Mais do que Irmãos escrita por lininhaaa


Capítulo 16
XVI - The Heart Never Lies


Notas iniciais do capítulo

Música usada nesse capítulo : http://www.youtube.com/watch?v=6gXh6iR5Ogo



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Capítulo XVI – The Heart Never Lies (O Coração Nunca Mente)

 

Revolta.

Medo.

Angústia.

Culpa.

O Uchiha mais novo não sabia ao certo o que estava sentindo naquele momento. O dia amanhaceu nublado e chuvoso, assim estava sua vida naquele momento.

Graças à ele, Sakura  tinha sido humilhada por Fugaku, ouvindo coisas absurdas vindas da pessoa que por tantos anos lhe representou a figura de um pai.

- Merda! – praguejou socando a escrivaninha à sua frente.

A noite de Sasuke foi longa e silenciosa. Simplesmente não conseguiu pregar os olhos depois de tudo o que ouviu e presenciou na noite anterior. Maldita hora em que resolveu abrir-se com o pai, imaginando que ele compreenderia o que realmente sentia.

Precisava tomar um banho para quem sabe esfriar a cabeça. Sabia que não resolveria absolutamente nada, ficar se lamentando pelas coisas que fizera mas não havia solução. Precisava pensar em alguma coisa, mas naquele momento nada vinha em sua cabeça.

Sasuke pegou a primeira calça jeans que encontrou no guarda-roupas e, abrindo a gaveta com raiva, retirou dela um moletom branco de mangas compridas. Vestiu as mudas de roupa em menos de dez minutos e em seguida, saiu do seu quarto, batendo a porta atrás de si.

Olhando para frente, viu a porta fechada do quarto dela. Precisava falar com Sakura e pedir desculpas por tudo o que causara, mesmo sabendo que Fugaku tinha exagerado nas palavras e principalmente, ao bater nela.

A cena do tapa que Fugaku desferiu sobre Sakura, fez o Uchiha cerrar os punhos. O que Fugaku fizera com ela, Sasuke jamais perdoaria.

Quando deu por si, sua mão já estava na maçaneta dourada da porta. Tentou girá-la para abrir, mas notou que estava trancada, assim como na noite anterior.

- Sakura...? – chamou-a, depois de duas batidas leves na porta.

Não teve nenhuma resposta o que indicava que ela ainda estava dormindo. Sabe-se lá que horas Sakura teria ido dormir, se é que não tinha passado a noite em claro como ele.

 

Some people laugh

Some people cry

Some people live

Some people die

Algumas pessoas riem

Algumas pessoas choram

Algumas pessoas vivem

Algumas pessoas morrem

 

Sasuke resolveu desistir por hora. Além disso, tinha medo de descontar seu nervoso e raiva justamente nela, igualando-se ao seu pai.

Os olhos escuros fitaram uma última vez a porta e em seguida, o Uchiha desceu as escadas da mansão.

Ao colocar os pés no último degrau, Sasuke avistou Fugaku sentado solitário na mesa de jantar da sala e com o café-da-manhã posto à sua frente. Percebeu o olhar de seu pai, que até aquele momento estava direcionado para um ponto perdido na imensidão da mesa e agora, estava sobre si.

- Eu quero falar com você... – anunciou o Uchiha mais velho.

 

Some people run

Right into the fire

Algumas pessoas correm

Direto para o fogo

 

- Tsc. – ironizou o menor, fazendo mensão de dar passos até a porta da frente.

- Não ouviu, Sasuke?!

Continuou dando passos duros, sem  nem ao menos olhar para trás e quando alcançou a porta, atravessou-a rapidamente, batendo com força. Ficou parado na soleira da porta da sala, de olhos fechados. Ainda pôde ouvir o pai gritar seu nome por três vezes, mas não respondeu.

