Caçada escrita por Gabi Gomes


Capítulo 26
Aprendendo a Viver


Notas iniciais do capítulo

Hey, tigers!
Aqui estou para mais um capítulo fresquinho!
Espero que gostem, e quero agradecer a todas que comentaram no capítulo anterior.
Aproveitem mais um pouco de Mishan!
Boa Leitura



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− O que você...

Aquelas foram as primeiras palavras de Kishan depois de muitos minutos em silêncio, parado em minha frente naquela campina silenciosa e ensolarada.

Meus braços haviam caído ao lado do meu corpo, e eu olhei para minhas mãos, tentando processar o que eu havia dito à Kishan. Eu sabia que estava apaixonada por ele, no momento em que coloquei os olhos em seus dourados, mas simplesmente não tinha coragem de colocar aquelas palavras para fora até aquele momento.

Afinal, o que aconteceria quando quebrássemos a maldição, ou então, se não conseguíssemos salvar os dois príncipes? Minha insegurança não permitiu que eu dissesse aquelas três palavras, mesmo depois dos beijos e das palavras carinhosas que Kishan me dava.

− O que você acha que aquele beijo no lago significou? – perguntei, relembrando o dia em que nos beijamos pela primeira vez. – Você mexeu comigo desde o dia em que chegou naquele circo Kishan, e eu nem entendo o porquê, eu não sou só atraída por você, eu amo você, e eu não conseguia guardar mais isso.

Com o pouco de coragem que ainda me restava, levantei o rosto para encarar seus olhos dourados de pirata, tomando seu rosto moreno em minhas mãos.

− Eu quero proteger você, Kishan, quero proteger a nós dois, porque eu amo o meu tigre e o meu príncipe, entenda isso. – Finalmente, aqueles sentimentos que eu sempre tive, foram colocados para fora, e eu me sentia mais corajosa do que nunca.

Abri a boca para dizer mais alguma coisa, já que o homem em minha frente não tinha reação alguma, e eu já estava ficando assustada, mas Kishan apenas envolveu minha cintura com os braços, me puxando para cima como se eu não pesasse nada.

Com a surpresa do movimento, soltei seu rosto e gritei até que percebi que nossos rostos estavam no mesmo nível e ele sorria com o mesmo jeito brincalhão de sempre. Envolvi seu pescoço com o braço e sorri, levando meu rosto para perto do seu até que meu nariz tocasse o dele, como ele fazia comigo na forma de tigre.

E ele gargalhou, a risada mais gostosa que eu já ouvi, fazendo meu coração bater mais rápido enquanto via seu rosto em uma expressão contente, fazendo com que eu mesma sorrisse.

− Você tem certeza do está dizendo? – Kishan perguntou, acariciando meu rosto com nariz, fazendo-me fechar os olhos em prazer.

− Está duvidando de mim depois de tudo o que eu disse? – rebati a pergunta, afastando nossos rostos para olha-lo nos olhos, mas Kishan abaixou o rosto pela primeira vez, deixando-me preocupada.

− Só quero saber se tem certeza de que me ama a ponto de estar sempre comigo, porque eu não quero perder você nunca, bilauta, mas não tenho muito o que oferecer a você – ele disse baixinho, e sua voz estava rouca e cheia de sentimentos. Ficaria em êxtase pelas palavras de Kishan se aquilo não me intrigasse, e eu o olhei com a testa franzida.

− O que você quer dizer com isso? – Minhas mãos subiram pelo seu pescoço, até chegaram em seu queixo bem desenhado, e o fiz olhar para mim, ainda sem conseguir tocar os pés no chão.

− Tudo o que eu tenho é o meu amor por você, Amélia, mas o que mais eu posso lhe oferecer além disso agora? – ele perguntou, deixando-me surpresa por usar meu nome, além de confirmar que me amava. – Essa maldição me deixa na forma de tigre por um dia inteiro, não consigo lhe beijar quando quero, nem lhe tocar, nem lhe dar algum...prazer.

A verdade das palavras de Kishan me atingiu como um tapa, enquanto ele corava visivelmente, o que me deixou mais surpresa ainda, enquanto suas mãos me apertavam com mais força contra si, aumentando o contato entre nossas peles.

− Você deve estar mais acostumada com o tigre do que com o homem, e o tigre não pode lhe oferecer nada do que você precisa. – Kishan beijou minhas maçãs do rosto, apenas para reforçar sua ideia principal. O simples toque de seus lábios em minha pele, fez-me arrepiar e percebi que ele sentiu meu corpo reagindo ao dele.

