Caçada escrita por Gabi Gomes


Capítulo 12
O Começo De Uma Aventura


Notas iniciais do capítulo

Olá gente!
Aqui está mais um capítulo de Caçada!



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Andávamos pela trilha da reserva, em direção à saída, lentamente. Senhor Kadam falava alegremente em como ficou aliviado em finalmente conseguir encontrar Kishan e como estava contente por ele ter tido a minha ajuda.

Eu prestava atenção em cada palavra que aquele bondoso homem falava, enquanto sentia um certo tigre pulando entre eu e o senhor Kadam. Eu diria que ele estava bem animado.

– ... A senhorita tem que entender que tudo aconteceu muito rápido, em um momento eu procurava por Kishan e no outro, ele me ligava falando que tinha fugido e que Lokesh tinha o encontrado, então eu não tive muito tempo para conseguir providenciar todos os documentos necessários para a nossa viagem e...

Tínhamos chego na entrada da reserva, onde, no meio da escuridão da noite, eu conseguia ver um belo Jeep Commander parado ao lado de algumas árvores.

Me virei assustada com as palavras do senhor Kadam, afinal, que viagem era essa? Nós iríamos a Disney e ninguém me contou nada?

– Espero um pouco? Que documentos... E que viajem?

Percebi o olhar reprovador do senhor Kadam pousar em Kishan, que agitou sua calda com força e rugiu baixinho. Aquilo parecia uma forma de comunicação muito estranha.

– Você não contou nada para ela? - O homem perguntou, cruzando os braços.

O tigre negro abaixou a cabeça e se escondeu atrás das minhas pernas, como uma criancinha que tinha feito alguma coisa errada.

– Eu não estou entendo nada, desculpe. – Sussurrei, confusa.

– Eu não sei como contar para a senhorita de uma maneira simples, pois eu esperava que Kishan já tivesse lhe informado de algumas coisas... – Kadam suspirou e passou a mão pelos cabelos.

– Bem, eu estou ouvindo agora...

– Quando Kishan me ligou, ele contou rapidamente o que aconteceu com vocês no circo e pediu para que eu arranjasse alguns documentos falsos para a senhorita, pois ele queria leva-la para longe de Lokesh... Ele quer que a senhorita venha para a Índia conosco.

Arregalei os olhos quando ouvi aquela palavras “Ele quer que a senhorita venha para a Índia conosco”. Como assim? Cruzar o oceano Atlântico e ir parar em um país que eu nunca tinha pensado em pôr os pés? Embarcar em uma viajem com um tigre e um homem que eu tinha acabado de conhecer?

Eu sei que eu sempre sonhei em fugir do circo e viver minha própria vida, mas essa ideia era um pouco... Extremista.

– Mas... Índia? Porque? Quero dizer... Agora que eu o senhor encontrou Kishan, porque eu...? - Minha voz estava esganiçada e minha língua tinha se tornado um caracol, pois tudo o que eu falava saia enrolado.

– Nós queremos proteger a senhorita de Lokesh, pois, agora que ele sabe que você está envolvida com Kishan, ele não medirá esforços para acha-la e faze-la contar as coisas que sabe. – O olhar confiante de Kadam me prendeu enquanto ele continuava a falar. – Ele é um demônio cruel e maligno que fará coisas horríveis se tiver a senhorita, não podemos arriscar.

Um calafrio percorreu minha espinha quando o pensamento de ser torturado por Lokesh invadiu minha cabeça. O medo tomava conta de mim e eu estava a ponto de chorar. Abaixei meus olhos e encontrei os de Kishan, que me estudava de uma forma preocupada. O tigre negro esfregou sua grande cabeça peluda em minha perna, como um pedido para que aceitasse a proposta.

– Eu não sei, senhor Kadam... – Disse, ainda receosa. – Tudo isso ainda me parece uma grande maluquice... Tudo que eu quero é ter um vida normal, bem longe daquele circo, onde eu possa fazer uma faculdade qualquer, dividir um apartamento no subúrbio com uma colega e trabalhar de garçonete em alguma lanchonete estilo anos 60...

