O Lado Escuro da Lua escrita por MaeveDeep


Capítulo 79
Capítulo Setenta e Nove


Notas iniciais do capítulo

Adivinhem quem voltou? Sim, Maeve fabulosa, e também Apolindo. Estava na hora, né? Mas vamos andando devagarzinho até o fim, porque eu vou ficar toda chorosa quando essa fanfic aqui acabar. Espero que gostem, amores.



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O Lado Escuro da Lua – Capítulo Setenta e Nove

Apolo já havia tomado decisões difíceis, e o sol já estava quase a pino quando tomou aquela, a pior e mais sensível de todas. Sentado em sua escrivaninha, tamborilava os dedos na madeira enquanto repensava seus argumentos e seus motivos – não posso ir atrás de você dessa vez, Artemis.

Abaixou o olhar. Sabia agora que a garota jamais tivera a intenção de ligar para ele na noite anterior, como havia visto, por um segundo de tênue felicidade, na tela de seu celular ao acordar. Fora apenas seu pai, baseado em mensagens distantes. E mesmo que a garota tivesse pedido por ele – ela estava de partir o coração, a voz de sua mãe tremendo com a lembrança –, havia ido embora naquela manhã.

Partido como se fugisse, ou talvez fazendo exatamente isso. Apolo teria como achá-la se quisesse, seria impossível ir muito longe sem a ajuda de Gabriel ou Anna. Mas para quê? Artemis quisera ir embora.

Não sabia o que pensar. Era difícil juntar os pontos, acreditar que toda aquela história era verdade. Mas no andar de baixo seu pai trabalhava, reunindo as informações e ligando para quem podia, um rascunho da matéria já pronto. Tinha em mãos todos os detalhes que poderia querer e, ainda assim, recusava-se a aceitar e acreditar em cada um deles.

Queria Artemis. Queria colocá-la no colo e beijar seu rosto, queria pedir desculpas e começar tudo de novo. Talvez devesse ter sabido desde o início de que ela teria um bom motivo, talvez devesse ter adivinhado que uma garota tão charmosa e tão carente por dentro não o magoaria nunca sem um bom motivo.

E no entanto ali estava, tendo de se convencer a não procurá-la de novo. Temia que sempre que o visse ela fosse se lembrar de tudo, temia que o considerasse culpado de alguma forma – não fosse pela sua insistência não teriam ficado juntos, nada daquilo teria vindo à tona. Temia principalmente que ela acreditasse que ele agora a odiava.

Porque a verdade era que Apolo correria todo aquele risco de novo e de novo – e não estava sendo terrivelmente insensato, propositalmente inconsequente? Já não era bom ter escapado da morte uma só vez? E contudo ele tinha consigo que não era nada daquilo – que se fosse lhe dada a chance, faria tudo de novo, se não melhor.

Olhou para as próprias mãos, estava mesmo fazendo o certo? Tinha tanta coisa para lhe dizer e deveria simplesmente deixá-la ir?

Ela precisa de espaço, sua mãe havia lhe dito. E ela sempre fora tão entendida quanto a pessoas, tão sensível... não poderia estar errada e, ainda assim, contrariando toda a lógica, Apolo queria desesperadamente se encontrar com Artemis.

Fechou os olhos, não, não, não. Mas os abriu de novo derrotado, conhecia-se tão bem que era inútil tentar se enganar. Só precisava de um bom plano. Uma surpresa, uma forma de encontrá-la que não a assustasse. Palavras calmas e gentis... mas temia segurá-la só para tê-la se afastando, seus olhos azuis cheios de água e seu lábio inferior mordido em arrependimento. Seria como trazê-la de volta para o passado.

Não costumo namorar”, ela havia lhe dito, afinal, em uma daquelas lembranças que não paravam de vir, só para tê-lo perguntando-se em frustração por que nunca havia notado nada daquilo antes.

“Sou seu primeiro?”

“Claro que não”, ela lhe respondera, em partes iguais ofendida e tímida. “Os outros só não duraram muito.” E seu tom fora tão quieto e tão bem-ensaiado...

Apolo acabara por abraçá-la, porque a ideia dela com outro garoto era insuportável; vou ser o seu último, e talvez houvesse lhe dito isso se, por vezes, Artemis não o deixasse simplesmente sem palavras. Ela era tão terrivelmente linda, tão cruelmente encantadora que talvez devesse temê-la.

“Acha que vai durar comigo?”

A lembrança era doce-amarga, Apolo engoliu em seco e fechou os olhos sem querer. Jamais poderia ter adivinhado a amplitude de uma pergunta tão boba, jamais poderia ter imaginado que perguntara, na verdade, acha que alguma coisa vai acontecer comigo? Acha que vai me perder como perdeu todos os outros?

E no entanto Artemis ousara ter esperança, deixara-se levar por todo aquele romantismo que Apolo prezava tanto. Aquilo lhe doía mais do que qualquer outra coisa.

“Eu não sei.” Ela mordera o lábio inferior talvez para esconder um sorriso, talvez para não se permitir pensar muito. “Eu não me oporia, caso acontecesse.”

Apolo respirou fundo no que era uma mistura de raiva e vontade de chorar, e então desviou os olhos para a janela. O sol estava forte, as folhas da castanheira já começavam a amarelar. Pela primeira vez percebeu-se falível como qualquer outro ser humano.

Seria impossível ter um plano perfeito, aquilo tudo mais dependia de Artemis do que dele (quando havia sido diferente?); a vida era ainda mais delicada do que qualquer verso. Observou o outono enquanto as folhas secavam e caíam, viveu o medo de não poder garantir o próprio futuro. Antes lhe parecia tão certo que ficariam juntos no fim, agora sequer sabia se a veria de novo...

Mas olhou para o sol forte e lembrou-se de seu cabelo vermelho. Resgatou a memória do seu sorriso e de como ela se embaraçava fácil, correndo a mão pelas mechas ruivas quando ficava nervosa e de como seu olhar ferino de repente se tornava morno e cheio de carinho.

Apolo afastou-se da janela começando a tomar sua decisão. E, pela primeira vez, não tinha carta alguma na manga – sem surpresas, sem ideias para deixar a garota vermelha. De repente, amor de verdade não se parecia em nada com aquilo.

{...}


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Notas finais do capítulo

Desenvolvimento de personagem desse tamanho em um capítulo, pode, produção? Claro que sim, eu sou a Rainha do Universo. Beijos, amores.