− Sohan Kishan Rajaram, eu não acredito no que você está dizendo! – disse, com a voz afetada, fazendo-o olhar para mim com surpresa. – Eu não ligo para nada disso, pois eu amo vocês dois e tudo o que eu quero é o seu amor, não importa se for o tigre ou o homem, quero você de todas as formas. Nós vamos conseguir quebrar essa maldição, e você poderá me beijar quantas vezes tiver vontade.

− Isso é uma promessa? – ele perguntou, colando sua testa na minha e abrindo um pequeno sorriso malicioso, que me fez rir e balançar a cabeça em afirmação.

E Kishan não esperou mais nenhum minuto para unir nossos lábios em um beijo, fazendo com que tudo dentro de mim se consumisse. Abri meus dedos em seu pescoço, acariciando sua nuca, enquanto Kishan aprofundava o beijo, fazendo-me sentir seu gosto de café forte, o que me fez pensar que ele havia tomado café na forma humana antes de sair para caçar.

Suas mãos desceram da minha cintura para as pernas, fazendo-me envolver seu corpo. Minhas mãos já estavam em seus cabelos negros e sedosos, mas assim que senti meu corpo sendo inclinada, arregalei os olhos e saparei nosso beijo apenas para perceber que Kishan havia me deitado na grama úmido e meus cabelos havia se misturado no tapete verde.

− Eu amo você, bilauta. – Kishan sussurrou, com o corpo em cima do meu enquanto o sol contornava sua silhueta morena, deixando-o tão bonito que eu apenas soltei um suspiro ofegante.

Dessa vez, eu acabei com distância entre nossos corpos, afogando-me no belo homem que me beijava com carinho e desejo. Ele segurava meu rosto, acariciando qualquer parte de pele que seus dedos tocavam, e minhas mãos desceram por seus ombros até o peito, segurando a tecido preto entre os dedos.

Kishan desceu os beijos para meu queixo, quando nossas respirações já estavam falhas, indo para o pescoço logo em seguida e deixando beijo leves. Quando voltou para meu rosto, levou o nariz até meus cabelos, fechando os olhos e beijando minha testa com ternura.

− Como descobriu meu nome? – ele perguntou, e demorei alguns minutos para que meu cérebro voltasse ao normal e entendesse sua pergunta.

− O senhor Kadam adora me contar coisas sobre você, e eu adoro perguntar – respondi, passando os dedos pelo rosto de meu tigre, vendo-o sorrir antes de me beijar rapidamente nos lábios.

− Seja minha, Mia, e deixe-me proteger você, e eu serei seu se assim quiser. – Eu sorri, sem saber exatamente como responder àquele pedido tão carinhoso, pois eu sabia que já era de Kishan.

− Só se você me ensinar a dar alguns socos. – Dou um soquinho no ombro de Kishan, fazendo-o rir enquanto balançava a cabeça em concordância.

− Desculpe-me por gritar com você hoje de manhã. – Kishan se levanta, pegando minhas mãos e me puxando para ficar de pé em sua frente.

− Não tem problema, da próxima vez lhe dou um chute na bunda – respondi, colocando os punhos para frente como se fosse bater em alguma coisa, fazendo Kishan sorrir, enquanto pegava minhas mãos.

− Então aqui vai a primeira lição. – Ele se posicionou atrás de mim, com os lábios colocados em meu ouvido, enquanto eu mordia o lábio inferior e tentava não derreter com a proximidade nossos corpos. – Você precisa cobrir o rosto com os braços, pois eles serão uma proteção caso você não esteja com armas, e feche os dedos em punho firmemente sem deixar abertura, enquanto usa o dedão para cobril-los, assim você sentirá menos dor quando bater em algo.

Senti seus lábios em meu ombro, deixando beijos onde a regata preta expunha minha pele pálida, e no momento em que ia me virar para que nossos lábios se encontrassem mais uma vez, Kishan soltou um ofego e se afastou.

Seus minutos como humano haviam acabado e ele olhou para mim com pesar, mas eu apenas sorri, tentando passar alguma confiança para ele.

− Eu amo você, tigre. – Podia jurar que vi um resquício de sorriso malicioso no rosto de Kishan, mas assim que pisquei, o tigre negro estava de volta, com seu enorme corpo peludo, me estudando com os olhos dourados. – É melhor nós voltar para casa, tenho uma ideia de como saber a localização do templo de Durga.