 

Some people hide T

heir every desire

Algumas pessoas se escondem

De seus desejos


Apressou-se em ir até a garagem da mansão e pegar seu carro. Não iria para a faculdade e muito menos daria satisfação à alguém para onde iria, afinal nem ele mesmo sabia.

 

***

 

Quando o carro de Itachi passou pelos portões da mansão, notou que havia algo estranho. Cumprimentou o velho jardineiro Massaru rapidamente, sem deixar de notar as cortinas fechadas da sala de estar. Logo que os empregados acordavam, as cortinas eram abertas para iluminar o cômodo, o que não aconteceu naquele dia.

- Itachi-san, preciso fechar o portão...

Só agora Itachi notara que estava com somente metade do carro para dentro dos portões da mansão. Dando um sorriso um tanto sem graça, pisou no acelerador e dirigiu até a garagem para estacionar o carro em sua devida vaga.

Adentrando a sala em passos lentos e silenciosos, percebeu o quanto o cômodo estava escuro. Assim que os olhos de cor escura acostumaram-se com a escuridão, Itachi viu uma silhueta sentada na poltrona que sempre pertenceu ao patriarca dos Uchihas.

Fugaku estava acomodado não tão confortavelmente sobre a poltrona, olhando perdidamente para um ponto qualquer da sala escura. Pelo que Itachi notou, o velho Uchiha sequer tinha notado sua presença.

- Pai...? - O moreno aproximou-se de onde Fugaku estava e lhe tocou o ombro. – Aconteceu alguma coisa?! – indagou.

O Uchiha maior apenas desviou o olhar para o filho mais velho em pé e suspirou. Sem dizer qualquer palavra, apontou o sofá para que Itachi se sentasse, que apesar de não estar entendendo nada, fez o que o pai lhe disse “em silêncio”.

Os minutos se passaram silenciosos a partir do momento que o moreno entrou na mansão. Fazia quase dez minutos que Itachi estava acomodado sobre o sofá da sala, apenas observando o pai sentado na poltrona, com as mãos cruzadas em frente ao rosto e com a cabeça baixa.

- Posso saber o que aconteceu para o senhor estar assim?! – indagou Itachi impaciente.

- Seus irmãos... esse é o problema! – sussurrou raivoso.

- Sakura e Sasuke?! – Itachi viu o pai concordar com um aceno de cabeça. – Como assim?!

- Seus irmãos chegaram de viagem ontem e Sasuke veio dizendo besteiras... bem que Amaya havia me alertado. – lamentou.

Itachi estreitou os olhos com o comentário do pai.

- Amaya?! Ainda não estou entendendo...

- Eles se apaixonaram sabe-se lá quando! – disparou o Uchiha mais velho. – Isso explica o motivo de terem deixado Karin para viajarem sozinhos... E aqueles amigos deles são coniventes com tudo!

- Não acha que o senhor está sendo injusto, pai?! – Perguntou o moreno, percebendo a incredulidade estampada no rosto do pai. – Além disso, o senhor anda dando ouvidos à Amaya e...

- Então você também era conivente?! Por favor, Itachi... eu sabia que Sasuke era inconcequente, mas você...?! Nunca pensei...

- Não tem como eu ser conivente com uma coisa que eu não sabia! – disparou. – E além disso, Sasuke não é inconcequente... Ele é revoltado, pai! O senhor sempre o culpou pela morte da mamãe, sendo que ele foi o que mais sofreu...

- E por acaso deixa de ser mentira que por culpa dele, sua mãe morreu atropelada?!

- Pelo que eu saiba, vocês dois estavam discutindo. – argumentou o moreno. – Se Sasuke tem culpa, o senhor também tem! O senhor o provocou naquele dia, dizendo os tipos de amizades que ele tinha...

Pela primeira vez em toda sua vida, Itachi estava enfrentando Fugaku frente a frente. Ele sempre foi o filho prodígio dos Uchihas e o braço direito do pai, mas nem por isso concordava com certas atitudes de Fugaku, entre elas, a acusação sobre o irmão menor.

