Caçada escrita por Gabi Gomes


Capítulo 7
A Caçada Começa


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Aqui está mais um capítulo de Caçada!
Espero que gostem!



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Aquilo provavelmente deveria ser alguma pegadinha do Matt, e a qualquer momento, câmeras de televisão iriam aparecer até de traz de uma pedra e todos dariam risada da minha cara de espanto.

Afina, aquilo não podia ser verdade, o senhor Benzini nunca venderia o tigre, principalmente agora, que ele tinha achado sua mina de ouro no animal. E caso ele vendesse Kishan, o preço seria muito alto e nenhum dono de circo teria o dinheiro para compra-lo.

Eu já deveria estar perdida em meus pensamentos por muito tempo, pois quando vi, Matt me segurava pelos braços, me chacoalhando fortemente, enquanto Kishan rugia baixinho de sua jaula.

– Mia, você está ouvindo?

A voz de Matt era urgente, o que me fez focar os olhos em seu rosto aflito. Tentei me soltar dele, mas suas mãos me seguravam forte.

– Matt, porque você está assim?- Minha voz parecia de uma criança de cinco anos perdida no super mercado.

– Você não ouviu o que eu disse? O Benzini vai vender o tigre!

Me solto dos braços de Matt e me afasto, soltando uma risada nervosa, enquanto olhava para Kishan que estava impaciente dentro da jaula.

– Isso é impossível, Matt! É... Impossível...

Minha voz foi morrendo a medida que eu começava a cair na real. Matt estava sério, não era uma brincadeira.

– Mia, eu estava procurando por você quando vi o Benzini conversando com um cara estranho, cheguei mais perto para tentar ouvi o que eles falavam e eles negociavam o preço do tigre.

– Não pode ser...

Meu peito batia forte e uma sensação estranha tomou conta de mim. Cerrei meus punhos e deixei Matt ali falando sozinho. Saí da tenta batendo os pés, pronta para brigar com qualquer um.

As pessoas lá fora estavam eufóricas, formavam grupinhos e cochichavam sobre a venda de Kishan. Senti olhares em mim, provavelmente devido ao fato de eu estar vestindo um pijama de flanela com o desenho do Mickey Mouse, junto com pantufas da Minnie.

Mas eu não estava ligando para os olhares das pessoas, pois o meu único desejo naquele momento era poder gritar toda a minha frustração com aquele velho. Eu não o deixaria tirar Kishan de mim, não agora.

Em poucos dias eu tinha criado um ligação totalmente diferente com aquele tigre negro. Kishan se tornou um porto seguro, onde eu podia contar todos os meus medos e alegrias, nunca tinha me aberto tanto para alguém (ou algo no caso) desde a morte de meus país.

Encontrei o Benzini parado na frente de seu grande trailer prateado conversando com um homem alto, com uma pele cor de oliva e cabelo raspado, forte e com a barba bem feita. Seus olhos castanho claros me fizeram arrepiar.

O homem que vestia um fino terno preto, conversava seriamente com Benzini. Seu rosto mostrava a determinação de um leão, pronto atacar qualquer animal que interferisse em seu caminho.

Parei por um instante, receosa em me aproximar mais daquele homem estranho. Tive vontade de sair correndo dali o mais rápido possível, mas a imagem dos olhos dourados de Kishan fizeram minha determinação voltar.

Caminhei a pouca distância até os dois homens e me postei ao lado do senhor Benzini que não me viu chegar. Infelizmente o homem desconhecido me viu, e focou seu olhar em mim por alguns segundos, fazendo uma sensação horrível passar pelo meu corpo.

– ... Mas o senhor tem que entender que o tigre trouxe muito lucro para nós do Benzini Brothers, não posso simplesmente vende-lo a qualquer preço...

O velho Benzini continuava a falar, gesticulando com os braços, sem nem perceber que o homem não prestava mais o atenção nele pois seus olhos passaram a me estudar cuidadosamente.

