O Irmão de Annabeth escrita por João Bohrer


Capítulo 19
Yin e Yang


Notas iniciais do capítulo

E aí pessoal, emoções finais da primeira temporada da série... Ainda não sei se haverá segunda, tudo vai depender dos últimos dois ou três capítulos!
Boa Leitura...



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Não vou relatar tudo que fizemos, digamos somente que utilizamos o portal do Central Park e fomos de táxi para nosso destino final. Estava com medo de entrar novamente no acampamento meio sangue, o sonho que tive na cabana, poderia só sinalizar que três dos maiores heróis da história haviam desaparecido ou pior. Não havia contado nada para Annabeth e os outros, eu não poderia alarmar eles mais ainda.

Meu coração estava batendo mais rápido a cada passo em direção ao acampamento, descendo a colina meio sangue. Eu olhava para todos, eles estavam sorrindo, Annie estava feliz em finalmente voltar para casa, Sadie e Walt queriam conhecer tudo, um mundo novo estava aberto para eles.

Annabeth analisou meu rosto.

– Connor, você parece triste. – Disse ela

Apenas olhei para ela sem dizer nada.

– É mesmo... E afinal, como você venceu a Zia? – Perguntou Sadie

Truques de Atena. – Falei

Annabeth e Sadie se olharam e não disseram nada.

Encontramos o pinheiro da Thália e passamos pela barreira que ainda existia, fraca, mas ainda estava ali. Ao entrar, eu já esperava o que iríamos encontrar.

Destruído, tudo estava no chão, qualquer resquício do acampamento havia sido reduzido a escombros, desde os Chalés até as áreas de lazer e tudo mais. Olhei para Annabeth, ela estava em estado de choque, não falou nada, somente olhou para o chalé 6.

Eu fui para perto dela e a abracei.

– O que aconteceu? – Perguntou ela

A Casa da Vida... É uma guerra. – Disse sem emoção alguma

Annebeth me empurrou para longe e ajoelhou-se no chão.

– Eles acabaram com tudo! – Gritou ela

Não havia nada que eu pudesse fazer, Sadie e Walt nos analisavam, o acampamento estava deserto, ou pelo menos parecia.

Uma flecha passou raspando pela minha cabeça.

A flecha havia vindo de uma das árvores próximas, percebi que alguns campistas estavam pendurados nos galhos, como se tentassem se esconder.

Sadie gritou.

Não era para menos aquele grito de terror de gelar a alma, Sadie e Walt estavam cercados por cinco semideuses, eles estavam armados com espadas.

– Egípcios! – Gritou um dos semideuses

Fui para perto deles.

– Ei vocês parem! Eles são nossos amigos! – Gritei

Um dos semideuses virou-se para mim e apontou a espada.

– Connor, tudo isso é culpa sua! – Disse ele

Os semideuses nos encurralaram e estavam prestes a nos atacar.

Annabeth ainda estava caída em frente ao que restava do Chalé 6, não fazia nenhum movimento para nos ajudar.

– Vão pagar pelo que fizeram para o acampamento, pelas vidas dos semideuses mortos! – Disse um deles

Annabeth se levantou e com raiva gritou:

Deixem os três em paz! –

Quatro dos semideuses deram um passo para trás e largaram as armas. Apenas um estava com a espada apontada para mim.

– Rodriguez, é uma ordem! – Annabeth disse

– Você não manda em mim, isso é por Clarisse! – Gritou ele empunhando a espada e me atacando

Eu apenas levantei as mãos, sabia que não iria ajudar em nada e meu fim seria aquele golpe, mas após alguns segundos, percebi que ainda estava vivo, então abri os olhos, e percebi que a lâmina da espada do filho de Hermes estava congelada. Minhas mãos estavam presas a lâmina e assim haviam congelado a arma, mesmo sem querer.

– Bruxo! – Gritou Rodriguez

Ele caiu para trás e ficou sentado no gramado em estado de choque.

Annabeth analisou minhas mãos e me encarou, não disse nada, mas sabia o que ela pensava.

– Quantos semideuses sobraram? – Perguntou Annabeth muito séria

– Em torno de 25, os outros estão terminando de enterrar os outros... – Falou um dos semideuses

– Quais os líderes que sobraram? –

– Fora você, Piper e Leo são os únicos líderes de chalés vivos depois do massacre! – Respondeu o outro

– Chame a Piper, e reúna os outros na Arena... – Disse Annabeth

Os quatro semideuses fizeram um sinal de positivo com a cabeça e foram ao encontros dos outros.