Itachi sabia que estava certo... e Fugaku também, caso contrário, não estaria em silêncio. O filho mais velho acabou por abrir os olhos do pai, fazendo-o perceber que na história da morte trágica da mãe não haviam culpados... e caso houvesse, Sasuke não seria o único a ser responsabilizado.

- O senhor e eu sabemos que Amaya nunca se esforçou para conseguir o afeto do meu irmão. Em todas as vezes em que vim aqui, sequer a vi dando um sorriso para ele ou conversando algo útil com Sasuke... nunca se esforçou para ser uma pessoa agradável. – Fugaku remexeu-se na cadeira, o que não passou despercebido pelo moreno. Os dois sabiam que as palavras de Itachi eram verdadeiras. – E ele não é o único que não gosta da presença dela! – confessou.

Fugaku desviou novamente os olhos para Itachi, que recostava-se no sofá.

- Então... você também!?

- A princípio eu gostava dela... mas depois percebi que ela fazia mal ao senhor, e ainda faz!

- Isso não justifica o fato de Sakura e Sasuke manterem um caso as escondidas! – vociferou Fugaku.

Itachi levantou-se e despreocupadamente, acomodou suas mãos nos bolsos da calça.

- O senhor já deveria estar preparado para isso! – comentou, dando passos para trás do sofá. – Onde eles estão?! Quero falar com eles...

O Uchiha maior suspirou pesarosamente, enquanto massageava a cabeça.

- Sasuke deve ter saído, mas eu não sei para onde e Sakura deve estar trancada no quarto... – respondeu.

- Vou ver o que posso fazer... – Foi a última coisa que Itachi disse, antes de desaparecer rumo ao segundo andar da mansão.

O moreno já estava com os pés no andar de cima, e caminhando lentamente, parou em frente a porta do quarto de Sakura. Assim como o irmão mais novo, ele forçou a porta e constatou que estava trancada.

- Sakura! – chamou-a, sem obter nenhuma resposta. – Sakura, sou eu... Itachi!

 

***

 

But we are the lovers

If you don't believe me

Then just look into my eyes

'cause the heart never lies

Mas nós somos os amantes

Se você não acredita em mim,

Então olhe dentro dos meus olhos

Porque o coração nunca mente

 

Há tempos Sasuke deixou de freqüentar a academia, mas mensalmente depositava o dinheiro para manter seu cadastro  e usar sempre que queria. Não que precisasse ir até lá, mas aquele lugar era um dos locais que usava para sair de sua casa, e consequentemente, de seu pai e da madrasta.

O carro já estava colocado numa das vagas do estacionamento da academia. Como sempre fazia, ativou o alarme logo depois de sair do carro, e entrou pela porta de vidro espelhada.

Não havia muito movimento naquele horário. Era de manhã e a maioria dos clientes trabalhavam ou, no caso dele, estudavam. Exceto por algumas senhoras que compunham o grupo da ginástica da terceira idade, a academia estava completamente vazia.

- Sasuke-san, o que faz aqui?! – o recepcionista não pôde deixar de surpreender com a presença “ilustre” do Uchiha. – Quer dizer, faz tempo que não aparece para treinar!

- E aí, Sai?! – cumprimentou-o com a maior má vontade possível. – Eu que te pergunto... o que faz aqui você a essa hora?!

Sai era um velho conhecido de Sasuke. Não exatamente um amigo, apenas um colega que conhecera na academia e que uma vez ou outra, trocava um par de palavras.

- Bom, acabei me transferindo para o turno da noite na faculdade, logo não posso trabalhar no período noturno e me passaram para esse horário. – sorriu.

Sasuke já estava irritado o suficiente com tudo o que acontecera e aquele sorriso do garoto à sua frente, não estava ajudando nada.

- Hum... – grunhiu desinteressado.

