Sadie Kane era linda, aos quinze anos da idade, tendo se passado os três anos desde a guerra contra Apófis, ela começava a virar uma mulher linda. Seus corpo já estava com outra forma e principalmente seu jeito de ser havia mudado um pouco, ela já era bem mais responsável do que a menina rebelde de 12 que começou a lutar contra as forças do mal.

Eu conheci Sadie Kane em Barcelona, nas féria de verão há dois anos, como é comum, tivemos problemas com alguns demônios cabeça de canivete, e de magos por perto só haviam eu e ela, lutamos algumas horas juntas para garantir que as ruas de Barcelona ficassem limpas, e quando detemos todos, paramos para nos conhecer melhor. Ela na época com treze anos era inimiga da casa da vida, e qualquer mago que tivesse contato com ela, deveria prendê-la e levá-la para o primeiro nomo para a execução.

Mas nos demos muito bem, e essa tinha sido a primeira vez que havia desobedecido uma ordem direta do primeiro nomo. Ela poderia ter me matado, na época, ela ainda estava unida com Ísis, a deusa suprema do panteão Egípcio, se Sadie Kane tivesse usado um pouco da magia divina em mim, eu não lhes contaria esta história.

Sadie usava as tradicionais botas militares, os coturnos, calça jeans velha e um casaco, mesmo em pleno verão ela usando um casaco era de cortar o coração de quem via.

Parei atrás dela e a abracei:

– Saudades loirinha! –

Ao invés de ela se virar e me abraçar ela pisou no pé, se virou e acertou uma joelhada no meu estomago.

Quando ela viu que era eu, ela primeiro riu e depois se preocupou, como era natural da Srta. Kane.

– Oh Deuses! Connor! Você tá legal? – Perguntou ela segurando o riso

– Bem... Realmente poderia ter sido muito pior... Você tem ido a academia? – Perguntei levantando com um pouco de dor e voltando ao normal

– Ainda bem que você está bem... Então... Seja bem vindo de volta a Nova Iorque... Vamos, o Carter está nos esperando no carro. – Disse ela indo em direção a porta

– O Faraó, nossa, pela primeira vez vou ter a honra de conhecer ele em pessoa... – Disse animado

– Menos Connor... É só o Carter, ele pode ser o faraó, mas quem manda sou eu! – Disse ela séria

– Eu sei! – Dei risada

A segui até um Chevrolet estacionado em frente ao aeroporto. Sentado no capô Carter Kane aguardava o retorno de sua irmã com Zia Rashid ao seu lado. A garotinha que eu havia conhecido no meu primeiro dia no Egito havia crescido, Zia se tornou extremamente poderosa e linda, Carter tinha sorte em ter ela.

Entendam, não fizemos amizade e só nos víamos em alguns treinamentos, quase nunca nos falávamos na Casa da Vida e eu tinha a sensação de que ela me odiava. Por algum motivo os olhos cor de âmbar dela transmitiam a sensação de que eu estava sempre sendo observado por ela e que se pudesse ela já teria me destruído.

– Tudo bem Carter... Podemos ir! – Disse Sadie

Carter me olhou com alguma desconfiança, me analisou de cima a baixo e veio me cumprimentar.

– Carter Kane. – Disse ele estendendo a mão e me cumprimentando

– Connor Chase. – Retribui o gesto

Entramos no carro e fomos nos dirigindo para a o centro de comando do 21 nomo, a casa do Brooklin em Nova Iorque. A mansão dos irmãos Kane havia resistida a tudo nos últimos três anos e durante alguns dias iria ser o meu lar também. Notei que no carro, Zia não tirava os olhos de mim, eu ainda podia sentir o poder de Rá, o rei sol, em Zia, assim como Hórus no Carter ou até Ísis em Sadie.

