O Lado Escuro da Lua escrita por MaeveDeep


Capítulo 21
Capítulo Vinte e Um


Notas iniciais do capítulo

Não se acostumem a essa atualização rápida! Só estou postando hoje porque vou sumir por dois ou três dias, semanas de prova são assim mesmo. O capítulo é sob o ponto de vista do Apolo, porque sim.



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O Lado Escuro da Lua – Capítulo Vinte e Um

                A vitória, realmente, era doce. Ou salgada, porque Apolo não era um grande fã de coisas doces. Ainda assim, andar ao lado de Artemis até seu carro era extremamente satisfatório, não importando o gosto que tinha. Apolo não era um grande especialista em ler pessoas, mas a admiração de Artemis por ele no palco havia sido palpável.

O que poderia ser melhor, honestamente? Claro, ela só estava saindo com ele porque talvez tivesse esperanças de que ele fosse um garoto rico, mimado e culto no fundo, mas Apolo se preocuparia com aquilo depois. O cabelo ruivo ficava ainda mais vermelho debaixo do Sol, e a cintura estreita lhe dava a impressão de que poderia erguê-la com facilidade... talvez ele estivesse relevando muita coisa apenas pela aparência dela, supôs.

Mas e o modo como os lábios dela se moviam? E o tom petulante de sua voz, que beirava a arrogância, mas que poderia se passar facilmente por audácia infantil? A paixão dela por balé era, também, irresistível. Fazia Apolo se perguntar se Artemis não amaria alguém com aquela mesma intensidade, e o deixava curioso para descobrir.

— Que carro é esse, afinal de contas? – A ouviu perguntar de repente, naquele tom altivo de sempre, e percebeu que Artemis estava encarando seu conversível com uma sobrancelha erguida.

Apolo tirou as chaves do bolso e o destrancou, lembrando-se do dia em que Charles lhe entregara o AMC Hornet de '77 completamente reformado, potente, vermelho e incrível como nunca antes. Esperava nunca ter que se desfazer dele.

— Um amigo da família é mecânico, apaixonado por carros antigos. Meu pai me deu esse quando fiz dezesseis – explicou, enquanto os dois entravam. (Teria aberto a porta para ela, mas Artemis era bem capaz de dizer algo rude, e ele não estava afim de discutir logo no início.)

Havia poucos lugares dos quais Apolo gostava tanto quanto gostava do interior daquele carro. Do couro macio e claro aos pequenos detalhes, tudo aquilo tinha um ar muito pessoal, muito dele, com suas músicas preferidas à disposição e um guia de viagem no porta-luvas.

E, agora, a garota mais linda que ele já havia visto no banco do passageiro. Apolo poderia definitivamente se acostumar àquilo.

— Ele modificou muito o carro. – Artemis comentou, não sem um pouco de desconfiança. Apolo já havia notado que ela tinha aquele tom para tudo, como se todo mundo pudesse estar mentindo para ela todo o tempo. – Esse sistema de travas não existia antes. – Ela fez soar como se ele houvesse instalado o sistema de travas como um plano demoníaco para prendê-la dentro do carro.

Louca, Anna teria dito.

— As portas traseiras também não fazem parte do modelo original, e não vou nem comentar do aparelho de som – Apolo acrescentou, dando de ombros. – A oficina Beckendorf é a melhor da cidade. Você entende de carros?

Artemis inclinou a cabeça para o lado, como se aquela fosse uma pergunta estranha.

— Não, não realmente.

Como uma garota mimada de Nova York iria entender alguma coisa de mecânica?, ele percebeu, ligando o aparelho de som. Sympathy for the devil estava na metade, e logo chegaria à melhor parte, onde Axl baixava a voz e pedia para ser chamado de Lúcifer. Deus, o mundo precisava de mais bandas como aquela, ele pensou, tamborilando os dedos no volante enquanto saía da Academia.

— Sem Dire Straits hoje?