- E o Naruto-san?! Vocês sempre andam juntos... – O moreno notou a carranca do Uchiha e decidiu encerrar o assunto por aí. – Er... fique a vontade, Sasuke-san...

- Tem ainda alguma luva de boxe aí?! – perguntou.

- Não sei, eu...

- Preciso de um par! Esqueci as minhas em casa... – interrompeu o Uchiha. A frase saiu mais como uma ordem do que como um mero pedido.

- Claro! Só um minuto! – sorriu novamente, antes de desaparecer por uma pequena porta atrás de si.

Para Sasuke, era um sorriso falso, mas para ele pouco lhe importava. Já tinha problemas o suficiente para se preocupar com Sai.

- Espero que essas lhe sirvam.... – comentou o moreno estendendo um par de luvas vermelhas surradas.

Sasuke tomou-as das mãos de Sai e colocou uma delas em uma das mãos. Estava um pouco folgada, mas daria para ser usada.

- Estão boas... – comentou o Uchiha, estendendo a chave do carro e em seguida, pegando um pequeno chaveiro com um tabuleta prata, com o número nove gravada em preto. – Valeu, Sai...

Despediu-se rapidamente de Sai e seguiu para dentro da academia. Como era de se esperar, estava completamente vazia.

“Menos mal...” pensou ele. Não teria que sair cumprimentando as pessoas só para se mostrar educado.

Fazia tanto tempo que não freqüentava a academia que custou lembrar onde ficava a ala de treino de boxe.

Sasuke atravessou a academia deserta e entrou num local arejado, onde alguns sacos para treino estavam pendurados estratégicamente por toda a sala. Assim como todo o resto do estabelecimento, a sala também estava quase deserta, exceto por uma pessoa no canto esquerdo do local, que lia distraidamente um livro.

Cabelos prateados e com um livro na mão... ele era inconfundível!

O moreno sabia que não passaria despercebido pelo seu velho treinador de boxe, Kakashi Hatake. Ele viu quando os olhos do seu professor saíram das linhas do livro e se direcionaram para ele.

- Os vivos sempre aparecem... – comentou.

- Ah, oi! – respondeu com um certo desprezo.

Sasuke sempre considerou Kakashi como um “ídolo” e às vezes, espelhava-se nele ou pelo menos, tentava. Sempre calmo, compenetrado e equilibrado.

- O que veio fazer aqui?! – perguntou Kakashi com certa curiosidade. – Há tempos que você sumiu...

Ele apenas colocou as luvas nas mãos e os direcionou para o professor, com um sorriso um tanto sarcástico.

- Pelo que percebi, alguém está com problemas... – comentou o homem.

 

Some people fight

Some people fall

Algumas pessoas lutam

Algumas pessoas caem


Mais uma vez, não obteve resposta por parte do Uchiha, que simplesmente posicionou a frente de um saco de treino e começoua a desferir socos nele.

- Vai a merda, Kakashi! – resmungou o moreno, já ofegante.

- Parece que o tempo passou, mas as coisas não mudaram muito não é, Sasuke?! – afirmou o Hatake.

Sasuke parou por alguns minutos a sequência incessante de socos e olhou para o seu ex-professor. Ele continuava o mesmo: o mesmo corte de cabelo, o mesmo livro sempre em mãos, a mesma máscara cobrindo parte do rosto, o mesmo ar calmo...

- Concordo com você... – resmungou, direcionando os olhos ônix para o “Icha Icha Paradise” que repousava como um verdadeiro tesouro ao lado do professor. – As coisas não mudaram quase nada!

Kakashi apenas sorriu por debaixo da máscara. O Uchiha novamente concentrou-se em descarregar sua raiva no objeto à sua frente.

- Ironias nunca foram o seu forte... – argumentou o Hatake. – Brigou com seu pai de novo?!

- Talvez... – resmungou mais uma vez.

Como Sasuke odiava o fato de Kakashi conseguir saber o que estava passando pelo simples fato de olhá-lo.

