O Lado Escuro da Lua escrita por MaeveDeep


Capítulo 56
Capítulo Cinquenta e Seis


Notas iniciais do capítulo

Três beijos para aqueles que pensaram que eu havia sido abduzida por aliens ou coisa assim. Voltei, amores!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/472294/chapter/56

O Lado Escuro da Lua – Capítulo Cinquenta e Seis

Em uma semana, Apolo teve duas decepções consigo mesmo. Não costumava manter estatísticas desse tipo de coisa – matemática era o ramo de Anna, não dele –, mas, ainda assim, parecia uma concentração bem ruim de decepções.

A primeira delas era a de que não mantinha tão bem sua palavra quanto supunha. Quando criança, havia prometido não se importar com as esquisitices de Anna, mas, agora, era intolerável que sua melhor amiga não passasse mais de cinco minutos em sua companhia, muito ocupada com o que quer que estivesse fazendo em seu ateliê.

Além do mais, havia jurado de pés juntos para si mesmo que seria uma pessoa independente e bem-resolvida, e que não se importaria em passar um tempo longe de Artemis. Mas isso também o levava para a decepção número dois: não era tão humilde quanto pensava ser.

Era fácil balançar a cabeça para aplausos exagerados, e sorrir com modéstia diante de um bom elogio. Não exigia esforço algum comportar-se como um cara normal, sabendo que seu reflexo no espelho e seu talento para a música eram extraordinários.

Agora, ver Artemis não fazer esforço algum para olhá-lo nos olhos? Isso estraçalhava seu orgulho em pedaços bem pequenininhos. Vê-la andando pela Academia, também, cercada por Gabriel, Andrew e Isabella, seu rabo de cavalo balançando de exasperação diante de alguma idiotice do primeiro, era um verdadeiro calvário.

A garota parecia não vê-lo. Pior, quando o via, poderia estar olhando para uma das esculturas pelas quais o decorador da Academia era provavelmente apaixonado. Ser tratado como mais um, Apolo havia amargamente descoberto, era uma sensação nova e horrivelmente péssima.

Tudo o que podia fazer para aliviar sua frustração era tocar, e então tocava. Ensaiava no piano todo o dia, e então o trocava pela guitarra ou pelo violão em suas horas de folga, até tarde da noite. Tocava suas músicas preferidas, ansiando mais do que todos os seus colegas juntos pela noite do Festival: não porque subir ao palco fosse maravilhoso (e era), mas porque Artemis havia dito que iria, e ansiar pela garota era, infelizmente, uma das coisas que fazia esplendidamente bem.

Até que, no sábado, as coisas tomaram um rumo diferente. Era o começo de uma tarde morna, e Apolo estava voltando do ateliê de Anna após ter lhe dado uma carona até lá quando ouviu seu nome. Teria se virado de imediato se houvesse reconhecido a voz de Artemis, mas, como era o tom exagerado de Gabriel, tomou seu tempo.

O garoto corria em sua direção, também vindo da entrada da Academia. Para onde teria ido? Bom, não importava. Seu cabelo cacheado estava impecavelmente arrumado, e, talvez pela primeira vez, suas calças não eram justas o bastante para danificar seu sistema reprodutor.

(Não que Gabriel alguma vez fosse se reproduzir, o que, na quieta opinião de Apolo, era um fato excelente.)

– Oi, coisa gostosa – o garoto ia dizendo, com um pequeno sorriso. – Obrigado por ter esperado, eu queria te pedir um favor.

– Um favor? – Apolo repetiu, percebendo que esperar por um recado de Artemis teria sido querer demais.

– É. Uh... – Gabriel estava ficando vermelho, e o estômago de Apolo congelou, porque qualquer coisa que embaraçasse Gabriel seria realmente horrível. – Você pode me passar o número do David? – ele finalmente pediu, bem rápido.

Quê?

– O número do David? – Apolo ecoou, fingindo não ver que isso deixava o rosto de Gabriel quase roxo. – Você já não tinha pegado o celular dele daquela vez e--

– Isso foi antes – Gabriel o interrompeu, como se incapaz de ouvir o resto do que Apolo iria dizer. – Eu apaguei o número. Você pode me passar, por favor?

Apolo respirou fundo, perguntando-se, quase que sem querer, o que Artemis acharia daquilo. Depois de alguns segundos, chegou à conclusão de que ela gostava o bastante de Gabriel para que se preocupasse em mimá-lo um pouquinho.

– Claro – finalmente cedeu, pegando o próprio celular do bolso e descendo por seus contatos. – Vou te enviar. Tudo bem?

– Tudo – Gabriel sorriu, seu rosto voltando à cor normal. – Obrigado. E como vai você? Muito ruim ficar longe da Artemis? – acrescentou, baixinho, mesmo que os dois estivessem sozinhos no hall.

– Muito – Apolo admitiu, esperando que seu pequeno sorriso atenuasse a honestidade da resposta. – Sabe quando o pai dela vai embora?

– Acho que no sábado que vem... – Gabriel pareceu tentar se lembrar. – Ela disse que era uma semana antes do Festival.

– Sábado que vem – Apolo confirmou, como se uma pedra afundasse em seu estômago. Mais uma semana. Sete dias, sete noites, quantas horas tudo isso dava, multiplicando-se por vinte e quatro? – Okay.

Gabriel adotou uma expressão solidária.

– Eu posso sempre te fazer companhia, você sabe.

Apolo riu, balançando a cabeça. Era bom voltar um pouquinho ao normal.

– Não, eu te quero cuidando dela. Andrew tem andado perto demais.

– Eu sei – Gabriel concordou, parecendo achar graça. – Tinha que ter visto quando conheceu Sebastian, parecia que estava cumprimentando o presidente – contou, debochado.

A imagem de Andrew apertando a mão do pai de Artemis, contudo, não melhorava em nada o humor de Apolo, e o garoto afastou a ideia para longe.

– Só cuide dela – pediu, dando um passo para trás. – Eu preciso ir, tenho que ensaiar.

– Claro – Gabriel assentiu com a cabeça, o observando com aqueles seus olhos castanhos de criança. – A gente se vê.

{...}

Veja bem, Apolo não era o maior fã de Gabriel do mundo. Mas, exatamente às nove e trinta e cinco da noite, sua opinião a respeito do elfo safado mudou por completo. Tudo por conta de uma mensagem de texto, e bem simples.

Artemis está te esperando no telhado. (Estou tirando essa expressão triste do seu rosto, então você me deve servidão eterna.)

{...}


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vocês vão ter que arrumar mais espaço no coração de vocês para tanto amor, eu sei, eu sei. Bom, no longo tempo em que ficamos separados, eu me mudei de casa, fiz mais provas do que o recomendado pelo Ministério da Saúde, vi uma estrela cadente pela primeira vez, roí a maioria das minhas unhas e convenci minha mãe a parar de pagar para eu ler Boa Forma na academia. E vocês, como vão? Senti saudades! Mil beijinhos da Maeve. (Só para avisar, vou passar o fim de semana fora! Responderei aos reviews e às MPs a partir de segunda *-*)