Caçada escrita por Gabi Gomes


Capítulo 10
A Verdade


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Aqui está mais um capítulo de Caçada, espero que gostem!
Boa Leitura!



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Eu tinha tido um sonho realmente estranho. Nele eu fugia do Benzini Brothers com um tigre negro. Uma menina estranha até tinha nos ajudado com a fuga e depois de andar longas horas por uma floresta, o tigre sumirá.

Aquilo era totalmente insano, pois no meu sonho, um homem estranho apareceu e por um milésimo de segundo, eu podia jurar que seus olhos eram idênticos aos do tigre negro.

– Mia? Mia! Por favor, acorde! Nós não temos muito tempo!

E aquele deveria ser Matt, vindo me acordar pois eu perdi a hora do café e agora o velho gordo do Benzini devia estar furioso comigo, pois não alimentei os cachorros.

Com um resmungo, forcei meus olhos a se abrirem, esperando pela claridade da manhã me cegando, mas me espantei ao me deparar com a escuridão.

Por acaso em tinha morrido?

Mas eu não me sentia nem um pouco morta. Tentei mexer minha cabeça, mas ela doida muito, como se alguém tivesse batido nela com um taco de beisebol. Senti uma grama molhada fazendo cócegas em meus braços e, acima de mim estava grandes copas de árvores.

– Finalmente você acordou!

A voz grossa e suave invadiu meus ouvidos novamente. Me levantei em um impulso, fazendo minha cabeça girar de tontura. Olhei em volta e quase tive um ataque cardíaco quando meus olhos se encontraram com os do dono da voz.

Aquilo não tinha sido um sonho, a final de contas.

Ainda em choque, estudei o homem que estava parado a pouco centímetros de mim, com uma expressão aflita no belo rosto.

O rapaz deveria ser poucos anos mais velho que eu, mesmo agachado dava para perceber que ele era alto. Sua pele era da cor de um bronze antigo e seus cabelos muito escuros, que até se confundiam com a escuridão da noite, eles eram um pouco curtos, repicados e naturalmente bagunçados.

Suas vestes totalmente pretas não escondiam seu porte físico atlético, com membros compridos e musculosos.

E seus olhos... Realmente muito parecidos com os do meu tigre, em um tom de dourado vivo.

Ele, vendo que eu provavelmente não conseguia me mexer, estendeu a mão para tocar o meu braço, fazendo com que eu entrasse em desespero.

Gritei. Novamente.

– Mia, não! Você não...

O homem tentou se aproximar, mas eu comecei a me arrastar para longe dele e, quando eu vi que não conseguiria escapar, levei minha mão ao chão, tateando em busca de algo para me proteger.

Achei uma pedra de tamanho médio e sem pestanejar, taquei-a em direção ao homem, acertando em cheio sua testa.

– Droga, Mia...!

E ele começou a falar coisas em um idioma desconhecido, mas provavelmente eram xingamentos.

Meus olhos pousaram no local onde a pedra tinha acertado. Um pouco de sangue era visível, mas o que me deixou mais apavorada foi o fato do machucado já ter cicatrizado.

“O que ele era?”

Busquei minha mochila que estava perto de mim e, enquanto o rapaz esfregava a testa, ainda xingando na língua desconhecida, eu abri o pequeno bolso lateral e tirei o canivete de lá, segurando-o com minhas mãos trêmulas e o apontando para o homem.

– E-u realmente não sei quem você é ou como sabe meu nome, mas... É-é melhor você se afastar.

Vi o homem revirar os olhos e em um movimento rápido, ele pegou o canivete das minhas mãos e o prendeu no cós da calça. Me encolhi, sentindo minhas costas baterem contra o tronco da árvore que antes eu estava deitada.

– Certo, Mia! Eu não tenho muito tempo, então você precisa me escutar! – Ele me encarou sério com seus olhos dourados. – Ou você pode tentar pegar seu canivete.

Um sorriso cheio de malícia apareceu em seu rosto, fazendo suas feições sérias suavizarem. Balancei minha cabeça, sentindo minhas bochechas corando.

– Quem é você? O que você fez com Kishan? - Minha pergunta saiu baixa e falhada.

– Você não precisa ter medo de mim, Mia. Eu sou o Kishan. – Ele disse devagar e ficou esperando alguma reação minha.

Eu não sabia como agir. Aquele homem era louco ou até mesmo um psicopata que ilude garotas, falando ser o tigre perdido delas.

Passei as mãos pelos meus cabelos embaraçados e soltei uma risada nervosa, encarando o homem que parecia confuso.

– Impossível! Você não pode ser o .... – “Meu tigre!”, pensei.

– Mas eu sou, Mia. Eu sou Kishan, o tigre. – Ele se senta no chão, ainda perto de mim, e põe a mão no peito musculoso.

– Isso é ridículo! Você não é Kishan! – Minha cabeça balançava nervosamente.

– Então como eu sei que esse canivete... – Sua mão foi até onde a faca estava. - ...Foi dado a você por Lavander, a garota do circo que nos ajudou a fugir, nos indicando a floresta, pois você queria me levar para a autoestrada...

Arregalei os olhos, assustada com o que aquele homem falava para mim.