Aquilo era um aviso, os deuses nunca deixam completamente o seu hospedeiro, é possível que uma parte do espírito das divindades ainda habite a mente dos três magos mais poderosos da Casa da Vida atualmente, mas a presença de Zia me incomodava, aquela aura flamejante de Rá começava a pinicar em minha pele, exatamente como a presença de Atena causava.

– Algum problema Zia? – Perguntei

– Só queria saber o que esse amuleto que usa significa... – Comentou ela

– Bem, eu ganhei de uma amiga faz muito tempo, significa o inverno e o quão poderoso ele pode ser... Não é nada demais... – Comentei

– Muito bem... Então Connor, soube que estava em Atenas... – Comentou ela

– Sim... –

– E então visitou algum lugar, o Partenon por exemplo? –

– Visitei... É incrível, quase tão incrível quanto as pirâmides... – Comentei

– É... Mas Atena nunca chegará aos pés de Tot... – Comentou Zia

– Atena é a deusa da Sabedoria, da Paz e da Guerra... Ela é a mediadora dos deuses olímpicos, além de ser com toda certeza a mais poderosa das deusas... – Meu lado grego falava

Eu não consegui me controlar, ao falarem mal de Atena, eu pirei, eu não podia dizer que amava minha mãe, mas ela era especial.

– Connor, você fala como se Atena existisse, a única razão por ela não ser grande coisa é de que os gregos cultuavam seres imaginários... – Alfinetou Zia

– Talvez, mas eu confio que Atena está sempre mediando pela humanidade! –

– Vocês dois podem parar de discutir sobre mitologia grega... Somos egípcios, os gregos não têm nada haver conosco. E sinceramente, os templos gregos são ridículos comparados aos egípcios... – Disse Carter dirigindo

– Desculpa... – Disse Zia

– Foi mal... – Completei eu

Passamos em frente ao Empire State, naquela hora eu tive a sensação mais estranha de minha vida, uma corrente elétrica percorreu de minha cabeça até a base de minha espinha, eu senti uma presença poderosa como nunca havia sentido. Eu compreendi o que era ao olhar para cima na janela do carro.

O Olimpo flutuava logo acima de nós, acima do Empire State!

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

– O que houve Connor? – Perguntou Sadie olhando para cima

– Nada Sadie... Só uma lembrança antiga... – Limpando a lágrima

Chegamos ao estaleiro antigo e logo subimos para a mansão dos Kane. Era incrível, as duas estátuas do Tot de oito metros de altura, a decoração ao estilo egípcio, tudo trazia um toque da civilização oriental para o presente. A entrada da biblioteca estava trancada, no jardim a piscina com o jacaré albino de olhos azuis e sentado vendo TV o babuíno da família.

– Bem Connor, sinta-se em casa até conseguir ajeitar a vida aqui em NY... – Disse Sadie

– Só tenho a agradecer a vocês por me deixarem ficar aqui durante alguns dias... Eu juro que vou sair rápido... –

– Não tenha pressa, estamos acostumados com magos de todo mundo ficarem hospedados aqui... – Disse Carter se sentando com o babuíno

Sadie me guiou até um dos quartos vazios da mansão e eu me instalei, tomei um banho e troquei de roupa. Estava simples, com uma camisa do Barcelona e calça Jeans normal, coloquei o relógio no pulso e o amuleto escondido dentro da camisa. Eu iria sair para dar uma volta pela cidade.

– Volta logo! – Disse Sadie abraçada com Walt

– Têm certeza que não quer que a gente vá junto? – Perguntou Walt

– Pode deixar, eu tenho que por algumas coisas em ordem aqui em NY, além disso, vou deixar vocês sozinhos! –

E lá fui eu, me aventurar pela maior cidade do mundo, fui fazer um programa de turista, sai do Brooklin e fui direto para o Central Park. O famoso parque de Nova Iorque me trazia um ar de paz e felicidade. Sentei na grama perto do lago e fiquei admirando a paisagem. Não sabia o porque de ter voltado, eu estava com a vida feita em Atenas, mas algo gerava uma expectativa em mim.

