Passado, Presente e Futuro escrita por Blue Butterfly


Capítulo 4
Presente de descobertas


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ^^



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–E ele foi muito bonzinho e disse que eu logo aprenderia a girar sem cair e ele perguntou se eu estava bem e ele…

–Já entendemos, monstrenga – Touya cortou sem humor.

Ele deslizou o pedaço de bolo de frutas no prato da menina, servindo o pai em seguida, desde que pusera os pés naquela casa, ouviu Sakura contar a mesma história inúmeras vezes, encantada com o garoto que a impediu de quebrar, literalmente, a cara. Sakura fez uma careta, mas não protestou, o bolo a sua frente era muito mais importante do que qualquer protesto; Kinomoto pai olhava seu menino com preocupação, Touya era extremamente introvertido, dificilmente ele iniciaria uma conversa e jamais diria sobre seus sentimentos de forma espontânea. Ainda assim, um pai consegue sentir o sofrimento de seu filho, mesmo que ele não esteja pronto para expressá-lo em palavras, Touya estava sofrendo, Fujitaka só não tinha certeza de quanto e nem do tempo que aquilo duraria.

Com poucas palavras, o rapaz desejou boa noite a sua família e se refugiou em seu quarto, assim que fechou a porta, deixou todo seu peso cair no chão e estremeceu. Sem precisar de mais isso, lembrou-se da mãe, do sorriso gentil que ela sempre tinha, que fazia seus olhos ficarem mais apertados. Ele a amava tanto, ela sempre cuidara de tudo, da casa, da família… Um pensamento sombrio atravessou a mente do garoto “ela deveria estar viva, e não eu…”.

Porque se fosse ser sincero, ele acreditava que Sakura e o pai precisavam bem mais de Nadeshiko do que dele. Ele fazia o que podia, lutava para cuidar da melhor forma da irmã, para cuidar da casa, para ajudar o pai fazendo pequenos serviços, entretanto, quando estava sozinho em seu quarto, ele sentia que não era o bastante, que sua mãe poderia fazer bem mais do que ele. Ele não era bom o suficiente, nem mesmo para Kaho ele tinha sido, naquela hora ela já devia estar chegando à Inglaterra para começar sua nova vida.

“Mas não se preocupe, quando nos encontrarmos de novo, você estará amando outra pessoa, e essa será a pessoa certa para você”.

Talvez as palavras estivessem certas se em vez do “você” Kaho usasse “eu”, pelo menos teria sido bem mais honesto, ele até aceitaria, afinal ele nunca tinha sido bom o bastante para nada mesmo, ele girou o corpo, ficando deitado de lado, os tremores ainda estavam lá, mas diminuindo, olhou a janela aberta, a lua brilhava na noite fria e conseguiu aquietar ainda mais seu corpo e seus pensamentos. Desde criança Touya olhava para a lua com encanto, havia algo nela que representava sua essência, fria, quieta, a lua não brigava, não incomodava, ela apenas existia, ela não era tão brilhante como o sol, nem tão grande, mas fazia o seu melhor e isso bastava. E o sonho de Touya era um dia poder bastar.

E antes que tivesse chance de chegar até a cama, ele adormeceu deitado perto da porta.

Há algumas quadras dali, um menino de cabelos prateados sentado no telhado olhava para a lua, ele tinha se aventurado até lá, teve um pouco de medo no começo, quase achou que cairia quando pisou sem jeito em uma das telhas, porém, num movimento de pura habilidade e graciosidade, ele deu uma leve pirueta e acabou acomodado ali. Yukito suspirou, lembrando do encontro desastroso com o menino que deveria ser seu instrutor, Yukito se virara sozinho muito bem, sempre que precisou apareceu alguma pessoa para lhe ajudar, por mais que ele tentasse, não via nada de errado em suas palavras. Ele dissera seu nome e o motivo de estar ali, não esperava piedade e tampouco era o que procurava quando contou a morte de seus pais, então o que fizera para dar tudo tão errado?

“Dia ruim. Todos têm” – uma voz sussurrou em sua mente.

