P.O.V. Miguel Arango.

Sozinho entre as duas últimas estantes de livros da biblioteca, é assim que estou. Onde será que está Giovanni? Será que ele não sabe o que é pontualidade? Acho que não. Estou aqui a dez minutos e ele ainda não apareceu. Pego um livro da estante, só para não ficar suspeito, e abro-o. Não leio nem uma palavra, afinal é apenas um disfarce.

Então Giovanni aparece, ofegando e passa as mãos no cabelo. Acho que veio correndo.

–O que aconteceu com você?- Pergunto aos sussurros.

–Nem vai querer saber, acredite.- Ele diz.

–Pode acreditar que vou.

Ele me olha um segundo e depois respira fundo.

–Foi a Vick.- Diz ele.- Ela queria saber onde eu estava indo, o que ia fazer, o porquê da minha cara de assustado...

–E você mentiu, não mentiu?- O olho ameaçadoramente.

–Claro, né!- Ele diz- Me acha com cara de estúpido? Não responda.

Giro os olhos impaciente.

–Mas acho que não fui muito convincente.- Ele diz, o que me deixa preocupado.- Ela fez aquela cara de quem não acreditou em absolutamente nada.

–Cara, você ao menos viu se ela te seguiu?- Pergunto, olhando em volta.

–Sim e não.

–Como assim?- Estreito os olhos.

–Sim, eu vi. Não, ela não me seguiu.- Ele explica.- Agora anda logo, o que você trouxe?

–O que era para trazer, né!- Digo, tirando a mochila das costas e abrindo o zipe. Retiro de dentro os brinquedinhos, por assim dizer. Lanço-lhe um sorriso maroto- As bombas de bosta.

–Legal.- Ele sorri de volta.- Vai ser divertido.

–Está preparado para isso?- Pergunto.- Para a detenção?

–Talvez.- Ele responde.- Não acho que descobrirão a gente.

–Mas e se descobrirem? Você estará pronto, não é?

–Eu nasci pronto.- Ele retruca.- Agora, se não se importa, não quero perder mais tempo.

Ele começa a me puxar pelo braço, mas eu me desvecilho.

–Só poderemos agir mais tarde.- Digo.- Esperaremos anoitecer.

Ele faz uma cara de inconformação.

–E não se esqueça, você agirá no quarto das garotas de sua casa e eu agirei nos da minha.- Digo.

–Deixaremos Mia e Roberta fora dessa, concorda?- Ele sugere.

–A Roberta até que concordo.- Digo.- Mas a Mia... por mim você bem que podia pintar aquele cabelo oxigenado dela de cor-de-bosta.

Ele me lança um olhar acusador e eu giro os olhos.

–Certo, pode poupar a Mia também.

Vai ser divertido ver as meninas correndo por aí, chorando e gritando todas cheias de bosta. Eu sei, não é uma atitude certa, mas tenho que fazer valer meus anos aqui em Hogwarts. Ninguém vai descobrir que fomos nós, e se houver detenção, beleza. Eu até gosto de detenção.

–Vamos ser as pestes de Hogwarts.- Giovanni ri e dou-lhe um tapa no braço.

–Giovanni.-Digo, sorrindo.- Pestes não. Talvez... os pregadores de peças.

–Tá, Miguel, mas vamos sair daqui logo.- Ele pede.- Odeio ficar cercado de livros.

Olho para ele e depois para o livro em minha mão. Coloco-o de volta a prateleira e saio dali, acompanhado por Giovanni.

Não demorará a anoitecer, afinal o sol já está começando a se pôr. Eu tenho a última aula do dia, que é transfigurações, mas não quero assisti-la. irei para a Sala Comunal da Grifinória. Me despeço de Giovanni e caminho em direção à Sala Comunal.

No caminho encontro Lupita, que parece bem abatida. Ela me surpreende e me para. Giro os olhos e ela franze o cenho.

–Miguel, não está feliz em me ver?-Ela pergunta, magoada.

–Não Lupe, não é isso.- Digo acariciando seus cabelos.- Estou um pouco... atrasado para a aula de transfigurações.

–Mas a sala de transfigurações é para lá.- Ela aponta.

–Eu sei...- Suspiro.- Só precisava apanhar algumas coisas na Sala Comunal, mas deixa pra lá.

–Desculpa, Miguel, te atrapalhei.- Diz ela com aquele jeitinho meigo típico dela.

–Não, Lupe, não tem problema.- Giro nos calcanhares para ir para a sala de transfigurações.- Te vejo depois.

Agora vou ter que ir para a sala de aula. Mas tudo bem, falar com Lupita nunca é um incômodo, afinal ela é como uma irmã para mim. Vou com a mochila repleta de bombas de bosta assim mesmo, pois depois daquela aula, o plano será posto em ação.