Coloquei as malas em cima da cama olhei pela janela, que fica ao meu lado, e vi o Sol sumir devagar no horizonte e fiquei imaginando quem mais estaria observando aquela cena. Diferente das outras meninas eu ainda não tinha arrumado a mala. Fui andando, colocando o calcanhar depois os dedos no chão para não fazer barulho, até o banheiro, que tinha um chão tão gelado que eu quase saio gritando pela Sala Comunal.

Olhei-me no espelho, ainda havia vestígios do dia em Hogsmeade com Potter como as olheiras circulares embaixo dos meus olhos cor de esmeralda que agora estavam verde-terra graças ao cansaço, ainda havia neve em meus cabelos e meus lábios ainda estavam vermelhos morango pelas altas mordidas que dei para não rir de Potter jogando bombas de bosta em alguns meninos da Sonserina por baixo de sua capa da Invisibilidade. Dei um longo suspiro e depois bufei, me apoiando nos calcanhares e rodando para ficar de costas para o espelho. Fechei meus olhos por outro longo momento. Srta. Zubermann é com muita tristeza que lhe informamos que os corpos de seus pais foram encontrados hoje, debaixo de uma ponte, completamente destruídos. As palavras de Prof.Dumbledore ainda ecoavam em minha cabeça. A menina Zubermann, filha de dois aurores muito talentosos, ainda chorava na Sala Comunal, já que ela resolveu voltar só amanhã para casa. O engraçado é que não foi à morte que me incomodou tanto, foi o fato que Sev não ligou e que Potter correu para consola-la.

Sev me incomodava há tempos quando alguns de seus amigos anunciaram que seriam Comensais da Morte, foi uma noticia privada, mas Amanda, sendo Amanda, descobriu sozinha rapidamente. Potter me incomodou por razões que nem eu mesma entendia. Eu sabia que ele adorava “pegar” as meninas com Sirius mesmo estando “apaixonado” por mim. Fui andando de volta para cama, dessa vez fazendo esforço para fazer barulho.

***

Saí da Plataforma 9 3 /4 sem cachecol, o que foi um erro terrível, já que estava a no mínimo -10 graus em Londres. Senti meu corpo todo gelar e achei honestamente que fosse morrer ou virar gelo. Pensei em aparatar para Hogwarts, já que passei com louvor no teste, mas lembrei de que não se pode aparatar em Hogwarts. Vi minha mãe, em seu habitual coque de cabelos cor de morango, como os meus, vir correndo em minha direção, Tuney estava um pouco atrás, de pouco caso e, parecia desapontada seriamente que não havia morrido ou sido dilacerada por um cão de três cabeças, como o de que o amável meio-gigante Hagrid havia ganhado esse dias. Revirei meus olhos quando eu a vi e abri um enorme sorriso para minha mãe.

–Filha! Você cresceu tanto! –Ela falou- A casa tem estado tão sozinha sem você e Tuney... Você sabe, não é? Ela passou na faculdade para estudar Jornalismo! E você em... –Ela abaixou a voz e verificou se não tinha ninguém olhando-... Hogwarts. Ah! Lily! Onde está Severus? E aquele menino com os cabelos castanhos e olhos lindo, como vai?

Para meu azar, Potter passou na hora e ouviu minha mãe. Eu quase enfartei quando ele colocou o braço em volta de meu corpo.

–Prazer, Sra. Evans. –Ele começou e eu, sem reação, encarei-o boquiaberta pela sua ousadia- Agora sei de quem Evans puxou essa beleza. Sou James Potter a proposito, -Ele falou beijando a mão de minha mãe- E espero que sua filha adote meu sobrenome um dia.

Minha mãe encarou-o encantada, como Tuney.

–Sai Potter –Eu falei quando recuperei os sentidos- Agora!

–Não fale assim com seu namorado, Lily! –Minha mãe falou e Tuney riu- Ele é um cavalheiro e você o trata assim?

–É, Evans! Vai tratar seu namorado assim? –Potter falou parecendo indignado, mas com um sorriso de diversão no rosto. Eu só revirei os olhos e tentei encara-lo como Malfoy me encarava, com um ar de superioridade atraente, porém mortal, coisa que não deu certo, pois para lançar o olhar Malfoy, tem que ser de cima, e sou mais baixa que Potter.

–Você não é meu namorado –Parei para pensar em um apelido para ele- Quatro olhos.

–Uuuh! Fazendo bullying com meus óculos, Evans? –Potter falou em seu habitual tom de desafio. –Pelo menos eu não sou “BFF” dos Comensais da Morte!

–Que mentira! –Retruquei ofendida- Eu não... Argh, Potter! Como eu te odeio!

–Bom quando você me agarrou no pátio ao lado de Padfoot e Elena você não me odiava não é?

–Padfoot? –Mamãe finalmente se pronunciou- Quem é esse?

–Sirius Black, mamãe – Eu falei. –E tchau, Potter.

–Adeus, Lil. –Ele falou beijando minha testa e eu quase o estapeei. –Vou te mandar presentes no seu aniversario, não se preocupe.

–Já vamos estar de volta no meu aniversario, Potter. –Eu falei para o nada, pois ele já estava longe quando acrescentei esse detalhe.

Fiquei parada por um bom tempo sem fazer nada. Quando Tuney começou a reclamar que voltei a mim e senti meu estomago roncar e dar altas piruetas.

–Mamãe você pode fazer strogonoff de carne? –Eu falei sinceramente desesperada por comida

Ela sorriu e assentiu. Eu a abracei. DEUS! Eu quase esqueci como o abraço de minha mãe é bom.