O menino não se assustou, tinha ouvido aquela voz algumas vezes ao longo do dia e a achara bem natural – era a voz de sua consciência, a voz que o ajudaria a pensar nas coisas. Ele considerou a hipótese e acabou por acreditar nela. Poderia ser isso. E se fosse, então o garoto poderia estar precisando de ajuda.

–Posso tentar ajudá-lo – Yukito sussurrou para si mesmo.

Contente por ter encontrado uma solução, ele se despediu da lua e, com todo o cuidado do mundo, voltou para o seu quarto.

Seu sono foi tranquilo, às vezes alguns rostos apareciam na sua mente, os rostos nublados dos avós e dos pais, do menino moreno que estava num dia ruim, da garotinha girando sobre os patins, os rostos iam e vinham com tranquilidade, fazendo com que, mesmo inconsciente, ele sorrisse.

Quando amanheceu, tanto na casa de Tsukishiro como na dos Kinomoto a confusão do café da manhã se instalou, na primeira, Yukito descobriu que era péssimo fazendo panquecas e anotou no quadro de avisos que deveria praticar mais vezes a arte de cozinhar se quisesse se manter alimentado, na segunda, Fujitaka precisou usar toda a calma para impedir que os filhos iniciassem uma guerra civil quando o irmão mais velho chamou a mais nova de monstrenga, na primeira, Yukito montou duas vezes sua sacola de lanches após recordar que passara fome no dia anterior, na segunda, Sakura continuava a falar sonhadoramente de seu herói e de como toda a família deveria ser grata a ele, enquanto um Touya irritado saía para sua escola sem avisar a irmã. E quando deram por si, um Touya mal-humorado e dolorido por ter dormido no chão seguia em uma velocidade quase lenta enquanto sua irmãzinha reclamava por ele nunca esperá-la quando cruzaram o caminho de Yukito, que vinha andando com tranquilidade.

–Onii-chan! – Sakura gritou, colocando as duas mãos no rosto, toda avermelhada.

–O que foi, monstrenga?

Embora a voz soasse irritada, naquele momento o modo irmão superprotetor estava ativado e o rapaz olhava para todos os lados, antevendo algum perigo.

–Onii-chan, é ele – e a menina apontou para uma figura que caminha alguns metros a frente deles – Ele é o moço bonzinho de ontem…

–Sakura, não!

Mas antes que pudesse impedi-la, a menina já patinava furiosamente em direção ao rapaz. Touya não demorou a reconhecê-lo, aquele cabelo prateado e a magia fria e harmoniosa só poderiam pertencer a uma única pessoa. Extremamente irritado e preocupado em ver seu pequeno monstro correndo em direção aquele ser, Touya pedalou o mais rápido possível.

Yukito caminhava com tranquilidade, sempre olhando ao redor para que o caminho ficasse muito bem gravado em sua mente, quando uma menininha suada e ofegante parou ao seu lado,derrapando ruidosamente para não ultrapassá-lo. Ele encarou com surpresa a garotinha, reconhecendo-a imediatamente, era o mesmo cabelo castanho e curto e os mesmos patins rosas.

–Olá – ele cumprimentou com um sorriso bondoso.

–Bom dia – Sakura respondeu, as bochechas corando enquanto ela se sentia tão aiaiaiai

–Que bom ver que você está bem. Fiquei preocupado pensando se você não teria se machucado ontem – Yukito contou com toda a bondade.

Sakura ficou ainda mais vermelha.

–Eu me chamo Yukito Tsukishiro – o garoto se apresentou estendendo a mão para a menina – Muito prazer.

Sakura hesitou por dois segundos, afinal ele era um completo estranho, mas só que ele fazia com que ela se sentisse tão aiaiaiai que não poderia ser perigoso.

–Muito prazer Tsukishiro-san, eu me chamo…

–Sakura!

A voz irritada de Touya interrompeu a apresentação, ele parou ao lado dos dois, olhando incrédulo para a garotinha, se perguntando o que ela tinha na cabeça para correr em direção ao perigo e ainda ficar com aquele sorriso bobo no rosto. Alheia a fúria do irmão e ao assombro no rosto do jovem de cabelos prateados, Sakura completou com toda a alegria do mundo:

–Eu me chamou Sakura Kinomoto e este é Onii-chan Touya Kinomoto. Onii-chan, este é Tsukishiro-san e ele salvou minha vida.

