_ Estava fantástico Sra. Potter! – eu digo depois de me entupir de bolo e ajudar a senhora a recolher os pratos.

_ Ora, que isso... – ela responde sorridente. –Fico feliz que tenha gostado, fiz especialmente para você!

_ Obrigada. – agradeço sincera e coloco o último prato na pia. A Sra. Potter faz um movimento com a varinha e a louça começa a se lavar sozinha.

_ Então querida, como você está? Melhor? – ela pergunta me lançando um olhar doce que me faz sorrir.

_ Sim. Consegui superar a morte do meu pai e decidi que a rejeição da minha irmã não é motivo para tristeza. – respondo olhando pro chão. – Foi decisão dela se afastar, e parece ser o melhor no fim...

_ Entendo... Mas quer saber? Eu tenho certeza de que um dia, só Merlin sabe quando, vocês vão se acertar! – ela diz segurando minha mão entre as dela.

_ Espero.

_ Bom, mas e seu coração? – ela pergunta com um tom mais animado, põe um óculos de leitura e vai indo até a estante e puxando alguns livros de receita. – Como anda no amor Lily? Alguém em especial?

_ Hãm... Eu não sei... – respondo sentindo meu rosto corar. – Eu acho que estou gostando de um menino, mas ele é comprometido...

_ Ele gosta de você? – ela pergunta me encarando por cima do óculos.

_ N-Não sei... – eu repito nervosa. – Quer dizer, sim, ele gosta, mas eu estraguei tudo e agora o menino não quer mais nada comigo eu acho, e mesmo se ele quiser não vai durar porque eu fiz uma coisa horrível que esse menino não vai gostar! – desabafo nervosa. Jane Potter retira os óculos lentamente e dá um tapinha na cadeira ao lado da dela para eu me sentar.

_ Querida... O que eu entendi em tudo isso – ela começa fazendo um gesto largo com a mão. – é que você gosta dele e ele gosta de você. E afinal não é isso que mais importa?

_ Mas eu...

_ Lily, estamos vivendo tempos difíceis. – ela diz séria apertando carinhosamente meu braço. – Há uma guerra se explodindo e nós estamos no meio dela! Vocês jovens vão lutar e eu peço todos os dias para que nenhum de vocês morra!

_ Oh, Sra. Jane nós... – eu digo mas ela me cala com um gesto.

_ Isso é serio Lily, e eu sou realista. – ela continua com a voz tremula. – Eu sei e sofreremos muitas perdas em um futuro próximo. Então me diga querida, com tudo isso você acha que esses detalhes importam? Não! O que importa é o amor, é a amizade, são os sentimentos verdadeiros! No fim Lily, é só isso que nos resta... E é por isso que você tem que lutar!

_ S-Sim... Sim, você está certa. – digo firme mas com a cabeça girando. – Não podemos nos preocupar com detalhes e “e se”... Temos que nos arriscar e lutar pelo o que queremos, e o que tiver de ser...

_ Será. – ela completa sorridente e me dá um beijo na testa. – Agora por que não vai se divertir com os outros?

_ Claro, e obrigada Sra. Jane. – eu digo lhe dando um curto sorriso e indo para onde tem mais barulho na casa. O pessoal está todo reunido na sala, menos James. O local está igual a um tempo atrás quando estive aqui, exceto que agora um grande pinheiro ocupa o canto esquerdo.

_ Ué, porque está sem enfeites? – indago me aproximando da arvore.

_ Porque vamos decorá-la juntos! – James responde entrando na sala. A parte de cima do seu corpo está escondida por um grande caixa de papelão e ele logo deposita no centro da sala. Aproximamos-nos curiosos e Dorcas solta uma exclamação quando vemos montes de bolinhas coloridas e brilhantes, piscas-piscas, faixas, pingentes de vários formatos, estrelas e mini anjinhos que ao serem tocados começam a cantar músicas natalinas.