Pigarreei e desviei o olhar daquele homem, me voltando pra o Benzini que finalmente tinha parado de falar e agora me olhava de um jeito estranho, seus olhos passaram por mim e foram até minhas pantufas.

– O que faz aqui, garota? Não vê que estou ocupado?

Sua voz repulsiva me deu vontade de soca-lo na cara gorda, mas tentei me controlar e apenas o encarei com raiva.

– Porque vai vender Kishan? - Minha voz era fria e cheia de ódio.

– Isso não interessa para você, menina! Agora caia fora. –Benzini agarrou meu braço enquanto sussurrou as palavras perto do meu ouvido.

Soltei meu braço de sua mão e o ignorando, me dirigi ao homem de terno que observava a cena sério. Vencendo meu medo, dirigi minhas palavras a ele.

– Porque o senhor quer comprar o tigre?

Ele me olhou por um momento antes de abrir um sorriso preguiçoso e perigoso.

– Prazer um conhece-la, senhorita...

Sua voz era aveludada e parecia seduzir meus ouvidos, mas fez apenas com que meu medo aumentasse.

– Mia. – Minha resposta saiu seca.

– Mia... – Ele parecia saborear meu nome em sua boca. - .... Bem, Mia, sou um grande empresário indiano, dono de uma reserva para tigres. Venho procurando por esse tigre negro a anos, tentando encontra-lo em todos os lugares. Sabe... Ele é muito raro e agora que o encontrei pretendo leva-lo comigo até minha reserva, que é o seu verdadeiro lar...

Seu rosto não demonstrava nenhuma emoção, apenas determinação. Suas palavras não me convenceram então eu continuei a interroga-lo.

– Quem é o senhor?

– Campbell, eu juro que se você não sair daqui nesse instante...

Benzini parecia furioso, pois agarrou meu braço novamente com força e me puxou para longe.

– Isso não é necessário, Benzini. A moça só está preocupada com o tigre, isso é compreensível, já que ele trata do animal.

O velho solta o meu braço, mas me fuzila com o olhar. Eu ignoro e me aproximo do homem que agora sorria para mim de um modo despreocupado.

– Desculpe a minha falta de educação, Mia. Prazer, meu nome é Lokesh.

Ele estendeu a mão para que eu a apertasse, mas eu recuei. Seu sorriso aumentou, como se conseguisse ver o tamanho do meu medo.

– Bem senhor Lokesh, eu não me importo com o seu trabalho, pois Kishan não está à venda. -Digo decidida, ouvindo a risada desdenhosa de Benzin atrás de mim.

– Você está maluca, garota! Saia logo daqui! Onde já se viu...

Eu não queria sair dali, queria que aquele homem medonho fosse embora, mas eu sabia que o velho Benzini não iria recusar a oferta “generosa” daquele empresário, que parecia disposta a pagar qualquer preço para levar Kishan embora.

Comecei a entrar em desespero, pois sabia que nada que eu fizesse poderia ajudar Kishan. Eu não podia deixa-lo nas mãos daquele estranho, mas o eu poderia fazer? Eu tentava pensar em algo, enquanto corria para o meu trailer para me vestir e voltar a tenta de Kishan, mas tudo que me vinha era inútil.

Meus olhos começavam a queimar, anunciando a chegada de algumas lágrimas teimosas. Mas eu não podia chorar agora, chorar não me ajudaria em nada.

Entrei apressada no trailer e comecei a me trocar com as primeiras roupas que encontrei na minha pequena gaveta no guarda roupa coletiva. Pronta, corri para a porta, quando meus olhos focaram no porta retrato de madeira ao lado da minha cama.

Olhei para a foto onde eu, papai e mamãe sorriamos para a câmera enquanto eu segurava um enorme algodão doce, que papai tinha me comprado em uma das barracas do parque de diversão. E naquele momento uma ideia surgiu em minha mente.

E se eu fugisse com Kishan?

Continua...


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