O Lado Escuro da Lua escrita por MaeveDeep


Capítulo 26
Capítulo Vinte e Seis




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O Lado Escuro da Lua – Capítulo Vinte e Seis

Dentro da segurança do seu banheiro, Artemis prendeu o cabelo e se despiu, afundando-se na banheira. Ficar imersa em água morna era uma excelente forma de conseguir pensar, e ela decididamente tinha a cabeça cheia.

Apolo não havia a beijado. Aquilo se enquadrava como rejeição? Não se parecia com uma, mas, então, o que significava? Apolo havia deixado claro que estava interessado nela, e flertado de infinitas formas desde o minuto em que o olhar dos dois se encontrara... por que não aproveitaria uma chance de beijá-la?

Talvez ele simplesmente não quisesse, Artemis teve que considerar, encarando a espuma branca em sua mão com uma expressão vazia.Talvez Apolo houvesse finalmente notado que Artemis não seria tão fácil quanto as garotas às quais estava habituado, e que talvez não valesse o esforço.

Ela se perguntou se Apolo seria o tipo de ter infinitas garotas diferentes, ou uma namorada perfeita para apresentar aos pais e levar ao parque de diversões. Honestamente, não era muito fã de nenhuma das duas opções.

A garota provavelmente teria ponderado por muito mais tempo sobre suas incertezas quanto a Apolo se Gabriel não houvesse escolhido aquele momento para escancarar a porta do seu banheiro.

– Artie! – o gay mais gay do mundo exclamou, com um sorriso maníaco.

Mas o quê?!

Agradecendo a Deus pela profusão de espuma na banheira, Artemis afundou-se na água.

– Alguém me diz, por favor, que eu fiquei por muito tempo na água quente, e então minha pressão baixou e eu estou tendo alucinações.

– Nah, sou eu mesmo, em carne, osso e hormônios sexuais – Gabriel contou, alegremente, se fazendo confortável na bancada de mármore da pia. – Você não se incomoda de eu ficar aqui, né? Tipo, eu não vou olhar para essas gorduras estrategicamente localizadas que vocês chamam de peitos.

Artemis bufou.

– É, você é insuportável demais para ser uma mera alucinação. Como conseguiu entrar? Eu tenho certeza de que tranquei a porta – afirmou, fazendo mais espuma só por precaução.

– Bom... – o garoto disse, lentamente, encolhendo os ombros de forma teatral. – Vamos dizer que a sua fechadura seja igualzinha à do Michael, e eu posso já ter tido meus motivos para ter mandado fazer uma cópia da chave dele.

Artemis juntou as sobrancelhas.

– Você tem um fetiche por homens heterossexuais? – não pôde evitar perguntar, incrédula. – Michael é tão hétero quanto Apolo – zombou, se perguntando se Gabriel estaria mentindo.

O garoto abriu seu melhor sorriso desconcertante.

– Alguém aqui andou pensando bastante na heterossexualidade de Apolo, uh?

Artemis teve que revirar os olhos.

– O que você sequer está fazendo aqui?

– Você subiu correndo – Gabriel explicou, como se fosse óbvio. – Achou realmente que eu fosse te deixar subir e dormir sem me dar um mínimo detalhe sobre o encontro de vocês?

– E você não pode esperar eu sair do banho e vestir alguma coisa? – tentou, forçando-se a ficar calma. – Já que vai me torturar com um interrogatório impertinente e abusivo mesmo, eu preferiria no mínimo estar confortável.

– Você está dentro de uma banheira com água quente, está super confortável – Gabriel argumentou, com a teimosia de uma criança de cinco anos. – Eu juro que não vou olhar, Artie. Nem dá para ver nada daqui.

– Gabriel, eu não vou pedir duas vezes.

Seu tom sério deve ter funcionado, porque o garoto saltou da pia, erguendo as mãos de forma dramática.