_ Ah, que lindinhos! – Dorcas diz pegando uma dezena de anjinhos que cantam animados para ela, que começa a rodar dançando pela sala nos fazendo sorrir.

_ Ei ruiva, você não sabe o que eu descobri! – Marlene diz baixinho enquanto escolho meus enfeites.

_ Fofocando Lene? Que feio... Está andando muito com a Bertha! – comento rindo e ela dá um sorriso presunçoso.

_ Ok, se quiser eu não conto.

_ Fale logo! – peço fazendo rir e ela me puxa para o lado mais afastado da arvore, eu começa e pendurar algumas estrelas enquanto ela conta.

_ Hoje no trem, quando você sumiu, eu sai para te procurar e quando voltei... – ela para fazendo um suspense. - ... eu encontrei a Dorcas aos beijos com um garoto...

_ A Dorcas? – pergunto esquecendo a arvore e me virando para a morena que ria.

_ Sim, e você vai cair para trás quando eu contar quem era o menino! – Marlene diz sorridente e eu a encaro curiosa. – Ninguém mais ninguém menos do que Remo Lupin.

_ O QUE?? – grito deixando os enfeites da minha mão caírem.

_ Lily? Tudo bem? – Remo pergunta aparecendo onde estávamos e eu confirmo com a cabeça boquiaberta enquanto Marlene abafa uma gargalhada. – Hãm... ok, então.

_ OH Meu Merlin! – exclamo começando a rir com Marlene. – Dorcas e Remo? Que isso!

_ Babado forte não é? – Lene responde. – Eu cheguei na cabine e os dois estavam se beijando, aí eu disse: Opa! Desculpa!, e fui embora abismada e rindo da cara de susto deles!

_ Não devis ter interrompido. – eu a reprimo me acalmando. – Agora, mudando de casal, digo, de assunto... Porque você estava querendo matar o Sirius hoje quando eu cheguei?

_ Aah, aquilo... – Marlene diz ficando com as bochechas vermelhas, eu não sei se estava com raiva ou envergonhada, ou os dois. – O Sirius veio nosso quarto para abrir a janela que é meio emperrada e me agarrou.

_ Te agarrou..? – repito a encarando e ela desvia o olhar. – E você gostou?

_ Claro que não Lily! Eu não sinto isso pelo Sirius ele é... um...um... Argh! Foi o melhor beijo da minha vida! Na verdade se eu não tivesse consciência nós iríamos aos beijos até o quarto dele e nos amaríamos a tarde inteira!

_ Marlene!

_ É a verdade! – ela se defende corada. – Mas graças a Merlin eu tenho consciência e lhe dei um empurrão, e falei que ia matar ele, e ele correu, e o resto você já sabe.

_ É sei... Sei de muita coisa. – digo segurando o riso. – Sei por exemplo que você está apaixonadinha por ele!

_ Não viaja Lily! – Lene diz me dando um tapa no braço. – Eu não estou apaixonada por aquele galinha, crianção, safado e egocêntrico!

_ Você esta parecendo eu falando do James. – eu comento rindo.

_ E isso quer dizer implicitamente que você está apaixonada pelo Jay? – Marlene comenta arqueando as sobrancelhas.

_ Não fuja do assunto Marlene McKinnon! – digo corada. – Mas talvez sim...

_ Talvez sim o que? Você está...

_ Ei Sirius! Ajuda Marlene aqui atrás, ela não alcança o topo da arvore! – eu grito e saio correndo dali antes que Lene me bata.

_ É claro, eu faço qualquer coisa para ajudar essa baixinha! – Sirius exclama indo sorridente para perto de Marlene que me lança um olhar mortal.

_ Vai ter troco ruiva... E NÃO TOQUE EM MIM BLACK! – eu dou um riso abafado e vou até a caixa enfiando minha mão lá dentro até o fundo para pegar os enfeites até sentir um dor no dedo e puxar meu braço. Meu dedo indicador está sangrando com um caquinho colorido fincado nele

_ Aaai... – gemo puxando o pedacinho verde e sangrento do meu dedo.