- Já conversou com ele?! Sabe, não adianta brigar s... – Kakashi foi interrompido por um barulho alto que ecoou por toda a sala.

- Conversei! – gritou o Uchiha, descontando toda a sua raiva no saco de pancadas. No lugar do objeto, o moreno mentalizou o rosto de Fugaku. – E sabe o que aconteceu?! – perguntou ofegante, enquanto desferia socos. – Como sempre... ele me culpou pela morte da minha mãe e falou um monte de merdas para a Sakura!

Era nítido o descontrole de Sasuke e Kakashi percebeu isso. o Hatake via em Sasuke ele próprio quando jovem. Era exatamente assim que se portava diante de uma situação: vinha treinar até a exaustão.

- Entendo. – ponderou.

- Cala a boca, Kakashi! Você não entende! – ofegou enquanto alternava socos e chutes. – Nunca vai entender...

 

Others pretend

They don't care at all

Outras fingem

Não ligar para nada


Sem dizer qualquer palavra, o homem de cabelos prateados foi para trás do objeto em que Sasuke descontava toda sua ira e segurou-o, apenas esperando os outros movimentos do Uchiha.

- Saia daí, Kakashi! Vai acabar se machucando!

- Por favor, Sasuke... você está muito mal treinado para me machucar! – provocou Kakashi, vendo um brilho nos olhos cor de ônix.

Assim como Kakashi, Sasuke apenas precisava descarregar toda a sua raiva.

 

***

 

- Aqui está, Itachi-san... – murmurou Inuka, entregando o molho de chaves para o Uchiha.

- Tem certeza que aqui tem a chave do quarto dela?! – indagou para a senhora, vendo-a concordar. – Ótimo!

Itachi saiu as pressas da cozinha, dirigindo-se para as escadas. A demora da resposta de Sakura, fazia o moreno preocupar-se cada vez mais. Conhecia seu pai como a palma da mão, e sabia que quando ele queria, era capaz de machucar tanto física, como emocionalmente.

O moreno subiu alternando os degraus, na tentativa de subir mais rápido e chegar logo ao seu destino. Em poucos segundo, viu-se diante da porta trancada e alternando as chaves na tentativa de abri-la.

Uma, duas, três, quatro chaves...

- Hunf... – a paciência de Itachi já estava se esgotando. – Consegui! – exclamou para si mesma, assim que ouviu a porta destrancar.

Antes de entrar bateu duas vezes na porta. Não obtendo resposta, o moreno entrou no quarto quase escuro, encontrando-a deitada de costas para a porta.

- Sakura-chan... – chamou-a, dando a volta na cama.

Itachi viu-a de olhos fechados e coberta com um grande cobertor de lã. Impossível alguém sentir frio naquela época do ano em que os termômetros da rua chegavam a marcar 34º C.

O que chamou a atenção foi o fato da marca de uma mão no rosto de Sakura. Os cinco dedos bem desenhados no lado esquerdo do rosto se destacavam em meio a pele pálida e além disso, os olhos pareciam inchados e a pele embaixo deles apresentava-se avermelhada.

- Sakura?! – chamou-a mais uma vez.

Aos poucos, o moreno viu sua “irmã” abrir os olhos com dificuldade. Ela ainda piscou algumas vezes para acostumar-se com o pouco de claridade que entrava pelas cortinas fechadas.

- Itachi... – sussurrou, encolhendo-se.

 

If you want to fight

I'll stand right beside you

The day that you fall

I'll be right behind you

Se você quiser lutar,

Eu ficarei ao seu lado

No dia que você cair,

Eu estarei bem atrás de você

 

- O que aconteceu com você?! – Ele não pôde deixar de assustar-se ao vê-la daquele jeito. – O que você tem?!

- Frio... – respondeu.

Itachi estreitou os olhos com a resposta da rosada e, com cuidado, afastou alguns fios de cabelo que lhe tapavam a testa para que assim pudesse encostar o dorso da mão.

