O Lado Escuro da Lua escrita por MaeveDeep


Capítulo 28
Capítulo Vinte e Oito


Notas iniciais do capítulo

Como uma forma de me redimir pela demora inesperada, vou postar dois capítulos - e por que eu tenho a sensação de que estou comprando vocês com eles? Oh, enfim. Vocês sabem que meu objetivo é agradar ~pisca~



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O Lado Escuro da Lua – Capítulo Vinte e Oito

A noite de quinta-feira chegou rápido demais. Artemis não havia se encontrado com Apolo desde segunda e, talvez apenas por capricho, também não havia lhe mandado uma mensagem, ou sequer telefonado. (O papelzinho continuava dobrado sobre a cômoda, contudo. Talvez ela um dia ela acabasse o usando.)

— Então... você tem um encontro.

Ela revirou os olhos, tamborilando os dedos no balcão da cozinha. O relógio marcava quinze para as oito, mas Artemis não queria se adiantar.

— Não é um encontro.

— Não? – Gabriel repetiu, afetadamente, antes de mais uma colherada de sorvete. – Então por que você está arrumada?

— Não estou – Artemis replicou, incomodada. Estava com um vestido cinza, que ia até os seus joelhos, e sapatilhas escuras. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo, uma mecha teimosa solta atrás de sua orelha. – Por que você não vai perturbar outra pessoa, Gabriel, só para variar?

— Porque eu não sei onde o David está.

Artemis bufou.

— Se ele for esperto, bem longe.

Gabriel pôs uma mão sobre o coração, abrindo os lábios em horror.

— Por que você tem que ser tão má? Meus sentimentos estão dolorosamente feridos – e ele limpou o sorvete de baunilha que escorria do seu queixo com a língua.

Artemis correu uma unha pelo balcão de mármore claro.

— O que você vê no David, honestamente?

— Todos os indícios de ser bem-dotado – Gabriel respondeu, com naturalidade. – Mãos grandes, nariz comprido, sapatos número quarenta e dois... enxergo o óbvio potencial de um bom companheiro de cama – resumiu, satisfeito.

Artemis apoiou o rosto em uma das mãos.

— Meu Deus, você sabe o número do sapato dele. É vergonhoso.

— No fundo, você tem inveja da minha liberdade sexual.

Artemis ergueu os olhos para ele.

— É, porque ser uma minoria em um mundo heterossexual é muito libertador.

— Por que você não fala como uma pessoa normal? – Gabriel bebeu o resto de sorvete derretido como se fosse líquido, e Artemis desviou o olhar, enojada pela falta de modos.

— Eu estou indo – decidiu, sem respondê-lo, saltando do banquinho e pegando as chaves de cima do balcão. – Tenha uma boa noite.

Gabriel deu uma risadinha, lambendo o bigode branco que havia se formado sobre seus lábios.

— Que forma linda de ser cruel. “Gabriel, tenha uma boa noite na sua vida sem-graça de sempre enquanto eu vou lá para o telhado com o cara mais gostoso da cidade” – ele imitou, em uma voz petulante.

— Você vai sair?

Artemis se virou, vendo que Andrew havia se aproximado. O garoto havia obviamente acabado de sair do banho, o cabelo escuro ainda molhado.

— Volto logo – respondeu, distante, no que nem sabia ser verdade. Apolo tinha o dom de fazer o tempo passar rápido demais. – Não deixe o Gabriel comer na sala, ainda tem pipoca entre as almofadas.

Andrew riu, ganhando uma cotovelada indignada do seu colega de dormitório. O sorriso cortês de Artemis se desfez assim que ela lhes deu as costas.

{...}

A pequena escadaria que subia para o telhado era lacrada por uma antiga porta de madeira, e Artemis ia revirando as chaves na mão enquanto se aproximava. Apolo já estava lá, sentado no degrau da entrada, seu cabelo loiro bagunçado como se ele houvesse corrido, ou acabado de sair de seu conversível vermelho.

Seus braços estavam apoiados nos joelhos enquanto ele encarava o lado oposto do corredor, parecendo distraído.

— Boa noite – Artemis disse, assim que chegou perto o bastante.

Apolo se sobressaltou, virando-se para ela em surpresa, mas não demorou muito para se recompor e abrir um de seus sorrisos charmosos.

— Boa noite – respondeu, naquela voz macia que ela gostava tanto. – Você está linda.

Artemis virou-se para abrir a porta.

— Você continua você – replicou, procurando pela chave certa. – Não tem algum limite legal para o número de camisetas de bandas de rock que alguém pode ter?

— Você não gosta tanto assim de Guns? – Apolo abaixou o olhar para a própria camiseta azul-escura, afastando o casaco preto. – Uma música deles me lembra você.

Artemis não soube o que responder.

— Vamos?

— Claro – Apolo assentiu, mas voltou a olhar para o outro lado do corredor. – Só um minuto. Ela já deve estar vindo, teve que parar para ir ao banheiro.

Artemis encolheu os dedos ao redor da maçaneta, sem entender.

Ela? Ela quem? Apolo queria trazer uma outra garota para cá? Lembrou-se de seu sorriso charmoso de quando ele a convidara, e franziu a testa. Isso não faz sentido. Eu entendi tudo errado?

Mas os passos que ela ouvia eram rápidos, barulhentos e descoordenados demais para serem de uma garota. Curiosa, ela virou-se para a direção em que Apolo estava olhando.

Oh.

Em uma coisa se enganara, porque era uma garota. Mas uma garotinha, de pele cor de cobre, cabelo escuro trançado e casaquinho cinzento. Tinha um rosto magro e esperto, e, quando se aproximou, jogou-se nos braços de Apolo, com um gritinho agudo de “você deveria ter me esperado!”.

O loiro se levantou, com o maior sorriso do mundo, segurando a garotinha no colo.

— Zoe, essa é a Artemis – explicou, obviamente se divertindo com o ar estupefato da ruiva. – Artemis, essa é a Zoe, minha irmã mais nova.

{...}


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Notas finais do capítulo

Eu sei que todos vocês estão loucos, desesperados e ansiosos para correr para o próximo capítulo - eu sei, eu sei - , mas queria saber o que acharam da inclusão da Zoe *uuuu*
Beijinhos