Problem Temptation escrita por Boow, Brus


Capítulo 1
The Beginning




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Erin Hagen Samcler,

Temos o prazer de informar-lhe que sua vaga na Nova York University foi garantida. Você receberá uma bolsa de ensino superior pelo período de quatro anos de formação e uma brilhante recomendação em seu currículo.

Esperamos que entre em contato com a ala administrativa da NYU até o fim do verão para confirmação da vaga.

Atenciosamente, Sr. Darling.

Eu não sabia o que dizer exatamente, mas o silêncio no outro lado da linha fazia-me imaginar que alguém esperava pela minha reação.

— Então, acho que isso quer dizer que estaremos juntos no inverno. – Falei sem saber exatamente que emoção deveria expressar nessa frase. Ir para NYU significava ter Gabriel ao meu lado novamente depois de onze meses. Por outro lado também significava abandonar todos os outros.

Gabriel Austine, meu fiel namorado era sem dúvidas o cara mais bonito que eu já havia conhecido. Tinha cabelos castanhos e olhos tão escuros, que na maior parte do tempo pareciam ser quase negros. Sua pele costumava ter o brilho intenso do bronzeado do sol de Miami e eu costumava ter esperanças de que mesmo depois de onze meses sem vê-lo, enquanto ele enfrenta o clima frio que faz essa época em Nova York, o costumeiro bronzeado permanecesse lá. Ele era alto, não tão mais alto que eu, mas ainda assim eu tinha que ficar na ponta dos pés para beijá-lo. Mesmo já tendo terminado o colegial há dois anos - e junto a ele todos os esportes que lá praticava - Gabriel ainda tinha o físico bem torneado de um nadador: ombros largos, musculatura, pernas e braços bem malhados e o peso ideal. Como eu disse, Gabriel era sem dúvidas o cara mais bonito que eu havia conhecido. Pelo menos quando falávamos de beleza física.

— Nossa... – Sua voz parecia surpresa, distante e ao mesmo tempo com um torpor de felicidade. – Isso é legal, Erin. – Legal. Eu tinha milhares de adjetivos para a minha novidade e "legal" certamente não era o que eu usaria há alguns meses. Havíamos passado madrugadas ao telefone fazendo planos de como seria quando isso acontecesse, como seria quando morássemos juntos e como tudo seria mais fácil pelo simples fato de termos um ao outro. "Legal" não condizia com as expectativas que tínhamos há cinco meses.

— É... Legal. – Eu concordei. Deus, por que eu não estava tão feliz como pensava que estaria? Por que agora eu sentia aquela contração na boca do estômago e aquele calafrio na espinha só em cogitar a possibilidade de deixar Miami para me juntar ao meu namorado? Ah, qual é, eu nem gosto tanto assim de calor. E eu tenho certeza que meu irmão vai festejar a novidade apenas por se ver livre de mim. Qual era meu problema afinal? – Gabriel, eu...

— Gatinha, nos falamos mais tarde. – Ele me interrompeu com o apelido de colegial que havia me dado anos atrás. – Eu preciso terminar o trabalho de conclusão desse semestre e ainda me restam muitas páginas. Tudo bem pra você? – Suspirei derrotada.

— Claro. Hum... boa sorte com o trabalho, ligo para você amanhã. – Disse tentando um falso tom de animação.

— Tudo bem então. Até amanhã. – Disse ele. – Amo você.

— Claro, é, eu também. – Disse e então encerrei a chamada.

Coloquei o celular na escrivaninha e girei a cadeira para poder encarar as três malas em cima da minha cama. Por Deus, o que diabos eu estava pensando quando deixei Megan Fell fazer seus planos de verão perfeito antes de eu ingressar na faculdade?

Óbvio que quando eu disse à ela “prometo que teremos o melhor verão de todos” eu pretendia me jogar com ela no sofá da sala vendo Pretty Little Liars, não viajar para o estado vizinho, onde as temperaturas conseguem ser ainda mais elevadas do que as condições atuais de Miami.

Mas obviamente quando se deixa Megan tomar suas próprias decisões é mais fácil não esperar por nada e deixá-la surpreender você. Como, por exemplo, quando ela apareceu na porta da minha casa com cinco passagens de avião para o estado vizinho.

Sim, Megan era uma menina altamente surpreendente.

— Erin? – Era meu irmão batendo na porta do quarto. – Será que podia se apressar? Eles já estão no aeroporto e a mamãe já terminou de ditar cada regra do seu manual de sobrevivência sem um responsável por perto, papai já me deu todas as advertências sobre cuidar de você e estão no carro falando sobre a época em que dançavam em discotecas. Será que você pode apurar? – Eu gargalhei me levantando e abrindo a porta para Oliver.

Oliver Hagen Samcler, além de meu irmão, é a prova viva de como a genética podia ser abusivamente injusta com as pessoas. Enquanto eu tinha que sobreviver aos meus cabelos castanhos com ondulações desconformes e meus olhos arregalados demais cor de avelã, meu irmão era dono de belíssimos fios negros como os de meu pai e seus olhos na maior parte das vezes refletiam um forte verde ao invés do castanho. Sem contar que desde que me conheço por gente Oliver sempre esteve sete centímetros acima de mim, e não importa o quanto seu estômago se compare a um saco sem fundo, Oliver Hagen é simplesmente incapaz de engordar meio quilo. Ao contrário de mim, que só preciso ouvir a palavra “fast-food” ou “chocolate” para ter que aumentar o número do manequim. Não que eu me importe muito.