- Você está queimando em febre, Sakura! – Exclamou o Uchiha. – Não me admira que esteja tremendo de frio. Eu vou chamar o papai...

- Não! Eu não quero... não quero mais nada vindo dele! – murmurou tentando se levantar. Sabia que não estava bem, mas depois do que ouvira de Fugaku jamais queria qualquer coisa vindo dele.

 - O que está fazendo, garota?! Por que diabos esse orgulho agora?! – Ralhou Itachi, contendo a rosada sentada na cama.

Ela nada respondeu, apenas o encarou com os olhos marejados.

Ao estreitar os olhos, o moreno percebeu os cinco dedos “desenhados” no rosto dela.

- Quem fez isso?! – Ele esperou por uma resposta, mas Sakura não disse nada. Levou uma das mãos até o local e fez uma cara de poucos amigos. – Sakura! Estou te perguntando quem foi o desgraçado que fez isso! – ordenou enquanto ele a chacoalhava pelos ombros.

- Eu quero ir embora... – sussurrou, tirando as mãos de Itachi de seus ombros. – Não quero mais ficar aqui.

Sakura era irredutível e Itachi sabia disso. Ele afastou-se um pouco e deu passagem para que ela afastasse as cobertas com os pés e sentasse na cama. Pouco a pouco, Sakura se levantou e andou com passos cambaleantes até o guarda-roupa.

- Quando cheguei, papai me contou algumas coisas... – comentou o moreno fitando as costas da irmã.

Um pequeno casaco que estava em suas mãos foi ao chão quando ela ouviu o comentário de Itachi. Sakura tinha medo de perguntas as coisas que Fugaku contara à Itachi, mas já podia imaginar.

Ela não tinha coragem de virar-se e encarar Itachi, afinal tinha medo de que ele falasse coisas piores do que Fugaku.

Sakura escutou alguns passos do irmão atrás de si, até que percebeu que ele estava logo atrás dela.

- Sakura-chan, não precisa ter vergonha de contar as coisas pra mim.

Pouco a pouco, a rosada virou-se para ele e o abraçou com lágrimas nos olhos.

 

To pick up the pieces

If you don't believe me

Just look into my eyes

'cause the heart never lies

Para recolher os pedaços

Se você não acredita em mim,

Olhe dentro dos meus olhos

Porque o coração nunca mente

 

- Eu gosto dele, Itachi-kun... – confessou em meio à soluços. – Gosto muito dele...

Em resposta, Itachi apenas passou seus braços pelos ombros da irmã e a abraçou, tentando confortá-la. O Uchiha começou a se lembrar de quando eram pequenos e como Sasuke e ela se davam bem. Todas as ações vindas por parte deles, principalmente de Sasuke, demonstravam o grande sentimento que um tinha para com o outro.

- Vai ficar tudo bem... – comentou o Uchiha com a voz baixa.

 

Another year over

And we're still together

It's not always easy

But I'm here forever

Outro ano acabou,

E nós ainda estamos juntos

Nem sempre é fácil,

Mas eu estou aqui para sempre


Pouco a pouco, ele sentiu os braços de Sakura diminuírem a força do abraço  e a cabeça da mesma levantar-se para fitá-lo.

- Eu... não agüento mais... – sussurrou antes de fechar os olhos e amolecer o corpo nos braços do irmão.

 

***


Tanto Sasuke quanto Kakashi perderam a noção do tempo naquele dia. Passaram praticamente a manhã e boa parte da tarde à chutes e principalmente socos violentos, enquanto Sasuke dizia que fazia isso para tirar o atraso do tempo que treinava.

Kakashi sabia que era mentira mas mesmo assim relevou. Algo de muito sério estava acontecendo na vida do Uchiha menor e ele sabia disso, só não sabia exatamente o que era.