Soube que tudo entre mim e Kishan estava bem quando o enorme tigre me empurrou para fora da trilha na primeira oportunidade que teve, e eu passei a caminhada inteira reclamando de como ele era um tigre muito malvado.

Encontramos Nilima parada nas escadas que levavam para a porta principal, ele estava com as mãos na cintura e uma expressão preocupada, mas assim que viu Kishan e eu saindo da floresta densa, suspirou em aliviou, chamando alguém dentro da casa, quem confirmei ser o senhor Kadam.

− Onde vocês dois estavam? Ficamos preocupados de que alguma coisa tivesse acontecido. – Nilima ralhou, recebendo um resmungo de Kishan, que balançou a cauda preguiçosamente.

− Sinto muito termos deixado vocês preocupados, estávamos em uma campina a poucos metros daqui – respondi, percebendo que Kadam agora olhava para minha mão que acariciava as orelhas felpudas de Kishan, e ele sorriu.

− Vocês precisam ter cuidado, não sabemos os perigos que estão por vir, nem mesmo se Lokesh já tem consciência da Mia, Kishan. – O tigre rugiu e bateu as batas no chão, parecendo irritado, e eu rapidamente tentei mudar de assunto, não querendo demonstrar o medo que aquele nome me causava.

− Senhor Kadam, acho que descobri como usar o Pergaminho do Tigre.

Em poucos minutos estávamos todos na biblioteca, Nilima mexia na barra da saia colorida, enquanto Kadam estava sentado na sua cadeira de sempre, enquanto eu abria o mapa da índia sobre a grande mesa cheia de livros.

− Phet disse que o pergaminho era algum tipo de mapa, e veja que as linhas que ligam o centro são simétricas e perfeitas, assim como as que ligam cada elemento. Temos que imaginar o desenho como a Rosa dos Ventos, então o fogo está a oeste, a água a leste, a terra ao sul e o ar ao norte, o yin-yang está no ponto mais central, então se colocarmos ele em cima do ponto central da Índia...

Kadam levantou-se e calculou as coordenadas do ponto central da Índia, fazendo um círculo vermelho para que eu colocasse o pergaminho alinhado ao mapa, e assim que o papel claro se adaptou ao de baixo, três pares de olhos voaram para onde o fogo estava.

− Está perfeitamente alinhado com um dos templos. – Nilima foi a primeira a quebrar o silêncio, e sua expressão era de surpresa – Preciso fazer chá para nós.

Kishan rugiu baixinho assim que Nilima se apressou para a cozinha; seu corpo peludo acariciou minhas pernas e ele parecia querer dizer algo a mim que eu não conseguia identificar, então apenas acariciei seu dorso.

− Isso é magnifico, senhorita Mia, temos tanta sorte de tê-la aqui. – Kadam parecia radiante, tirando o pergaminho e estudando o local do templo.

Kishan me cutucou com a grande cabeça, olhando-me brincalhão, o que parecia que ele concordava com Kadam, e eu me agachei para abraçar seu pescoço.

− Nosso templo é o Ambika Mata, em um vilarejo perto do Monte Abu. É uma bela cidadezinha turística, e o templo é muito visitado pelos turistas. – Kadam disse, procurando alguns livros em sua estante, enquanto eu estava sentada no chão ao lado de Kishan, que deitara a cabeça em meu colo.

− O importante é que agora temos a localização desse templo e de todos os outros. – Tentei acalmar o velho homem, enquanto Nilima voltava com as xícaras de chá. – Phet disse que passaríamos por desafios nos templos, para podermos liberarmos seis horas como humano para os tigres, então imagino que seja melhor irmos de noite, sem correr o perigo de que algum turista se machuque.

Levei a xícara branca até os lábios, sentindo a quentura da bebida esquentar meu corpo, e senti-me totalmente relaxada.

− Você está certa, senhorita Mia, e acho que deveríamos começar nossa jornada depois de seu treinamento. – Senti Kishan inquieto, e rapidamente passei a mão por seu pescoço, deixando uma carícia. – Durga foi criada para combater um demônio, é conhecida como uma deusa de luta, logo penso que os desafios serão algo mais físicos.

Sabia que Kadam tentara amenizar as palavras, apenas para dizer que nós teríamos que lutar contra coisas que mal sabíamos o que eram para conseguirmos quebrar uma das cinco partes da maldição, mas eu estava preparada, e a vontade de lutar crescida cada vez mais dentro de mim.