– Sabe, sua dúvida me deixa triste... – Disse uma voz feminina que vinha do meu lado

Me virei rapidamente e vi uma mulher vestindo um Top para corrida e calças leggin. Ela era branca feito a neve e seus olhos azuis eram realçados pelo preto dos cabelos.

– Skadi?! – Perguntei incrédulo

– Aham... – Disse ela

– Nossa! O que uma deusa do inverno está fazendo nos EUA em pleno verão? – Perguntei sorrindo

– Por este sorriso, está feliz em me ver, o que é muito bom! Eu vim dar uma volta, sentir um pouco do calor do sol, coisa que eu odeio e ver você... – Disse ela sorrindo e olhando para mim com vergonha

– Me ver Skadi? Mas eu sou apenas um mortal... –

– Você é um semideus, mago da casa da vida e têm meu amuleto... Além de que você é tão lindinho quando fica confuso... – Disse ela

– Ahn... Obrigado... Nossa, comecei a sentir frio do nada... É você? – Perguntei

Skadi estava com a mão em meu braço.

– Me desculpe... Deusa do inverno, as vezes não consigo me controlar... Então, você prefere o verão ou o inverno? – Perguntou ela tirando a mão do meu braço

– Bem, até os sete anos eu adorava o verão... Mas depois passei a amar o inverno pois no Cairo só fazia calor e eu sentia saudades da neve. Então a resposta é inverno! – Disse eu sorrindo

– Boa resposta filhotinho de Atena... Bem... Ísis ou Skadi? –

– Skadi, se Ísis descobrir isso ela me transforma em algum inseto e Sadie me mata... Mas, prefiro a Skadi... – Respondi esperando um raio divino vindo dos céus

– HaHa! Eu sabia que você gostava de mim! – Disse ela como se fosse uma adolescente

Skadi se vestia como uma mulher aos vinte anos, mas as vezes tinha a sensação de que ela tinha a minha idade, 18, o que não muda aparentemente nada.

– Bem, Ísis é legal e tudo, mas Skadi é Skadi! – Disse eu como se aquilo fizesse sentido

– Realmente. Bem, devo te avisar que você vai começar a sentir muito frio a partir de hoje... –

– Por quê? – Perguntei na inocência

– Por dois motivos... O primeiro é este... –

Skadi se aproximou de mim, me abraçou e começou a me beijar. Eu retribui o beijo.

– Nossa... Isso realmente foi incrível, frio, mas incrível! – Comentei

E realmente foi incrível, eu senti meu corpo congelando lentamente, mas o corpo de Skadi também era quente e me aquecia ao mesmo tempo. Eu não sei como explicar, mas é algo como beijar uma geladeira e logo depois ir para a frente do fogo.

– Bem... Eu também adorei e queria fazer isso há muito tempo! Mas o segundo motivo olhei para seu amuleto. – Disse ela

Eu procurei o amuleto dentro da minha camisa, mas ele tinha desaparecido.

– Eu não vou virar um lobo né? – Perguntei com medo

– Não, desde que se comporte. O que vai acontecer você vai começar a descobrir, só recomendo a adoção de casacos... – Disse ela sorrindo

– Skadi, eu estou começando a tremer! – Disse eu tremendo de frio

– Bem... Não vai ser me abraçando que seu frio vai passar. Sugiro algumas horas no sol, bebidas quentes e se prepare para um inverno pessoal. – Disse ela dando risada

– Isso não têm graça... - Estava com tanto frio que ao falar o ar se condensava e formava aquela famosa fumaça enquanto fala.

– Bem Connor, te vejo depois, aproveite seu inverno, venho te ver daqui há alguns dias. –

Skadi se aproximou de mim mais uma vez e me beijou. Aquilo me deu mais frio.