_ Ei, não pode por o dedo no fundo da caixa, está cheio de enfeites quebrados! – James informa se aproximando de mim.

_ É, acho que descobri isso. – resmungo fazendo bico e levo meu dedo da boca puxando o sangue. – Argh, detesto gosto de sangue!

_ Vem cá, minha mãe tem uma poção que vai sumir com isso aí. – ele diz me puxando pelo braço para fora da sala enquanto os outros discutem sobre qual estrela iria ficar no topo.

James me leva até um banheiro no segundo andar da casa e abre o armário do espelho procurando a poção. Eu continuo com o dedo na boca observando ele olhar os frascos concentrado, franzindo a testa. Corro meus olhos pelos seus cabelos negros espetados, pelos seus olhos castanhos atrás do óculos, sua boca, sua pintinhas que iam no queixo até o pescoço...

_ Lily? – ele me chama tirando-me do transe. – Se você não me der seu dedo eu não vou conseguir curá-lo.

_ Claro... – murmuro dando um sorriso tímido e lhe estendo a mão, ele abre um frasquinho e pinga a poção no meu dedo. O pequeno corte se fecha rapidamente. – Obrigada.

_ De nada. – ele responde com um sorriso torto e guarda o frasco. – Se bem que você poderia ter cuidado sozinho, quer ser curandeira não é?

_ Queria muito... Sou muita boa em poções e quando era pequena queria ser médica, que é o mesmo que curandeira no nosso mundo. Mas agora... – eu conto chamando a sua atenção. - ... com esses ataques e tudo o mais, eu estou pensando seriamente em ser auror. Eu quero proteger as pessoas, principalmente minha família.

_ Bom, meus pais são aurores, apesar da minha mãe já ter se aposentado... E eu quero ser auror desde moleque então... só digo que é uma ótima profissão. – James comenta se encostando na pia. – Mas na minha humilde opinião, você será ótima em qualquer coisa que queira fazer.

_ Obrigada, de novo. – digo sorrindo para ele, nossos olhos se encontram, castanhos com verdes, e o banheiro de repente parece menor, nossos corpos cada vez mais perto, sua mão na minha cintura, as minhas na seu pescoço. Sorrio sentindo aquele arrepio gostoso trespassa pelo meu corpo quando meus lábios se encontram com os dele. James tenta aprofundar o beijo e eu permito colando ainda mas nossos corpos...

_ JAMES! SIRIUS ESTÁ PONDO FOGO NA ARVORE! – o grito de Marlene nos faz separar ofegantes, eu me encosto na parede fria recuperando meu fôlego no tempo que James está me encarando com um olhar bobo e as bochechas coradas... Espera! James Potter está corando?

_ SIRIUS SEU IDIOTA, APAGA ISSO!

_ O que... o que você q-quer Lily? – James pergunta ofegante. – Nós nos beijamos e você disse que não era nada, brigamos, fizemos as pazes e você me beija de novo? Olha, para você esses beijos podem não ser importantes, mas para mim são! E-eles são uma coisa surreal, algo... algo que meche muito comigo, algo que eu só sinto com você e mais ninguém! Então se você não sente o mesmo, por favor, pare de me...

Antes que ele continue aquele discurso torturante eu dou um passo rápido ficando de frente para ele, bem perto. Acaricio delicadamente seu rosto e puxo sua nuca para baixo, já que sou bem mais baixa que ele.

_ PRONTO SEUS DOIDOS JÁ APAGUEI, E SIRIUS, PARE DE MECHER NESSAS LUZES!

James me encara com os olhos arregalados e sua respiração está muito decompassada, respiro fundo antes de lhe dar mais um beijo cheio de paixão e desejo que deixa minhas pernas bambas.

_ VOCÊS SÃO DOIDOS, MAS VALEU ALUADO.

Ele não hesita em me puxar novamente, ficamos tão perto que sinto seu coração disparado contra meu corpo.