Yukito teve que rir com as palavras da garotinha, ignorando de propósito o olhar homicida que recebia do outro. “Dia ruim. Ou talvez mais do que ruim” a voz em sua cabeça sussurrou um tanto preocupada e ele teve que concordar com ela. Touya olhou de cima a baixo o menino pálido, ele sabia que às vezes, Sakura podia exagerar um pouco em suas descrições, mas também estava consciente que ela não inventaria algo que nunca ocorreu, de uma maneira ou de outra, Tsukishiro tinha ajudado Sakura, o que o fez repensar rapidamente no que aquilo poderia significar. Ele voltou a sentir a aura ao redor do menino, daquela vez, entretanto, não visualizou o desenho de asas, e sim um leve tremular ao redor de seu corpo, quase imperceptível. O que quer que fosse a magia dentro dela, ela parecia estar descansando naquele momento.

–Bom dia Kinomoto-san – Yukito cumprimentou esboçando seu sorriso costumeiro.

–Bom dia, Tsukishiro – a voz de Touya era um misto de cansaço, irritação e dúvida.

Sakura fez uma careta pelos maus modos do irmão e estava prestes a brigar com ele quando percebeu que os meninos usavam o mesmo uniforme.

–Onii-chan, Tsukishiro-san também estuda no colégio Seijo – ela constatou com um sorriso enorme – Vocês são amigos?

A pergunta era inocente, mas fez com que o moreno enrijecesse e o outro baixasse a cabeça, pela primeira vez sem jeito. Eles poderiam ser amigos, mas depois do dia de ontem, Yukito duvidava que aquilo pudesse acontecer. Touya se sentiu mal, ele não devia ter descontado no garoto/criatura mágica sua fúria, ele não tinha feito nada contra Touya, na verdade, até o momento ele só tinha feito uma coisa boa.

–Eu cheguei há dois dias aqui em Tomoeda, pequenina – Yukito explicou ainda de cabeça baixa – Hoje é meu segundo dia no colégio Seijo, então não tive tempo para fazer amigos ainda.

–Onii-chan pode ser seu amigo – Sakura disse em voz alta, absolutamente feliz com a ideia.

–É claro – mas a voz de Yukito estava carregada de insegurança.

–Vamos monstrenga, se não vamos chegar atrasados – Touya chamou tentando se livrar daquela situação.

–Mas não podemos deixar Tsukishiro-san sozinho – Sakura reclamou – E eu não sou uma monstrenga!

–Tudo bem, pequenina – Yukito tentou ajudar, ele não queria forçar sua presença – Eu tenho… tenho que passar em um lugar antes, é melhor vocês irem sem mim. Foi muito bom te ver – e sorriu para a menina, tentando parecer sincero.

Touya encarou o garoto pálido, ele estava obviamente mentindo, e mentia muito mal por sinal, entretanto ele não poderia esperar outra reação, ele tinha sido extremamente rude no dia anterior e ainda estava sendo. O moreno viu sua irmãzinha entristecer por alguns segundos, mas abrir um sorriso gigantesco assim que Yukito sorriu para ela, as bochechas corando fortemente. A menina se despediu do garoto pálido e voltou a patinar, várias vezes se virando para olhar o garoto que tinha aquele sorriso tão doce.

–Obrigado – Touya murmurou antes de voltar a pedalar.

Yukito manteve o sorriso no rosto até que não via mais os irmãos, assim que eles sumiram, seu sorriso sumiu junto e ele deixou os ombros caírem. “Pelo menos a irmã pareceu gostar de você” a sua consciência constatou. Yukito voltou a andar.

Naquele dia, tudo transcorreu como no dia anterior, só que um pouco melhor. Os rostos desconhecidos agora tinham nome, a maioria dos alunos foi gentil, ele até mesmo ganhou um bolinho de arroz na hora do almoço e uma mesa para sentar. Ele tentava dar o seu melhor para responder todas as perguntas e deixou o sorriso atuar perpetuamente em seu rosto. Mesmo que ele ainda não se sentisse confortável e muito menos feliz com tudo aquilo. Às vezes, quando não estavam pedindo sua atenção, ele buscava o garoto moreno, sempre o encontrando sozinho e muito sério.

