Castiel, espera! Eu...

Ela já havia desligado. Ela tentou ligar novamente, porém ele não a atendeu. Bom, pelo menos agora ela sabia que aparentemente Castiel ainda tinha interesse nela. Ele estava a caminho de seu apartamento e neste ínterim, ela foi tomar um banho e trocar suas “roupas de trabalho”. Saias de alfaiataria e camisas de botão não eram muito confortáveis para ficar em casa. Enrolada na toalha ficou observando seu guarda roupa. Não sabia se colocava uma roupa mais confortável e descontraída ou se se arrumava mais um pouco. Ela optou por vestir shorts pretos e uma camiseta branca com os dizeres “Give me Love” em vermelho. Olhou-se no espelho e sentiu que sua camiseta era um pouco “óbvia de mais”, só que antes que pudesse trocá-la, a campainha tocou. Correndo foi até a sala e o percurso desfez o coque de seus cabelos, que caíram sobre seus ombros. Quando colocou a mão na maçaneta, viu que seus dedos tremiam e antes que ficasse mais nervosa, abriu a porta.

– O-oi, Castiel.

Castiel a fitou por um tempo e sem nada dizer, aproximou-se, colocou a mão direita em sua nuca e puxou-a para si, capturando os lábios dela com os seus logo a seguir, com uma ânsia que ele mesmo não tinha notado que sentia. Ela passou os braços por seu pescoço ao corresponder o beijo com a mesma intensidade e emitiu um sôfrego gemido. Ele sentiu um arrepio percorrer seu corpo com este gesto. Larissa também não percebera o quanto sentia falta dele. Todo seu corpo ansiava pelo dele, pelo seu calor, pelo seu toque.

Com um pontapé ele fechou a porta enquanto suas mãos acariciavam Larissa, que neste ponto estava com dificuldades para manter-se de pé, respirar regularmente e manter pensamentos com coerência. Ele abaixou-se um pouco e a pegou em seu colo, fazendo com que ela rodeasse seu quadril com as coxas. Com passos lentos ele a levou até o sofá, onde a deitou. Por um longo momento ficaram apenas contemplando um ou outro e foi aí que Larissa deu-se conta do que estavam prestes a fazer e de que ainda precisavam colocar os pingos nos is.

– C-castiel... – falou com um sussurro – Espera, precisamos conversar.

Ele engoliu em seco ao se afastar e desviou seu olhar enquanto ela sentava no sofá. Castiel também o fez, antes de beijá-la mais uma vez. Por mais que estivesse nítido que ainda estimavam um ao outro, Castiel ainda tinha medo da tal conversa que ela queria ter com ele. Temia que ela quisesse por um ponto final na história deles e ele sabia que não poderia suportar viver sem Larissa.

– Castiel... – ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha ao olhar para o chão – Eu... – engoliu em seco – Todo esse tempo, no fundo, eu sempre soube o que sinto por você... mas eu – olhou para ele – tive medo. Medo de que...

– Eu fizesse de novo. – disse, desanimado.

– De me machucar de novo. – ela o corrigiu.

– Larissa, – passou a mão pelos cabelos – eu me arrependi do que fiz, de verdade. Tudo o que quero é não te machucar, eu não quero mais aquele olhar, aquela expressão de dor em seu rosto. Eu amo você, sei que não sou perfeito, mas eu nunca mais vou cometer este erro. Eu nunca...

– Eu sei. – ela o interrompeu – Eu sei que você se arrependeu. E se algo do tipo acontecer novamente, eu te mato! – elevou a voz, o que o fez rir – Er... Confesso que ainda tenho medo, mas não posso deixar que ele me impeça de fazer o que quero, não posso deixar que ele me impeça de ser feliz. E a minha felicidade... – sua voz estava embargada e ela não conseguiu completar a sentença.

Castiel a abraçou e contra seu peito, ela apoiou seu rosto com as mãos tocando sua blusa. Passados alguns segundos, ela afastou-se um pouco subiu as mãos até a curva do pescoço dele. Larissa observou a linha de seu queixo, o canto de sua boca e as pontas de seus fios ruivos e riu ao lembrar-se das vezes que ela os pintara, ainda enquanto estavam na escola.

– O que foi? – ele perguntou.

– Não, nada... – sorriu – É que estava lembrando de quando era eu que pintava seu cabelo.

– Na época que a gente estudava junto?

– É... às vezes a luva furava e eu ficava com o dedo vermelho... – sorriu – Lembra daquela vez que eu errei a numeração da tinta e você ficou... – gargalhou.

– Ridículo? – ele riu também – É, mas eu lembro também daquele dia que você apareceu com uma saia verde na escola.

– Ah, nem me lembre dela! Até hoje tenho pesadelos com ela. Tem coisas que a gente compra e acha que vai arrasar, mas quando chega a hora de usar, fica horrível. – tampou o rosto com as mãos.

– Não ficou “horrível”, ficou... – ele parecia procurar a palavra certa – Não ficou...

– Horrível, assuma. Eu já assumi há tempos e joguei a saia fora.

Os dois riram e depois se fitaram com expressões nostálgicas.

– Eu senti sua falta, Castiel...

– Eu também... – desviou o olhar – E a culpa foi minha, me perdoe. Eu não vou, nunca mais, fazer alguma coisa para te ferir.

Larissa sorriu mais uma vez e Castiel tocou seu rosto. Ela inclinou a cabeça um pouco e segurou a mão dele com a sua.

– Eu vou acreditar...

Ele tomou sua mão e acariciou seu dedo anelar. Larissa olhou para baixo e falou:

– Eu joguei a aliança na rua. Estava morrendo de raiva de você.

– Imaginei algo do tipo quando te vi sem ela aquela noite. Pra falar a verdade, eu pensei que você estava com aquele surfista.

– Na verdade não... e ele não é mais surfista. Não como era antes. E aquele seria nosso primeiro encontro, mas depois não rolou mais nada.

Castiel soltou o ar que inconscientemente prendia.

– Que bom, eu realmente não gosto dele.

– É uma pena, ele é uma ótima pessoa. E meu chefe. Só é um pouco imaturo pra algumas coisas...

– Você vai ficar defendendo ele na minha frente? Sério mesmo?

– Não estou defendendo, só estou falando a verdade. Dake é legal.

Castiel fez uma expressão de poucos amigos e Larissa deu de ombros. Era divertido provocar-lhe ciúmes e mordeu o lábio inferior para disfarçar seu sorriso.

– Isso não é engraçado. – ele continuou com cenho franzido.

– Ok, senhor “não é engraçado”, vou parar por aqui porque não quero arrumar brigas com meu namorado, tá?

– Acho bom... – ele percebeu o significado do que ela dissera – Seu namorado, é?

Ela fez que sim com a cabeça e ele disse ao aproximar-se mais dela:

– E tem mais alguma coisa que você quer fazer com ele?

– Hum, não. Ah, tem uma coisa que eu quero dizer.

– O quê?

Ela inclinou-se sobre ele e sussurrou em seu ouvido.

– Eu te amo.


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