— Pode me ajudar com as malas? – Perguntei, e como se fosse um adolescente de dezesseis anos, meu irmão revirou os olhos bufando e me empurrando pelo ombro para que seu corpo passasse pela porta e ele pudesse pegar duas das três malas. O detalhe era que Oliver apesar de se assemelhar mentalmente a um garoto de dezesseis anos, tinha vinte e quatro. Mas até eu que faria vinte e um em poucos dias sabia ser mais adulta que aquele ser, que faz questão de expor os músculos dos quais poucas vezes usa, em seu corpo.

Peguei a mala que restou, o celular, bolsa e enfim segui meu irmão pelo corredor.

Oliver não brincava quando disse que meus pais estavam conversando sobre a época de discoteca. E aquilo era engraçado. Eu me perguntava se Gabriel era capaz de explicar tão detalhadamente a roupa que eu usava em nosso primeiro encontro como meu pai fazia quando se referia à "linda menina de cabelos castanhos e vestido de golas e mangas bufantes no meio da discoteca". Era repulsivo e ao mesmo tempo impressionante.

No aeroporto, Megan já caminhava de um lado para o outro, nervosa com nosso atraso. E tentando controlá-la podia-se ver Danny e Noah, tentando justificar nossa demora.

Danny e Megan Fell eram o tipo de gêmeos quase idênticos. Havia uma única diferença que os tornava facilmente identificáveis, basicamente um cromossomo. Eles também tinham suas desavenças, mas estavam juntos a maior parte do tempo. E com certeza na maior parte do maior tempo estão rindo com você ou de você. Os olhos deles eram de um tom verde-esmeralda para um azul pálido, era sem duvidas uma cor rara de se ver nos olhos das pessoas. - Está ai mais um porquê sobre eu considerar a genética uma coisa estupidamente injusta. - Eles também tinham um sorriso que, quando totalmente aberto, quase dava pra ver todos os dentes alinhados e brancos, e bom, o nariz deles era o terceiro motivo pelo qual eu odiava a genética, enquanto o meu obtinha uma curvatura ingrime e estranha, o deles eram perfeitamente alinhados à zona T do rosto e a ponta arrebitada dando um ar superior a quem lhes via de baixo. Ou seja, eu.

Noah Morgens era um ruivo de traços firmes e marcantes, você não precisava estudá-lo muito para identificar os principais motivos do porquê Megan é sua noiva, mesmo sendo tão jovem. Os olhos dele são verdes, não tanto quanto os dos Fell, mas facilmente reconhecíveis. Ele é o segundo mais alto dos garotos, perdendo apenas para o meu irmão 4 centímetros mais alto que ele. Seu corpo bem delineado também era um dos motivos pelo qual a loira se atraíra pelo rapaz, mas acima de tudo, sua paciência inesgotável era o que mantinha Meg a seu lado. Noah parecia simplesmente estar sempre em dias bons. Sem nuvens ou tempestades, todos eram bons.

— Finalmente vocês estão aqui. – Megan pulou em meu pescoço em um abraço com drama exagerado. – Fiquei tão preocupada que você tivesse desistido. Tentei te ligar oito vezes e a linha estava ocupada, com quem você estava falando? Erin, eu a proíbo de ocupar sua linha por mais de dez minutos, podia ter acontecido algo importante ou uma emergência e eu não teria como falar com você. Tem noção de como isso é grave? – Ela não havia feito pausas para respiração, o que fez tanto eu quanto os outros olharmos para ela de forma preocupada, como se estivéssemos esperando uma parada respiratória a qualquer instante.

— Eu estava falando com Gabriel. Acho que estava na hora de contar a ele sobre a faculdade – Expliquei – E eu tenho certeza que se algo acontecesse a você, Noah e Danny saberiam se virar sem a minha presença, certo? – Ela fez uma cara emburrada e eu ri. – Vamos, a recepcionista me avisou que a primeira chamada do voo já foi feita, vamos perdê-lo se enrolarmos muito.

— Não que isso não fosse a melhor coisa do mundo para você. – Danny comentou ao lado da irmã e em resposta obteve minha ignorância. Estava claro para quem quer que fosse que aquela viagem não era inclusa na minha lista de coisas para se fazer antes dos trinta, nem dos cinquenta. E provavelmente também não estava inclusa na lista de lugares dos quais deveria conhecer antes da morte. Na verdade, Palm Springs não estava inclusa em lugar nenhum da minha vida. Qualquer lugar com a temperatura mais elevada que os típicos 38ºC de Miami era para mim um inferno terrestre do qual eu não deveria conhecer.

Mas obviamente as ideias de Megan sobre isso eram completamente controversas a minha.

Os assentos no avião foram a segunda coisa mais deprimente de toda a viagem. Primeiro porque Megan e Noah estavam três fileiras de acentos à frente do nosso e ao lado deles, para completar, Danny sentava-se na cadeira da ponta em uma tentativa inútil de olhar por baixo das saias das aeromoças do avião.

Já na minha fileira eu tinha que aguentar as nuvens tediosas que pareciam nunca nos abandonar, fazendo o avião tremer de forma irritante. Ao meu lado, como uma segunda opção caso cansasse de ver as nuvens, podia ficar observando meu irmão dar em cima de uma garota de sotaque estranho e pele bronzeada que parecia estar simplesmente se divertindo com a ideia de poder encostar a cabeça no ombro dele para “relaxar” durante a viagem.

Os fatos falavam por si só. Este seria um longo verão.


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