Minha voz foi ficando cada vez mais falhada a medida que eu falava e minha visão estava ficando borrada. Meu corpo começou a ficar mole depois que eu caí na real e percebi tudo o que tinha me acontecido em poucas horas.

– Não chore, bilauta. – Só percebi que os braços de Kishan agora estavam em volta da minha cintura quando ele sussurrou baixinho no meu ouvido, fazendo minha pele formigar.

Tentei ignorar a palpitação do meu coração e apenas me soltei de seu abraço, respirando fundo e secando as lágrimas chatas que caiam.

– Vocês não entendem... Tudo isso parece simples para vocês, mas eu tenho que lidar com magos, maldições, tigres, viagens malucas para Índia! - Me afastei alguns passos de Kishan e do senhor Kadam, que me olhavam de forma piedosa. – E-eu não quero fazer parte disso.

Eu sabia que a última parte é mentira, porque no fundo, algo em mim gritava para que eu aceitasse embarcar naquela aventura insana. E tinha outro problema.

Eu não queria me separar de Kishan.

– Mia, nós precisamos de você. – A voz do senhor Kadam me vez voltar a olha-lo. – Além de querer proteger a senhorita, nós... Achamos que você possa nos ajudar a quebrar a maldição.

– E eu preciso de você, Mia. – Kishan completou baixinho. – Uma vez você me disse que queria se sentir livre e poder ter uma vida de verdade e eu quero ajudar você com isso, bilauta.

Tantas coisas passavam pela minha cabeça naquele momento, mas depois do que Kishan falou, qualquer parte de mim que ainda se recusava a aceitar a ideia foi esmagada. Eu tinha que me “jogar de cabeça” naquela maluquice, pois talvez aquela fosse a única chance que eu teria de fazer alguma coisa diferente, que me fizesse sentir diferente.

– Ok. – Respondi por fim, suspirando pesadamente.

– Ótimo! – Senhor Kadam parecia realmente animado. – Precisamos ir logo para o aeroporto, pois um avião nos espera.

Kadam sorriu para mim e se afastou, dando a volta no carro e entrando pela porta do motorista, me deixando sozinha com Kishan, que tinha um enorme sorriso no rosto.

– A-acho melhor irmos logo. – Disse, encarando meus tênis sujos.

– Sim, é melhor irmos. Mas quero que saiba que fico feliz por ter aceitado, Mia.

E quando eu vi, lá estava eu novamente nos braços de Kishan, sendo abraçada de forma carinhosa, enquanto suas mãos acariciavam meu cabelo e ele sussurrava algo em sua língua nativa.

Eu deixei que meus músculos relaxassem, sentindo o perfume de Kishan me invadir e fazer meu coração disparar no peito.

– Eu não ia conseguir deixar meu tigre ir para longe de qualquer jeito. – Dou um sorriso e me afasto de Kishan.

– Então eu sou o seu tigre, é? - Ele perguntou, de maneira divertida, enquanto me observava pegar a mochila do chão e por nas costas.

– Isso mesmo, Vossa Alteza. – Digo, fazendo uma reverencia. – Agora entre no carro.

Ouço a risada de Kishan atrás de mim e antes de levar a mão para abrir a porta do carro, que já funcionava, me voltei para ele.

– Afinal, o que significa bilauta?

Vejo os olhos dourados de pirata de Kishan brilharem brincalhões e ele abre um sorriso de lado, que me fez derreter.

– É a forma em híndi para “gatinha”. – Ele piscou para mim.

Senti meu rosto adquirir uma coloração avermelha, mas eu tentei disfarçar dando um risada, abrindo a porta do carro e jogando minha mochila no banco e entrando em seguida. Vi Kishan se transformando em tigre novamente e logo ele já estava dentro do carro comigo, com sua cabeça deitada em minha perna, enquanto o senhor Kadam saia da reserva em direção ao aeroporto.

Em direção à Índia.

Continua...


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