P.O.V Mia Colucci

Os dias se passaram rapidamente. Foram torturantes com aquele Caipira sem graça no meu pé me perturbando. Você sabe como é difícil ser eu? Acho que não. E aquela caminhoneira da Roberta? Não perde a oportunidade de me estressar e dizer que meu neurônio queimou. Mais eu sei que ele ainda está inteirinho. Ela é muito boba! Infelizmente hoje é o Natal. Eu geralmente gosto muito de natais, mas ter que passá-los na escola é um caos. Não entendo porque meu pai vive trabalhando... Eu sei, eu sei porque ele tem que trabalhar para me dar o que preciso. Mas eu só preciso dele perto de mim. Só isso.

Acordei cedo. Vick ainda dormia. Desci para o salão comunal da Sonserina onde Diego e Giovanni conversavam.

–...O que? Ir com o meu pai?- Diego soltou uma gargalhada.- Está brincando?

–Mas por que não?- Giovanni tentava entender.

–Porque vai ser muito chato né! Ter ficar no Ministério sem fazer nada...- Diego bufou. Desci as escadas correndo

–Hello Honey!- Abracei os dois.- Que bom que vocês ficaram na escola também!

–Achamos que você iria passar o Natal em casa com seu pai...- Giovanni disse.

–Que pai? Eu sou órfã.- Revirei os olhos.- Agora, se me derem licença, estou com fome.- E sai em direção ao Salão Principal.

Ora mas que petulância! Por que tinha que perguntar sobre aquele senhor que se diz meu pai? Se ele me viu ainda na escola significa, obviamente, que aquele senhor não viria me buscar. Mas tudo bem. Ele não sabia.

Cheguei ao Salão Princi... ESSA NÃO! Não pode ser! O Caipira nojento e a barraqueira de quinta ficaram na escola! Arrrgh é um pesadelo! Parei no vão de entrada. Miguel me lançou um olhar divertido e Roberta sorriu debochadamente. Isso não pode estar acontecendo!

Lupita- Que agora era minha amiga- também estava lá. Conheci-a através de Celina, que dorme no mesmo dormitório que ela. O namoradinho dela (um tal de Nico, que era amigo do Caipira) também estava. Eles todos estavam sentados na mesa grifina. E aquela menina marrenta, a Luján, estava lá também. Ela abafava o riso. Não sei porque. Dei uns passos e me sentei à mesa da Sonserina, ignorando as risadinhas sem graça daquele povo. Acho que os únicos que eu salvaria dali era a Lupe e o Nico, por que de resto...

Algum tempo depois chegaram Vick, Diego e Giovanni. Os meninos se sentaram à mesa grifina, a unica que se sentou junto comigo foi a Vick.

–Ai amiga, não vou aguentar um dia aqui nessa escola com esses... fora de moda que ficaram.- Conclui enquanto ajeitava minha franja.

–Ai Mia, fica tranquila O.K.? Não precisa ficar perto deles o tempo todo- Para ela é fácil falar. Não é ela quem tem horror desse povinho.

O dia foi estressante. Sinceramente. Já estava morrendo de ódio do meu "pai" e agora descubro que vou ter que passar as férias de Natal com esses... hmm... não sei nem o que.

Pior mesmo foi um dia que o atrevido do Nico me aprisionou na Sala precisa com todos eles! Tem horas que eu quero matar esse garoto (mas primeiro fazer as sobrancelhas dele). Acredite! Ele me trancou com o Caipira, a Caminhoneira, a Josy, a Lupe (ainda bem). E pior ainda: Não foi só eu que passei por isso. Trancaram o Dieguinho, o Giovanni e a Vick também. Já se pode imaginar o que aconteceu. Todos queriam matar o Nico

–Vai me dizer por que fez isso?- A caminhoneira tinha a voz controlada. Seus punhos estavam cerrados.

–Ué, Se vamos ter que passar todas as férias juntos, é melhor que nos entendamos melhor, não?

–Bem... Nesse ponto ele tem razão.- O Caipira concordou- Mas o que faremos nesse meio tempo?

–Não sei, talvez um jogo?- Sugeriu Giovanni.

–Exercícios.- Sugeriu Josy.

–Não, não, melhor nós ficarmos conversando e nos conhecendo...- Lupe disse.

–Não, Lupe. Já nos conhecemos o suficiente.- Roberta me fuzilou com o olhar

–Não, melhor ainda: Algum de vocês canta?- Nico perguntou.

–Eu não sei, mas sou a filha de Alma Rey, alguma coisa deve sair.- Roberta deu de ombros.

–Ela canta incrivelmente bem.- Diego interveio. Não estou o reconhecendo, sinceramente.

–Bom... Se é assim, Diego também canta muito bem.- Roberta afirmou.

–Já temos dois. Mais alguém?- Nico olhou a todos. Não sei no que estava pensando, mas ergui o braço. Bom, esse era meu maior sonho e o que eu gostava mais.- Mia!

–Ah, imagino o que ela deve cantar: Sou Barbie Girl- Miguel afinou a voz.

–Se é assim, então venha cá e se mostre melhor que eu!- Desafiei.

–Ah é? Então está ótimo!- Miguel levantou o braço.

–Quatro. Mais ninguém?- Giovanni levantou a mão.- Você canta?- Nico ergueu as suas monstruosas sobrancelhas.

–Acho que sim. Veremos.- Giovanni deu de ombros.

–Posso tentar também?- Lupita perguntou timidamente.

–Sim, claro.- Nico sorriu.- Temos alguma música?

–Eu sempre carrego algumas de minhas composições nos bolsos das vestes.- Retirei uns papeis amaçados. Vocês nem imaginavam que eu compunha músicas, não é? Mas sim: Eu componho. Entreguei os papeis a Nico.

–Temos três. Quais vocês preferem? Número um: Solo Quedate en Silencio, Número dois: Que hay detrás ou Número três: rebelde?

Bem, digamos que a maioria escolheu a n° 1. Então cantamos a música.

Me aproximei da platéia formada por Vick, Josy e Nico e iniciei a canção.

Te encuentro, despierto

Me dices lo siento

Con una lagrima derramas

voltei para trás e Giovanni foi a frente. Fechou os olhos. Me surpreendi com sua linda voz

Me abrazas, me hielo

Me pides un beso

Y yo me quedo sin respirar

E chegou a vez da Caminhoneira. Roberta tinha a voz bem fina, mas bonita. Mesmo a odiando, devo admitir.

Sólo espera un momento

Sólo dime no es cierto

Coro:

Sólo quédate en silencio, cinco minutos

Acaríciame un momento ven junto a mi

Te daré el último beso

El más profundo

Guardaré mis sentimientos

Y me iré lejos de ti

E continuamos a cantar a canção até o fim. Realmente todos ali tinham talento. Inclusive eu, obviamente. Nico ficou tão surpreendido que já se diz nosso empresário- risos- como poderíamos ter empresário se nem éramos uma banda? E além do mais como eu poderia suportar cantar ao lado daqueles dois sei-lá-o-que? Mas devo admitir que eu gostei de cantar junto com Diego, Giovanni, Lupita, Roberta e Miguel. É como se essa banda já existisse há muito. Por um momento, cheguei até mesmo a esquecer a raiva de meu pai. Nico não parava de repetir que daria um jeito para que ficássemos conhecidos. Esse Nico! E depois que a porta da Sala Precisa apareceu fiquei um tanto chateada. Gostaria de ter passado mais tempo com eles. Espere! Do que estou falando?