– Bem... Nos vemos depois! – Disse ela desaparecendo no ar

Eu não raciocinava direito, uma deusa estaria afim de mim? Só poderia ser brincadeira dela e aquele frio me deixava mais confuso ainda. Filhos de Atena não lidam bem com as emoções, ainda mais congelando por dentro. Eu fiquei parado no sol por alguns minutos como tinha sido a dica de Skadi, ajudou um pouco e o frio foi passando.

Eu fiz uma cara de satisfação em sentir o calor do sol novamente e sai andando pelo parque. Os casais estavam por toda a parte, a maioria nem se tocava por causa do verão dos EUA e o suador que ele causava, mas não deixavam de namorar. Eu fiquei como um velho, sentado na grama observando todos que estavam ao meu redor.

Fiquei assim por em torno de uma hora até um casal chamar minha atenção. A garota era morena, tinha um tipo indígena, cabelos castanhos picotados e usava uma blusa laranja e um shorts jeans curto. O garoto usava a mesma camisa laranja e estava de calças jeans. O que me chamou atenção era o fato de eles estarem jogando frisbee, aquele disco que você joga para as outras pessoas jogarem. Nada de anormal nisso, ma a situação era estranha com o garoto, numa das jogadas da garota, ela jogou alto demais, e o garoto simplesmente pulou e alcançou o disco.

Sem mentir, ele havia pulado cerca de três ou quatro metros com uma facilidade incrível e jogou de volta apara a garota. E mais uma vez ninguém havia dado bola para o ocorrido.

Como um bom filho de Atena eu simplesmente pensei em investigar, invoquei do Duat meu Kit de magia e peguei o meu Shabti, ou seja, uma estátua de argila que seguia minhas ordens.

– Hey... Acode! – Disse eu para o pedaço de argila

– Ei Chefe... Suas mãos estão frias! – Disse a estátua

– Pode ser... Tenho uma missão especial para você... – Disse a ele

– O que chefe? – Perguntou a estátua como se fosse um capanga da máfia

– Preciso que ouça o que aqueles dois estão falando... Vou te enviar pelo Duat para o outro lado, escute tudo que for preciso! –

– OK! –

Eu abri um microportal no Duat e enviei a estátua de argila para o outro lado. Ele apareceu perto de uma árvore. Eu fiquei sentado na grama esperando, até que me cansei e o retirei de lá.

– E aí, do que eles falavam? –

– Bem... O nome dela é Piper e o dele é Jason, eles falavam que era bom ter um descanso de um tal acampamento e que a última missão havia sido muito desgastante. A garota disse que estava cansada de ser tão quente aqui e o garoto concordou. Ela perguntou se uma tal de Annabeth já havia saído da enfermaria, o garoto disse que não. Ela disse que não queria que essa tal de Annabeth morresse e que um tal de Percy estava quase entrando em parafuso por causa dela. E isso foi tudo! – Disse ele

– Muito obrigado, foi bem, talvez faça uma Shabti para você! – Disse eu agradecendo a estátua

– Eu agradeceria muito chefinho! – Disse ele

Eu o guardei de volta no kit e o mandei para o Duat. Não havia dúvida, eles eram semideuses, e conheciam a Annabeth, que pelo jeito não estava nada bem. Eu precisava falar com eles, e voltar ao acampamento o mais rápido possível.

Eu estava levantando até que aconteceu.

Uma explosão atrás de mim.

Eu olhei na direção da fumaça e reconheci a figura do que havia causado a explosão. Cauda bifurcada, focinho de tamanduá, alto como um cachorro de 3 metros de altura, sem nome e maligno como o mestre.

– O Animal de Set. – Disse eu para o ar

As pessoas atrás de mim começaram a correr assustadas, menos o casal de camiseta laranja que veio até o meu lado. Eu encarei o jovem loiro e depois olhei para o animal de Seth, aquela coisa importunava os egípcios havia milênios e nunca havia sido derrotada em batalha. Seria difícil e perigoso.