Apolo a olhou de soslaio, surpreendido por seu tom de decepção. Artemis havia feito um rabo de cavalo bonito (o que não ficaria bonito nela?), que caía de forma graciosa sobre um de seus ombros. Ainda assim, ele tinha vontade de soltar seu cabelo – a cascata ruiva o lembrava do que Axl queria dizer com her hair reminds me of a warm safe place...

— Você não gosta de Guns 'n' Roses?

— Não.

A negativa rápida o fez voltar os olhos para a avenida.

Nem tudo pode ser perfeito.

— Bom, tanto faz. O motorista escolhe as músicas.

— Muito receptivo da sua parte.

— Eu sei. – Apolo se lembrou da última garota que havia tido a audácia de se escorar sobre seu bebê vermelho, implorando por uma carona. Artemis obviamente não sabia o quão sortuda era, mas Apolo não era de se gabar. – Você é mais do tipo que gosta de Dire Straits, então?

— Não é a minha banda preferida, mas é melhor do que isso – Artemis acabou respondendo depois de um tempo, como se não quisesse se comprometer. – Mas o Gabriel nunca perde uma chance de falar da sua apresentação de Sweet Child O' Mine do ano passado, você deve adorar Guns ‘n’ Roses.

Adorável como ela tinha uma boa ideia do quanto ele gostava de Guns e, ainda assim, não hesitara ao dizer que não gostava. Sua mãe teria infartado com tamanha indelicadeza, mas Apolo relevou.

— É a minha preferida. Você não gosta de nenhuma deles?

— Meu pai costumava assoviar Patience – Artemis acabou dizendo, depois de um tempo. Ele se perguntou se estava sendo muito difícil para ela não ser arrogante ou chata a cada segundo. – Mas faz anos que não a escuto.

Apolo assentiu, parcialmente satisfeito. Patience era uma de suas preferidas, e ele se comprometeu mentalmente a ensinar Artemis a gostar de Guns 'n' Roses com o tempo. Eles teriam tempo, afinal de contas. Dezembro estava longe, e Artemis, apesar de toda aquela pose, ficava adoravelmente indefesa sempre que ele dizia as coisas certas. E o que dizer de como ela reagia quando ele a tocava?

Nunca nenhuma garota havia sido daquela forma, e Apolo estava mais do que disposto a não deixá-la escapar.

— Para onde estamos indo? – ela perguntou de repente, depois de um breve silêncio.

— Bom, eu decidi que você precisava conhecer a cidade – Apolo respondeu, devagar, preferindo manter o mistério.

— Eu não gosto de surpresas – ela disse, em tom de aviso.

Apolo deu de ombros.

— Vai me odiar, então. Eu adoro fazer surpresas.

Aquilo pareceu preocupar Artemis, mas então a garota balançou a cabeça.

— O que te fez supor que eu já não te odeio?

Apolo teve que sorrir.

— Você adorou me ver tocar. – Sabia que havia muito mais satisfação na frase do que deveria ter transparecido, mas não se importou.

— Eu posso reconhecer o seu talento e, ainda assim, te odiar. Hitler era vegetariano, o que é uma atitude admirável, mas e daí?

Apolo a encarou.

— Você percebe que está indo longe demais só de me comparar com Hitler, não é?

— Muito bem, Gabriel é um excelente dançarino e, ainda assim, uma das pessoas mais insuportáveis da face da Terra – Artemis lhe deu um exemplo mais convincente.

— Você adora o Gabriel.

— Não, não adoro.

Apolo balançou a cabeça, voltando sua atenção para o trânsito.

— Estava toda preocupada com a rejeição de David, desesperada para saber se ele era gay ou não...

— Eu não estava desesperada!

— Estava, sim – Apolo a contradisse, divertido. Era tão bom ver Artemis se exaltar, nem que fosse só um pouquinho, nem que fosse para brigar com ele. Nunca gostara de garotas muito compostas, muito perfeitas, sorriso no lugar certo e voz doce todo o tempo.

(Sua escolha de melhor amiga era exemplo o suficiente. Anna era incapaz de abrir um sorriso em uma maratona de todas as temporadas de Friends, e, de madrugada, fazia omeletes com abacate enquanto ouvia Kings of Leon.)