–Tsukishiro-san – uma menina de nome Naony chamou – Quem é seu instrutor?

A garota tinha estranhado o fato que ninguém tinha acompanhado o menino desde o começo das aulas, na verdade, se ela e seu grupo de amigos não fossem resgatá-lo, ele ainda estaria sozinho e completamente perdido.

–Hum, Kinomoto Touya – Yukito respondeu mordendo um pedaço de torta de pêssego, ele amava pêssego.

Um olhar de compreensão passou pelo grupo e Yukito não deixou de perceber. Uma das meninas ficou levemente vermelha e baixou a cabeça para o tampo da mesa, enquanto dois garotos faziam uma careta estranha a menção daquele nome.

–O que há de errado com ele?

Yukito não queria parecer grosso, mas não conseguiu formular a pergunta adequadamente antes que ela saísse de seus lábios. Um riso nervoso tomou conta de Naony, mas foi um dos garotos que fez careta que respondeu num tom baixo:

–Ele é… estranho. Quero dizer, muito estranho.

–Não diga isso, Sako-san – a menina ruborizada pediu, ainda olhando para o tampo – Kinomoto perdeu sua mãe…

–E vê o fantasma dela desde então? – Sako interrompeu com impaciência – Ele sempre foi estranho, mesmo antes da mãe dele morrer.

–Como assim, ver fantasmas? – Yukito perguntou com choque.

–Kinomoto foi uma criança estranha que via coisas que não existiam – Naony sussurrou – Ele via fantasmas e conversava com eles. Era assustador. Não digo que ele é um mau rapaz, pelo contrário, é um aluno brilhante, bom atleta, mas sempre evitou contato com as outras pessoas, ele sempre afasta todos de si. Não é grosso, só não quer ser incomodado. Sinto muito pela escolha do professor, eu achei que ele faria seu trabalho como instrutor, mas pelo visto ele está cada dia mais difícil de lidar.

–Ele perdeu a mãe? – Yukito sentiu pena do rapaz.

–Sim, quando era bem pequeno – Naony respondeu – Isso só piorou tudo, ele era mais acessível quando criança, pelo menos é o que todos dizem. Fique longe dele Tsukishiro.

Todos na mesa, mesmo a menina que encarava o tampo, olharam para ele com seriedade.

–Kinomoto não quer fazer amigos – Sako completou – E não é inteligente insistir nisso. Ele vai tratar todos bem, ele sempre trata, mas não vai ser seu amigo.

O menino balançou a cabeça para o grupo que o encarava, mostrando que entendera o recado. Ele olhou pela última vez para o garoto solitário. Por mais que tentasse, não podia deixar de sentir pena, curiosamente ele não tinha se incomodado com o fato que o menino via fantasmas.

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–Você precisa se concentrar mais, se continuar tão desligado, vai afetar o time – a voz era séria e fria.

–Desculpe, capitão.

–Você é um bom jogador, só tem que se livrar do que está na sua cabeça e jogar certo. Daqui duas semanas começa o torneio, se não estiver concentrado o bastante, você não jogará.

–Sim, capitão.

–Agora vá para casa. Só apareça de novo quando estiver atento ao que acontece aqui.

O garoto concordou, saindo logo em seguida. O capitão suspirou, se espreguiçando enquanto ficava de pé, o garoto era um bom jogador, não dos melhores, mas certamente corria muito, seu único problema era aquela menina, de alguma forma, sempre que ele mais precisava do bom desempenho do jogador no time, a menina o desestabilizava. Touya puxou a camisa de capitão para cima, retirando-a do corpo, e pegando uma blusa comum. Ele ainda tinha que guardar algumas bolas e cones antes de trancar tudo e voltar para casa, por sorte, Sakura ia fazer o jantar aquele dia, então ele podia se atrasar um pouco.

Ele voltou ao gramado, já estava tarde o bastante para ligarem as luzes ao redor da escola. Um vulto corria pelo campo, chutando uma bola de um lado para o outro, no início Touya achou que era um garoto do time, não que houvesse algum problema se não fosse, mas não era comum alguém ficar tanto tempo na escola depois que as aulas acabavam, o time de futebol era um dos últimos clubes a encerrar suas atividades, só perdendo para o clube de química e leitura – e não era muito comum aparecer representantes desses clubes no campo de futebol. O vulto corria freneticamente, com certa graça em cada passo, a bola voava no ar com rapidez, mas de certa forma sempre parava nos pés do jogador.

