P.O.V Celina Ferrer.

Oi... Bem, talvez você não queira me conhecer. Sou o tipo de pessoa que todos odeiam só por estar acima do peso. Na verdade, acredite, nem mesmo minha mãe se importa comigo. Só quem está do meu lado para o que der e vier são Mia e Vick, minhas melhores amigas.

Devo lhe dizer que meu Natal não foi nada agradável. Mas tudo bem. Estou acostumada. Era um falatório em volta da mesa. Sobre a mesa tinha as mais deliciosas comidas da ceia natalina. Mas eu não pude saber o gosto de nada que ali estava. Todas as vezes que eu esticava o braço para apanhar uma fatia de carne, ou qualquer outra coisa, mamãe dava-me um tapa. Ela pegou um prato e depositou nele tudo que havia de saudável. Aquilo era constrangedor. Fitei o prato e, forçadamente, mandei tudo pra dentro. Porque até mesmo ela tem que jogar na minha cara que eu sou gorda? Porque vive me comparando com minha irmã ou minhas amigas? Será que eu mereço isso? Devo merecer... Minha mãe foi da Sonserina e eu sou da Lufa-Lufa, até nisso eu dei desgosto à ela. Corri para meu quarto e me tranquei lá. Permiti que as lágrimas rolassem em meu rosto e derramassem sobre o travesseiro. Ela nem sequer veio atrás de mim.

P.O.V Pilar Gandía.

Sabe, não estou nem um pouquinho afim de me apresentar. Se você está aqui para saber como foi meu Natal, aí está:

Foi uma bosta. Sinceramente, se eu soubesse que seria tão horrível assim, teria ficado em Hogwarts mesmo. Mas o que eu faria lá? Nem tenho amigos. E não fique com peninha de mim não. Odeio isso. Estávamos todos sentados ao redor da mesa redonda. Papai e mamãe discutiam. Sério, já estava ficando surda. Apoiei os cotovelos na mesa e tampei os ouvidos. E eles não paravam nunca! Meu stress só estava subindo. E eles continuavam. E eu mais nervosa. E eles não paravam. Até que não aguentei mais:

–VOCÊS QUEREM CALAR A BOCA?!- Berrei me levantando da cadeira. Ambos pararam de discutir e prestaram atenção em mim.- É Natal! Será que ainda não perceberam isso?- E corri em direção ao meu quarto. Tranquei a porta e deslizei para o chão. Chorei.

Por que será que eles são assim? Querem acabar com a minha vida! Droga!

P.O.V Théo Ruiz Palácios.

Olá. Sim, sou um nerd da Corvinal. Sou muito desastrado, por favor não culpe por isso. Meu único amigo se chama Miguel. Ninguém gosta de mim. Todos zombam de mim. Meus pais me odeiam. Não os culpo. Sou um desastre. Meu irmão, Inácio, morreu a alguns anos e meus pais jogaram a culpa em cima de mim.

Vocês já devem ter uma ideia de como foi meu Natal. Foi horrível. Jurei a mim mesmo que o próximo eu passaria em Hogwarts, afinal é melhor ser zombado que ficar em casa e receber o desprezo infinito de minha mãe. Inácio sempre foi o filho preferido dela, acontece que ela não aceita o fato de ele ter morrido e não eu. Ela deixou isso bem claro.

Ficamos todos sentados em volta da mesa sem pronunciar uma só palavra. Mamãe fitava próprio prato. Eu enrolava o macarrão com um garfo desanimadamente. Papai olhava de mim para mamãe e em seguida olhava para o prato. O clima estava tenso. Não entendo porque minha mãe me odeia tanto. Não foi culpa minha. Eu sofro com isso.

Terminada a ceia, fui para o meu quarto, entristecido. Olhei em volta. Me senti errado, era para meu irmão estar ali, não eu. Papai foi até o quarto e entrou. Fechou a porta atrás de si. Puxou meu queixo para que o olhasse nos olhos.

–Théo... Filho... Me desculpe a atitude de sua mãe. Não fique se sentindo culpado por tudo o que aconteceu. Você me orgulha muito.- E me abraçou. Dos dois, papai é o único com quem eu consigo conversar. Apesar de as vezes pensar como mamãe, ele é deveras mais compreensivo.

–Te amo pai.- Eu chorava.

Depois que ele saiu, fui dormir. Devo dizer que não foi uma noite muito agradável. Não tive bons sonhos