— Você é insuportável – Artemis constatou, sem olhar para ele. – Tão insuportável quanto o Gabriel.

— Isso só significa que você vai acabar me adorando com o tempo.

Artemis torceu os lábios em descrença, mas não o respondeu.

{...}

Enquanto eles se aproximavam, Apolo percebeu que Artemis ia entendendo para onde estavam indo à medida que seus olhos se arregalavam. Afinal, a Prudential Tower era o 153º maior edifício do mundo, com quase 230 metros. Meio difícil de não notar.

— O que viemos fazer aqui? – ela perguntou, enquanto Apolo estacionava. A garota soava genuinamente confusa, até um pouco arrependida, e Apolo se comprometeu a mudar aquilo logo.

— Nós vamos subir. Você vai gostar – acrescentou, descendo.

Estivera preocupado com a hipótese de que alguém houvesse fechado a torre para uma visitação privada, mas se tranquilizou quando percebeu que o estacionamento estava quase vazio. Artemis o seguiu para a recepção, ainda parecendo hesitante.

— Apolo, eu já disse que não gosto de surpresas. Já que fez tanta questão de sair comigo, não faria nada mal em tentar me agradar pelo menos um pouquinho. Onde estamos?

— Prudential Tower – ele a informou, mas não obteve reação. Pelo visto, Artemis nunca havia ouvido falar. Balançando a cabeça, voltou-se para a recepcionista e tirou a carteira do bolso. – Eu sei, eu sei – disse, antes que a senhora Carpers pudesse dizer alguma coisa. Eles se conheciam desde sempre, e ela ainda repetia as mesmas instruções. – Já podemos subir?

— Claro – a mulher sorriu, com um gesto vago para os elevadores, como se Apolo pudesse ter se esquecido de onde ficavam.

Artemis o seguiu para lá, ainda parecendo incerta, a julgar pelo modo como enrolara o rabo de cavalo vermelho nos dedos.

— O que viemos fazer aqui?

As portas do elevador se fecharam, e Apolo se virou para a ruiva mais linda do mundo. Seus olhos azuis estavam sérios, como se ele pudesse realmente a estar levando para um lugar horrendo, ou tivesse algum plano maligno em mente.

Bom, as intenções de Apolo eram as melhores do mundo. Pelo menos daquela vez.

— Observatório Skywalk, Artemis – a respondeu, com tranquilidade. – Nós vamos ver a cidade inteira.

A julgar pelo entreabrir suave dos lábios dela, havia acertado em cheio, e a sensação era maravilhosa.

{...}


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Notas finais do capítulo

Para os curiosos, esse observatório realmente existe, e parece incrível. Eu adoro lugares altos com uma boa vista, então seria impossível não ter levado os meus dois bebês para aí.

Para os interessados em detalhes, eu precisava de um conversível vermelho para Apolo, e queria que fosse um antigo... daí escolhi esse aí. Mas basta imaginar qualquer conversível vermelho clássico, colocar um loiro lindo no volante e voilá ~cobre de chantilly e joga confeitos em cima~

Para qualquer fã normal, EU SEI EU SEI EU SEI APOLO É MUITO FOFO *-* Bom, pelo menos eu acho. Não sei se posso servir de parâmetro para um fã normal.

O que acharam, de qualquer forma? Capítulos sob o ponto de vista dele me deixam nervosa.

Mil beijinhos *-*

P.S.: Olha, só para constar, eu acho meio chato colocar os trechos de músicas em inglês, assim como fiz no capítulo anterior, mas não há outra opção. O trecho que aparece nesse é de Sweet Child O’ Mine, para quem não reconheceu ou não tem familiaridade com a música – clichê e super conhecida ao extremo, mas, deuses. Ela é boa, o que posso fazer?

Sympathy for the Devil é dos Rolling Stones, mas, na minha opinião, o Axl elevou a música a um nível totalmente maravilhoso na versão do Guns.