Annabeth me olhou como se eu fosse uma criança que tivesse feito alguma coisa horrível, e eu tinha, em parte, ou melhor, grande parte da culpa daquilo era minha.

– Connor... –

– Sim irmã? – Perguntei

– Connor... Por favor não me chame de irmã... – Disse ela com raiva

Engoli em seco.

– Sim Annabeth. –

– Melhor assim, vocês três para a Arena, vamos conversar sobre o que está acontecendo! –

Seguimos para a Arena.

Eram realmente vinte e cinco que haviam sobrevivido ao massacre, apenas Annabeth, Piper e Leo os líderes que estavam vivos. Aquilo significava duas coisas, os Magos da Casa da Vida não poupam nem crianças e também, que a partir daquele momento, os semideuses eram uma espécie em extinção.

Sentei na primeira fileira na frente de Annabeth.

Não conhecia ninguém dos que haviam sobrevivido, exceto por Piper e Leo os outros eram desconhecidos.

Annabeth encarou a todos.

– Não é preciso de explicação para o que aconteceu aqui. – Disse ela

Todos olharam para baixo com tristeza.

– Minha... Nossa casa foi destruída, meus irmãos, primos e diversas outras partes importantes de nossa família foram mortas. Tiradas pela magia de um inimigo que se quer conhecemos. – Continuou Annabeth

Engoli em seco.

– E agora, o Olimpo está em ruínas, Zeus está incapacitado. Tudo está desmoronando! Os semideuses Gregos são uma espécie ameaçada de extinção! Tudo por causa dos Egípcios! – Continuou Annie

Engoli em seco e olhei em direção a Sadie e Walt.

Annabeth estava furiosa, para não dizer coisa pior. Eu sabia que ela estava certa, tudo aquilo havia sido culpa dos egípcios, mas mesmo assim, tínhamos coisas mais importantes para fazer, e a última coisa seria se preocupar em achar um culpado para tudo aquilo, mesmo sabendo que era eu, deveríamos antes achar e capturar Rachel e depois pensar naquilo.

– Annabeth! – Falei

– Temos coisas mais importantes para se preocupar! – A encarei

Ela me olha furiosa.

– Nada é mais importante do que arrumar minha casa! Não se envolva nisso, Egípcio! – Gritou Annabeth

Novamente via minha irmã descontrolada com suas emoções, o caos adorava isso, e como tudo já havia ido para o espaço, decidi bater de frente.

– Tenho tanto direito de falar quanto você! Sou um Grego também e acho que temos questões muito mais importantes para resolver! –

Annabeth gritou de raiva.

Novamente identifiquei Annabeth vítima de forças do caos. Seus olhos se tornaram vermelhos, ela estava descontrolada.

– Annabeth se acalme! O Caos está tomando conta de você! – Falei calmamente

Annabeth sacou sua espada.

– Pense no que vai fazer! Você não é assim! – Falou Piper

– Sei que está com medo e com raiva de tudo e de mim, mas não é o momento! Se controle filha de Atena! – Gritei

Annabeth chegou mais perto de mim armada.

­- Annabeth! – Gritei

Ela parou de repente e seus olhos voltaram à cor acinzentada.

Sadie, têm uma caneta? – Perguntei

Ela jogou para mim uma caneta preta.

Fui até Annabeth e escrevi um hieróglifo no seu pulso esquerdo.

Era o sinal da paz, Annabeth estava com a energia do caos muito maior do que a energia da ordem. É uma filosofia Asiática, as duas energias, Yin e Yang, a dualidade de tudo que existe no universo. As duas forças dependem uma da outra, Caos e Ordem, Isfeet e Maat. Muda-se o local do mundo, mas é a mesma filosofia.

O trabalho da casa da vida era manter o mundo equilibrado, da mesma forma de que sem caos a ordem não existiria, da ordem surge o caos e vice e versa. Em Annabeth, as coisas estavam tendendo mais para o lado do caos, todos nós temos um “lado mau e um lado bom”, sempre estamos tentando manter o equilíbrio, mas a sociedade nos força a favorecer um lado.

Não que a sociedade esteja errada, mas ninguém pode ser totalmente bom ou nenhum vilão é totalmente mal. Há sempre luz nas trevas, e ao contrário acontece também! Annabeth estava provando seu lado do caos, era diferente e para a consciência dela deveria estar sendo doloroso.