– Tudo bem, tudo bem, estou saindo. – Abriu a porta e lançou um último olhar para ela. – Estou te esperando na cama, amor – piscou, e era meio ridículo levar a sério isso vindo de um garoto com uma camiseta amarela onde se lia “I’m a sexy symbol”.

Artemis esperou a porta ser fechada antes de deitar a cabeça para trás, encarando o teto e se perguntando se não teria sido muito mais fácil ter ficado em Nova York.

{...}

Na manhã seguinte, Artemis estava tomando café com Isabella quando Anna se aproximou. Gabriel havia se levantado minutos mais cedo para procurar por David, e Artemis até teria tentado salvar um pouco da dignidade do garoto o convencendo a não ir, mas, depois de toda a perturbação da noite anterior, talvez ele merecesse sofrer um pouquinho.

Não que Artemis estivesse sendo cruel. Ela só ainda não o havia perdoado por ter tomado duas horas do seu tempo na noite passada dizendo coisas como “eu quero o segundo filho de vocês, porque o caçula é sempre mais bonito”, “vou contar para o Apolo que te vi quase pelada” e “vocês totalmente transaram no banco de trás ouvindo Bohemian Rhapsody, né?”.

Se bem que a parte realmente preocupante fora o comentário leviano de que Andrew havia perguntado por ela. Artemis sentia-se realmente mal se fosse esse o caso, já que Isabella merecia o garoto que quisesse. (Por mais que Andrew fosse um cinco de dez, na avaliação de Artemis.)

A garota estava, no momento, contando animada sobre a próxima temporada de America’s Next Top Model, e sobre como ela adoraria trabalhar nesse tipo de coisa. Artemis estava ouvindo com metade de sua atenção, e não achou exatamente ruim quando Anna parou ao lado da mesa das duas, uma mão na cintura e a outra estendida na direção de Artemis.

(A loira parecia minúscula em seu suéter escuro estampado com um quadro famoso de Monet cujo nome Artemis não sabia. Fofa, de certa forma.)

– Apolo pediu para te entregar – informou, profissionalmente. – Ele foi passar o fim de semana fora.

Artemis notou que ela segurava um bilhete, e o pegou, incerta. Parecia-se com um pedaço dobrado de uma folha de caderno comum, e ela o revirou na mão, pensativa.

– Você vai estar lá hoje à noite? – Isabella estava perguntando à loira.

Por que Apolo não a procurara? Poderia ter descido com Anna para o café para falar pessoalmente com Artemis. Teria sido tão urgente o motivo que o levava a passar dois dias fora?

– Não é como se eu tivesse escolha. Mas, por favor, me lembre de nunca mais discutir com o Gabriel, não quando ele pode cantar como forma de argumentação. Você vai assistir também?

Artemis se deu conta de que Anna estava falando com ela.

– Assistir o quê? - perguntou, confusa.

– Dançando na Chuva. Perdi uma aposta com seu melhor amigo insuportável, longa história. Vai ser essa noite.

Artemis voltou a olhar para o bilhente, pensativa.

– Se ele for cantar, manterei distância.

Será que Apolo havia contado a Anna sobre o encontro dos dois? Havia alguma chance da loira saber o motivo dele não tê-la beijado?

Quando ela tornou a erguer a cabeça, Anna já estava longe.

{...}

O bilhete não passava de um número de telefone, Artemis descobriu, assim que o desdobrou no intervalo do almoço, quando estava sozinha.

Ela encarou os algarismos por algum tempo antes de correr a mão pelo cabelo, tornando a guardar o papel na mochila (como riscos de tinta sobre um pedaço de celulose processada poderiam carregar tanto peso?).

Garotas eram complicadas, era essa mesma a história? Deveria ser o contrário.

{...}


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Notas finais do capítulo

Eu queria poder divulgar o número dele para vocês, mas Apolito pediu sigilo em nome de sua vida pessoal. Lamento, apenas lamento. E vocês querem mais, eu sei, mas a escola está me matando. O próximo capítulo talvez saia amanhã, ou sexta, e vai preencher o vácuo de Apolo, tudo bem? Beijinhos