– Você era a minha tratadora, Mia, e você estava tão assustada em tocar em meu pelo, que eu tive que levar minha cabeça até sua mão. Mesmo eu não gostando muito de ter assistido a cena, você beijou Matt na minha tenda. Você passava horas falando comigo e no seu caderno... – Ele apontou para minha mochila. - ... Tem vários esboços que você fez de mim.

Quando ele finalmente parou de falar, dando um suspiro cansado, o silêncio tomou conta de nós. Eu estava confusa, com milhares de pensamentos bombardeando minha cabeça, enquanto eu tentava entender como aquilo poderia estar acontecendo.

– Se isso é realmente verdade, como...? - Minha pergunta saiu como um sussurro, quase inaudível.

– É muito complicado explicar tudo isso em poucos minutos, mas eu vou tentar resumir tudo, por isso, você tem que prestar atenção, Mia.

Seu olhar firme tentava me passar confiança, mas eu estava assustada de mais.

– Tudo bem, só me responda uma coisa antes de começar a falar. Você não vai me morder e me transformar em alguma espécie estranha de mulher-tigre, né?

Essa foi a pergunta mais idiota que eu poderia ter feito naquele momento, mas serviu para melhorar um pouco a atmosfera entre nós, pois o rapaz riu e me encarou com um olhar brincalhão.

– Mia, eu sou um tigre, não um lobisomem!

– Ok! Pode continuar. – Não aguentei e revirei meus olhos, enquanto ele ainda ria.

– Não sei como falar isso, mas... Eu sou um príncipe, Mia. Há muito tempo atrás, e quando eu falo muito tempo, pense em séculos, eu morava com minha família em um reino antigo, chamado Mujulaain, na Índia. Meu pai, o rei Rajaram, querendo unir o nosso reino com um reino vizinho, casou meu irmão, Dhiren com a filha do outro imperador. Mas Lokesh era maligno, ele era um feiticeiro e depois que... Bem, algumas coisas aconteceram, ele sequestrou a mim e a Ren, pois ele queria isto.

De dentro da camisa preta, ele tirou um colar, com um pingente prateado, com uma forma estranha de dente, onde alguns desenhos eram visíveis.

– Isto é um amuleto e, tanto eu quanto meu irmão temos um deste, que pertenceu aos nossos pais, mas quando negamos entregar o que Lokesh queria, ele lançou uma maldição tanto em mim quando eu Ren.

– Ele transformou você dois em...

Meu cérebro recusava a acreditar naquelas palavras, mas alguma coisa em meu peito gritava para que eu acreditasse naquele homem.

– Isso mesmo, ele nos transformou em tigres.

– Mas, como isso funciona, quero dizer...

Ele sorriu, como se esperasse por essas perguntas vindas de mim. Seu sorriso era maravilhoso e eu me senti hipnotizada por aquele rapaz. Sua boca se abriu e quando ele estava prestes a falar alguma coisa, seu corpo tremeu e ele fez uma careta de dor.

– Eu sinto muito, Mia. – A sua respiração estava ofegante. – Queria poder responder todas suas perguntas, mas a maldição só me deixa ficar na forma de homem por 24 minutos por dia, por isso você vai ter que acreditar em mim e esperar até amanhã.

Suas mãos caíram apoiadas no chão e suas costas arquearam, eu gemi, assustada com o que estava acontecendo com ele e, sem pensar, tentei me aproximar.

– Kishan! Você está bem? - Perguntei, mesmo sabendo que ele não estava.

– E-eu vou ficar, Mia, agora ouça uma última coisa. Nós temos que chegar até a cidade vizinha rápido, pois aquele homem que queria me comprar era Lokesh. Ele não pode nos encontrar, então assim que nós chegarmos na reserva da cidade, um amigo meu irá estar nos esperando. Liguei para ele quando você estava desmaiada, espero que não ligue, pois eu peguei seu celular...

Kishan grunhiu e um rugido baixo saiu de seu peito.

– Como eu vou saber quem é seu amigo? Vão ter milhares de pessoas na reserva!

Eu estava agoniada com a dor de Kishan, minha garganta estava doendo e as primeiras lágrimas começaram a escorrer pela minha bochecha.

– Não se preocupe com isso, Mia, o senhor Kadam...

Mas Kishan não conseguiu terminar de falar, pois seu corpo se transformou novamente no grande tigre negro que me era familiar. Levei minhas mãos até a boca, sem acreditar no que meus olhos viram.

Mas era verdade, aquele homem era realmente Kishan, o meu tigre.

Meu choro já tinha se tornado intenso e meu rosto devia estar encharcado de lágrimas. Me encostei no tronco da árvore e abracei meus joelhos, enquanto ouvi o ronronar baixo de Kishan, que agora me estudava com seu olhar de tigre.

Ele se aproximou cauteloso, com medo da minha reação, mas eu apenas deixei que meu tigre chegasse mais perto de mim, colocando a grande cabeça peluda em meu colo.

– Ah, Kishan, eu sinto muito.

Sussurrei baixinho, envolvendo o pescoço de Kishan em um abraço. E o tigre rugiu, enquanto eu apenas chorava tanto por mim quanto por ele.

Continua...


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