Não é fácil reconhecer que existe um lado ruim em todos nós, mas ao admitirmos isso estamos um passo mais perto de vivermos em paz com nosso próprio espírito.

Annabeth caiu de joelhos no chão.

– Eu senti isso... Connor, eu não conseguia me controlar! Eu estava lutando contra algo! – Disse ela ofegante

– Você experimentou um pouco do seu lado “negro”, seja o que for que Rachel fez a você, ela conseguiu que você perdesse o controle sobre essa parte. Não é algo fácil de se admitir, mas todos temos um lado como esse. Você vai ter que lutar para equilibrar as forças dentro de você! –

– O que você quer dizer? – Perguntou Annie

Que você está travando uma batalha entre duas partes suas. O problema é... Qual você quer que ganhe? O Caos ou a Ordem? – Olhei para Annabeth

Ajudei ela a levantar.

– Pessoal, comecem a arrumar o acampamento... Procurem coisas úteis! Dispensados! – Ordenou Annabeth fraca

Os outros saíram e foram em direção ao acampamento.

Ficamos somente eu, Sadie, Walt e Annabeth.

– Quais as ordens? – Perguntou Sadie

Vocês ouviram, comecem a arrumar o acampamento... – Disse Annabeth

Sadie e Walt saíram.

Annabeth estava com uma cara de cansada, ela sentou-se na arquibancada da arena e olhou em dúvida para mim.

– O que fazemos agora? – Perguntou ela

– Você é a líder... –

– Connor, eu não estou em condições de mando... Muito menos de pensar em uma missão e qual será o próximo passo. –

– Annie, os semideuses não vão me ouvir! Fora isso, eu não faço a mínima ideia de onde o Rachel e o que ela irá fazer... –

– Rachel está dominada pelo seu lado ruim não é? –

– Mais ou menos... Primeiro, não chamamos de lado ruim, mas sim de caos. Bondade ou Maldade são relativas, o que é ruim para mim, pode ser bom para você... Mas sim, o caos em Rachel está mais forte do que a ordem, fora isso, achamos que ela está possuída por um fantasma! Setne, sua posseção foi favorecida pelo desequilíbrio das forças interiores dela. –

– Explique melhor! –

– Rachel foi possuída, o que facilitou foi um desequilíbrio dentro dela, o caos estava mais forte... –

Annie me olhou.

– Entendo... Acha que podemos salvá-la? –

– Claro... –

– Connor, eu queria saber onde o Percy está... –

Respirei fundo.

Contei a ela sobre meu sonho com Percy, Jason e Carter lutando, a explosão e a grande possibilidade dos três terem sido vaporizados na explosão.

As lágrimas correram seu rosto.

– Mortos?! Percy e Jason? – Sibilou ela

Apenas fiquei olhando.

Ela continuou chorando.

– Connor... Eu vou dar uma volta, quero conversar com a Piper. Então... Bem, você têm suas ordens! – Disse ela

Annabeth se levantou e saiu da Arena.

Bem, eu estava sozinho na Arena. Ela havia dado ordem para começarmos a restaurar o acampamento, eu olhei para a arena semidestruída. Se a magia tinha conseguido destruir ela, a magia poderia restaurá-la. Levantei e olhei ao redor.

– Hi-Nehm! – Falei com a mão estendida

Caí de joelhos no chão.

A Arena começou a ser restaurada, várias partes começaram a se juntar e a reconstruir o local. Usar magia deste jeito era ruim e desnecessário, mas era um jeito de pagar o que os magos haviam feito.

Levantei com alguma dificuldade e fui me juntar com os outros.

Sadie e Walt estavam ajudando os outros a tirarem algumas tábuas quebradas da entrada do refeitório, ao chegar perto deles quase caí de cansaço.

– O que houve? – Perguntou Sadie

– Eu usei o Hi-Nehm na Arena... – Falei

Sadie me olhou com expectativa.

Ela simplesmente levantou a mão e gritou:

– Hi-Nehm! –

A Casa grande fez um barulho horrendo.

A Casa Grande começou a se arrumar, madeiras voando de todos os lados e se juntando a estrutura que voltou a ficar de pé.

– Muito bom Sadie! – Falei

– Agora vamos dar um jeito nos Chalés... – Falou Sadie

Fiquei sentado na grama em frente à Casa Grande, enquanto Sadie usou o feitiço nos Chalés 6, 10 e 7. Depois sentou no chão tão cansada quanto eu.