O homem de cabelos pratas se viu no chão e ao levantar a cabeça, notou Sasuke com o punho estendido e ofegante.

- Se distraiu, Kakashi-sensei?! – perguntou de forma sarcástica, pronunciando a última palavra em tom irônico.

Ele apenas levantou e apoiou as mãos nos joelhos.

- Acho que estou ficando velho para essas coisas! Acho que por hoje chega... – respondeu, virando-se de costas para o moreno e retirando de seu bolso seu famoso livro, que apesar do treino, estava intacto. – Você tem sorte de essa belezura estar intacta. Caso contrário, você estaria em maus lençóis.

- Tsc. – grunhiu em reprovação.

- Até outro dia, Sasuke... – despediu-se já distraído com seu “Icha Icha Paradise” aberto.

Sasuke apenas o observou o professor distanciando-se pouco a pouco de si, até sumir completamente dos olhos ônix. Ainda estava com raiva por tudo o que acontecera, mas estava bem melhor quando comparado a antes.

Dirigiu-se ao vestiário masculino para tomar um banho e voltar para casa para finalmente encarar seu pai.

Com pouco mais de quinze minutos de uma ducha rápida, o Uchiha já estava pronto para seguir para a mansão. Passou para a recepção, onde avistou Sai desenhando algo num papel. Parecia distraído o suficiente para não notar sua presença ali, mas ele precisava devolver as luvas que havia lhe imprestado.

Mesmo contra gosto, colocou o par de luvas sobre o balcão e viu Sai olhá-lo surpreso.

- Ah! Desculpa, Sasuke... Não o vi chegando! Pensei até que já tinha ido embora... – Comentou, pegando os objetos depositados no balcão e os colocando em um canto.

- Hum...

- Espero poder te ver mais vezes por aqui... – sorriu sinicamente. – Até mais.

- Tchau! – grunhiu.

Sasuke atravessou as portas de vidro da academia e já pôde ver seu carro parado da mesma forma que deixara pela manhã. Assim que se aproximou, desativou o alarme e  abriu a porta do motorista.

Entrou e se acomodou, colocando a chave na ignição, mas antes de dar a partida viu seu celular com o visor piscando.

- Treze chamadas perdidas?! – indagou para si mesmo. – Itachi... o que diabos ele quer?!

Ele largou o celular no banco do motorista e finalmente deu partida no carro, saindo de sua vaga e finalmente, voltando para casa.

 

***

 

Sasuke demorou um pouco mais do previsto, devido a um pequeno trânsito que se formou àquela hora do dia. Muitas pessoas saiam àquela hora do serviço e voltavam para suas casas.

Finalmente, avistou os portões da mansão Uchiha e parou o carro na guia, estacionando-o. Não se daria ao trabalho de entrar já que, provavelmente, enfrentaria o seu pai. Dependendo do rumo da discussão, Sasuke não pensaria duas vezes em pegar Sakura e sair dalí.

 

Yeah we are the lovers

I know you believe me

When you look into my eyes

Because the heart never lies '

cause the heart never lies

Because the heart never lies

Nós somos os amantes

Eu sei que você acredita em mim

Quando olha dentro dos meus olhos

Porque o coração nunca mente

 

Saiu do carro rápido e entrou na mansão. Ao cruzar a porta da sala viu a silhueta que reconhecer ser de Itachi, sentado no sofá.

O Uchiha mais novo encarou o irmão com as mãos nos bolsos, enquanto Itachi se levantava.

- Por que não atendeu aquela droga de celular, Sasuke?!

- Esqueci no carro... – comentou desisteressado, estreitando os olhos. – Onde ele está?!

- Onde você estava?! – alterou-se o mais velho.

- Não te devo explicações! Quero saber onde ele está?! – vociferou Sasuke.

Itachi suspirou pesadamente e fechou os olhos, tentando buscar um pouco de paciência. Ao abrir os olhos, viu Sasuke dirigir-se às escadas.