Touya se manteve nas sombras, se aproximando com cuidado para não espantar quem quer que fosse, ele não podia ignorar que o jogador tinha certa habilidade com a bola de futebol. Entretanto, quando estava chegando perto, uma sinfonia estranha ecoou em seus ouvidos, entorpecendo seus sentidos.

–Tsukishio – ele sussurrou, com espanto.

Yukito estava feliz, ele não conseguia lembrar quando foi a última vez que ele brincara com uma bola, mas esperava que fizesse pouco tempo, era divertidíssimo e ele não podia conceber a ideia de se privar daquele divertimento por muito tempo. Ele chutou a bola para longe, correndo em seguida para alcançá-la, gotas de suor escorriam por sua testa, entretanto ele não ligava para elas. Ele parou no meio do campo e encarou o gol. “Você não vai conseguir” sua voz interior observou em dúvida. O mesmo pensamento encheu a mente de Touya.

–Então veja – ele sussurrou para si mesmo.

O garoto chutou a bola para cima, o objeto ganhou altura, depois caiu com a força da gravidade e enquanto fazia seu caminho de volta, o garoto pálido pulou no ar, contorcendo seu corpo com graça, e deu um belo chute com a perna esquerda, a bola pareceu deformar com o contato e disparou em direção ao gol, acertando-o em cheio. Yukito caiu no chão como um gato, ficando de pé rápido o suficiente para ver a bola passar pela trave.

–Legal! – ele exclamou feliz demais para ficar em silêncio.

–Ele conseguiu – Touya murmurou, espantado.

Foi engraçado, quando estava no ar, o menino pareceu ser tão leve, mais leve que o próprio ar, como se pudesse voar. Yukito correu até a bola, já estava na hora de ir para a casa. Ele foi chutando o objeto com calma, até se aproximar ao grande cesto em que ele guardara as outras bolas. Ele tinha acabado de sair do clube de leitura quando viu o campo de futebol com as bolas e cones espalhados e resolveu fazer a boa ação do dia, guardou todas as bolas num enorme cesto e juntou os cones, ele ia embora quando esbarrou na única bola fora do cesto, chutando-a sem querer. Gostou de como a bola rolou no chão e começou a brincar.

Touya não fez questão de se mostrar, preferindo observar o garoto pálido. O que mais o intrigava é que ele não parecia ser uma pessoa comum, só que não do jeito mágico, e sim do jeito não mágico. Em outras palavras, ele não era diferente porque tinha magia saindo por todos os poros – embora isso certamente não fosse muito comum – mas sim pelo jeito com que ele lidava com as pessoas. Touya observara o menino durante todo o dia, afinal de contas ele ainda era seu instrutor e não queria que o garoto se metesse em encrencas, não enquanto estivesse sobre sua guarda. O tempo todo Tsukishiro sorria, ele fazia amizades com muita facilidade, conversando tanto com meninos como com meninas, encontrou amigos para o almoço, Kinomoto não conhecia todos eles, apenas Sako e uma das meninas que havia declarado seu amor por ele no ano passado.

Ele fora muito delicado ao rejeitá-la, não gostava de fazer isso, sentia que feria o sentimento das outras pessoas e isso muitas vezes doía mais nele do que nos outros. Se bem que um ano atrás ele estava com Kaho…

Baniu esse pensamento da cabeça e voltou a olhar para o campo. O menino pálido já tinha ido embora, mas não devia estar muito longe, a sinfonia de sua magia ainda ecoava no ar. Talvez fosse o momento de pedir desculpas e convidá-lo para jogar no time, afinal, independente do que ele estava fazendo ali, não parecia muito propenso a destruição em massa. Na verdade, observando a forma como ele sempre sorria e o cuidado que ele tinha ao se mover entre as pessoas, Touya viu algo bom nele. Era a segunda classificação que o menino receberia.


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Notas finais do capítulo

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