O tempo passou e Annabeth voltou junto com Piper, as duas estavam com os olhos vermelhos de chorar, mas voltaram com um acampamento em melhor estado do que antes. Era quase noite e eu e Sadie ainda estávamos sentados no mesmo lugar.

– Obrigado... – Disse Annabeth para todos

– Vamos jantar pessoal! – Disse Piper

Com certa dificuldade eu e Sadie levantamos e entramos na casa grande.

O feitiço realmente havia funcionado, estava tudo no seu lugar, as mesas, os pratos que faziam a comida aparecer do nada. Só faltavam os semideuses.

Eu, Sadie e Walt sentamos na mesa do Chalé 1.

Annie e os outros sentaram na mesa do Chalé 6, havia uma clara separação entre nós, mas não era a hora de reclamar isso.

Comi algo simples e rezei para minha mãe, rezava por alguma coisa que pudesse nos dar uma resposta sobre o que estava acontecendo.

Ouvi um pio em frente ao meu prato.

Atena realmente não perde tempo, era uma coruja. Ela era linda, branca como se fosse a neve e nas costas dela, havia uma mensagem presa.

Peguei a mensagem e agradeci a coruja.

Para Connor e Annabeth Chase

Meus filhos! Sei que esse não é o meio normal de comunicação entre os deuses e os semideuses. Mas vocês sabem o tempo em que estamos... As coisas no Olimpo andam terríveis! Alguns deuses menores apareceram do nada e estão pressionando Zeus para que ele escolha um substituto para Dionísio no conselho.

Também, temo que meu tempo como deusa da sabedoria e estratégia em batalha esteja contado. As ações de Connor e a execração de Dionísio, me colocaram em uma situação muito ruim com meus irmão e principalmente com meu pai. Estou sendo excluída de todas as decisões do Olimpo e isso é o primeiro passo para ir para o...

Bem, vamos as informações importantes... Os magos estão se dirigindo para o acampamento romano, eles querem eliminar a maior parte possível de semideuses, mesmo que os romanos não tenham feito nada contra eles. Rachel Dare têm um plano óbvio, creio que se pensarem um pouco a respeito descobrirão qual será o próximo passo dela.

Antes de ser presa, estou enviando esta carte avisando-lhes que não poderão contar com minha ajuda a partir de hoje. Eu não sou mais uma deusa maior e estou...

Bem... Amo vocês dois! Mantenham-se firmes!

Atena

Eu e Annabeth lemos a carta e agora sabíamos o que fazer. Ou pelo menos ela sabia.

– Muito bem... Partimos amanhã pela manhã para o acampamento romano! – Disse Annabeth

– Vamos no Argo II? – Perguntou Leo

Sim... Assim teremos mais alguma arma contra os magos! Todos vocês durmam bem! – Disse Annabeth se retirando para o chalé 6

Eu não iria para o acampamento romano, eu havia pensado em o que Rachel queria e meu destino era o Empire State. Rachel queria execrar o maior Deus do Olimpo, queria execrar Zeus. Seria fácil por causa da doença do velho Zeus. Eu queria reparar meu erro, queria defender o Olimpo e ver o que estava acontecendo com minha mãe.

Quando todos foram dormir, eu ainda estava acordado. Deitado em uma cama do Chalé 6, com Annabeth dormindo do lado eu simplesmente me levantei e deixando apenas uma carta para Annabeth e os outros:

Para Annabeth:

Irmã nosso destino está cruzado, eu sei disto! Vamos ainda nos ver, temos assuntos inacabados. Mas nesta hora, temos que agir separados, cada um tem sua batalha para lutar A sua é em Nova Roma, a minha é no Empire State.

Vou ir corrigir meu erro, salvar Zeus e tentar parar Rachel! Sei que estou agindo errado indo sozinho, mas é algo que eu devo fazer, pelo menos para mim voltar a ter paz de espírito! Eu sinto que a grande batalha ainda está longe, mas enquanto, ainda somos apenas desconhecidos, creio que se eu morrer, não será muito doloroso.

Não importa o que você diga, eu sou seu irmão e tenho orgulho de te chamar de MINHA IRMÃ. Te desejo a maior sorte do mundo na batalha que se aproxima.

Te amo...

Connor

Sai do Chalé na ponta dos pés e subi a colina meio-sangue... Aquela poderia ser a última vez.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Vale a pena fazer uma segunda temporada? Querem o Livro 2? Comentários? Sugestões? Recomendações?

Abraços



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