− Então acho melhor não perdermos tempo, quero começar o treinamento agora, senhor Kadam. – Levantei-me do chão e pousei a xícara de chá em cima da escrivaninha, olhando para o velho homem com determinação.

− Isso será ótimo, senhorita Mia. – Kadam abriu um sorriso e percebi a empolgação passar por seus olhos. – Vá se aprontar, e estarei esperando na sala de treinamento, no subsolo, Kishan pode leva-la até lá.

Subi as escadas com saltos de animação, e abri a porta de meu quarto com euforia. Joguei-me na cama e comecei a rir, sem acreditar no que eu estava prestes a fazer, sabendo que há poucos meses a única coisa que eu sabia fazer era tratar de cachorros e verdes bilhetes de entrada.

− Você acredita nisso, Kishan? Vou virar uma guerreira. – Joguei a mão para o alto e deixei que elas caíssem de volta em meu rosto, e eu levei-as até meus cabelos, voltando meus olhos para o tigre negro que entrava preguiçosamente pela porta, rugindo baixinho.

Minha empolgação não parecia afetar o tigre enorme, e eu sabia que Kishan mesmo aceitando, ainda estava desgostoso com aquela ideia.

Rapidamente sentei-me na cama e apontei para que ele viesse até mim, e Kishan rapidamente trouxe seu corpanzil de tigre até as minhas pernas, apoiando sua cabeça ali. Acariciei suas orelhas e desci para o pescoço até o dorso, da forma que eu costumava fazer quando ainda estávamos no Benzini Brothers.

− Se você preferir, não precisa ir aos meus treinos, mas gostaria muito de tê-lo ao meu lado – sussurrei, olhando fundo nos olhos felinos dele.

Rapidamente Kishan bufou, balançando a cauda e rugindo alto, seu corpo todo se remexeu e eu interpretei aquilo como seu protesto à minha sugestão, e eu sorri, abraçando seu grande pescoço felino.

Se ele estivesse em sua forma humana, abriria um sorriso preguiçoso e diria: “Isso está fora de cogitação, eu vou estar lá com você, bilauta.”

− Obrigada, Kishan.

Levantei-me e deixei meu tigre deitado no tapete felpudo de meu quarto, indo até o espelho de corpo para estudar minhas roupas. A legging preta e a regata da mesma cor pareciam perfeitas para o treinamento, então apenas prendi meus cabelos revoltos em um rabo de cavalo, ouvindo Kishan bufar.

− Não posso ficar com os cabelos soltos o tempo todo, Alteza – zombei, e Kishan rugiu baixinho, enquanto eu escondia o riso. – O que você acha? Talvez eu devesse me vestir como Xena, a princesa guerreira.

Kishan tombou a cabeça e parecia me fitar seriamente, e quando percebi que ele me imaginava na fantasia da personagem, agarrei a primeira almofada que encontrei na poltrona ao meu lado, e joguei no tigre negro, que não conseguiu se afastar.

Em pouco tempo estávamos no corredor do primeiro andar da casa, e Kishan me guiava por onde eu nunca estive. Uma porta de madeira semelhante como as outras era a última coisa naquele corredor, e Kishan aponto-a com a cabeça para que eu a abrisse.

Uma pequena escadaria nos levou até a grande sala de treinamento, a qual me deixou sem palavras. Aquilo poderia ser muito bem um campo de futebol ou uma quadra poliesportiva, mas o chão era forrado com vários estofados azuis, e os mais diversos aparelhos estavam dispostos pelo lugar.

Vi sacos de areia de todos os tamanhos, bonecos de tronco que eu sabia que eram usados para a mesma função que os sacos. Cordas e pesos e aparelhos que eu nem sabia o nome, mas aquele lugar deixaria qualquer academia para trás.

Entretanto, o que mais chamou minha atenção foram as paredes, forradas com painéis que exibiam os mais diversos tipos de armas. Encontrei facas e adagas, espadas e foices, armas medievais e machados, tridentes e lanças, além de um grande número de armas de fogo.

Pelo o que eu podia ver, Kadam colecionava armas das mais diversas épocas.

− Que bom que estão aqui, é muito bom poder ensinar alguém depois de tantos anos. – Percebi que Kadam sentia falta do trabalho que ele exercia a 300 anos atrás e excitação correu pelo meu corpo ao constatar que eu seria treinada por um guerreiro de verdade.