_ DORCAS, NÃO FAZ ISSO COM AS FITAS!

Minha mão se afunda nos cabelos arrepiados dele e eu os arrepio mais, se isso é possível. Todos meus pelos se arrepiam quando a mão de James começa a acariciar minha cintura por baixo da blusa.

_ BLACK NÃO ENCOSTA EM MIM!

James deixa de beijar minha boca e começa a transferir beijos pelo meu queixo indo até minha orelha e depois descendo pelo meu pescoço.

_ MALUCOS... Cadê MEU James? Hein?

Eu me separo dele lentamente e James solta um gemido se aproximando de mim de novo, mas eu me afasto sorrindo tímida.

_ É melhor descermos James. – digo olhando pros meus pés e sem esperar ele dizer algo eu saio do banheiro indo para meu quarto, era melhor esperar James descer primeiro. Eu vou até o espelho e prendo meu cabelos tentando me refrescar, sim, James me deixou com muito calor. Encaro meu reflexo tentando decidir o que vou fazer. Eu quero James para mim, eu estou apaixonada por ele, e vou tê-lo para mim nem que seja por pouco tempo até ele saber a idiota que eu sou.

_ Pensando na vida Evans? – Emma pergunta entrando no quarto e me olhando com os braços cruzados.

_ Claro, pensar é um coisa que eu faço muito, diferente de você. – digo seca me virando para ela.

_ Nossa, está bravinha é? – ela implica levantando as sobrancelhas. – Eu que devia estar nervosa por VOCÊ ter voltado para cá com o James. Demoraram né? O que você tanto conversou com o MEU namorado?

_ Muita coisa, como você bem sabe eu tenho muitas coisas em comum com ele. – eu respondo rindo internamente da expressão raivosa dela.

_ Você tem que entender que ele é meu! Você já teve sua chance mas não aproveitou! – ela exclama. – Agora que ele é apaixonado por mim você o quer?

_ Ele não está apaixonado por você Emma. – afirmo com uma pontada de pena.

_ É claro que está. E é melhor você ficar longe dele, porque senão...

_ Senão?

_ Eu conto tudo para ele! Conto que você me ajudou a enganá-lo, a fazê-lo de bobo e que você se divertia com isso, e ia ganhar vantagens com isso! – ela ameaça apontando a dedo para mim. – James nunca vai ter perdoar, vai te desprezar! Porque se ele não ficar comigo Lily, ele não vai ficar com você também!

_ Eu já agüentei muito de você! – eu respondo avançando na sua direção. –Eu ouvi cada besteira, relevei cada implicância, engoli cada abuso mas agora chega! EU NÃO TENHO MEDO DE VOCÊ! Você é só uma garota do sexto ano, eu sei muito mais que você... E eu não ligo que você conte tudo pro James, eu o amo, e ele me ama. Não há nada que você possa fazer! Então saia daqui antes que eu resolva me vingar daquela mentira que você me contou hoje cedo.

_ Você não sabe do que eu sou capaz sua vadia! – Emma rosna e solta um grito quando minha mão se encontra com a cara dela. A bochecha dela fica marcada com os meus cinco dedos enquanto Emma me encara com olhos fulminantes.

_ Lily, os meninos saíram para comprar bebidas, vamos festejar hoje. – Marlene diz entrando no quarto com Dorcas, as duas param na porta encarando-nos, Emma solta uma exclamação e sai do quarto esbarrando em Dorcas e Marlene abre um sorriso.

_ Lily, o que houve? – Dorcas pergunta arqueando as sobrancelhas com um sorriso torto junto com Marlene.

_ Minha paciência se esgotou. Ela merecia um tapa. – digo rouca e as meninas soltam um gritinho empolgado.

_ Menina! Tu estapeou a vaca! – Lene exclama me fazendo rir. – Agora temos mais um motivo para festejar hoje!

_ Ah sim, nós todos e bebidas alcoólicas... Porque eu acho que não vai dar certo?