- Ei, aonde pensa que vai!?

- Se você não quer falar onde ele está, vou ver se a Sakura e...

- Ela não está em casa! Nenhum dos dois está em casa... – interrompeu.

Sasuke parou bruscamente no segundo degrau da escada e fitou Itachi.

- Como assim não estão em casa?! – perguntou incrédulo. – O que aconteceu, Itachi?

- Quando eu cheguei, o pai me contou algumas... coisas! – Itachi viu os olhos do irmão mais novo arregalarem. – Ele parecia bastante atordoado e...

- Não quero saber dele! Quero saber por que ela está em casa! – Exclamou Sasuke alterado.

- Sakura estava com febre e... desmaiou! Papai está com ela no hospital...

Ao ouvir aquelas palavras, Sasuke sentiu seu coração falhar.

- E você a deixou com ele sozinha?! – Repreendeu-o.

- Não! Eu tentei te ligar, mas você não atende esse madito celular, Sasuke! Vim aqui porque não havia outro meio de lhe avisar... – Gritou Itachi. – Ou você queria que nosso pai estivesse aqui lhe esperando?! – perguntou-o irônico.

- O que ela tem?! – Murmurou com a repiração pesada.

Itachi passou por ele e abriu a porta da sala para em seguida, virar-se para ele.

- Eu não sei, mas é melhor nos apressarmos... – respondeu passando pela soleira da porta.

 

Yeah we are the lovers

I know you believe me

When you look into my eyes

Because the heart never lies

'cause the heart never lies

Because the heart never lies

Nós somos os "amantes"

Eu sei que você acredita em mim

Olhe dentro dos meus olhos

Porque o coração nunca mente

 

Sasuke fechou os olhos por alguns segundos, repreendendo-se por não ter ficado em casa naquele dia. Maldita hora em que teve a idéia de se abrir para seu pai. Por sua culpa, Sakura ficara doente e se acontecesse algo com ela, ele jamais se perdoaria.

 

 **********************************

...Continua....

 

The heart never lies - McFly

 


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Notas finais do capítulo

*Aparece com um escudo* Oieee gente! o/
Chegueeei! *---*
Novamente, a facul está tirando todo o meu tempo e agora, com o feriado, eu pude finalizar esse capítulo. Também não posso negar que foi bem difícil escrevê-lo... pensei que não ia sair nada! T.T
Espero que tenham gostado!
Bom, antes de mais nada, queria explicar uma coisa do capítulo anterior... Recebi um review, muito construtivo, dizendo que a Sakura se mostrou fraca e chorona, e me perguntaram o porque do Sasuke não defendê-la do Fugaku.
Bom, eu me coloquei no lugar da Sakura. Acho que eu não teria qualquer outra reação, perante as coisas que o Fugaku disse... Não iria agredir, até porque ela deve respeito à ele, por mais que não mereça! E o Sasuke não bateu/socou/esmurrou o pai porque... ele é o pai dele! u.u Acho que quando ele disse que o Fugaku deixou de ser seu pai há muito tempo, doeu mais do que um tapa ou um soco!
E eles são pessoas "civilizadas"! A fic não é um ringue de boxeadores, apesar de ter amado escrever o Sasuke como treinador de boxe! *babando*
Nossooo Kakashi-sensei apareceu! *----* E ainda, treinando o moreno mais gato da fic! OMG!! Preciso urgente de umas aulas de boxe! xD
Bom... espero realmente que tenham gostado!
Andei recebendo comentários de leitores novos e isso me deixou muuuuito feliz! Espero que continuem assim! Apareçam e deem sua opinião, porque é muuuito importante!
Um agradecimento especial a Paty_Haruno que recomendou a fic! Obg queridaaa!!
Críticas/elogios/sugestões - Nos reviews!
Recomende a fic! *---*
Ps.: A fic Light Of Darkness também foi atualizada!

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Miiiil beijoooooos!