− Oh, diga que vamos dar alguns socos naqueles homens de borracha. – Eu saltava sobre os calcanhares, e apontei para os bonecos que eu havia visto ao lado dos sacos. A risada de Kadam encheu a sala de treinamento e eu mordi o lábio inferior.

− Você me lembra um jovem Kishan tão empolgado quanto a senhorita. – Olhei instantaneamente para o tigre negro que estava deitado do lado de fora dos estofados azuis, e seus olhos brincalhões me saudaram, juntamente com um rugido. – Primeiramente, vou fazer com a senhorita o que fazia com todos os meus alunos. Um guerreiro não é nada sem sua arma, e deixarei você escolher a que mais lhe agrada para que possamos começar nosso treinamento.

Arregalei os olhos com surpresa, sem imaginar que Kadam deixaria eu manusear algumas de suas armas, muito menos dar-me uma. Uma sensação de força invadiu meu corpo e dei os primeiros passos em direção aos painéis que exibiam as armas com luxo.

Sentia os olhares de Kishan e Kadam queimando em minhas costas, mas apenas respirei fundo e observei as armas de fogo, descartando-as tão rapidamente quanto as lanças e armas de aparência pesada.

Olhei as espadas com admiração, vendo as pedras preciosas encrustadas nos punhais, e fiquei um bom tempo ponderando sobre escolher uma espada que mais parecia algo usado por esgrimistas, entretanto, fui até ao painel de facas e adagas, ficando encantada com as pequenas armas.

As facas eram únicas, de tamanhos maiores que as adagas, que eram em pares, mas ambas eram belas, bem mais trabalhadas que as outras armas, com pedrarias e feitas de metais preciosos.

Em meio a belas joias, meus olhos foram direto para um par de adagas diferentes de todas as outras, feitas de um metal negro e reluzente, com um derramado dourado que ia até o cabo, que era encrustado com topázios dourados e rubis.

Mordi o lábio inferior para conter o sorriso quando minhas mãos tocaram as laminas discretas, que envolveram-me com uma quentura familiar, e eu voltei-me para Kadam e Kishan com um ar orgulhoso.

− Quem diria, não é mesmo, Kishan? – Kadam tinham os braços cruzados, e um enorme sorriso estampava seu rosto, enquanto Kishan parecia um filhotinho alegre, olhando com os olhos contentes.

− O que houve? – perguntei confusa, olhando para as adagas que se encaixaram perfeitamente em minhas mãos, apertando-as com mais força.

− Essas adagas foram as primeiras armas de Kishan quando ele começou o treinamento, o rei Rejaram deu a ele de presente – Kadam disse, fazendo-me ficar boquiaberta com a confissão.

Olhei para as adagas em minhas mãos com um sentimento diferente, sabendo que as mãos de Kishan já estiveram nela, e rapidamente sorri, imaginando as batalhas que aquelas adagas já estiveram. Voltei meus olhos para os deu meu tigre, e confusa, não o encontrei ao lado do Kishan, mas um vulto preto chamou minha atenção, e percebi que o enorme felino agora estava agora estava em minha frente, cutucando minhas pernas com a cabeça.

Agachei-me até abraçar o pescoço de Kishan, beijando-lhe o pelo escuro antes de voltar a olhar em seus olhos, coçando sua cabeça.

− Vou cuidar muito bem delas – afirmei, vendo a alegria correr pelos olhos de Kishan, enquanto o senhor Kadam se postava ao nosso lado.

− Pronta para começar? – Kadam colocou a mãos em meu ombro com um sorriso, e eu apenas confirmei com a cabeça.

Começamos com o treinamento básico, sem nenhuma arma, mas mesmo assim eu estava empenhada, fazendo cada movimento com o máximo de mim. Kadam começou com os braços, mostrando-me como usa-los como proteção e transforma-los em máquina rápidas para o ataque, e agradeci mentalmente pela dica de Kishan com os punhos quando dei um gancho de direita nas luvas que o senhor Kadam usava.

− Pense em si mesmo lutando com um homem de seu tamanho – Kadam dizia com a voz ofegante, abafando meus socos com as luvas protetoras. – Você não conseguiria ganhar da força nos socos, então o que fará?

− Chutarei as partes íntimas e sairei correndo? – indaguei, sentindo o suor escorrer por dentro de minha blusa, grudando-a no corpo. Minha voz estava ofegante, mas por nenhum minuto parei com a série de socos.

− Quase isso, senhorita Mia. – Kadam fez um movimento com as mãos para que eu parasse, e rapidamente despenquei ao chão. – Você é baixa e rápida, deve aprender a usar seu ponto mais forte que são as pernas. Respondendo a pergunto, você deveria usar os braços como proteção, enquanto usasse as pernas como o ataque com chutes e rasteiras.

Deitei meu corpo no acolchoado azul, sentindo todos os meus músculos reclamarem quando a adrenalina começou a abaixar.

− Essa será nossa aula de amanhã – Kadam emendou, enquanto colocava os objetos usados de volta aos seus lugares. – Você foi ótima, senhorita Mia, está progredindo muito bem, e em pouco tempo estará treinada. Agora é melhor tomar um bom banho e descansar, e não esqueça de levar suas adagas.

− Obrigada, senhor Kadam – resmunguei de cansaço, ouvindo a risada do homem enquanto se afastava de mim, indo para a porta. Coloquei as adagas em uma mão, enquanto limpada a suor de minha testa com a outra, no momento em que senti um nariz molhado tocando minha barriga. – Eu estou acabada, será que um certo príncipe tigre pode levar esta dama de volta para seus aposentos?

Kishan fungou perto de meu braço, mas eu não tinha forças para acariciar seu pelo, pois queria ficar ali até pegar no sono, infelizmente meu tigre rugiu baixinho como um chamamento, e percebi que ele já estava nas escadarias, esperando impaciente por mim.

− Você ainda se considera um príncipe? – ironizei, forçando meu corpo a se levantar, arrastando-me de volta para meu quarto, onde Kishan se acomodou na cama, enquanto me acompanhava com os olhos.

Coloquei as adagas negras com leveza na pequena penteadeira de meu quarto, se tornando uma coisa antônima aos perfumes e joias que as rodeavam. Arranquei as roupas suadas quando a porta do banheiro se fechou atrás de mim, e dispensei a banheira apenas para tomar uma chuveirada rápida, que acalmou meus músculos.

Sem me importar com os cabelos pingando, coloquei o camisão que ia até a metade de minhas coxas, com a estampa “I’m the princess”, a qual foi recebida com um olhar divertido de Kishan. Engatinhei até minha cabeça encontrar os travesseiros, e me estendi na cama, virando a cabeça para o relógio digital ao meu lado para constatar que já era muito tarde.

− Nunca me senti tão bem – confessei, olhando para os olhos dourados de meu tigre. – Foi maravilhoso sentir todo o poder que meu corpo tem.

Olhei para meus braços pálidos e pequenos, os quais minutos antes batiam com força e determinação. Voltei-me para Kishan mais uma vez, mas um pequeno grito escapou de meus lábios, quando encontrei o homem moreno em minha frente.

Passara da meia noite e Kishan finalmente podia voltar a sua forma humana, que me estudava com um sorriso malicioso no rosto.

− Você tem que parar de me assustar assim− resmunguei, mesmo querendo me perder em seus braços.

− Venha aqui, princesa. – Seu tom brincalhão fez-me revirar os olhos, mas não demorei para me aconchegar em seu peito, sentindo os braços fortes de Kishan me apertado contra seu corpo. – Foi maravilhoso vê-la lutar daquela forma hoje, você parecia mais viva que nunca, Phet estava certa quando disse que você era uma guerreira, aliás eu sempre gostei das duronas.

Gargalhei alto, sentindo meu rosto doer com a flexão que meus lábios faziam, mas apenas balancei a cabeça frente ao comentário que Kishan havia feito, na tentativa de ser sedutor.

− Cuidado, posso acertar você com suas próprias adagas – ameacei, mas deixei um beijo demorado na curva de seu queixo, vendo seu corpo responder ao meu toque.

− Você fica muito melhor usando-as. – Sua voz saiu como um ofego, e seus olhos de pirata me estudaram com paixão antes de tomar meu rosto com as mãos e selar nossos lábios em um beijo intenso.

− Lembra-se quando disse que não tinha nada a oferecer? – perguntei, afastando nossos lábios inchados rapidamente, fazendo Kishan me olhar de forma questionadora e apenas concordar. – Você estava enganado, pois você me deu a melhor coisa que alguém poderia dar. Você me deu a vida que eu havia perdido desde a morte de meus pais, Kishan, e agora eu finalmente me sinto viva.

Com aquelas palavras e o olhar surpresa de Kishan, coloquei nossos lábios novamente, retomando o beijo e me perdendo no toque de sua boca.

Continua...


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